FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA_ TflESE APRESENTADA Á Faculdade de Medicina da Bahia EM 30 DE OUTUBRO DE 1912 PARA SER DEFENDIDA POR cloaquim Caríssimo èe Ser queira JSima J'ÍATU R A L DA |3aHIA '*\ Bacharel m Sciencias t Leílras pela Bymnasio deste Estai® AFM DE OBTEIR 0 CYRÃãJ DE DOUTOR EM SCIENCIAS MEDICO-CIIMJRGlCAS Trabalho da 2.a Cadeira de clinica medica DISSERTAÇÃO A OPSIURIA E O SEU VALOR NA SEMIOLOGIA CLINICA PROPOSIÇOES Trez sobre cada uma das cadeiras do curso de sciencias medico-cirúrgicas BAHIA Escola Typographica Salesiana 1912 Faculdade de Medicina da Bahia Director-Dr. AUGUSTO CEZAR VIANNA Vice Director Secretario—Dr. MENANDRO DOS REIS MEIRELLES Sub-Secretario—Dr. MATHEUS VAZ DE OLIVEIRA OS SNRS. DRS. CADEIRAS Manoel Agusto Pirajá da Silva . Historia natual medica Pedro da Luz Carrascosa. . . Physica medica . . . . . . . . Chimica medica Julio Sérgio Palma .... Anatomia microscópica José Carneiro de Campos. . . Anatomia descriptiva Pedro Luiz Celestino . . . Physiologia Augusto Cesar Vianna . . . Miarobiologia Antonio Victorio de Araújo F’alcâo. Pharmaeologia Guilherme Pereira Rebello . . Anatomia e Histologia pathologicas Fortunato Augusto da Silva Júnior Anatomia Medico-cirurgica com ope, rações e apparelhos Anisio Circumdes de Carvalho . Clinica medica Francisco Braulio Pereira . « « João Américo Garcez Fróes . « « Antonio Pacheco Mendes . . « Cirúrgica Braz Hermenegildo do Amaral . « * Carlos de Freitas .... « « Clodoaldo de Andrade ... « Ophtalmologi a Eduardo Rodrigues de Moraes . « Oto-rhino lariogologica Alexandre E. de Castro Cerqueira « dermatológica e syphiligra- phica Gonçalo Muniz Sodrè de Aragão . PathoRgia Geral José Eduardo E. de Carvalho Filho Therapeutica Frederico de Castro Rebello . . Clinica pediátrica medica e hygiene infan til Alfredo Ferreira de Magalhães . Clinica pediátrica cirúrgica e ortho- pectia Luiz Anselmo da Fonseca . . Hygiene Josino Correia Cotias . . Medicina legal e toxieologia Climerio Cardoso de Oliveira. triinica obstétrica José Adeodato de Souza. . . « g.ynecologica Luiz Pinto de Carvalho ... * psveliiatriea e de moléstias nervosas Aurélio Rodrigues Vianna . . Patliología medica Antonino Baptista dos Anjos. . « Çirurgica PROFESSORES ORDINÁRIOS Os Snrs. Drs. Cadeiras Egas Muniz Barretto de Aragão . Historia natural medica João Martins da Silva . « . Physica medica Chimica « Adriano dos Reis Gordilho . . Anatomia microscópica José Affonso de Carvalho . . Anatomia descriptiva Joaquim Climerio Dantas Bião . Physiologia Augusto de Couto Maia . . . Microhiologia Francisco da Duz Carrascosa . Pharmaeologia Anatomia e histologia pathologicaS Eduardo Diniz Gonçalves . . Anatomia Medico-cirnrgica com ope* rações e app*relhos Clementino da Rocha Fraga Júnior Clinica medica Caio Octavio Ferreira de Moura . « cirúrgica « ophtalmologica Albino Arthur da Silva Leitão . * dermatológica e syphiligra- phica Antonio do Prado “Valiada res . Patliología geral Frederico de Castro Rebello Koch . Theraveutica José de Aguiar Costa Pinto . . Hygiene Oscar Freire de Carvalho. . . Medicina legal e toxieologia Menandro dos Reis Meirelles Filho Cínica obstétrica Mario Carvalho da Silva Leal . « psichiatnca e de moléstias nervosas Antonio do Amaral Ferrão Muniz Chimica analytiea e industrial PROFESSORES EXTRAORDINÁRIOS EFFECTIVOS PROFESSORES EM DISPONIBILIDADE Drs. Sebastião Cardoso Beoeleciano Ramos João Evangelista i». 10 cc. Total da eliminação 155 cc. NOTA—retardamento franco e considerável da eliminação aquo- sa OBSERVAÇÃO II Clinica do Dr. A. de Carvalho. Enfermaria S. Vicente. Leito n.° 3. L. F., branco, solteiro, com 28 annos e pedreiro. Diagnostico: Cirrhose palustre. Exame da urina nycthemerica (de 4 em 4 hs). Amostra n. 1. Quantidade 95 cc. Côr Am. averm. Densidade 10. 28. Chloretos 11,11. Uréa 31,02. (Em 95 cc. de urina: chloretos 1,05; uréa 2,94). 58 Amostra n. 2. Quantidade 300 cc. Côr Am. citrina. Densidade • 1020. Chloreíos 10,00 Uréa # 21,09. (Em 300 cc: chloretos 3,00; uréa 6,32). Amostra n. 3. Quantidade 190 cc. Côr Am. averm. Densidade 1.022. Chloretos 8,89. Uréa 25,44. (Em 190 cc: chloretos 1,68; urèa 4,83). Amostra n. 4. Quantidade 220 cc. Côr Am, citrina. Densidade 1.022. Chloretos 10,00. Uréa 25,44 (Em 220 cc: chloretos 2,20; uréa 5,59). Amostra n. 5. Quantidade 175 cc. Côr Am. citrina. Densidade 1.024. Chloretos 15,55. Urèa 21,09. (Em 175 cc: chloretos 2,72; uréa 3,69). Amostra n. 6. Quantidade 120 cc. Côr Am. citrina. Densidade 1.020. Chloretos 16,67. Uréa 22,33. (Em 120 cc: chloretos 2,00; uréa 2,67). 59 A urina nycthemerica nada revelou de anormal, quanto aos ou- tros elementos de analyse. Agua ingerida 2.000 cc. Total da elimi. urin. 1.100 cc. Urina do dia 515 cc. Urina da noite 585 cc. Em 1.100 cc de urina: cliloretos 12,65; uréa 26,04. Opsiuria franca; oligúria pouco accentuada; retardamento no mo- do de eliminação dos chloretos. Prova das seis horas. I) Ingestão, em jejum, de 500 grammas d’agua de Vittel (Grand Source); posição do decúbito. 1. a Amostra 80 cc. 2. a » 185 cc. 3. a » 50 cc. 4. a » 42 cc. 5. a » 110 cc. 6. a » 55 cc. Total 522 cc. NOTA—Diurese normal mas com uma curva de eliminação irregular. II) Ingestão, em jejum, de 500 grammas d’agua de Vittel (Grand Source); posição orthostatica. 1. a Amostra 125 cc. 2. a » 60 cc. 3-a » 35 cc. 4.a » 20 cc. 5-a * » 30 cc. 6.a » 20 cc. Total 290 cc. NOTA—Eliminação inferior á quantidade d!agua ingerida; com retardamento positivo. O doente foi visto e examinado pelo Dr. Fraga. 60 OBSERVAÇÃO III Clinica externa do Dr. Fraga. A. S. F, de cor branca, com 59 annos. Diagnostico: Cirrhose atrophica. O doente apresentava: icte- rícia, perturbações gastro-intestinaes, téndencia á cachexia, fi- gado reduzido de volume, circulação coliateral abdominal, ascite, albuminúria, urobilinuria, hypotensão arterial, etc. Exame da urina nycthemerica (de 4 em 4 hs). Amostra n.° 1. Quantidade 90 cc. Côr Am. clara. Densidade 1.026. Chloretos 13,33. Uréa 14.89 (Em 90 cc. de urina: choloretos 1,19; uréa 1,34). Amostra n° 2. Quantidade 75 cc. Côr Am. escura. Densidade 1. 030 Chloretos 20,00 Uréa 13,65 (Em 75 cc: chloretos 1,50; uréa 1,02). Amostra n° 3. Quantidade 40 cc. Côr Am. escura. Densidade 1.030 Chloretos 13,33 Uréa 17,37 (Em 40 cc: chloretos 0,53; uréa 0;69). Amostra n° 4. Quantidade 400 cc. Côr Am. clara. Densidade 1.010 Chloretos 4,44 Uréa 7,44 (Em 400 cc: chloretos 1,77; uréa 2,97). 61 Amostra n° 5. Quantidade 180 cc. Côr Am. clara. Densidade 1.014 Chloretos 8,89 Uréa 12,41 (Em 180 cc: chloretos 1,60; uréa 2,23). Amostra no 6. Quantidade 40 cc. Côr Am. escura. Densidade 1.020 Chloretos 12,22 Uréa 16,13 (Em 40 cc: chloretos 0,48; uréa 0,64). A urina nycthemerica revelou anneis de albumina e de uro- bilina. Agua ingerida . 670 cc. Total da elim urin. 825 cc. Urina do dia 205 cc. » da noite 620 cc. Em 825 cc. de urina: chloretos 7,07; uréa 8,89. O doente nunca soffreu paracentese. Conclusão: Nycturia bem caracterisada, polyuria relativa á quantidade d’agua ingerida (regime lácteo mitigado e medicação digitalica) e opsiuria com maxlmas muito afastadas das refei- ções (amostras IV e V). Hypo-chloreturia e hypo-azoturia. NOTA—Alguns dias depois deste exame, o doente faileceu em consequência de duas grandes hematemeses que lhe sobrevie- ram. OBSERVAÇÃO IV * Clinica do Dr. Braz do Amaral. Enfermaria S. Luiz. Leito n° 10. M. G. R., pardo, viuvo, com 42 annos e pedreiro. Diagnostico: Insufficiencia mitral (com figado cardíaco). Apre- sentava os seguintes symptomas: arythmia cardíaca com inter- mittencias, sôpro systolico da ponta, diminuição dos ruidos 62 da base, dôr no hypocondrio direito e manifestando-se também com o caracter de barra; figado augmentado principalmente no seu lóbo esquerdo, porém, pouco consistente, tinta subicterica, urobilinuria, traços de pigmentos biliares na urina, ligeiro edema das pernas e estertores nas bases dos pulmões; nada de ascite nem de esplenomegalia nem de circulação collatera! abdomi- nal; ligeiras perturbações gastricas; precedentes alcoolicos. O doente foi visto e examinado pelos Drs. Braz do Amaral e An- tonio Borja. Exame da urina mycthemerica (de 4 em 4 hs). Amostra n° 1. Quantidade 160 cc. Cor Am. citrina. Densidade 1.020 Chloretos 17,89 Uréa 16,75 (Em 160 cc. de urina: chloretos 2,86; uréa 2,68). Amostra no 2. Quantidade 150 cc. Cor Am. citrina. Densidade 1.024 Chloretos 12,62 Uréa 16,75 (Em 150 cc: chloretos 1,89; uréa 2,51). Amostra n° 3. Quantidade 200 cc. Côr Am. citrina. Densidade 1.020 Chloretos 11,58 Uréa 18,61 (Em 200 cc: chloretos 2,31; uréa 3,72), Amostra n°4. Quantidade 470 cc Côr Am. clara. Densidade 1.014 Chloretos 8,42 Uréa 13,03 (Em 470 cc: chloretos 3,95; uréa 6,12). 63 Amostra n.° 5. Quantidade 480 cc. Côr Am. clara. Densidade i .014 Chloretos 9,47 Uréa 11,79 (Em 480 cc: chloretos 4,54; uréa 5, 65). Amostra n.° 6. Quantidade 100 cc. Côr Am. citrina. Densidade 1.022 Chloretos 14,74 Uréa ' 18,6! Em 100 cc. chloretos 1,47; uréa 1,86). Quanto aos outros elementos de pesquiza, só foram notados traços de pigmentos biliares e um largo annel de urobiiina. Agua ingerida 1.600 cc. Total da elim. urin. 1.560 cc. Urina do dia 410 cc. ” da noite 1.150 cc. Em 1.560 cc. de urina: chloretos 17,02; uréa 22,54. Conclusão: Opisuria manifesta com diurese normal (typo de eliminação uniforme com maximas nocíurnas); nycturia; hypo- azoturia não muito forte. OBSERVAÇÃO V Clinica do Dr. J.Fróes. Enfermaria S. Vicente. Leito n° 34. A. S. L., pardo, com 14 annos de idade. Diagnostico: Cirrhose hypertrophica biliar (moléstia de Hanot). Òs symptomas apresentados pelo doente eram: icterícia, circu- lação supplementar abdominal bem desenhada, figado hypertro- phiado (15 cent. na linha mamillar), notando-se grande augmento do lóbo esquerdo; baço enorme, projectando-se para baixo e para dentro, tocando o umbigo; figado doloroso á pressão; não tinha ascite nem jamais havia soffrido a paracentese. Albumi- 64 nuria pouco accentuada, urobilina e eliminação de ácidos bilia- res. O doente foi examinado pelo Dr. Fróes. Exame da urina nycthemerica. (de 4 em 4 hs.). Amostra ri° 1. Quantidade 200 cc. Côr Am. averm. Densidade 1.016 Chloretos 8,42 Uréa 13,03 (Em 200 cc. de urina: chloretos 1,68; uréa 2,60). Amostra n° 2. Quantidade 250 cc. Côr Am. averm. Densidade 1.018 Chloretos 9,47 Uréa 14,89 (Em 250 cc: chloretos 2,36; uréa 3,72). Amostra n° 3. Quantidade 130 cc. Côr Am. averm. Densidade 1.018 Chloretos 6,31 Uréa 16,13 (Em 130 cc: chloretos 0,82; uréa 2,09). Amostra n° 4. Quantidade 115 cc. Côr Am. averm. Densidade 1.022 Chloretos 7,37 Uréa 29,78 (Em 115 cc: chloretos 0,84; uréa 3,42). Amostra n° 5. Quantidade . 145 cc. Côr Am. averm. Densidade 1.020 Chloretos 7,37 Uréa 31,02 (Em 145 cc: chloretos 1,06; uréa 4,49). 65 Amostra n° 6. Quantidade 175 cc. Côr Am. averm. Densidade 1,016 Chloretos 12,62 Uréa 19,85 (Em 175 cc: chloretos 2,20; uréa 3,47). Quanto aos outros elementos normaes e pathologicos da urina, notou-se um ligeiro annel de albumina, um outro muito mais caracterisado de urobilina e a existência de saes biliares pelas reacções de Hay-Craft e Petenkoffer. Agua ingerida 1.600 cc. Total da elim. urin. 1.015 cc. Urina do dia 625 cc. ” da noite 390 cc. Em 1.015 cc. de urina: chloretos 8,96; uréa 19,79. Conclusão: Opsiuria com maximas post-prandial e matinal. Oligúria relativa á quantidade d’agua ingerida. Eliminação opsiurica dos materiaes solidos (uréa e chloretos) OBSERVAÇÃO VI Clinica do Dr. Braulio Pereira. Enfermaria Sant’ Anna. Leito n°. 21. C. C. C., parda, solteira, com 40 annos de idade. Diagnostico: Cirrhose atrophica ou de Laennec. A doente apresentava magrem extrema, pelle secca, tinta sub- icterica, grande ascite, diarrhéa profusa, polydipsia, circulação supplementar, hemorrhoides, atrophia sensível do lóbo esquerdo da glandula hepatica, dolorosa á palpação; urobilinuria nitida, albuminúria muito manifesta, hypochloreturia e hypoazoturia. Hypotensão arterial. A doente foi vista pelo Dr. Dario Peixoto. 66 Exame da urina nycthemerica {de 4 em 4 hs). Amostra n° 1. Quantidade 100 cc. Cor Am. clara; asp. turvo. Densidade 1.010 Chloretos 10,00 Uréa 11,17 Em 100 cc. de urina: chloretos 1,00; uréa 1,11). Amostra n« 2. Quantidade 160 cc. Côr Am. clara; asp. turvo. Densidade 1.008 Chloretos 8,89 Uréa 8,68 (Em 160 cc: chloretos 1,42; uréa 1,38). Amostra n° 3. Quantidade 155 cc. Côr Am. clara; asp. turvo, v Densidade 1.008 Chloretos 7,78 Uréa 9,92 (Em 155 cc: chloretos 1,20; uréa 1,53). Amostra n° 5. Quantidade 270 cc. Côr Am. muito clara; pouco turva. Densidade 1,010 Chloretos 7,78 Uréa 8,06 (Em 270 cc: chloretos 2,10; uréa 2,17). Amostra n° 5. Quantidade 220 cc. Côr Am. muito clara; asp. limpido. Densidade 1.010 Chloretos 10,00 Uréa 8,06 (Em 220 cc: chloretos 2,20; uréa 1,77). 67 Amostra no 6. Quantidade 125 cc. Côr Am. clara; limpida. Densidade 1.010 Chloretos 8,89 Uréa 9,92 (Em 125 cc: chloretos 1,11; uréa 1,24). Nas amostra 1,2,3, e 4, havia sedimentos em ordem propor- cionalmente decrescente. Na urina do nycthemero, havia largos anneis de albumina e urobilina. Agua 1,400 cc. Total da elim urin. 1.030 cc. Urina do dia 385 cc. » da noite 645 cc. Em 1.030 cc. de urina: chloretos 9,03; uréa 9,20. Conclusão: Diurese um pouco inferior á normal; nycturia; in- versão do rythmo (opsiuria). Hypochloreturia ligeira e hypo- azoturia intensa. Pelo oscillometro de Pachon notou-se: j maxiina 170 mill. Tensão arterial' [ minima 80 mill. OBSERVAÇÃO VII Clinica do Dr, Braulio Pereira. Enfermaria Sant’ Anna. Leito no 23. M. A. P., parda, com 40 annos e solteira. Diagnostico: Cirrhose atrophica. Resultado do exame clinico: magrem pronunciada, pelle secca, sub-ictericia, hemorrhoides, accessos periódicos de diarrhéa contrastando com crises constipantes, circulação supplementar, ascite, reducção do volume do figado, nitida no lóbo esquerdo, urobilinuria. A doente soffreu a paracentese dias antes do exame da urina, tendo sido vista e examinada pelo Dr. D. Peixoto. 68 Exame da urina do nycthemero (de 4 em 4 hs) Amostra n° 1. Quantidade 120 cc. Cor Am. citrina. Densidade 1.022 Chloretos 20,00 Uréa 18,61 ( Em 120 cc. de urina: chloretos 2,40; uréa, 2,23). Amostra n.° 2. Quantidade 175 cc. Cor Am. citrina. Densidade 1.026 Chloretos 20,00 Uréa 19,85 (Em 175 cc: chloretos 3,50; uréa 3,47). Amostra n° 3. Quantidade 130 cc. Côr Am. citrina. Densidade 1.024 Chloretos 16,67 Uréa 14,89 Em 130 cc: chloretos 2,16; uréa 1,93). Amostra n° 4. Quantidade 200 cc. Côr Am. citrina. Densidade 1.026 Chloretos 21,11 Uréa 16,13 Em 200 cc: chloretos 4,22; uréa 3,22). Amostra n° 5. Quantidade 30 cc. Cór Am. clara. Densidade 1.024 Chloretos 17, 89 Uréa 16,13 (Em 30 cc: chloretos 0,53; uréa 0,48). 69 Amostra no 6. Quantidade 20 cc. Cor Am. citrina. Densidade ' 1.026. Chloretos 16,67 Uréa 19,85 (Em 20 cc: chloretos 0,33; uréa 0,39). Quanto aos outros elementos urinários, notou-se um largo annel de urobilina. Agua ingerida (só com as refeições). 600 cc. Total da elim. urin. 675 cc. Urina do dia 315 cc. « da noite 360cc. Em 675 cc. de urina: chloretos 13, 14; uréa 11,72. Conclusão: ligeira polyuria, relativa á quantidade d’agua in- gerida (facto ligado á paracentese); opsiuria francamente ma- nifesta com hypoazoturia. Com o oscillometro de Pachon, notou-se: Tensão arterial ímaxima 200 mill. lensao arterial \minima 110 mill. OBSERVAÇÃO VIII Clinica do Dr. Braulio Pereira. • Enfermaria S. Vicente. Leito n.° 19. V. J. S., de côr preta, com 19 annos, solteiro, empregado em fabrica de charutos. Diagnostico: Nephrite hydropigenica. Resultado do exame clinico: anasarca, cephalalgia, dyspnéa, dôres lombares, urinas raras, coradas, hemorrhagicas e purif- lentas, sedimentosas e hypochloretadas; albuminúria, considerá- vel, cylindruria, etc. O doente foi visto pelos Drs. Fraga, J. Olympio, e D. Pei- xoto. 70 Exame da urina nycthemerica (de 4 em 4 hs). Amostra n°. 1. Quantidade 50 cc. Côr Am. averm. e turva. Densidade 1.040 Chloretos 11,11 Uréa 23,58 (Em 50 cc. de urina: chloretos 0,55; uréa 1,17). Amostra n° 2. Quantidade 75 cc. Côr Am. averm. e turva. Densidade 1.026 Chloretos 6.67 Uréa 21,71 (Em 75 cc: chloretos 0,50; uráa 1,62). Amostra n 3. Quantidade 50 cc. Côr Am. averm. e turva. Densidade 1.042 Chloretos 7,78 Uréa 19,85 (Em 50 cc: choloretos 0,38; uréa 0,99). « Amostra n° 4. Quantidade 9 100 cc. Côr Am. e turva. Densidade 1- 032 Chloretos 5,55 * Uréa 22,33 Em 100 cc. chloretos 0,55; uréa 2,23). Amostra n° 5. Quantidade 75 cc. Côr Am. e turva. Densidade 1,030 Chloretos 6,67 Uréa 26,06 (Em 75 cc: chloretos 0,50; uréa 1,95). 71 Amostra n° 6. Quantidade 70 cc. Côr Am. averrn. e turva. Densidade 1,034 Chloretos 7,78 Uréa 18,85 (Em 70 cc: chloretos 0,54; uréa 1,31). Grande quantidade de albumina, globulos de sangue e cellu- las de pús, ao microscopio. Agua ingerida 1.200 cc. Total da elirn. urin. 420 cc. Urina do dia 195 cc. » da noite 225 cc. Em 420 cc: chloretos 3,02; uréa 9,27. Conclusão: Opsiuria franca, com oligúria, hypochloreturia e também diminuição muito considerável da eliminação da uréa. OBSERVAÇÃO IX Clinica do Dr. Braulio Pereira. Enfermaria S. Vicente. Leito n° 21. R. L. S., pardo, solteiro, com 67 annos deidade e jardineiro. Diognostico: Esclerose cardio-renal (o doente é mitraiisado). Pelo exame, notou-se: cachexia senil, edema dos membros inferiores, esboço de ascite, ligeiras perturbações gastricas, dys- pnéa nocturna, sopro systolico da ponta, diminuição dos ruidos da base; urobilinuria e albuminuriã ligeiras; oligúria muito in- tensa; hypo-azoturia. O doente foi examinado pelos Drs. Fraga e j. Olympioda Silva. Exame da urina nycthemerica (de 4 em 4 hs). Amostra n° 1. Quantidade 65 cc. Côr Am. citrina. Densidade 1.030 Chloretos 12.22 Uréa 24,20 (Em 65 cc. de urina: chloretos 0,79; uréa 1,57). 72 Amostra n° 2. Quantidade 70 cc. Cor Am. citrina. Densidade 1.024 Chloretos 11,11 Uréa 19,85 (Em 70 cc: chloretos 0,77; uréa 1,38). Amostra n° 3. Quantidade 20 cc. Côr Am. clara. Densidade 1.025 Chloretos 7,78 Uréa 22,33 (Em 20 cc: chloretos 0,15; uréa 0,44). Amostra n° 4. Quantidade 120 cc. Côr Am. citrina. Densidade 1.024 Chloretos H>H Uréa 31,02 \Em 120 cc: chloretos 1,33; uréa 3,72). Amostra no 5. Quantidade 20 cc. Côr Am. clara. Densidade 1.024 Chloretos 12,22 Uréa 18,61 (Em 20 cc: chloretos 0,24: uréa 0,37). Amostra n° 6. Quantidade 65 cc. Côr • Am. citrina Densidade 1.022 Chloretos 11 >11 Uréa 17,93 (Em 65 cc: chloretos 0,72; uréa 1,16). 73 Quanto aos outros elementos de pesquiza, a urina nyctheme- rica continha ligeiros anneis de albumina e de urobilina. Agua ingerida Í.100 cc. Total da elim urin. 360 cc. • Urina do dia 200 cc. » da uoite 160 cc. Em 360 cc de urina: chloretos 4,00; uréa 8,64. Conclusão: Grande oligúria; opsiuria com predominância uri- naria nas amostras II IV e VI (typo alternante). Hypo-chloreturia e hypo-azoturia Prova das seis horas. I— Ingestão, em jejum, deõOOgrs. d’agua de Vittel (G. Source); posição do decúbito. Ia Amostra 18 cc. 2a » 20 cc. 3a » 10 cc. 4a » 30 cc. 5a » 25 cc. 6a » 17 cc. Total da eliminação Í20 cc. II— Ingestão, em jejum, de 500 grs. d’agua de Vittel (G. Source); posição orthostatica. Ia Amostra 16 cc. 2a » 15 cc. 3a » 12 cc. 4a » / . 5 cc. 5a » 15 cc. 6a » 10 cc. Total 73 cc. Conclusão—Retardamento considerável da eliminação aquosa. Curva sem maxima. OBSERVAÇÃO X Clinica do Dr. Braulio Pereira. Enfermaria S. Vicente. Leito n° 27. R. C., preto, solteiro, com 39 annos e carregador. 74 Diagnostico—Atheroma da aorta,com dilatação (figado cardíaco). Resultado do exame clinico: precedentes alcoolicos, antece- dentes suspeitos de syphilis, dyspnéa, edemas dos membros inferiores, ligeira sub-ictericia, perturbações gastricas de pouca nota (por excesso de bebidas e de alimentação), figado augmen- tado principalmente no seu lóbo esquerdo, pouco consistente e doloroso, baço attingindo o rebordo costal e um pouco sen- sível á dor, pulso esquerdo um pouco mais forte que o direito, hypertensão sem esclerose palpavel, estertores de congestão passiva do pulmão, edema das suas bases, augmento da mati- dez prevascular, sopro systolico do fóco aortico, signal de Cardarelli e Guatani, pulsações visiveis das subclávias, espe- cialmente da direita, oligúria com um certo grão de urobilinu- ria, traços de pigmentos e de ácidos biliares. O doente foi visto e examinado pelos Drs. João Fróes, D. de Aguiar, J. Olympio e M, Gesteira, tendo deixado de ser feito o exame radioscopi- co por não estar o apparelho em estado de funccionar Exame da urina nycthemerica (de 4 em 4 hs). Amostra no 1. Quantidade 16 cc. Côr Am. averm. Densidade 1.024 Ghloretos 11,58 Urèa 28,54 (Em 16 cc. de urina: chloretos 0,18; uréa 0,45. Amostra n0 2. Quantidade 20 cc. Côr Am. citrina. Densidade - 1.022 Chloretos 8,42 Uréa 31,02 (Em 20 cc: chloretos 0,16; uréa.0,62). Amostra no 3. Quantidade 25 cc. Côr Am. clara. Densidade 1.020 Chloretos 10,53 Uréa 29,78 (Em 25 cc: chloretos 0,26; uréa 0,74). 75 Amostra n° 4. Quantidade 75 cc. Côr Am. clara. Densidade 1,023 Chloretos 9,47 Uréa 31,02 (Em 75 cc: chloretos 0,71; uréa 2,32). Amostra n° 5. Quantidade 34 cc. Côr Am. averm. Densidade 1.024 Chloretos 10,53 Uréa 33,50 (Em 34 cc: chloretos 0,35; uréa 1,13). Amostra n° 6. Quantidade 60 cc. Côr Am. averm. Densidade 1.022 Chloretos 10.53 Uréa 32,26 (Em 60 cc: chloretos 0,63; uréa 1,93). Annel de urobilina e traços de ácidos e de pigmentos biliares. Agua ingerida 1.320 cc. Total da elim. urin. 230 cc. Urina do dia 96 cc. « da noite 134 cc. Em 230 cc. de urina: chloretos 2,29; urea 7,19. Conclusão: Oligúria e opsiuria (typo de eliminação uniforme com maximas nocturna e matinal). Hypo-chloreturia e hypoazo- turia demasiadamente accentuadas. Pelo oscillometro de Pachon notou-se: j maxima 300 mill. Tensão arterial: ( minima 140 mill. 76 OBSERVAÇÃO XI Clinica do Dr. Anisio de Carvalho. Enfermaria S. Vicente. Leito n° 14. P. A. C., pardo, solteiro, com 59 annos e roceiro. Diagnostico: Cirrhose atrophica. Precedentes alcoolicos. Crises de diarrhéa alternando com a constipação do ventre, fezes pou- co coradas, fortes hemorrhoides, flatulência e meteorismo ab- dominal, edema das pernas, ascite de proporções regulares, ligeira sub-ictericia com estado anémico das conjunctivas, cir- culação collateral abdominal pouco pronunciada, figado reduzi- do principalmente no seu lóbo esquerdo. Durante o tempo da sua moléstia, já soffreu trez paracenteses. Urobilinuria e eliminação de ácidos biliares.. Exame da urina nycthemerica (de 4 em 4 hs). Amostra n° 1. Quantidade 120 cc. Cor Àm. averm. Densidade 1.030 Chloretos 21.05 Uréa 22.33 (Em 120 cc: de urina: chloretos 2,52; uréa 2,67). Amostra n° 2. Quantidade 220 cc. Cor Am. citrina. Densidade 1.024. Chloretos 21,05 Uréa 19,85 (Em 220 cc: chloretos 4,63; uréa 4,36). Amostra n° 3. Quantidade 90 cc. Côr Am. averm. Densidade 1.027 Chloretos 18,95 Uréa 23,58 (Em 90 cc: chloretos 1,70; uréa 2,12). 77 Amostra n° 4. Quantidade 85 cc. Cor Am. averm. Densidade 1. 030 Chloretos 16,84 Uréa • 24,20 Em 85 cc: chloretos 1,43; uréa 2,05). Amostra n° 5. Quantidade 40 cc. Côr Am. citrina. Densidade ' 1.022 Chloretos 18,95 Uréa 29,78 (Em 40 cc: chloretos 0,75; uréa 1,19). Amostra n° 6. Quantidade 70 cc. Côr Am. citrina. Densidade 1.024 Chloretos 18,95 Uréa 32,26 (Em 70 cc: chloretos 1,32; uréa 2,25). Na urina nycthemerica, havia um pouco de pigmentos biliares e largo annel de urobilina. Agua ingerida( só com as refeições). 900 cc. Total da elim. urin. 625 cc. Urina do dia 410 cc. » da noite 215 cc. Em 625 cc. de urina: chloretos 12,35; uréa 14,64. Conclusão: Oligúria, opsiuria e hypoazoturia. Pelo oscillometro de Pachon notou-se: Tensão arterial{ m?x.’ma: 210 mill. \ mínima: 100 tnill. (Pulso com rosário de csclerose). O doente foi examinado pelos Drs. D. Aguiar e A. Barbosa. 78 OBSERVAÇÃO XII Clinica do Dr. A. de Carvalho. Enfermaria S. Vicente. Leito n 6. M. j. S., preto, casado com 46 annos e roceiro. Diagnostico: Cirrhose atrophica de Laennec complicada de insufficiencia aortica e com interferencia de ankilostomiase. Os resultados obtidos pelo exame foram: Cachexia, hemor- rhoides, ascite e edema dos membros inferiores bem como da parede abdominal, dôr nos hypocondrios, prisão de ventre pouco accentuada, fezes um pouco descoradas, figado reduzido de volume, circulação còllateral abdominal, arythmia cardíaca com intermittencia, sopro diastolico do fóco aortico. hypotensão arterial, esophagismo, albuminúria, urobilinuria, eliminação de pigmentos e de ácidos biliares, oligúria, hypochloreturia e hypoazoturia.-Precedentes alcoolicos. As fezes continham ovos de ankilostomos. Exame da urina nycthemerica (de 4 em 4 hs). Amostra n° 1. Quantidade 70 cc. Cor Am. carregada. Densidade 1.030 Ciiloretos 16,84 Uréa 27,30 Em 70 cc de urina: chloretos 1,17; éa 1,91). Amostra n° 2. Quantidade 70 cc. Côr Am. citrina. Densidade 1.025 Chloretos 17,89 Uréa 24,20 (Em 70 cc: chloretos 1,25; uréa 1,69). Amostra n° 3. Quantidade 60 cc. Côr Am. carregada. Densidade 1.028 Chloretos 17,89 Uréa 26,06 (Em 60 cc: chloretos 1,07; uréa 1,56). 79 Amostra n° 4. Quantidade 65 cc. Cor Am. citrina. Densidade 1.026 Chloretos 15,79 Uréa 27,30 (Em 65 cc: chloretos 1,02; uréa 1,77). Amostra n° 5. Quantidade 60 cc. Côr Am. citrina. Densidade 1.026 Chloretos 16,84 Uréa 23,58 (Em 60 cc: chloretos 1,01; uréa 1,51). Amostra n°. 6. Quantidade 50 cc. Côr Am. citrina. Densidade 1.024 Chloretos 13,33 Uréa 20,47 Em 60 cc: chloretos 0,66; urèa 1.02). A urina nycthemerica revelou a existência de anneis de albu- mina e de urobilina e a presença de saes e de pigmentos bi- liares. Agua ingerida (só com as refeições) 700 cc. Total da elim. urin. 375 cc. Urina do dia 190 cc. « da noite 185 cc. Em 375 cc de urina: chloretos 6,18; uréa 9,46. Conclusão: Oligúria, opisiuria (typo de eliminação uniforme), inversão do rythmo corante, hypochloreturia e hypoazoturia. Tensão arterial tomada com o oscillometro de Pachon: Tpnc5rJrnaXÍma 150 mill. 1 ensao\minima 90 mill. O doente foi examinado pelos Drs. A. de Carvalho e A. Barbosa. 80 OBSERVAÇÃO XISS Clinica do Dr, Braulio Pereira. Enfermaria Sant’ Anna. Leito n 13. M. I., de côr preta, com 12 annos, natural do Iguape (Bahia) Diagnostico: Syndrome de Stokes-Adams, tendo como causa provável a moléstia de Cruz e Chagas (Schisotripanosomiase) A doente apresentava: pulso variando de 24 a 30 pulsa- ções; igual lentidão nos batimentos cardiacos; um sopro systo- lico da ponta. com propagação para a axilla; um sopro pre- systolico, no fóco pulmonar, estendendo-se na direcção da cla- vícula esquerda; ascite de dimensões regulares, a qual fôra punccionada alguns dias antes; figado congesto; oligúria, albu- minúria urobilinuria e presença de saes biliares, na urina. A doente foi examinada pelos Drs. Fraga e D. Peixoto. Exame da urina nycthemerica (de 4 em 4 hs). Amostra n° 1. Quantidade 65 cc. Côr Am. carregada Densidade 1.025 Chloretos 15,79 Uréa 29,16 (Em 65 cc. de urina: chloretos 1,02; uréa 1,89). Amostra n° 2. Quantidade 65 cc. Côr Am. ambar. Densidade 1.022 Chloretos 13,68 Uréa 30,40 (Em 65 cc: chloretos 0,88; uréa 1,97). Amostra n» 3. Quantidade 70 cc. Côr Am. carregada. Densidade 1.024 Chloretos 14,74 Uréa 29,78 Emé 70 cc: chloretos 1,31; uréa 2,08). 81 Amostra n° 4. , Quantidade '80.cc. Côr Am. ambar. Densidade 1.024 Chloretos 11,58 Uréa 31,64 Em 80 cc: chloretos 0,92; uréa 2,53). Amostra n° 5. Quantidade 20 cc. Cór Am. ambar. Densidade 1.024 Chloretos 10.53 Uréa 32,26 (Em 20 cc: chloretos 0,21; uréa 0,64). Amostra n° 6. Quantidade 70 cc. Côr Am. ambar. Densidade 1.022 Chloretos 9,47 Uréa 31,02 (Em 70 cc: chioretos 0,66; uréa 2,17). A urina nycthemerica revelou albuminúria intensa, um peque- no excesso de urobilina e a existência de saes biliares. Agua ingerida 900 cc. Total da elim urin. 370 cc. Urina do dia 200 cc. » da noite 170 cc. Em 370 cc. de urina: chloretos 5,00; uréa 11,28. Conclusão: Oligúria, opsiuria (typo de eliminação uniforme) e inversão do rythmo corante urinário: Hypochloreturia e hypo- azoturia. Pelo oscillometro de Pachon notou-se Tensão arterial/ m?x.ima ,2°° mÍ]|- 1 mínima 100 mill. 82 OBSERVAÇÃO XIV Clinica do Dr. Braulio Pereira. Enfermaria S Vicente. Leito n° 18. F. B. R., branco, solteiro com 21 annos e roceiro. Diagnostico: Cirrhose atrophica. Historico—O doente entrou para o Hospital, pela primeira vez, em 1 de Julho de 1911 por se achar soffrendo de lympha- denia aleucemica, moléstia diagnosticada pelo Prof. Fróes, á cuja clinica então pertencia. Dos muitos exames de sangue feitos durante o tempo em que permaneceu internado publicamos o primeiro com o auxilio do qual foi feito o seu diagnostico. Exame hematimetrico, feito em 16 de Agosto de 1911: Hemacias 3.534.000 Leucocytos 9.300 Relação globular 1:380 Hemoglobina 20% Valor globular 0,28 Formula hemoleucocytaria: Polynucleares 363 72,6% Eosinophilos 9 1,8% Mononucleares 9 1,8% Grandes lymphocytos 45 9,0°lo Pequenos lymphocytos 44 8,8% F. de transicção 30 6,0°lo Total 500 100% Melhorado do seu estado geral, retirou-se o doente do Hos- pital em 15 de Abril do corrente anno, depois de ter recebido muitos cuidados médicos e de ter soffrido a extirpação de um grande lymphadenoma cervical, conservando ainda um outro tumor semelhante e de pequeno volume na região axillar. Voltando agora novamente ao Hospital, a 27 de Agosto, allega como causa da sua entrada uma certa dyspnéa de esforço e um grão bastante visivel de icterícia, phenomenos que já lhe affe- 83 ctavain com menor intensidade o organismo desde a sua pri- meira estada nesse estabelecimento. Symptomas: Icterícia, dyspnéa de esforço, fezes pouco cora- das, prisão de ventre, perturbações gastro-intesrinaes ligeiras, figado sensivelmente atrophiado, (9 cent. na linha mammillar), baço palpavel attingindo o rebordo costal, sopro systolico da ponta do coração (anémico); 75 pulsações por minuto. Opsiuria ligeira, hypoazoturia, inversão do rythmo corante da urina. Eosinophilia. Exame hematimetrico, feito em 4 de Outubro do corrente anno: Hemacias 4.981.700 Leucocytos 8.680 Relação globular 1:573 Hemoglobina 45oj0 Valor globular 0,45 Formula hemo-leucocytaria: Polynucleares 230 46ulo Eosinophilos 93 18,6°lo Mononucleares 6 1,2°10 Grandes lymphocytos 77 15,4°10 Pequenos lymphocytos 80 16,000 F. de transicçâo 14 2 8°1 TotaI -500 TÓoOo Methodo de Arnetn: 4o]o 2° * 230o 3° 8 42olo ' 40 * 26ol0 ? .* 5°10 TotaI IOO0I0 O doente foi examinado pelos Drs. Fraga e j. Olympio. Exame da urinanyctfimerica (de 4 em horas). Amostra no 1. Quantidade 225 cc. Côr Am. averm. Densidade j qjq Chloretos y 27 Uréa 12.4Í (Em 225 cc. de urina: chloretos 1,65; uréa 2.79). 84 Amostra n« 2. Quantidade 270 cc. Côr Am. carregada. Densidade 1.014 Chloretos 8,42 Uréa 13,65 (Em 270 cc: chloretos 2,27; uréa 3,68. Amostra n° 3. Quantidade 550 cc. Côr Am. carregada. Densidade . 1.008 Chloretos 5,26 Uréa 6,20 (Em 550 cc: chloretos 2,89; uréa 3,41). Amostra no 4. Quantidade . 350 cc. Côr Am. ambar. Densidade 1.014 Chloretos 8,42 Uréa 11,17 (Em 350 cc: chloretos 2,94; uréa 3,90). Amostra n° 5. Quantidade 270 cc. Côr Am. ambar. Densidade 1.014 Chloretos 13,68 Uréa . 14,89 (Em 270 cc: chloretos 3,69; uréa 4,02). Amostra n° 6. Quantidade 260 cc. Côr • Am. ambar. Densidade 1.016 Chloretos 12,62 Uréa 12,41 (Em 260 cc: chloretos 3,28; uréa 3,22). 85 A urina nycthemerica revelou apenas a existência de um excesso de urobilina. Agua ingerida (somente com as refeições). 1.050 cc. Total da elim. urin. 1.925 cc. Urina do dia 755 cc. « da noite 1.170 cc. Em 1925 cc. de urina: chloretos 16,72; uréa 21,02. Conclusão: Polyuria (regime diurético), hypoazoturia, inversão do ryíhmo corante, esboço de opsiuria (curva se approximando do typo uniforme mas com maxima digestiva ainda manifesta . OBSERVAÇÃO XV M. F. S., parda, solteira, com 15 annos. Estado de saude —normal. Exame cia urina nycthemerica {de 4 em 4 hs). Amostra n° 1. Quantidade 315 cc. Côr Am. clara (paina). Densidade 1.014 Chloretos 11,58 Urèa 21,71 (Em 315 cc. de urina: chloretos 3,64; uréa 6,83). Amostra n° 2. Quantidade 60 cc. Côr Am. ambar. Densidade 1.018 Chloretos 18,95 Uréa 19,85 (Em 60 cc: chloretos 1,13; uréa 1,19). Amostra n° 3. Quantidade 140 cc. Côr Am. clara (palha). Densidade 1.016 Chloretos 20,00 Uréa 24,82 (Em 140 cc: chloretos 2,80; uréa 3,47). 86 Amostra n» 4. Quantidade 100 cc. Côr Am. ambar. Densidade 1.020 Chloretos 17,89 Uréa 19,23 (Em 100 cc: chloretos 1,78; uréa 1,92). Amostra n° 5. Quantidade 220 cc. Côr Am. clara (palha). Densidade 1.018 Chloretos 13,68 Uréa 22,33 (Em 220 cc: chloretos 3,00; uréa 4,91). Amostra n°. 6. Quantidade 120 cc. Côr Am. clara (pallja). Densidade 1.015 Chloretos 9,47 Uréa 18,28 Em 120 cc: chloretos 1,13; urèa 2,19). Agua ingerida (só com as refeições) 970 cc. Total da elim. urin. 955 cc. Urina do dia 495 cc. « da noite 460 cc. Em 955 cc. de urina: chloretos 13,48; uréa 20,51. Conclusão: Typo normal da eliminação urinaria. Prova das seis horas. I—Ingestão, em jejum, dc 500 granis. d’agua de Vittel (Grand Source). Posição clinostatica. Ia Amostra 110 cc. 2a » 210 cc. 3a » 120 cc. 4a » 110 cc. 5a » 80 cc. 6a » 120 cc. Total 750 cc. 87 II—Ingestão, em jejum, de 500 grs. d’agua de Vittel (Grand. Source). Posição orthostatica. Ia Amostra 80 cc. 2a » 190 cc. 3a » . 110 cc. 4a » 100 cc. 5a » 60 cc. 6a » 90 cc. Total 630 cc. Conclusão:—Rythmo normal, PROPOSIÇÕES HISTORIA NATURAL MEDICA. I— As amebas são protozoários da classe dos rhizo- podos e compõem-se de uma cellula unica, constando de uma substancia protoplasmica com um núcleo nucleo- lado. II— As amebas emittem prolongamentos protoplasmi- cos, denominados pseudopodos, por meio dos quaes ellas se deslocam e apprehendem os seus alimentos. III— Delias há muitas variedades dentre as quaes se salienta a Ameba coli, ameba intestinalis ou ameba dysenteriae, que tem sido encontrada nos abcessos do figado e na dysenteria dos paizes quentes, mas cujo papel etio-pathogenico ainda não está bem assentado por ser ella quasi sempre encontrada junta a outros germens e a outras especies amebianas. CH1MÍCA MEDICA. I— O taurocholato de sodio, quando isolado, se apresenta sob a forma de um corpo solido, branco, amargo com um resaibo adocicado, fundindo-se ao calor e queimando com uma chamma rica de fumo. II— No estado normal, o taurocholato de sodio só é encontrado na bilis e é o seu principio inais abundante, depois da agua. ÍII—O taurocholato, junto ao glycocholato de sodio, forma o que se denomina—saes biliares. 90 ANATOMIA DESCRIPTIVA. I— As vias afferentes principaes do figado são: a artéria hepatica, ramo do tronco coeliaco, e a veia porta, que é formada pelas grande e pequena mesaraicas e pela veia esplenica; as vias efferentes são as veias super- hepaticas, que se lançam na veia cava superior. II— A artéria hepatica distribue ramos: Io para os canaes biliares; 2.° para os vasos de figado (artéria hepatica e veias porta e super-hepaticas), formando- lhes verdadeiros vasa vasonim; 3.° para a rêde subja- cente á capsula de Glisson, cujas malhas são formadas pelos seus ramúsculos; 4.° para a zona peripherica do lóbulo hepático. III— As experiencias de Glénard, Mongour, Sérégé, Gilbert e Villaret attestam que os ramusc,ulos portaes do interior do lobo direito do figado não se anasto- mosam com os seus semelhantes do 1'óbo esquerdo. HISTOLOGIA. I— Classicamente, o lobulo hepático é formado por cellulas que se dispõem em sentido irradiado, do cen- tro para a peripheria do lóbulo, constituindo as traves ou cordões de Remak. II— No seu trajecto, os cordões de Remak se anas- tomosam de maneira a formarem uma rede cellular, cujas malhas se entrelaçam com aquellas da rêde capillar sanguínea. III— As cellulas das traves de Remak são unidas por um cimento, discriminado pelo nitrato de prata, que se dissolve rapidamente depois da morte. PHYSIOLOGIA. I—A fabricação do glycogeno ás custas das matérias 91 albuminoides, verificada nos trabalhos de Cl. Bernard, tem sido bastante contestada. II— O facto da transformação de substancias oleagi- nosas em amido e em assucar, no reino vegetal; o dos feculentos, produzindo o engordamento; o daglycerina, augmentando a substancia glycogena; e a observação de que a gordura, tão abundante no figado dos recem- nascidos, diminue nos primeiros dias depois nascimento, á medida que o glycogeno augmenta, têm levado alguns auctores a considerar as gorduras como urna das fon- tes da glycogenia hepatica. III— A injecção de phlorizina, utilisada por Mering, produz uma glycosuria passageira. BACTERIOLOGIA. I— O pneumoccoco de Talamon e Fraenkel tem a for- ma da chamma de uma véla e se apresenta encapsu- lado, quer como diplococcos quer em pequenas cadei- as de 3 a 6 elementos. II— As culturas pneurnococcicas são muito epheme- ras; os germes resistem mais, quando semeados no sangue desfibrinado ou no sangue de coelho novo. III— Pela observação clinica, se é levado a crêr na localisação biliar do pneumecocco, determinando an- giocholites no curso de pneumonites. MATÉRIA MEDICA, PHARMACOLOGIA E ARTE DE FORMULAR. I— A digitalina é um glycoside retirado principalmen- te da digitalis purpurea; é uma substancia muito activa para o organismo, no qual se accumula, e, por isso, de prudente applicação. II— A digitalina pode ser receitada no curso de qual- 92 quer moléstia, desde que exista asthenia cardiaca e não haja contraindicação motivada pelo proprio cora- ção (myocardites) ou pela moléstia no cursod a qual ella vae ser applicada. II—Assim é que esta pode ser aconselhada, com outros meios therapeuticos, nos casos em que haja hypertensão portal (cardiopathias, hepatopathias e ne- propathias) da qual a asthenia cardiaca, conforme o caso, pode ser a causa ou o effeito. ANATOMIA E PHYSIOLOGIA PATHOLOGICAS. II—A esclerose é o producto da superformação de te- cido conjunctivo, nos diversos orgãos da economia. II— No figado, esta superformação do tecido intersti- cial constitue as diversas variedades de cirrhoses. III— Pela compressão e pela diminuição do calibre dos vasos portaes, devidas ao tecido de esclerose, manifesta-se o phenomeno da hypretensão. PATHOLOGIA MEDICA. I— O álcool é um dos factorès de maior importância, na etio-paíhogenia das cirrhoses venosas do figado. II— O álcool, transformando o tecido elástico dos vasos em tecido de esclerose,' diminue a resistência delles diante da pressão sanguinea. III— A’s alterações vasculares produzidas pelo álco- ol parece que devem ser attribuidas as hemorrhagias, epistaxes, hematemeses, hemorrhoides por nós obser- vadas, nos antecedentes ou nos prodromos das cir- rhoses venosas, ainda quando a hypertensão não pode ser incriminada como factor essencial destes pheno- menos accidentaes, 93 OPERAÇÕES E APPARELHOS. I—A paracentese é praticada no trajecto de uma linha que vae do umbigo á espinha iiliaca antero-superior. II —Os accidentes a temer-se na paracentese são: a he- morrhagia de um vaso de calibre importante (raro no ponto de eleição) ou a peritonite (questão de asepsia). III—A paracentese é feita com instrumentos deno- minados—trocartes. ANATOMIA MEDICO—CIRÚRGICA. I— O triângulo de Petit é formado pelos'musculos grande dorsal e grande obliquo e pela cristã iiliaca. II— Na zona do triângulo de Petit, a parede abdominal só tem como sustentáculo os musculos pequeno obli- quo e transverso. III— Devido á sua menor resistência ás pressões exer- cidas de dentro para fóra, sobre a parede abdominal, o triângulo de Petit, é a séde das hérnias lombares. PATHOLOGIA CIRÚRGICA. I— As hemorrhagias consequentes ás feridas perfuran- tes do abdómen se revelam pela grande acceleração do pulso e da respiração, resfriamento das extremidades, pallor da face, agitação e, ás vezes, pela zona de mati- dez reconhecida á palpação e á percussão. II— Quasi todos os symptomas observados nos casos de hemorrhagias intra—abdominaes se confundem facil- mente com aquelles que se notam nos estados de choque, após feridas ordem. III— A matidez extensa da fossa iiliaca direita, acompa- nhando uma ferida do hypocondrio direito com signaes de hemorrhagia interna, nos dá direito a diagnosticar uma ferida dofigado. 94 THERAPEUTICA. I— -Os purgativos e os diuréticos são os principaes mei- os médicos utilisados para remediar-se a hypertensão circulatória portal. II— Se a hypertensão é o producto de uma lesão cardia- - ca ou se ella é de algum modo influenciada pelo estado paretico do myocardio, os toni—cardiacos devem fa- zer parte da medicação instituida. III— A digital é o principal excitador da fibra muscular do coração; ella não tem acção nociva sobre o epi- thelio renal porque se queima na própria intimidade dos tecidos. HYGIENE. I— O álcool e a syphilis são dois grandes factoresque, no nosso meio, intensificam a mortalidade produzida por moléstias hepaticas cardiacas e renaes. II— O casamento, morigerando o homem e protegen- do-o efficazmente contra o álcool e contra a syphilis, é de facto uma condicção social do mais alto valor, na pro- phylaxia dessas moléstias. III— No Brasil, a comprehensão errónea dos deveres matrimoniaes e o celibato, circumstancias devidas á ins- írucção ainda muito limitada da nossa raça, principal- mente da mulher, a qual só tem deveres e não direitos, prestigiam o desenvolvimento da syphilis e do alcoolis- mo. MEDICINA LEGAL E TOXICOLOGIA. I— O figado, pela sua propriedade de reter as substan- cias toxicas, é uma viscera de grande importância para a pesquiza das causas de envenenamento. II— Os envenenamentos podem ser intencionaes, acci- dentaes e profissionaes. 95 III—0 veneno age physica ou chimicamente sobre a cellula animai; o que se chama a sua acção physi- ologica é a associação destas duas formas, em pro- porções diversas. OBSTETRÍCIA. I— Na gravidez, o figado goza de uma grande im- portância, pelo poder da sua funcção antiíoxica. II— Igua! valor tem a glandula renal, que elimina as substancias inúteis resultantes das trocas nutritivas do organismo, augmentacías pelo parasitismo fetal. III— Se estes dois orgãos são a séde de uma miopra- gia, pode produzir-se a intoxicação do organismo, que se revela pelos acessos de eclampsia. CLINICA PROPEDÊUTICA. I— A ascite difficulta a exploração dos orgãos ab- dominaes; neste caso, a paracentese é indicada. II— Dos meios clínicos empregados para a exploração do figado, a palpação merece maior importância; em alguns casos, ella fica dependente da percussão. III— A percusssão hepática é fallivel em muitos ca- sos em que existe tympanismo abdominal. CLINICA DERMATOLÓGICA E SYPHILIGRAPHICA. I— A syphilis secundaria caracterisa-se por sympto- mas geraes, que assignalam a conquista de todo o or- ganismo pelo treponema pallidum, e por syphilides, cujas formas mais habituaes são a roseola e as placas mucosas. II— Se é a syphilis terciaria que apresenta mais frequeníemente lesões viceraes, comtudo a syphilis se- cundaria pode tel-as no seu quadro clinico: as meningo- myelites agudas attestam este facto. 96 III—Se o virus ataca de preferencia a glandula he- pática, apparecem os symptomas de cirrhose. CLINICA CIRÚRGICA (Ia CADEIRA). I— Após uma longa chloroformisação, pode apresen- tar-se a syncope post-operatoria que decorre da intoxi- cação bulbar. II— O pailor, a diminuição e a irregularidade do pulso e da respiração e também a dilatação pupillar com a abolição do reflexo corneano são os seus sym- ptomas caracteristicos. III— Emquanto a dilatação pupillar acompanhada de reflexo, no curso da anesthesiâ, apenas significa o accor- dar do doente ou vomitos que se annunciam, este mesmo phenomeno, destituído de reflexo, é quasi sempre o signal de uma syncope mortal. CLINICA CIRÚRGICA (2.a CADEIRA). I— Os symptomas geraes (vomitos, perturbações res- piratórias e circulatórias, etc), que sobrevêm aos estran- gulamentos herniarios, são muitas vezes insidiosos. II— Isto é de grande importância pratica, pois que, depois de alguns dias, o doente, que não se julgava bastante prejudicado, apresenta diminuição e arythmia do pulso, frequência da respiração, albuminúria, resfria- mento das extremidades e collapso com terminação fatal. ÍII—Os indivíduos velhos e herniados estão sujeitos ás complicações pulmonares, que se revelam por con- gestões, broncho-pneumonias e pneumonias lobares. CLINICA OPHTALMOLOGICA I—Nas affecções hepaticas, a cholemia traduz-se pela coloração amarella esverdinhada da conjunctiva ocular, 97 variavel com a intensidade de diffusão dos pigmentos biliares na massa sanguínea. II— As perturbações visuaes constituem, ás vezes, um dos phenomenos pelos quaes se annuncia a insíallação da moléstia de Bright. III— A asymetria, no gráo de dilatação pupillar, é um auxilio para o diagnostico dos aneurismas da aorta thoracica. CLINICA MEDICA (IA CADEIRA). I— A albuminúria que, ha algum tempo, gozou de grande importância no diagnostico das nephrites, hoie tem muito perdido do seu valor, quando se trata de firmar a sua origem renal. II— Mesmo entre as nephrites n’aquel!as de predomi- nância intersticial, pode não haver albuminúria nas. urinas. III— Além das nephrites, a albuminúria pode existir, ligada a perturbações circulatórias (moléstias cardíacas, hepaticas, etc), a discrasias sanguíneas (chlorose, tuber- culose, moléstias da nutrição), apyrexias infectuosas (escarlatina, erysipela, febre typhica), etc. CLINICA MEDICA (2A CADEIRA). I— A albuminúria pode ser persistente ou intermit- tente. II— Intermittentte é a albuminúria dos adolescentes, filhos de neuro-arthriticos (moléstia de Pavy), a de origem orthostatica, á que apparece depois dos banhos frios, dos exercícios physicos forçados, das emoções moraes, etc. III— Ao lado da albuminúria, a cylindruria tem grande importância para o diagnostico das nephrites; entretanto 98 ella pode faltar nas formas intersticiaes e nas nephri- tes epitheliaes atrophicas adiantadas. CLINICA PEDIÁTRICA. I— Na creança, a ponta do coração bate no 4.° es- paço intercostal a um centímetro para fora do mamillo esquerdo; esta situação modifica-se pouco a pouco, até chegar áquella conhecida no adulto. II— Durante os primeiros annos da vida (3 a 4 annos), o coração se acha em contacto directo com a parede thoracica anterior, em toda a zona da sua superfície que a ella corresponde, pois que só tardiamente as laminas pulmonares vêm restringir a amplitude desta relação. ilí—Por esta razão, são raros os sopros cardio-pul- monares, durante os primeiros annos da vida; o sôpro nítido é, em regra geral, o signal de uma lesão orgâ- nica do coração. CLINICA OBSTÉTRICA E GYNECOLOGICA. í—A gravidez, pela pressão que exerce o feto sobre as veias illiacas, produz o edema dos membros infe- riores e das partes sexuaes da mulher. II— Este edema é facilitado pelas miopragias renaes e também pelas affecções cardíacas e hepaticas. III— Os grandes edemas dos orgãos genitaes da mu- lher, além de serem uma causa de mortificação e de infecção dos seus tecidos, podem trazer grave emba- raço ao phenomèno do parto. CLÍNICA PSYCHIATRICA E DE MOLÉSTIAS NERVOSAS. I—Existem perturbações psychicas que têm a sua origem na hepatica. 99 II— Elias podem ser elementares, como a melancho- Iia e a insomnia, ou podem chegar a constituir psy- choses, como a confusão mental. III— Elias, podem ter como causa a miopragia hepá- tica congénita como também podem decorrer das di- versas affecções de que pode ser séde o figado. Secretaria da Faculdade de Medicina da Bahia, 30 de Outubro de 1912. 0 Secretario, Dr. JHenandro dos Jfe/s J\4eirelles