DO fjr. Irantiseo áe Salte JUeiso 3mvm C5V THE8E iStóSãP^' THESE APRESENTADA A FACULDADE DE MEDICINA DO RIO DE JANEIRO EM 30 DE SETEMBRO DE 1871 rEKAME ELLA SUSTENT DA E PEr,A MESMA APPROVADA COM DISTINCCÂO FM 13 DE DEZEMBRO DE 1*74 PELO V ^11. ^~J lattci4c& t/e ^Ja//e4 c=Q///ewJ- ^âkxt^tc^ D LTOIi EM MEDICINA PELA 3IEBMA FACULDADE Natural da Cidade do Rio de .Taueiro FILHO LEGITIMO 1 t JOSÉ ALEIXO FRANGO E DE ^_____—- D. ROSA MARIA DA SILVA FRANCO * Alois commeuce pour vous ce sacerdoce que vous lionorercz, et qui vous bouorera ; alors commeuce cette carrière de sacrifices, dans Iaquelle vos jouis, vos nuití. sont dcsormais le patrimoine des inalades. II faut vou* résigner, à semer en dévouement, ce qu'on récueille t>i souvont en iogratitude; il faut renoncor aux douces joics de Ia famille, au repos si cher après Ia fatigue d'une ti-: laboiieuse: il faut savoir affronter les dégôuts, les déboircs, les dangers , il faut ne pas reculer devant Ia m'.>it, quaud elle vous menace. (Trousseau, Clinique Médicale de l'Hôtcl Dieu de Parfc ) ------ RIO ÜE JANEIRO TYPOGRAPHIA UNIVERSAL DE LAEMMERT 71, Nua dos Inválidos, 71 1875 MDAIIE 1)1 WKLW 1)0 i»iisi:i T4»K O l\\.mo e Ex.'"° Irr. Conselheiro Visconde d;: Santa Izvbel. YICE-DIKECTOlt O 111."10 c Ex.mu Sr. Conselheiro Dr. Barão de Theresopolis. KECRETA.KIO O lll010 Sr. Dit. Carlos Ferreira de Souza Fernandes. LEITES CATBEINMTICOS Os Umas. Sr*. Drs.i PRÜIEIRO AWO F. J. do Canto e Mello Castro Mas:ar>'tihas. . . Plivsica em geral, e particularmente em suas appli- cações á Medicina. Manoel Maria de Moraes e Valle......Chimica e Mineralog:a. Conselheiro José Ribeiro de Souza Fontes . . . Anatomia descripiiva. SEGUNDO ,K\0 Examinador, Joaquim Monteiro 'Caminhoá . . . Bolanica e Zoologia. Domingos José Freire Júnior.......Chimica orgânica. Francisco Pinheiro Guimarães.......Physiologia. Conselhoiro José Ribeiro de S uza Fontes . . . Anatomia descriptiva. TIJItCBlHO A\\» Francisco Pinheiro Guimarães.......Physiologia. Conselheiro Antônio Teixeira da Rocha. . . . Anatomia geral e pal!>o!og'ca. Examinador, Francisco de Menezes Dias da Cruz . Pathologia geral. QUARTO AXI\<» Anionio Ferreira França........Pathologia externa. Antônio Gabriel de Paula Fonse a.....Pathologia interna. Luiz da Cunha Feijó Filho........Partos, moléstias de mulheres pejadas e paridas, e de crianças recém-nascidas. QUINTO A1MVO Antônio Gabriel de Paula Fonseca.....Pathologia interna. Francisco Praxedes de Andrade Pertence. . . . Anatomia topographica, medicina o^eratoria e appa- relhos. José Thomiz de Lima.......• . Mate ia medica e therapeutica. SEXTO IWO Antônio Corrêa de Souza Costa......Hygiene e historia da Medicina. Barão de Theresopolis.........Medicina legal. Ezequiel Corrêa dos Saiitos........Pharmacia. Examinador, João % i ente Torres-Homen . . . Clinici interna (5<> e 6» anno). Vicente Cândido Figueira de Saboia.....Clinica externa (3<> e 4o anno). OPPOSITORES Agostinho José de Souza Lima.......1 Benjarain Franjdin Ramiz Galvâo....../ João Joaquim Pizarro .........Secçâo de Scieneias Accessorias, João Martins Teixeira.........1 Antônio Ferreira dos Santos.......1 Luiz Pientzenauer..........j Cláudio Velho da Motta Maia......./ José Pereira Guimarães.........> Secçâo de Scieneias Cirúrgica . Pedro Affonso de Carvalho Franco.....í Antônio Caetano de Almeida.......1 J'j é Joaquim da Silva........ Albino Rodrigues de Alvarenga..... Joáo Damatceno Peçanha d i Silva.....> Secçâo de Scieneias Médicas João José da Silva..........I João Baptista Kossuth Vinelli.......1 N. B. A Faculdade nã approva nem reprova as opiniões emittidas nas Theses que lhes fSo apresentad s. 74 10 A MEUS PAIS. N'este dia, para mim o mais solemne de minha vida, dia que marca o termo do meu tirocinio acadêmico, permitti que eu deponha em vossas mãos as coroas de louro com que me acabão de entretecer a fronte. N'este sonho que se esváe na morte, a que os poetas denominão vida, n'este tumultuar de ambições a que eu denominarei mundo, sois vós os meus únicos e verdadeiros amigos dedicados, que ris e que chorais, quando a minha alma experimenta ou os desvarios de ephemera alegria ou as tristezas de um cruel soffrer. Pois bem, nada podendo eu vos offerecer para compensar a amizade que me tendes, acceitai esta these como pequenina prova do muito amor que eu vos consagro. Era ella hontem o ultimo laço que me prendia á vida descuidosa do estudante, e hoje é a chave dourada que me abre as portas da Sociedade. Nas vossas supplicas ao Omnipotente, pedi-lhe para que vosso filho represente n'este theatro tão vasto um papel digno do nome honrado que lhe destes. ^.í A MEUS IRMÃOS Aconselho-vos que sigaes sempre o caminho da honra, trilhado por nosso venerando pai, e que delle nào vos afasteis um momento sequer. ÂS IHMIJ IMS I1IIS Emquanto vivo fòr, estarei sempre ao vosso lado, defendendo a vossa honra. MEMÓRIA DE MEU IRMÃO JOSÉ Silencio! es&saas; Á MEMÓRIA DE MEU AMIGO 0 dr. .iosí: rnwusco ihogo mmKmjÊimmtÈÊÉÊÉÊÊÉÊÉÈÉBmÈÊÊÊÈIÊlÊmÊÈÈÈiÊÊÈÊÊm ükx. gMMMMMMMMBIMBM^MMMMll'IIÍIIIIIII¥llll'l 1IIÍHlííll*rTff ■■líll 11111 lll ■......■■ IHJ, A MEMÓRIA DE MEU TIO JOÃO IGNACIO ALEIXO Fma lagrima -entida sobre a sua campa! A Minha Boa Tia D. MARIA DAS DORES Gratidão eterna ! AOS MEUS AMIGOS SINCEROS Amizade e gratidão. I 1IELS COLLEÍiAS Saudades desse tempo que nào volta mais. AOS MEUS MESTRES Respeito e reconhecimento! Á FACULDADE DE MEDICINA DO RIO DE JANEIRO Adeus! AOS MEUS INIMIGOS Desprezo. *n i íítlllütilU Mr Desde os tempos os mais remotos da antigüidade o estudo da febre e particularmente o da temperatura mórbida tem sido ob- jecto de constantes observações e de profundo lucubrar. Hippocrates, o venerando patriarcha da medicina, concedia tão grande valor á temperatura do corpo nas moléstias, que delia tirava conclusões para seu prognostico. Graleno, que floresceu no 2o século da era christã, dava tanta importância ao calor, como symptoma mórbido, que definio febre: « Calor proeternaturalis substancia febrium. » Mas faltava a esses práticos os meios que as scieneias physicas e experimentaes mais tarde vierão trazer para precisar o diagnos- tico, e determinar o gráo de calor compativel com a vida nas doenças. Foi isso obtido com a descoberta do thermometro por Sanctorius em 1638, instrumento que, applicado por seu tinventor, deu origem á thermometria clinica. Descoberta que para o professor Jaccoud creou o diagnostico matliematico, assim como a percussão e a escuta haviam creado o diagnostico physico, a thermometria, á semelhança da vida do homem, passou por phases de engrandecimento e decadência. kl i _ 2 — Mais de um século havia decorrido depois das primeiras appli- cações do thermometro por Sanctorius, e já todos o suppunhão com- pletamente abandonado, quando em 1791 apresenta-se um illus- tre discipulo de Boerhave, De Haen, preconisando as vantagens desse instrumento nos estudos clínicos. Espirito observador, o illustre praticot de Vienna faz investiga- ções minuciosas em individuos no estado physiologico e em estado de moléstia, notando nos febricitantes as remissões da columna thermometrica pela manhã, e suas exacerbações para a tarde, e em individuos acommettidos de accessos intermittentes, elle com- prova um facto até então ignorado, o da elevação da temperatura no estádio de calafrio dessas febres. Mas a isso se reduzirão as pesquizas de Haen, e assim começa para a thermometria uma época de decadência, na qual um ou outro nome mais importante é citado. Em 1840 renasce ella em França, e apparecem trabalhos de trans- cendente valia, taescomo os de Andral, Piorry, Gravarret, HenriRoger e outros, trabalhos importantes, é verdade, mas que ou por serem puramente physiologicos ou por limitarem-se á comparação do má- ximo e do minimo da temperatura quotidiana, não forão muito fecundos para a nosographia medica. Em 1850 desponta a verdadeira éra de gloria e esplendor para a thermometria clinica. A frente da cruzada brilhante de profun- dos pensadores da laboriosa Allemanha, estão os professores Traube, Baerensprung, Thomas e Wunderlich o pratico abalisado e con- sciencioso, que passa 16 annos a colher milhares de observações com todo o cuidado, tirando da sua marcha thermometrica o va- lor para o diagnostico, prognostico e tratamento das varias espé- cies nosologicas. E a este incansável experimentador, que a thermometria deve os seus maiores triumphos. A França, a Inglaterra, a Itália, a Hollanda, Rússia e até os — 3 ~ Estados-Unidos não permanecerão indifferentes ao movimento scien- tifico, que se opera na sábia e incansável Allemanha ; e os médi- cos destes paizes publicão importantes monographias, entre as quaes citão-se as de Maurice, Spielman, Fouqué, Anfrun, Hardy, von Fokker, Monte Gazza, Sidney Ringer, Thomas Compton, Bennet-Dowler e muitos outros. No nosso paiz só em 1868 começa a thermometria a ser em- pregada, tendo á sua frente o nosso illustrado professor de cli- nica medica o Illm. Sr. Dr. João Vicente Torres Homem, uma das glorias da nossa faculdade. De seus profundos e acurados estudos feitos sobre a marcha thermometrica das pyrexias que reinão na nossa cidade, elle co- lheu dados preciosos já para o diagnostico differencial entre as febres paludosas, acompanhadas de fôrma typhoide, e a verdadeira dothienentheria de Bretonneau, já publicando em 1873 uma impor- tantíssima monographia sobre a febre amarella, na qual S. S. des- creveu a marcha da columna thermometrica no Io e 2o períodos desta pyrexia. A respeito da maneira por que tem sido recebida a thermome- tria entre nós, transcreveremos ainda a opinião do insigne pro- fessor cujo nome respeitosamente citámos, a qual encontrareis na pagina 50 de sua monographia. Eil-a : í Entre nós, apezar da louvável tendência que se nota na classe medica em acompanhar de perto o movimento scientifico que se opera na Europa; apezar do incontestável merecimento de grande numero de collegas, a cuja' illustração tributo sincera homenagem, a thermometria clinica tem sido recebida, senão com má vontade, pelo menos com frieza e indifferença. » Concordamos plenamente com S. S., e não sabemos a que attri- buir semelhante indifferença da parte dos nossos médicos por uma descoberta que tanto brilho tem dado ás observações na Europa, e gloria aos médicos que delia têm tratado! — 4 — Foi reconhecendo as vantagens do thermometro, como auxiliar poderoso para o medico no diagnostico, prognostico e tratamento das pyrexias que reinão no Rio de Janeiro, que tomámos sobre nossos hombros a árdua e penosa tarefa de sobre esse ponto dissertar. Praza aos céos que nos seja dado conclui-lo de modo a satis- fazer, ainda que de longe, as doutrinas que aprendemos e alcançar o acolhimento de nossos sábios mestres. Bem limitados são, porém, os recursos que nossa pobre intelli- gencia nos pôde ministrar, comtudo empregaremos um esforço. Dessas doutrinas, do resultado das observações praticas, enri- quecidas pelas sábias lições do nosso distincto mestre de clinica, o Sr. Dr. Torres Homem, e do que pudemos colher de autoridades, como Wunderlich, Griesinger e outros práticos que sobre essa ma- téria têm dissertado, procuraremos satisfazer nossos empenhos e porventura nosso dever. Para proceder com methodo, nós o dividimos em três partes; na Ia parte daremos algumas noções de thermo-pathologia geral que se tornão necessárias á comprehensão do nosso ponto; na 2a trataremos do valor do thermometro no diagnostico e prognostico das pyrexias; na 3a e ultima parte nos occuparemos do valor do thermometro no seu tratamento. DISSERTAÇÃO SCIENCIAS MÉDICAS Do valor das investigações thermometricas no fliapslico, ppostico e tratamento ias pyrexias p reinão no Rio De Janeiro. Já é tempo de nos emanciparmos um pouco da tutela scientifica dos estrangeiros. (De. Torres Homem. L. de febre amarella.) Da febre. O que é a febre ? Não ha problema em medicina que tenha ofíerecido margem a maiores controvérsias da parte dos práticos, quer antigos quer modernos, do que o que tem tido por fim definir a febre, explicar a sua natureza intima, e determinar o mecanismo todo especial que a constitue. Tentando resolvê-lo, têm-se apresentado em campo os vultos os mais respeitáveis da sciencia, sem nada conseguir, pois até hoje só reinão meras hypotheses, que o tempo virá mais tarde ou con- firmar ou completamente destruir. Longos e fastidiosos nos tornaríamos se quizessemos enumerar todas as definições que têm sido dadas da febre, até á época em — 6 — que nos achamos; no entretanto analysaremos algumas; veremos se podem ellas ser aceitas, e finalmente abraçaremos uma que jul- gamos poder ser admittida em falta de outra mais precisa e com- pleta. Nos tempos antigos, Galeno definio febre : calor proeternaturahs substancia febrium. Como se vê, já esse pratico dava grande importância ao augmento da temperatura do corpo como phenomeno pathognomonico da febre. Boerhave e muitos outros práticos fazião consistir a febre na acceleração do pulso, phenomeno este muito variável já no es- tado physiologico, já no estado pathologico. Eis como o professor Grisolle definia a febre, pyrexia ou es- tado febril: é um estado mórbido de uma certa duração, caracterisado sobretudo por um augmento de calor do corpo, pela acceleração do pulso, por máo-estar e perturbações diversas de outras funcções. Não podemos aceitar esta definição, antes descripção, do pro- fessor Grisolle, pois elle inclue nella dous phenomenos muito in- constantes : a acceleração do pulso, phenomeno como já dissemos acima muito variável; e o augmento do calor do corpo, pheno- meno que só pôde ser apreciado em certos casos pelo thermome- tro : facto esse que se dá nas' lebres algidas, na tuberculose em segundo período e em outros estados pathologicos. O distincto professor Sr. Torres Homem define febre : um estado mórbido da economia animal, caracterisado principalmente por acce- leração do pulso e augmento do calor peripherico. Acreditamos que se acha refutada a definição do nosso illustrado mestre, desde que não admittimos a do professor Grisolle. O professor Jaccoud define febre: um estado pathologico consti- tuído pelo augmento da combustão e da temperatura orgânicas. Se é viciosa esta definição, porque elle considera cousas diversas combustão orgânica e temperatura, quando esta não é senão o re- sultado daquellas, mais adiante este professor justifica-se quando diz: — 7 — que o que constitue a febre é o augmento duradouro do calor acima do máximo physiologico. E, pois, achando boa esta definição, nós a admittimos, dizendo do modo seguinte: Febre é um estado pa- thologico caracterisado pela elevação duradoura da temperatura do corpo acima do maximum physiologico. Da necessidade do thermometro na apreciação da febre. Entre os meios que tem sido postos em pratica para determinar o gráo de calor febril, nós temos a mão, o thermometro e os appa- relhos thermo-electricos. Estes últimos, exigindo tempo, pratica e muitas precauções junto ao leito do doente, forão abandonados com- pletamente, apezar de darem a temperatura exacta. A mão é o meio mais geralmente empregado, mas dar-nos-ha ella sempre noções exactas e precisas? Se é verdade que ella nos faz conhecer as qualidades do calor, comtudo não nos fornece dados positivos sobre a sua intensidade, phenomeno capital da febre. A que devemos recorrer então ? Por certo que ao thermometro, instrumento que ,precisa a elevação de calor, por menor que ella seja, que é muitas vezes o pharol brilhante que guia o medico em um diagnostico que até então era duvidoso. Quantas vezes tivemos nós occasião de apreciar as suas vantagens na clinica! Muitas vezes chegados junto ao leito de um doente, acre- ditávamos que elle estava apyretico e no entretanto o thermometro applicado á axilla marcava uma temperatura de 39°, a39°,5 e mais! Da febre thermoraetricamente considerada. Consistindo a febre no augmento das combustões intra-organi- cas, que se opérão no trama intimo dos nossos órgãos e tecidos, ve- jamos quando devemos considerar um indivíduo febril. — 8 — Primeiro que tudo torna-se-nos necessário indagar qual o limite das oscillações da temperatura physiologica. Esta não é a mesma para os diversos autores. Assim, para Roger, a média physiologica é 37°, para Anfrun 37° a 37°,5, para Benjamin Maurice 36°,60,para Jaccoud de 37°,2 a 37°,5, para Wunderlich de 37° a 37°,5. Acredita- mos que essas pequenas divergências entre os autores são devidas já á falta de precisão dos instrumentos empregados, já ás locali- dades em que essas temperaturas forão tomadas, já a um sem nu- mero de circumstancias. No estado pathologico esta temperatura ou se eleva acima do nivel physiologico e nesse caso temos febre, ou se abaixa e então temos algidez. Se é verdade que para conhecer a intensidade do calor febril basta-nos uma simples mensuração thermometrica quotidiana, o mesmo não acontece quando queremos apreciar o typo e a mar- cha que a moléstia vai seguir, caso em que convém fazer duas e mais mensurações quotidianas, afim de que possamos tirar das os- cillações da columna thermometrica vantagens para o seu diagnos- tico, prognostico e tratamento. Em todas as moléstias febris o cyclo thermico apresenta três períodos ou estádios : Io período, de ascensão ou pyrogenetico (Wunderlich); 2o período, de estado ou de fastigium; 3o período, de declinação ou de defervescencia. 1.° Período de ascensão ou pyrogenetico.—Neste período a columna thermometrica sobe da média normal até o ponto o mais elevado a que deve attingir no curso da moléstia. Foi esta a razão pela qual Wunderlich o denominou pyrogenetico. O modo pelo qual a ascensão da columna tem lugar pôde ser referido a três typos : ou a columna sobe rapidamente sem que haja remissões e nesse caso temos o typo rápido, o que se dá na febre intermittente, na pneumonia, etc; ou a columna sobe gradual e progressivamente, levando alguns dias para attingir ao fastigio: então temos o typo — 9 lento, o que se dá na febre typhoide ; ou a columna sobe muito irregularmente e nesse caso temos o typo irregular, o que se dá nas moléstias de cyclo mal definido, como na pleurizia, na pericar- dite e rheumatismo. 2.° Período de estado ou de fastigium.— É este o período em que a moléstia tem adquirido o seu máximo desenvolvimento. E neste estádio que a temperatura offerece as maiores variações, dependentes já da natureza e do gráo da moléstia, já das numerosas circum- stancias que podem modificar sua marcha. Esta póde-se apresentar de três modos, que são os seguintes : a) marcha acmeiforrae, con- siste ella em uma elevação brusca e rápida, em breve seguida de um prompto abaixamento ou terminada pela agonia; dá-se em todas as febres que se terminão em alguns dias, taes como a febre ephe- mera, os accessos intermíttentes de curta duração, e em muitos outros estados mórbidos; b) marcha contínua, nesta a elevação thermica se mantém durante algum tempo em um certo nivel, o que não exclue variações ligeiras que não excedem i/% gráo; esta marcha existe em toda a moléstia extremamente grave, e nos casos em que uma complicação apparece no decurso de uma moléstia já existente; apresenta-se ella no typho exanthematico. na erysipela da face e em mnitas outras moléstias; c) marcha descontínua ou, remittente, nesta a temperatura offerece fluctuações consideráveis no curso de um dia, e muitas vezes também uma marcha disseme- lhante nos differentes dias. Apresenta ella oscillações consideráveis da columna thermometrica, podendo ir de Io a 3o de differença entre a temperatura da manhã e a da tarde; dá-se ella no saram- pão, no typho abdominal, no rheumatismo polyarticular. 3.° Período de declinarão ou de defervescencia.— O modo pelo qual se opera a defervescencia pôde ser referido a dous typos : ou a defervescencia faz-se rapidamente, accusando o thermometro uma descida de Io a 3o entre a tarde de um dia e a manhã do dia seguinte, e nesse caso temos o typo rápido; ou a defervescencia Al 2 — 10 — faz-se lenta e progressivamente, de modo que leva 4, 6, 8, 10 dias, para que a columna thermometrica chegue ao nivel physiologico, e nesse caso temos o typo lento ou lysis de Wunderlich. A primeira espécie corresponde ao que os antigos denominavão crise; é ella observada na varíola, nas febres ephemeras, no typho exanthematico, etc. A segunda espécie caracterisa a febre typhoide, e as moléstias de cyclo irregular e mal definido. Durante a convalescença, quando o organismo é tão sensivel ás innumeras circumstancias que o rodeião, é ainda o thermome- tro um poderoso auxiliar para o medico. Se este apreciar que as oscillações da columna entre a manhã e a tarde são pequenas, insignificantes, iguaes, emfim, ao que se passa no estado physiologico, elle poderá considerar o doente em plena convalescença ; mas, se pelo contrario, notar que a tempera- tura excede de Io a 2o ao nivel physiologico quer pela manhã. quer á tarde, deverá crer ou em uma reincidência da moléstia ou em uma complicação. Período amphíbolo.— E o período intermediário ao de fastigium e ao de defervescencia, no qual a temperatura se mostra incerta. vaga, irregular, quer com oscillações ascendentes quer descendentes. durando neste estado por espaço de muitos dias. Pôde este período se apresentar em qualquer moléstia, e então depende já de complicações que apparecem no seu decurso, já dos meios tlierapeuticos emprega- dos, já de causas completamente desconhecidas; o que é mui com- mum entre nós, como tivemos occasião de observar, e o confirma o os registros thermicos que apresentamos nesta these. Período agonico.— Offerece este período, quanto á sua marcha, três typos : Typo agonico ascendente, em que a temperatura longe de declinar vai subindo continuamente até á morte, em que apre- senta o seu maximum. Neste typo nem sempre a temperatura sobe — 11 — progressivamente; ás vezes no seu curso ella apresenta algumas remissões, que por serem pequenas não destióem o caracter geral da ascensão thermica. Mas ha ainda, em relação a este typo, duas variedades, que im- porta conhecer: uma consiste em a temperatura offerecer em seu curso ascensional uma grande remissão ou descida; phenomeno esse que pôde depender de algum incidente, epiphenomeno ou compli- cação, taes como hemorrhagia copiosa, perfuração intestinal, etc. Xeste caso ou o doente succumbe nessa temperatura baixa, o que se verifica quando a morte succede logo ao accidente, ou a tem- peratura torna a elevar-se ao seu maximum ou perto deste, no qual fallece o doente. O professor Jaccoud denomina esta variedade de typo ascendente quebrado. A outra variedade consiste em a elevação da temperatura ser precedida durante 36 a 48 horas de notável abaixamento da co- lumna thermometrica (Io a Io,5); esta baixa da temperatura po- deria fazer o pratico acreditar em um prognostico favorável; mas em breve o estado geral do doente, que se aggrava, a freqüência excessiva do pulso e da respiração e os demais phenomenos mór- bidos vêm convencê-lo da illusão em que elle laborava, illusão que é depois confirmada pela ascensão da temperatura. A esta variedade o professor Jaccoud denomina typo ascendente com re- missão inicial. Typo agonico descendente.— Nesta espécie, como o seu nome o indica, a temperatura vai declinando successivamente até o dia da morte, baixando neste momento ainda mais, ou elevando-se de alguns décimos a Io,5. Typo agonico irregular. — E caracterisado no seu curso por muitas remissões e exacerbações da temperatura, sendo crescente a amplitude das oscillações nos dous ou três dias que precedem a morte. Segundo o professor Jaccoud este typo apresenta-se nos doentes que soffrêrão uma therapeutica irracional e desordenada. — 12 — Do esboço que fizemos acerca dos typos e marcha de que se podem revestir as diversas espécies nosologicas, claramente se in- fere as vantagens do thermometro para o seu diagnostico dife- rencial, prognostico e tratamento. SEGUNDA PARTE Do valor Ao thermometro no fliapostico e prognostico flas pyrexias p reinão no Rio de Janeiro. Somos chegados á parte a mais importante e difficil da nossa dis- sertação, a qual tem por fim demonstrar o valor do thermometro no diagnostico e prognostico das pyrexias que reinão no Rio de Ja- neiro. Até certa época, as pyrexias em nossa cidade apresentavão-se com uma marcha tão regular e tão typica, que, diz-nos o Dr. Mello Franco (*), em seu livro, bem podião ser assemelhadas ás da Europa. Assim, as febres intermittentes denunciavão-se ao medico, perfei- tamente caracterisadas, com seus três períodos francos e bem defi- nidos : o elemento typhoide entre nós era raro, elle que encontrava todas as condições de terreno apropriadas para o seu desenvolvi- mento e propagação ; acreditava o Dr. Mello Franco ser isso de- vido ás constantes descargas electricas que se operavão na nossa atmosphera. Em 1844 o Dr. Sigaud (*#) já não observa o mesmo; elle apre- (*) Ensaio sobre as febres, com observações analyticas acerca da topographia, clima e de- mais particularidades que influem no caracter das febres do Rio de Janeiro, por Francisco de Mello Franco. 1827. (**) Maladies du Brésil. 1844. 005442 _ li _ cia a freqüência das fôrmas larvadas das febres intermittentes, a sua prompta terminação por accessos perniciosos, e o apparecimento em maior escala do elemento typhoide, elemento que até então era raro. O modo insidioso pelo qual ellas marchão hoje, a tendência que ellas têm a revestir-se de diversas modalidades, conforme os ele- mentos que predominão nas nossas constituições médicas, fazem com que muitas vezes práticos illustrados formulem diagnósticos que a marcha da moléstia vem completamente destruir. Entre os elementos que mais commummente se apresentão, nós temos o bilioso e o typhoide, o primeiro sem duvida alguma de- vido á predominância das funcções hepato-biliares nos paizes quentes; o segundo, ao incremento da população e ás vantagens e desvan- tagens que esta acarreta. Pois bem, para diminuir as difficuldades com que o pratico luta quando quer estabelecer o seu diagnostico seguro desde o primeiro dia da moléstia, o thermometro é um meio precioso, como vamos de- monstrar. Começaremos por estuda-lo nas febres paludosas, pyrexias mui- to freqüentes entre nós. Do thermometro na febre intermittente. Primeira manifestação desse Protheu tão traiçoeiro denominado impaludismo, — pyrexia que em conseqüência de repetidos accessos, acaba por produzir na crase do sangue uma hypoglobulia, deno- minada cachexia paludosa,— a febre intermittente tem sido objecto de importantíssimos estudos, inherentes á sua natureza, marcha e ter- minação. Não entraremos na questão de sua natureza (que até hoje é um problema), pois isso seria em detrimento do nosso fim, que é tratar do valor do thermometro nessa pyrexia. — 15 — Apresenta ella como sabemos três períodos ou estádios, que são o período de calefrio, o período de calor e o período de suor. Ha- verá nelles augmento ou diminuição da temperatura do corpo ? A principio acreditavão os pathologistas que a temperatura baixava muito no estádio de calefrio, e que só augmentava no período de calor. Foi só depois da descoberta do thermometro que De Haen, em- pregando-o em individuos acommettidos de accessos intermittentes, observou elevação de temperatura considerável no período de calefrio, augmento que perdurava ainda no estádio de calor, e que só ter- minava no período de suor. Qual será a marcha da columna thermometrica nesta pyrexia ? O professor Wunderlich diz que nesta fôrma mórbida devemos se- parar o accesso febril isolado da evolução geral da moléstia. No accesso febril isolado a columna thermometrica sobe rapida- mente, attingindo temperaturas hyperpyreticas, que no fim de pouco tempo voltão ao nivel physiologico. O modo pelo qual a ascensão da columna se opera é o seguinte: a columna começa a subir antes que nenhum outro phenomeno traduza o começo do accesso, a ascensão inicial é lenta a principio, podendo durar algumas horas sem exceder 38o,5 a 39°. Logo que se declara o calefrio, o qual pôde apparecer em diversos gráos thermicos, a columna sobe rapidamente a ponto de attingir 41°, 41°,5, 42° mesmo, temperaturas essas hyperpyreticas; a pouco mais sobe ella no estádio de calor. Desde que suores profusos começão a banhar o corpo do doente, a columna thermometrica principia a baixar, mas lentamente, na 1' hora ou mesmo na primeira */2 hora ; este abaixamento é inter- rompido por fluctuações, depois ella desce mais rapidamente. Por espaço de um quarto de hora ou mesmo d/2 hora, a temperatura se mantém no mesmo nivel, depois ella sobe de l/i0 a 2/10, torna a cahir e assim por diante (en échelons). Quatro horas passão-se — 16 — nesta evolução e quando a temperatura tem chegado pouco mais ou menos a 40°, o abaixamento torna-se um pouco mais rápido; no entretanto a columna não volta ao nivel physiologico senão no fim de 10 a 12 horas. Na apyrexia que succede, a temperatura permanece ás vezes um pouco acima da normal; mas quando a apyrexia dura pouco mais de um dia, pôde dar-se uma pequena exacerbação vespertina que excede apenas a oscillação quotidiana normal. Se o indivíduo é submettido ao tratamento pelos meios anti-py- reticos (sulphato de quinina e outros), desde que teve o primeiro accesso, os que a esse se succedem já não vêm acompanhados de phenomenos subjectívos, e são apenas reconhecidos pela elevação da columna thermica. Nós tivemos occasião de observar a marcha descripta por este pratico em dous individuos acommettidos de accessos intermittentes. Em um delles tratava-se de um collega nosso, morador em S. Chris- tovão, o qual se achava com uma febre intermittente terça, que datava de um mez. Apreciamo-lo no momento do accesso, apre- sentava-se elle com o rigor, applicado o thermometro á axilla, mar- cou no periodo de calefrio 40°, 1, no periodo de calor 40°,6 e 39°,5 no estádio de suor. O outro era um doente que entrou para a enfermaria de clinica e que foi occupar o leito n. 7, apresentava ligeiros calefrios, e o thermometro marcou 40°,3 no periodo de calefrio, 40°,7 no de calor e 39°,8 no de suor. Nestes dous doentes ainda verificámos o que diz Griesinger em seu livro sobre moléstias infecciosas: que nem sempre a temperatura a que attinge a columna thermometrica é proporcional ás pertur- bações subjectivas que o individuo apresenta. Pyrexia de tão fácil diagnostico quando se apresenta revestida com seus três estádios perfeitamente francos, a febre intermittente entre nós se declara ás vezes com tal cortejo de symptomas para F — 17 — o lado do tubo gastro-intestinal e com tal adynamia, que bem pôde fazer crer ao pratico inexperiente que se trata de uma febre typhoide. Mas em breve o thermometro applicado vem dissipar todas as duvidas que paira vão em seu espirito, pois removidos esses embaraços para o lado do apparelho gastro-intestinal, pelos meios convenientemente adequados, a columna thermometrica desce no mesmo dia ao nivel physiologico, facto que não se dá na febre typhoide no Io septenario. O p rofessor Jaccoud (*), em seu livro de clinica medica, refere-nos a observação de um doente em que elle acreditava pela anomalia dos symptomas, e pelo abatimento de forças que se tratava de uma dothienentheria de Bretonneau, e só depois de alguns dias de moléstia a applicação do thermometro revelou ser um caso de febre intermittente terça. Pyrexia tão freqüente entre nós, e que tanto complica as phleg- masias febris impedindo a sua resolução, quantas vezes vê-la-iamos passar despercebida, podendo trazer em poucas horas a morte do nosso doente, se não fosse o valioso auxilio fornecido pelo thermometro! Quanto ao prognostico da febre intermittente diremos que a de- mora da columna thermometrica, em qualquer de seus estádios, é sempre grave, visto que o mais das vezes é ella o prodromo de um accesso pernicioso que em breve se vai apresentar, e que levará o doente á sepultura, se não for prompta e convenientemente combatido. Do thermometro nas febres remittentes. Não concordamos com Griesinger e Dutroulau quando estabelcem que as febres remittentes não são senão modificações do typo intter- mittente; acreditamos que ellas constituem na cidade do Rio de Janeiro individualidades mórbidas especiaes. (*) Clinica Medica do Hospital da Caridade, 1869. 41 3 — 18 — Pyrexias muito freqüentes entre nós e que acommettem de preferencia aos estrangeiros não aclimados, as febres remittentes apresentão-se ora benignas, ora graves; quando benignas, ellas offerecem pouca importância, pois cedem facilmente aos meios anti- pyreticos empregados; quando graves, ellas revestem-se de physiono- mias diversas conforme os elementos que predominão em certas épocas em nossas constituições médicas. Assim, se é o elemento bilioso, manifestão-se as febres remittentes biliosas sempre graves e de difficil diagnostico, se coincidem por acaso com o apparecimento de uma epidemia de febre amarella j se o elemento typhoide, nós temos as febres remittentes paludosas typhoi- déas, que são confundidas muitas vezes por médicos, aliás illustrados, com a febre typhoide. Pois bem, para guiar o medico neste labyrintho, em que tudo é in- certeza e duvida, apparece o thermometro que vem, qual facho de luz, determinar o verdadeiro diagnostico desde o primeiro dia de moléstia; assim, nas febres remittentes paludosas typhoidéas a co- lumna thermometrica sobe no 1° dia até o ponto o mais elevado a que deve attingir em seu curso, ao passo que na na febre typhoide a columna sobe lenta e gradualmente até attingir no 4° dia de molés- tia á tarde 39°,5 a 40°; demais a defervescencia nas primeiras ope- ra-se no primeiro septenario, ao passo que na segunda este facto não se dá. O registro thermico n. 4 representa a curva thermometrica de um doente que entrou para o leito n. 7, com um accesso intermittente franco, depois a pyrexia tomou a fôrma remittente, apresentando-se phenomenos adynamicos que simularão perfeitamente uma dothienen- thería de Bretonneau. Para estudar a marcha thermometrica destas pyrexias, dividiremos oseu cyclo thermico em três períodos: o primeiro periodo caracteri- sado por oscillações ascendentes e rápidas da columna thermometrica, que póde-se elevar logo no primeiro dia ou o mais tardar no segundo a O. Xo I. Febre remittente pulndòsa Homem de ki annos, constituição forte,temp. sangüíneo. (SANTA IZABÉL]S;?6) 59 58 51 56 55 lô i 7 1 9 20 2í 22 23 24 25 2() 21 28 29 50 ; 1 i : l 1 i | í '.'" -4- T — _. - -h _!_ -r- 1 X jr" i ~ -t -—-— ~- _t. -Z ~r —h —-- -•+- | T- - t ! 1 _i_ - , V ~" H- (íi 1 . \ ' ■ I i i i | i 1 i 1 1 i j 1 i 1 1 -L„ r.-iia. ■ . , _i_ _! j Junl w O.N?2 Febre remittente paludosa,. ffomcm â& Sfamws: úmst.forte:temp. sangüíneo ( Q'.peu.-tiru.larn"il) ,,. 21 22 23 2Í 25 26 21 28 29 50 U 52 Lo í ""íí"" fnfn "Í> " - A "t- ~r _ 1 3 (jmmma de sulfato de qiiiniruiHZ) Convalescença HVÂUa/ 0. X?<3 Feire remittente biliosa typhoide a. Homem. i9annos conslHuir/io forfe. tcmp. sangüíneo ( SANTA 1ZABEL Xo 5 ) r2 5 i 5 b 1 Ò 9 io í i ;£ /.5 /-í /.5 jO /7 i5^ ?&> ^4?2 25 2l i í-t:-: ! i i j li! ^T" '"I" ! Zfi -*- ("** i\ ' i ío~X - J. li ' "n 1 1 -; \ f ■ j ' -j- i íd-4--—zt i i «. j~ -i--+- t^t ^o j,I • l ■ • [A 1/\ j H-Ü r 1 i ' / V \ / Vj i : ;^ :.... : jr . • bz V_L-i-- -- > = -tt=fci^ , , f] ^..-i- ^R — [-- /] 00 -j_V-V , j" i >-- - i \ ! / { £* t-~t zr=c -u ■ -4~ 33 ~\- ' ~r tepJ t+i -t-H-1- (4) Ã/rofll dr rrratrina com tini de diyitabis. ç.y? 4. Febre remiu ente paludosa typhoide a fftanmt.Hâcornos, constitmaio íort<>. sanainuco . ( SANTA IZABKL N° " ) Ài 4o 58 o 57 O tm 3Í4 5 6 7 8 9 íí> ii >2 .,"> ;4 i.t ib í7 -1- "£:, -4 -4- \ í' _ ~y -4- -!■■ 4 : "1" l! 1 ; í 1 I J_ "T 1 i . ~^v. t" i i t ~t n i ^L S j T í j | Ji-W i li-ÍÍJ -?-r 4^W V g" Bi-salfcdo de nmuuta, (*)Altiv = — 19 - 39°, ou 40°, verificando-se aqui o período pyrogenetico de Wunder- lich; o segundo periodo é caracterisado por francas remissões matutinas e por exacerbações vespertinas, isto é,o intervallo das oscillações entre a manhã e a tarde de um dia é de0,5al°;o terceiro periodo é constituido pelas oscillações descendentes da temperatura, que podem ir abaixo da média normal. Nem sempre as febres remittentes apresentão-se com uma marcha tão regular, principalmente se ellas tomão a fôrma typhoide; foi o que tivemos occasião de observar muitas vezes na enfermaria de cli- nica. O registro thermico n. 3 representa a curva thermometrica de um doente de febre remittente biliosa, que tomou a fôrma typhoi- de, na qual a marcha da moléstia revestio-se do typo amphibolo, typo muito freqüente entre nós. Do thermometro nas febres perniciosas. Pyrexias que podem revestir todos os typos, será o diagnostico das febres perniciosas sempre fácil ? Se o primeiro accesso pernicio- so foi precedido de accessos intermittentes simples, o que se ob- serva muitas vezes no Rio de Janeiro, então o diagnostico não offe- rece grande difficuldade. Ha casos, porém, em que não se dá precedên- cia de accessos simples ; o primeiro paroxismo que traduz a infecção paludosa vem logo revestido de perniciosidade ; e quando o medico tem diante dos olhos o primeiro accesso, sem que possa colher infor- mações exactas a respeito da procedência do doente e de outras cir- cumstancias importantes anamnesticas, vê-se seriamente embaraçado para desde logo firmar um juizo seguro a respeito da natureza da moléstia ; os embaraços com que elle luta são tanto maiores quanto é necessário lançar mão de uma therapeutica enérgica e prompta, que variará muito conforme o diagnostico. Se se trata com effeito de um — 20 — accesso pernicioso, então o pratico deve proceder com toda a ener- gia, deve tratar de substituir o envenenamento miasmatico que pro- duz o accesso, pelo envenamento quinico, pois elle tem diante de si uma vida muitas vezes preciosa que periga, e que será em breve presa das garras da morte, se elle não proceder com esse critério. Quando, porém, os commemorativos nos faltarem, a que elementos devemos recorrer para facilitar o diagnostico ? Ao thermometro ? Não, por certo, pois até hoje só reinão trevas na sciencia a respeito da marcha thermometrica das febres perniciosas. Para o que devemos appellar então? Por certo que para os quatro importantíssimos dados que nos fornece o nosso illustrado professor de clinica medica, dados esses que superão todas as difficuldades por maiores que ellas sejão. Pois bem, são elles os seguintes: Io, a rapidez com que se desen- volvem os phenomenos mórbidos e adquirem o máximo de sua inten- sidade; 2o, a desharmonia estranha que se nota nos symptomas, a ma- neira insólita por que se achão grupados, de modo que não podem ser referidos a uma moléstia determinada ; 3o, a gravidade do phenomeno ou dos phenomenos que denuncião a perniciosidade ; 4o, o desenvol- vimento rápido que entre nós adquire o fígado, e ás vezes também o baço. Em relação ao prognostico das febres perniciosas, não conhe- cendo nós a sua marcha thermometrica, nada podemos dizer quanto a ellas; sabemos que estas pyrexias são o mais das vezes sempre gra- ves, pois basta um de seus accessos para levar o doente ao túmulo. Do thermometro na febre amarella. A febre amarella, esse terrível flagello que se tem tornado entre nós endêmico, visto encontrar condições apropriadas para o seu des- envolvimento, tem sido assumpto de importantíssimos estudos con- cernentes á sua natureza, marcha-e terminação. g.xr iô t em-e Am areIIa tonst.firtejcn,r sanq. 3 (oíd. a atui vi a . Hemorrlicujias. Maq.de. Mavrcv. Perclilo.de ferro. Q.N°17 Febre Amarella Homem ib cornos Teutp.odiosa, amst. fraca lo 59 38 o 51 8 9 IO -f T ■!-- í- "-^ -f- ■r- I >y,\ P~ - — 7- --^ „ :_~ -f- 2V -4— ■— .j_ 1 \ i ^ ;— — -^ 1 l , \ . ' ] :(« i ! r v > -5/om a to cr Tiag ia/ (& i Idnn 13) Morte, as O h. ãci Tarde,' ti Ao 59 58 0 51 iô á iô i6 i \ i - : i "1 4- i 1 i 1 1 ^aJ 4 1 1 - I 1 i ._|_ -k .v ! \ T ! | ! f *\ ~tr / 1 1 1 i 1 ,- i *- I— i ~~ !' _l 44 -"' -+ -4~ _o_ f~M -J— -L ^ _ .. / Dia.jore.tico e purgativo 2 Anu na & ou cie tiade- •^ulf. de QQ. Iqram *) Morte aà 1 h.da manha/ Q. X? 18 Febre AmavellR Homem 3o annos cousl.forte tenip. sauguinco tio 59 58 0 51 36 o 0 4 J 6 7 8 , it ZlÂ. "-V j _ ; ' i -t ■ ■1-i _i. i "1"" T i \ | "4- -'* SiJ ~í- ~j j I \ i V i ! i 1 "1 -|" i + — 1" i * \ | • -+- — . h! 1 L> ! \^ 1 J | — i ! j. : 11 f i > Diaplwretieos (■X) Caluniei. Sulf.de ag (igi-anima,) lotSiãf.âc qa. (igvam.)temp. e tônicos i'i)Snlf.dcqjg (o/l) (StViiúto com. aqoa,- (í>) Convalesccnccv Q Xo 19 Febre Amarella Mulher Ternp. sano. 'lilonioos cons. foi-i ti 59 58 51 k 5 ò 7 --t™ -t —i_ — ^4- -U — — sj2- -7 z: 7; --_ r,r ,"<3 ^ :p ".:E — — • — V Í3p rz 1 V *, _^^ uiVomitos biliosos-suh ddino ca> Vômitos preto - delirio o) - m Petechins i-i)Morte as 5h. da manha O .N? 20 Febre Amarella Homem, 33amios. Cons. forte, tenvp.sang. foZ 4 J 6 : í 8 9 10 ií 12 15 li >jj i | ■ ■ : ■ ZxL~r~-± !y ; ' 0V .__L Í0 \ l ■■^ãT""1- 1 - ti \3 I ■ 7.9 \ ' _£_ _^_ -^ _(_ _4_ j í ^5 1 V í - ,, \ 1 i ! "f ■ >u. I ■ \ -■■ ------t- -j-_t_-t- f ' -T - 4- -^ h^-J- ^ 1 14 ^7 i l .--. 1 j !--+-"*♦ 1 | 1 1 -"■ ^- />n ■ ■)■ ! ' ' """ (oEmb. gástrico -Fmetico it tFpistaxis, albnm m uria (3i Enterorhagia- ivAlburninuria/ (S) Cholemia - Vinho de quinou (oi Convalescença- Febre Amarella Homem/, Iíaxmos. Cons. forte, ttmp.sanijuúico 7 8 9 10 li 12 15 íi 15 dò 4■-\- - -\ ztztxtztzL" ! í 1 i !~ ?tõ 4^-P ...... ' [ ; - '^ 1- - --' " itrzj_""^_[''" " \ ^ -» ^ Aí^' f 3g | v \ / V :o: V \ 7. ' 1 V 37 í ' ' ! \--Url P itr1^ .zr i tt—ztztrr: zr ._.._i_....... ; ■ ; zht^h ' ! c. h ' ' i i ! <» i i «><» -^ , T , i i i -, ~t_;"±.~t ntAucieda.de c jumzeaji. (liVornüo preto (írffeinorrhuy ias yrnevahsadas l4> Âdymazniou (5> Melhoras Uiilãem (* i (ouvalesccuca — 21 — Não entraremos na questão de sua natureza, a qual tem situado os práticos em dous campos, acreditando uns que ella é contagiosa, outros que é infecciosa ; o nosso fim é tratar do valor do thermometro nessa pyrexia. Nada encontrámos nos trabalhos dos médicos estrangeiros sobre o modo pelo qual nella se opera a ascensão e marcha da columna mercurial. Os primeiros ensaios feitos sob este ponto de vista per- tencem ao nosso incansável professor de clinica medica, resultado de suas observações no hospital de Nossa Senhora da Ajuda. Eis o que S. S. nos diz em seu livro sobre as vantagens do thermometro nesta espécie nosologica : « As explorações thermometricas forão feitas nos três períodos da moléstia ; porém, como acredito que ellas só valem nos dous pri- meiros, e como no terceiro não houve constância nem regularidade nas observações, dar-vos-hei conta tão somente dos resultados obtidos quando havia franca reacção febril, bem como quando se apresentava o periodo de transição. « Se o doente era observado nas primeiras vinte e quatro horas de moléstia, o calor febril excedia ordinariamente a 40°; só em dous casos foi além de 41°, tendo em um delles chegado a 4 Io, 8 ; nunca ficou áquem de 3 9o, 8. A média do calor nestas condições foi de 40°, 6 ; é inútil dizer-vos que me refiro aos casos em que não houve emprego de medicação alguma que pudesse perturbar o estado ther- mico do organismo. Se o doente entrava immediatamente depois da manifestação dos primeiros phenomenos ou quando apenas existião prodromos ; isto é, quando foi possível apreciar gradualmente a marcha ascendente da temperatura, vio-se bem claramente que em todos os casos a columna thermometrica subia rápida e continuamente até chegar ao seu apogeu, sem haver remissões matutinas nem ves- pertinas ; a subida do calor fazia-se exactamente como na pneumonia. Attingindo o gráo máximo ahi se conservava a temperatura durante um espaço de tempo variável, conforme a duração do primeiro — 22 — período, conforme a duração que devia ter o segundo periodo, conforme a marcha mais ou menos rápida que devia ter toda moléstia, conforme a natureza dos symptomas que tinhão de caracterisar o terceiro pe- riodo. Se a moléstia não era muito gr ave, sobretudo se tinha de abortar com os meios anti-pyreticos empregados, o máximo da tem- peratura durava quando muito de 3 a 6 horas ; depois a columna thermometrica descia meio gráo, um gráo mesmo e um gráo e alguns décimos nos casos benignos ; conservava-se neste ponto durante 6 ou 12 horas ; descia novamente, e nesta segunda descida ou chegava de súbito a 37° ou 37° e alguns décimos, o que constituia um signal de prognostico favorável, ou chegava a 38°,5 ou 38°,8 e ahi se mantinha durante um, dous ou mais dias, e então o apparecimento do terceiro periodo era infallivel. Quanto mais prolongado era o tempo em que a temperatura se mantinha neste gráo, tanto mais graves erão os symptomas hemorrhagicos ou ataxo-adynamicos. « Quando o primeiro periodo ia além de 48 horas, principalmente além de três dias, o que era quasi sempre de máo agouro, a tem- peratura máxima conservava-se estacionaria durante 24 ou 36 horas, e só depois deste tempo começava a baixar o calor seguindo uma marcha lenta em alguns casos, ordinariamente quando devião pre- dominar os phenomenos hemorrhagicos, uma marcha rápida em outros, quando a fôrma ataxo-adynamica tinha de caracterisar o ter- ceiro periodo. « Se o segundo periodo devia ter uma curta duração e ser logo seguido do terceiro, a columna thermometrica ás vezes cahia de 40°,5 a 38° ou 37°,6 ; no caso contrario, a queda se fazia lenta e gradualmente. Só em um caso observei a descida rápida da tempe- ratura de 40°,3 a 36°,2 ; o doente teve um vomito negro abundante constituído por sangue puro difluente e decomposto, ficou algido e succumbio duas horas depois. Neste caso, parece-me fora de duvida que a queda brusca do calor foi determinada pela hemorrhagia do 0. J." 3. Oasivo interite catarvhal HomemSlamios. TcnLp.smuf. const. forte iô 59 58 51 2 5 h 5 0 7 s 9 K) li i ti -[ - 4- i- 7-- 4- ■i. 7 -* 4- ' . -- TI í í ti ■-fi i ^~ 44 -H "ti -4 4E'_ i P -- _ ■Jz i -4- -4- | i _ -- Í~ — -- ^ 444 4.4 -- - _i_ Febre Amarella. (Q.p. Ti'dl) Homem lô annos. Const.forte sajigiuneo tio 59 38 o 57 36 1 2 3 4 5 6 7 8 9 -4-4-4-- F4 4» -■■i - -;4 ■■ t -t- í i —\— 1 i . j - \ . 1 -4 l 4 | — 4h ""*" -^- 4 -í- l 1 I 14 -t--- 4 - ij- t ÃÍ ! i t- ■ ' i -*-, ! | -4-4- 4.7 -4 - f--t- J V — VͰ. 4-—t — + _|_ .1-1 1 4- * 1 -r- .1 | ! fü)4I.tí £>.X" iJ {). N'f W. Tiie-umonia. typhoide Homem ZZaimos.Temp.lymph.eoiist fraca S^IZABEL N?B5 O.iY? iS Feire Amar ella typhoide 5."peri. Homem.' -4E cmnns. Const. fJctevicia> geiieTaHscvdjv. J)e 3 ede/ o dia, da, morte/ anresei tovu sempres vômitos í- Jveiru rhti^ieus. lebre Amarella. iV" IZABEL. Z.vTiò O.X? l4. Febre Amarella 0 N? 15 Febre Amarella. SAXTA IZABEL . L.ria 5 Mulher 3 A annos. Tenip. lymphãtieo ti 59 o 53 37 5b 10 li 12 \5 li i5 i<> il i8 19 ~P X + ^ -4 i — ■41 -i-4- 1 44 +■ '-" -r- ■■■+■ -t- P4 ;£ ■~ -f -+-- .4.. - f r _ ti :;r (A ft -4 4,4 7~ 7 t~- —\-~ |—}- -i í "" 4 --- . ~ ti- i 4— p- —t - _U 4— ~P ~r 4 o •39 37 5o" il L2 i3 /4 /J í6 n í« 19 20 4 4_ P 4-4- 4- t- ; JL i T: :;; li P -L -t 41 ,_L. 4- ri \7 l 7" 44 r- ^-4 -4— ! ? 4- ~í _ -Í h 4: -4 —i- ■ 47 -4 -4--P-"T" 1 l i V ! T_ — —i- [* 7 -4- r P 4/ 4o 39 38 51 2 o 4 J 6 7 8 9 10 1 1 | 1 a. -f- -L- I i ~i4 -L i | 1 1 1 i 1 i | t\ i * i 1 _\ 1 i 1 | i \r | -i— 4= 7 ■- L 1 \ 1 7^4 -- ' 1 ! I i "^^i -i-, Ir-'- h-T- ! 1 1 1 1 I — - -1- -;- -r | i 1 i 1 t>0 _L i 1 _i_ , Homem íSannos.constforte.Temp.saiuf, tí)Jlta/ Homem,. 21 annos. Omst. forte. temp. sanq. (oUmbaraxo oastrieo. Ipeca-stibiado Í21A omitos bihosos. Cordiaes e ópio i9~>Cessux> os vômitos. Tônicos dilmentes (tf Convalescenças — 23 - « Quanto mais curta era a duração total da moléstia, tanto menos longo era o periodo de tempo em que se observava estacionario o máximo da temperatura. Em um moço recentemente chegado do Rio Grande do Sul, no qual a moléstia percorreu os seus períodos e terminou pela morte em 64 horas, não tendo havido o periodo de transição ou tendo passado despercebido, o calor do primeiro pe- riodo chegou em 9 horas a 41°,4; neste gráo máximo conser- vou-se apenas durante 7 horas ; logo que principiou a diminuir, appareceu o primeiro vomito preto acampanhado de abundante epistaxis. « Regra geral, se os symptomas do terceiro periodo erão constituí- dos exclusivamente por hemorrhagias, terminando a moléstia pela cura ou apparecendo os phenomenos ataxo-adynamicos, só nas pro- ximidades da morte, a temperatura do primeiro periodo mantinha- se em seu apogeu durante 12, 18 ou mesmo 24 horas ; se pelo contrario a ataxia e adynamia devião preponderar, manifestando-se apenas um ou outro vomito ennegrecido, era muito curto o espaço de tempo em que a columna do thermometro se conservava na mais elevada altura á que tinha chegado. « Como conclusão, pois, senhores, do que acabo de vos expor, direi em resumo o seguinte: « O doente que em uma quadra epidêmica de febre amarella, apre- sentar um calor febril superior a 40°, sobretudo se esta temperatura tiver chegado a este ponto rapidamente, deverá ser considerado como affectado da moléstia reinante. « Se o máximo da temperatura, tendo apenas durado de 3 a 6 horas, for seguido de um abaixamento rápido do calor, sem que este seja acompanhado de phenomeno algum do terceiro periodo, muito provavelmente a moléstia abortará. « Se o calor do primeiro periodo se mantiver em seu apogeu du- rante mais de 18 horas, sem modificar-se mediante os meios cha- mados anti-pyreticos, o apparecimento do terceiro periodo será — 24 — muito provável, assim como será muito provável que a moléstia se revista de extrema gravidade. « Se a descida do calor febril do primeiro periodo tiver lugar ra- pidamente, marcando o thermometro uma temperatura inferior a 38°, a duração do segundo periodo será curta. « Se a temperatura máxima do primeiro periodo conservar-se estacionaria por mais de 12 horas, concluireis que os symptomas do terceiro periodo consistirão em hemorrhagias principalmente. « Se a duração do máximo do calor febril fôr muito curta, devereis contar com phenomenos ataxo-adynamicos caracterisando o terceiro periodo. » Permitta o illustrado professor ao obscuro discípulo, que sempre ouvio com enthusiasmo suas doutas lições e presta culto ás suas valiosas opiniões, ouse afastar-se das conseqüências a que chega, tratando da febre amarella. Defeito sem duvida da nossa pobre intelligencia e limitadissimos conhecimentos, não as comprehendemos, e para não sacrificar a verdade ao sentimento de respeito que lhe consagramos, diremos que até certo ponto se nos afigurão obscuras e até mesmo sobrema- neira absolutas. Pedida e dada a venia, discutiremos o objecto enunciando com franqueza o nosso pensamento, sem que pretendamos ostentar eru- dição que não temos, maxime com o mestre a quem tanto deve- mos, e cujos altos conhecimentos tanto admiramos. Não podemos aceitar a primeira conclusão, visto como o facto da temperatura subir a 40° rapidamente, só por si não constitue phenomeno pathognomonico da febre amarella, pois o mesmo se dá nas febres remittentes, nos exanthemas e em outros estados mór- bidos ; e se é verdade que S. S. se refere especialmente a uma quadra epidêmica dessa enfermidade, nem por isso deixão de coexis- tir com ella estas moléstias. A segunda conclusão parece estar em antagonismo com a sexta ; — 25 '— é certo que S. S. se refere na segunda a um abaixamento rápido do calor, mas na sexta nada nos diz acerca do modo por que se opera esse abaixamento. Demais, na segunda, com 3 a 6 horas de duração do calor, seguido de um rápido abaixamento, a moléstia termina pela cura, ao passo que na sexta a duração do máximo do calor, sendo mui curta, apresen- ta-se o terceiro periodo revestido de phenomenos ataxoadynamicos. A terceira ainda se acha em contradicção com a quinta; na terceira, com 18 horas de duração do primeiro periodo, S. S. dá como muito provável o que assevera como certo na quinta com 12 horas apenas, dando até a fôrma e o cunho que caracteri- sará o terceiro periodo. A quarta conclusão ainda não nos demonstra se a descida rá- pida do calor, marcando o thermometro uma temperatura inferior a 38°, trará em resultado a morte ou a cura do doente. Taes são as considerações que julgamos dever fazer a respeito das conclusões tiradas pelo nosso abalisado professor de clinica medica, sobre a marcha da temperatura na febre amarella. Das poucas observações que colhemos nas enfermarias do hospital da Misericórdia nada pudemos inferir a respeito da marcha thermo- metrica da febre amarella, marcha o mais das vezes irregular, como se pôde observar nos registros thermicos que vão na nossa these. Pyrexia que se reveste de diversa symptomatologia e fôrmas, á medida que se succedem as epidemias, não nos admira que a febre amarella apresente essas irregularidades em relação á sua marcha thermica, que não pôde ser referida a um cyclo definido. Do thermometro na febre typhoide. Pyrexia que recrudesce com o progredir da civilisação, muito mais freqüente hoje entre nós do que outríora, a febre typhoide é uma das moléstias em que a thermometria clinica mais tem feito Li h — ^6 — sobresahir as suas vantagens, já em relação ao diagnostico, já em relação ao prognostico e tratamento. E, são tão aperfeiçoados os conhecimentos em relação á sua marcha thermometrica, que é impossivel o desconhecê-la. Eis o que nos diz o professor Wunderlich: (*) « II sufiit pour s'en convaincre de jeter les yeux sur un trace de Ia température dans cette maladie et de comparei* entre eux un certain nombre de ces cycles thermiques; après les fièvres recurrente et intermittente, le typhus abdominal est Ia maladie qui peut le mieux servir de preuve et de justification à Ia théorie cies types. « Mais tout en reconnaissant le caractère typique de cette affection, il faut cependant considérer qu'elle peut présenter une marche différente suivant les cas, mais il n'est pas difficile d'apercevoir à travers ces divergences même, Fordre merveilleux et Ia parfaite régularité qui régissent son cours. » Para estudar a marcha da temperatura na febre typhoide, nós a dividiremos em dous periodos: o primeiro caracterisado anatomica- mente pela infiltração e depósitos dos exsudatos nas placas de Peyer, e symptomatologicamente pelas oscillações ascendentes e estacionarias da columna thermometrica; o segundo caracterisado anatomicamente pela regressão e eliminação desses exsudatos, e symptomatologi- camente pelas oscillações descendentes da columna thermometrica. No primeiro periodo, a columna mercurial vai subindo lenta e gradualmente até attingir na tarde do 4o dia uma temperatura de 39°,5 a 40°,5; o modo pelo qual a ascensão da columna tem lugar, pôde ser representado como se segue: Io dia: de manhã 37°: de tarde 38°,5 2o » » 37°,9 » 39°,2 3o > , 38°,7 » 39°,8 4o » » 39°,2 » 40°,3 (*) De Ia température dans les maladies. Wunderlich —1872. O.N.õ Febre lyphoide i>rave ( S^ IZABEL n? 2.5) {j^ndeO^ AÃÕ_U_í2 I5^1±tõ lòjl 18^202^22232425 2ô2JJl8_29^505í5^Agosto {i)Loc. com \inaare aronuttieo^ís,) Suspendem se/ as loc. = tx)Ultimo #ns piro as Q horas da. noite de 24 QtiX? 6 Maio Febre lyphoide tv _ . 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SANTA IZABEL N? 16 Ã4° í 5 £ 7 0 0 4 0 111215 li 15 lô il 1819 2o 21 22 25 24 25 26 2128 29 5o 51 52 55 5l 55 56 37 58 59 4o il Í215 4i - = 1 :j|í^-^~-t""---JÍ---i==-E==E:~E"===^==í "============== H- -I-- 4o- -H- -f- -r- p-j-H-----1-------1----------Lr----1----------------------------------1-------------.---L- í !a |^ j | . _, |\ \_ 4 |/\ /l i — AjW^1f\ ~]—^~~±*-~~3-z---="Í=-I~i4:-------"±---4 59 - Lu— z± V"p7^ JfT - l/ t/ / ■ 1 i / 1 I J-4-- E -■1— t 4 „\f JJL—y- —4---b X y*tiA& (ti<& 4^ \0 111 - t^B^^n ^ *ssp0ífr*' £?