NATIONAL LIBRARY OF MEDICINE Bethesda, Maryland 'f! *** 3 ir- /? / * / , i -V/i.-' 'y/z/r-i/^^' /ts/s? ^^ / (/,'■/.-ty cV ' C/jf a &* / \v •» COMPÊNDIOS D E MATÉRIA MEDICA FEITOS POR ORDEM O E SUA AÜLTJEZA REAL £ ORGANIZADOS POR JOSÉ MARIA BOMTEMPO, MJSDICQ J)À SUA REAL CÂMARA. ■ir y \WÊÊÊèÈS 'LwtçY/. <■*- v ? / t ' 'M RIO DE JANEIRO 181*. ——— f NA REGIA OFFICINA TVPOGRAFICA. '••-: Tf Tf .* Qu' nn antre fasse mietot; $e sevai 4e premier A l'en aller remercier. rf ií La Motte. \ SENHOR. JLJ ESDE que FOSSA ALTEZA REAL foi Ser- vido chamar-me ao Real Serviço, e todas as vezes que tive occazião de occupar-me em algum trabalho Literá- rio , sempre tive em vista dedica-lo ao meu SOBERA- NO i e se este tem sido o meu proceder , maiores mo- tivos me obrigão a procurar o AUGUSTO NOME DE FOSSA ALTEZA REAL, para o gravar nesta obra; e como ella seja imperfeita , digne-se FOSSA ALTEZA REAL protege-la , para que escudada d' hum nome tão AUGUSTO, fique ao abrigo da ma- ledicencia. Prostrado aos REAES PES de FOSSA ALTE- ZA REAL tenho a honra de protestar o acatamett" to, e respeito com que ~iu SENHOR De VOSSA ALTEZA REAL Vassallo muito fiel, e humilde criado José Maria Bomtempo. r-rr PREFACÃO. 2 %J Bedecer ao SOBERANO, e ser útil ao Publico eis o objecto da prezente Obra. Quando o PRÍNCIPE RE- GENTE Nosso Senhor, por seu Real Decreto de doze de Abril de 1809 , creou a Cadeira de Matéria Medica , ordenou que ella fosse dirigida para complemento do cur- so cirúrgico já estabelecido; e que os; seus fins fossem os de instruir os Cirurgiões do "Exercito , e Real Armada , nos princípios geraes des- ta sciencia, que mais rek^ões ti- vessem com as suas intenções fa- cultativas* '•*•* Determinou pois SUA ALTE- ZA REAL , que eu arranjasse desde logo hnm rezumo literário , relativo a este objecto , para ser- vir ás Ü9Ões da dita Cadeira própria a explicar semelhantes matérias. Era na verdade grande o ob- jecto para as minhas forças, gran- de para alumnos que não possuião conhecimentos de Chimica , e His- toria Natural, e muito maior pa- ra a brevidade com que se me or-*** denou formar o prezente trabalho , que já se achava organizado em Setembro de 1810, e do qual se deu parte Official á Secretaria de Estado dos Negócios da Guerra , poste que não se publicasse até aqui por poderozos motivos. - Conhe9o a falta das minhas forças para prehencher tal objecto ; eonheço a imperfeição da prezen- te Obra , e a necessidade não só •vi» -de correção mas até de melhor sisr ieina; entretanto para cumprir com a obrigação que me foi imposta aiv ranjei o actual Compêndio: feliz- mente elle he dirigido a bem da humanidade; e graças á Providen- cia por se encontrar n'este Paiz Médicos muito instruídos, e mui- to philantropos, titulos sagrados que justamente os devem despertar , ou para a em preza de huma obra me- lhor que a prezente , ou á cor- recção desta; e como não sou en- tuziasta , e menos caprixozo , se- renamente abraçarei tudo que hou- ver de melhor , e tender ao adian- tamento facultativo , íiim ao qual deve attender não só todo o Me- dico , mas qualquer outro homem , mormente em matéria de tanta si- zudez , a qual dirigindo-se á con- servação da nossa espécie, traz ao mesmo tempo com sigo a princi- "Viu pai fonte das riquezas, e forças do Estado que se derivão primariamen- te da conservação dos Povos. J*X PLANO DA OBRA. mJ EVENDO principiar o primeiro etirso da minha Cadeira , como era obrigado peld Real Decreto, explicar Matéria Medica , e isto logo no momento da minha nomeação : e devendo esta leitura , assentar sobre prin- cípios dé huma Fisíologia sensata , e análo- ga á razão, lancei mão dos princípios ge- raes da Zoonomia de Darwin ,. que julguei mais clara , e inteligível > e por esta mesma formei a classificação dos remédios. Feita a classificação geral , como se se- guia a descripção dos simplices dos três Rei- nos da Natureza ; vendo além disto a sim- plificação de drogas que hoje se adoptão na Pratica Medica ; e tendo nós demais a Lei do Reino , que nos obriga acingir , e for- mular pela Farmacopea Geral , não só reduzi a hum pequeno numero a descripção das dro- gas 3 mas formei a classificação por Ordem al- fabética , evitando o arranjamento dellas pe- los três Reinos da Natureza , o que não só simplifica mais o sistema, mas além disto con- cilia maior brevidadè> e frienor trabalho ao es- pirito para procurar a descripção de qualquer X simples, na qual igualmente -se encontra a uti- lidade , e circunstancias com que estes se de- vem applicar, assim como se marcão as suas dozes , e se descrevem as suas composições. Todavia como para formular não só de- vem preceder as idéas assima referidas, mas faz-se indispensável o conhecimento das regras geraes da Pharmacia, por isso organizei na terceira secção, as iãéas mais communs per- tencentes á mesma Pharmacia, descritas as quaes então , e em secção separada, não só se encontra a arte de formular, mas como alem disto da lição desta Cadeira possão igualmente instruir-se os Pharmaceuticos, por isso nesta mesma secção se descrevem os dif- ferentes preparados contidos nesta obra ; não só porque o facultativo que receitar por este methodo , e formulas descritas , tenha o co- nhecimento do modo porque se fazem as di- tas composições -t mas porque foi costume des- ta Aula, não só cotejar a Matéria Medica descriptiva com o exemplar á vista, mas alcrn disto trabalhar , e fazer no Laboratório no fim da terceira secção os processos que se çomprehendem na quarta secção, ou na Phar- macopéa, o que habilita ao Estudante a esta Arte, e igualmente ao Pharmaceutico á pra- tica das operações então mais fáceis , e mais intelligiveis, pelos conhecimentos que huns M e outros tem adquirido. Servi-me pois para esta organização, não só da Jição , e exame de muitos Authores i xt mas tomei por modelo o trabalho do incan- sável Doutor Tavares, de eterna memória pa-* ra todos os Médicos Portuguezes. Reservo para tempo mais oportuno, e seria reflexão formar, e pôr em pratica o plano que tenho premeditado organizar sobre este mesmo objecto, se a Providencia me conservar a vida. (!''■' XIII I N D I C E I>as matérias contidas nesta obra. SECÇÃO PRIMEIRA PrelecçÕes de matéria medica, pag, I Definições geraes. 4 Artigo primeiro Nutrientes. 5 Artigo segundo Inchantes. - 6 Artigo terceiro Secernentes. 8 Artigo quarto Sorbentes io Artigo quinto Invertemes. iz Artigo sexto Revertentes. 15 Artigo sétimo Torpentes. i-j Catalogo de todas as classes de remédios. i£ SECÇÃO SEGUNDA. Matéria Medica Descriptiva. Be arranjada por ordem alfabética. iÇ SECÇÃO TERCEIRA, Pharmacia Artigo Primeiro. Çeneralidades de Pharmacia. i*$8 Definição, e objectos'. 138 Fazos para uzo Pharmaceutico. 138 Cautelas para colher os corpos dos três reinos da natureza 240 5* ÍNDICE. ARTIGO SEGUNDO. Operações da Pharmacia. Calcinaçao , e suas espécies. 142 Cozimento, e infuzão. H? Cristalização. 144 Depuração, e suas espécies. 145 De st ilação. 146 Dissolução , e suas espécies. . . H7 Expressão. 140 Extracçao. 149 Evaporação. 150 Fuzão , e vitrijicação. 151 Precipitação. 151 Pulverização. 152 Sublimação. 152 Artigo terceiro. Preparados extemporâneos. Cataplasma. 15-5 Conserva. 154 Electnario. 155 Emplastro. 155 Emutção. 156 Espécies. 157 Linimento. 158 Looch. 159 Mistura , e Julepos. l5U Pululas. 160 Sabões. 161 Troeiscos. 161 Ungrtento. \6z Xarope , mel, e oximel. ' 164 ÍNDICE. xv Secção o. u a r t Aí Arte de formular. 166 Pharmacopéa do* preparados contidos na segunda secção por ordem alfabética. 170 .*• . ■,,... • 1 -■** tr S.ECCÂO PMMEIMA. t PRELECCÕES l DE MATÉRIA MEDICA. V_y HAMA-SE Matéria Medica aquella sciencia que em si contém os meios de contribuir para o restabele- cimento , ou restauração da saúde. Fazem o objecto desta sciencia , differentes corpos dos três Reinos da Natureza , tanto no estado de sim- plices, como combinados por meio da Chimica Medica. Antes de expor o sistema geral desta sciencia , pa- rece ser de razão , tratar do modo, como obrão os di- versos remédios na constituição humana , a fim de que conhecida a virrude dos medicamentos , e o modo com que elles produzem os seus effeitos , então se appli- quem : para isto he necessário lembrarmo-nos dos se- guintes princípios , para que sua applicaçáo seja judi- cioza , e estabelecida em regras determinadas. Todo o corpo vivente , he dotado de propriedades que são continua , e alternadamente excitadas a diver- sos movimentos , segundo os seus respectivos estimulos : sáo estas, a irritabilidade , contractibilidade, sensibilida- de , de que rczulta em fim vontade , e associação. z Da acçáo pois de estímulos applicados a estas pro- priedades , rezulta a serie de fenômenos , a que se cha- ma vida animal , a qual se manifesta por num conti- nuo esr.ido de diversos movimentos. Todos os estímulos internos vem a obrar sobre o sistema da vida, quero dizer, sobre o sensorio comum, ou sistema nervozo. Este sstema* nervozo tem a sua energia á propor- ção do trabalho secretorio que se faz nos órgãos dos mesmos nervos ; e como as secreçóes são todas extra- hidas da massa geral dos fluidos do corpo humano , is- to he, do sangue; deduz-se que á proporção da boa qualidade deste liquido , assim se devem formar os bons ou máos fluidos do corpo , e por conseguinte depender também deste estado , o resultado de qualquer acçáo se- cretoria. Logo he de prudência, razão , e princípios , aten- der a remédios, os quaes não só obrem por impressões, quero dizer, estimulando ou dibilitando , mas mesmo conservando, ou mudando a qualidade dos líquidos: com- prova esta verdade , a necessidade diária do alimento , o qual não só obra estimulando o poder sensitivo do estômago, e entranhas chiloz.is, e sangüíneas , mas con- servando a boa qualidade dos fluidos : o mesmo sobre o uzo da agoa. Mas como o uzo diário dos nutrientes e diluentes, ou de má qualidade, ou immoderado pôde influir sobre o estado dos nervos, e conseguinremente sobre as pro- priedades da vida , he claro que muitos incômodos di- manados destas fontes , se podem remediar simples- mente com .a mudança de alimentos: o exemplo do es- corbuto maritimo , das moléstias filhas de pletora , e naquellas em que o sangue pecca por falta de propor- ções entre os seus princípios, comprováo este jui?o, e infinitas vezes se remedeia a todos estes inconvenientes unicamente com a mudança de alimentos. Muitas vezes porém , a constituição se acha em •5 outro estado difFerente , no qual por cauzas particulares se mudão ou alteráo as propriedades vitaes; então he precizo recorrer a remédios , os quaes obrem sobre si- milhantes alterações. Como pois os movimentos animaes no estado mor- bozo se expressão ordinariamente por desordens de irri- tação , inirritação, sensação, voliçáo , e associação ; por isso todos os remédios produzem seus efFeitos emen- dando ou alterando estes diversos movimentos, além dis- to faz-se precizo trazer á lembrança as seguintes idéas necessárias para a explicação do modo com que obrão os remédios. i.a He próprio á fibra muscular a irritabilidade ; assim como ao tecido celular a contractibilidade. 2.a Rezide nos nervos a sensibilidade. $.a Quando a sensibilidade he tal que excita gos4 to ou aversão, rezulta a voliçáo. 4.a Da volição e antagonismo dos músculos do corpo humano, se origina a associação. 5".a Ha nervos para a sensação , e outros para a voliçáo. chamáo-se Sorbentes. O effeito destes remédios nas suas dozes ordiná- rias, he náo augmentar o calor do corpo acima do es- tado natural: dados porém em maior quantidade inver- tem o movimento do estômago chegando a fazer já vomitar , ora purgar ; vindo igualmente desta fôrma muitos destes agentes a produzir em algumas ocea- sióes o effeito de invertentes : assim como nestes se observa o mesmo resultado inversamente, o que mais adiante veremos. Como porém as glândulas do corpo animal dife- rem na sua estruetura , e organisaçáo, assim como os fluidos que do sangue nellas sáo segregados; e assim como os vazos absorbentes tomáo, ou escolhem diffe- rentes fluidos, como chilo, agoa, muco &ç., parece II ue não só as glândulas, mas que estes mesmos vazos evem possuir diversas espécies de irritabilidade, ê por conseguinte diversos agentes da matéria Medica sáo ne- cessários , para os excitar ás suas funções. Dividem se pois estes em vários gêneros, por quanto huns excita o a absorvencia cutânea; outros a ve- noza, intestinal, hepatica: outros augmentao as absor- ções nas ulceras venereas: outros há que promovem em geral o augmento de todas as absorções , assim co- mo a fome, sede , violentas evacuações , sangrias &c.: e em fim medicamentos há, os quaes applicados exter- namente promovem a absorvencia naquellas partes a que se applicáo , como observaremos na analize de cada classe. Estes medicamentos ainda que não augmentao em geral do calor do corpo , e que obráo determinadamen- te sobre o systema sorbente *, com tudo em virtude da combinação das differentes propriedades que se acháo ■no mesmo vegetal, produzem muitas vezes o mesmo effeito que os sercenentes: por quanto assim como es- tes agentes em certas circunstancias desenvolvem a absorção; da mesma fôrma os sorbentes em muitos ca- sos desafiáo as secreçóes: quando porém este fenôme- no tem lugar, conhece-se similhante effeito por que augmenta-se o calor do corpo acima do estado natural. Além disto as acções do systema sorbente são as- soeiadas entre si; e ainda que haja medicamentos, que especificamente obrem mais sobre certas partes do sys- tema ; com tudo pela dita associação sempre todo o systema geral vem a experimentar os effeitos da ab- sorção. He preciso novamente lembrar-nos que o systema ábsorbeme he mais sujeito a torpor ou froxidáò que o secretorio, o que resulta não so da frialdade dos flui- dos que lhes sáo applicados , mas porque também he estimulado por intervalos; entre tanto que o systema B ** 3 12 secretorio pelo calor do sangue, e acçáo da circulação sempre está em agitação. Estes remédios que em fim sáo necessários na cu- ra das hydropisias pelo augmento de absorção que desa- fiáo nos linfaticos sorbentes, devem ser acompanhados com uso dos invertentes,. para que entáo produzáo fe- lizes efleitos na cura das enfermidades de similhante natureza. Suas virtudes particulares e sua competente enume- ração se descteverá em seu lugar determinado. ARTIGO V. Invertentes. XjL Quelles agentes, que invertem a ordem natural dos movimentos irrítativos successivos, denominão-se In- vertentes. Desta definição se vè já qual deve ser seu effeito na constituição, a qual á proporção da differente inver- são , que produz no systema, vem a subdividir esta classe em emeticos, catarticos violentos, errhinos vio- lentos , invertentes dos linfaticos da bexiga , e em fim aquelles que produzem suores frios, palpitaçóes do co- ração , e inversão geral do systema sangüíneo. Estes remédios, cujo modo de obrar sempre he torre, e que se administráo em casos de ataques mais violentos, devem ser applicados com muita atenção ás suas dozes, visto que as substancias invertentes sáo acti- vissimas: por conseqüência necessário he contar sem- pre ■ çom o estado posterior do systema ao effeito de similhantes drogas. 9MS cl;!as serão descriptas no seu competente ca- ** ARTIGO VI. Revertentes. J_\_ Quelles agentes, os quaes reduzem á ordem na- tural os movimentos irrítativos retrógrados, chamáo-se Revertentes. O fim destes remédios he emendar os movimentos retrógrados, porém 'sem ^ue se augmente o calor do corpo acima do gráo natural: para preencher este fim , he precizo marcar bem as suas competentes dozes, re- lativas ao augmento dos movimentos, e constituição do indivíduo. Todos os incitantes diminuem , e mesmo atalháo com certeza os movimentos retrógrados * mas sendo em doze maior, produzem a debilidade índirecta, logo que cessa o seu estimulo. Differentes substancias extrahidas dos três reinos da natureza abrangem esta classe, a qual em si (como as outras) encerra agentes que mais determinadamente obrão sobre certas partes do systema animal, como ve- remos na enumeração destas substancias referidas no seu catalogo particular. ARTIGO VII. Torpentes. \_j Hamão-se em fim Torpentes aquelles agentes, os quaes diminuem em geral a energia, ou intensidade de todos os movimentos irrítativos. Como porém a energia dos movimentos irrítati- vos pôde proceder de differentes cauzas; assim os tot- e depois Ópio em pequenas dozes. Nona Divisão. )m Sorbentes que se aplicão externamente.. Cençro i,° Dissoluções de*=s Mercuiio, Chumbo, 22 Zinco, Cobre, Arsênico: Cáes metálicas applicadas em pó secco, como Alvaiade, Pedra Calaminar. ---- 2.* Vegetaes amargos em cozimentos , e pós seccos , applicados externamente , como Quina , casca de Carvalho, folhas de Losna, folhas e flores de Marcella Romana. ---- **,.° Faíscas electricas , choques electricos. ---- 4.Q Ligadura com emplastro de Minio , ou grude com a vigessima parte de mel. CLASSE QUINTA. INFERTENTES. PüIMEIRAjDlVISÃO. Invertentes próprios a excitar vômitos. Gênero i.° Emeticos, como Ipecacuanha, Anti- monio tartarizado, Scíla, Cardo Santo, Marceüa Ro- mana , Vitriolo branco, Dedaleira. Segunda Divisão. Invertentes próprios para desafiarem catarze. Gênero i.° Catarticos violentos, Tartaro emetico, Scíla , Escamonéa, Rom , Coloquintidas, Helleboro. Terceira Divisão, Invertentes próprios a desenvolver a estemutação. Gênero i.° Errhinos violentos, Turbith mineral, Euforbio. 25 Qu ar ta Divisão. Invertentes próprios para promover a diureze. Gênero i.° Diureticos violentos, Nitro, Scila , Senega , Cantaridas, Álcool , Digitalis , Tabaco , An- ciedade. CLASSE SEXTA. REFERTENTES. Primeira Divisão. /fyyertentes próprios a emendar os movimentos que acom- panhão a bistfria em geral. :J Gênero i.° Almiscar, Castor. ■----2.0 Assa fétida , Galbano, Sagapeno, Amo- níaco , Valeriana. ---- z.° Óleos essencíaes de Canella , Nos mus- cada,, Cravo: Água distilada de Puejos, Ortelaá com- mum , apimentada , Éter, Canfora. ---- 4.0 Esp rito de Sal amoníaco , Óleo ani- mal , Esponja reduzida a carváo, Óleo de Âmbar. ---- 5.0 Ópio, Álcool, Vinagre. ---- 6.° Externamente pelo fumo de penas queimadas, Óleo de Âmbar, Espirito de Sal amoníaco} Vezicatorios, e Sinapismos. Segunda Divisão. Revertentes que emendão os movimentos retrógrados do estômago. Gênero i.° Ópio, Álcool, Vesicatorios , Mercú- rio cru, Sinapismos, Clisteres de Assafetida. ---- 2.Q Externamente •=* Fricções de Canfora, e Ópio. 24 Terceira Divisão. Revertentes próprios para corrigirem os movimentos re» trogrados dos vazos linfaticos do tubo intestinal. Gênero i.° Diluentes muciiaginozos. ---- 2.° Sorbentes intestinaes , como Ruibarbo , Ponta de Veado calcinada, Bolo armênio, Ópio. Quarta Divisão. Revertente\proprios para equilibrar os movimen- tos retrógrados, ^raty s - y ■» Gênero i.0 Cantaridas, Terebentina , Sorbentes, Ópio , Terra, calcarea ,* Alumen. —— 2.° Externamente =: Óleo, banho quente. Qu inta Divisão. Revertentes próprios para emendar os movimentos retro* geados do canal intestinal. Gênero i.° Calamolanos , Mercúrio crú , VezU catorios, banho quente, Clísteres de Assafetida , e tal- vez nevados. CLASSE SÉTIMA. TORPENTES. Gênero i.° Sangria das veias, e em certas circuns- tancias das artérias. ---- 2.w Agoa fria, Ar frio, respiração de ar menos oxigenado. ---- *{.Q Cozimentos de mucilagens. ---- 4«v Ácidos vegetaes, como Limões, La- ranjas , Uvas. 1$ -—>— $-° Caldos de Geleas animae?,* -■—• 6.9 Ácidos mineraes diluídos em muita agoa. ---- 7o Silencio, privação da luz, quietaçáo. ---- 8.° Invertentes em pequenas dozes, e só próprios a excitar nauzea, como Ipecacuanha em pe- quenas cíózes , Nitro. ---- o.° Antaçidos , como Sabáo , Estanho , Alcalis. ---- io.° Remédios que obstão á fermentação, como Ácido Vitriolico. ■---- n.° Antelminticos, como Estanho, Ferro, preparações Mercuriaes , fumo de Tabaco, e outros. -—— i2.° Litontripticos, como Sabáo, Agoa de cal , Agoa alcalino-mefitiça. ----- iz.° Externamente ss Banho quente, cata- plasmas , Óleos , Cera , Emplastros, e outros apositos applicados ás ulçeras conforme a qualidade , c circunstan- £'as deljas. D x6 SECÇÁO SEGUNDA. o u MATÉRIA MEDICA DESCRIPTIFA. MATÉRIA MEDICA SIMPLES O U Descripção das substancias extrahidas dos três Re inos' da natureza , e de mais freqüente uzo na Pratica de Medicina. ABUTUA. Ncme. J\ Butua, Butua , ou Parreira brava : Linn. Cissampellos Parreira. Descripção. Da-se o nome de Parreira brava , ou Butua a huma raiz secca , grande, de maior, ou me- nor grossura, cilíndrica , cinzenta" por fora , ou dene- grida; o parenchima he lenhozo, cortado longitudinal- mente offerece á vista a união de fibras longitudinaes ; e cortado transversalmente patentea não só certo arranja- mento de fibras conceniriea$i, mas mesmo raios, ou linhas rectas , que do centro caminhão para a circun- ferência. Habitação. Geoffroy assegura que ella antigamente era transportada da Azia para a Europa, e isto da Cos- 27 ta ds Malabtr ; mis freqüentemente he conduzida do Brazil e da África Occidental , para o Commercio: sendo os Continentes de Angola e Benguela as partes que produzem immensa quantidade desta raiz. Qualidades sensíveis. Não tem cheiro algum : o sabor he amargozo e alguma coiza doce: mastigando-se tinge a saliva de amarello. Uzo. Os Affricanos reduzndo a pó finíssimo, e certa massa esta raiz , a applicáo em cazos de Anasar- ca barrando com ella a pelle ; porém applica-se interior- mence como diuretica, ou facilitando a secreçáo das uri- nas, tanto em cozimento contundindo, e maxucando a raiz, como em substancia: em Caiena faz-se uzo des- ta raiz na falta do Sassafras , e se lhe atribue também a virtude litrontriptica. Doze. Para cozimento regula-se onça para libra ; em substancia vinte até trinta grãos em pó muito fino. ACÁCIA. Nome. Acácia , ou sueco de Acácia; Acácia ver- dadeira : Linn. Mimoza nilotica. Descripção. Assim se chama o sueco de certas ar- vores , ou arbustos, o qual se colhe fazendo varias in- cizóes nas ditas arvores; e ajuntando-se depois em mas- sas redondas, as quaes metidas dentro de delgadas be- xigas , costumáo desta fôrma vir para o Commercio. Habitação. He indígena do Egipto , da Arábia, do Senegal, America, e Azia. Qualidales sensíveis. Este sueco bem prepa.ra.do tem huma cor escura exteriormente *, negra ou ruiva interiormente : consistência firme, amolece ,, e ,dissolve- se na boca com certa ad^ricçáo , e gosto austero , o qual no fim desenvolve sensação, ou gosto assucarado. Uzo. Os Egipcios fazem freqüente, uzo deste sue- co para a Hemoptise passiva, para gargarejos em ca- zos de frouxidáo. e para colírios a fim de forfificar a D ** 28 vista! comumente applica-se nas diarreheas, e no fim das dizenterias. Doze. Meia oitava em sustância dividida em trez porções para se tomar interiormente no período de vinte e quatro horas : também se pôde desfazer a mes- ma quantidade em cozimentos mucilaginozos. ÁCIDO CARBÔNICO. Nome. Ácido Carbônico , ar fixo, ácido mefitico, aeido aerio. Descripção e habitação. Da-se o nome de Ácido Carbônico , a hum fluido , aeriforme , invisível, elás- tico , existente na atmosfera , compondo o ar atmosférico do qual fôrma a menor parte: acha-se igualmente nas cavidades subterrâneas: he combinado com muitas agoas mineraes, c muitos saes neutros: exala-se da respiração das partes vegetaes, particularmente das folhas privadas da acçáo da luz. Qualidades sensíveis. Tem hum pezo espicifico do- brado do ar comum: mata repentinamente os animaes: apaga a combustão: dá cor á tintura de Tournesol em hum vermelho claro, atirando a cor de roza , cor que se perde á medida, que com o contacto do ar o áci- do se evapora. Combina-se com a agoa lentamente, e misturando estes dois fluidos, resulta hum licor brandamente aci- dulado: quando este fenômeno tem lugar, he precizo para conservar a agoa já acidulada, náo só fechar bem as garrafas, mas luta-las, e situa-las em lugar o mais frio. A natureza fôrma estas dissoluções, ou combina- ções, como se vè nas agoas aciduladas, e gazozas de Pirmont , Seltzs, Saidchitzs. Une-se o ácido carbônico á terra aluminoza, ba- rites, e magnezia , formando vários saes: igualmente se combina com os alcalis compondo OS carbonato» de potassa, de soda; de amoníaco. 20 Uso. Da-se como antrjejico opondo-se á desenvo- luçáo , e progressos da putrefação , ou degeneraçáo ; motivo pelo qual nas febres sinochos, e vifos se usa das agoas impregnadas do aciJo carbônico: os Inglezes o applicáo em certas moléstias de peito , ou como tor- pente, misturado com o ar comum ; e muitos Médicos o recomendáo como litontriptito. Dozes. A agoa comum brandamente acidulada da- se em doze de quatro até seis onças por doze, e re- petidas vezes no dia, conforme o successo: igualmen- te se administra em clísteres. AGOA. Descripção e qualidades sensíveis. Da-se o nome de Agoa a hum fluido bastantemente conhecido na na- tureza por todos os viventes, o qual antigamente era reputado, como hum Elemento, mas que o Sábio La- voisier descubrio , e mostrou ser hum corpo composto, o qual não só se decompõe pela analize ; mas pela sinteze, ou uniáo dos principios obtidos , novamente se reproduz: suas qualidades são de hum fluido insipi- do , pezado , transparente, sem côr , susceptível de ad- quirir vários gráos de consistência desde o gelo, até o estado de vapor. Habitação. Acha-se em todos os corpos da natu- reza, pois que ella.chega a tirar-se dos páos, dos os* sos , e das pedras calcareas as mais compactas : fôrma a maior parte dos fluidos .vegetaes , e animaes ; e oc- cupa em fim grande parte da extençáo do Globo for- mando os lagos , rios , fontes, rezervatorios de mon- tanhas , e a mesma atmosfera ; havendo hum continua- do circulo de subir da terra á atmosfera , e desta pre- cipitar-se novamente á terra em diversas fóimas, ou estados-, constituindo já a neblina , ora a chuva, e ou- tras vezes a neve. Uzo* Serve de dissolvente a todos os corpos: pa- -go ra cozimentos dos vegetaes : para a dissolução dos saes: para a formação de diversos extractos : prefere- se sempre a da chuva , que se reputa ser a mais pu- ra , depois a das fontes , e por fim a dos rios: he o próprio dissolvente de todas as substancias gomozas, e gelatinozas : náo só he uzada Chimica , e Pharmaceu- ticamente para compoziçôes taes, mas todos conhecem até que ponto se estende seu uzo alimentar. AIPO. Nome. Aipo: Ltnn. Apium graveolens. Descripção e habitarão. O Aipo he huma planta *~ annual , a qual vegeta todos os annos , e que habita em toda a Europa, e algumas partes da America, Qualidades sensíveis. As folhas tem hum cheiro forte, e não muito agradável ; a raiz era contemplada em huma das sinco raizes chamadas aperientes: tem certo sabor picante: as sementes são aromaticas, e se recomendáo como carminativas. Uzo. Uza-se em Medicina da raiz , e sementes : a raiz em cozimento como secernente do systema rena- rio: as sementes em sustância, porém seu uzo hoje em dia he raríssimo. Doze. Meia onça das raizes para duas libras de cozimento diuretico , addicionando outras usbstancias desta classe. ALA MB RE. Nome. Alambre =s Linn. Succinum Elecrricum. Descripção e habitação. He o Alambre hum bitu- me solido que se acha nas praias do mar Baltico , nas entranhas da terra junto ás mesmas ptaias, e em ou- itos sítios, o qual vem para o commercio em pedaços de diversa grandeza, mais ou menos amarello , também branco , transparente, ou opaco, quebradisso, e deste V se devem escolher os pedaços mais puros, claros, du- ros , e transparentes com a cor branca, e depois des- tes os aloirados. Qualidades sensíveis. Não tem cheiro, nem sabor; mas pelo atrito adquire a virtude electrica , atrahe as palhas, e desenvolve hum cheiro particular agradável, perdendo a sua transparência: dissolve-se unicamente no ácido vitriolico, ao qual comunica cor vermelha. Uzo e Dozes. O Alambre he indicado por Boerha- ve nos cazos de frouxidáo , relaxaçáo , e languor, co- mo incitante., dado em dozes de quatro a seis gráos. ALCASSÚS. Nome. Alcassús , Regaliz, Reguliz =3 Linn. Gly cyrrhiza glabra. Descripção e habitação. A raiz deste vegetal he comprida , ramoza, e cilíndrica * de cor escura , ou ferrugenta exteriormente , e amarellada interiormente: o parenchyma he quazi carnozo. Habita na Europa, e em África particularmente no sertão de Benguela. Qualidades sensíveis. O Alcassús Europeo não tem cheiro algum , o que não acontece com o de África, o qual tem não pouco aroma ; o sabor doce e com certo amargo no fim , que ás vezes o torna enjoativo. Uzo e Dozes. Uza-se da raiz no fim das fervu- ras dos cozimentos indicados para moléstias pulmonares, jnfundindo-a : raspa-se exteriormente, machuca-se, e depois submete-se á infuzão: gradua-se ordinariamente duas oitavas para duas libras; e igualmente se uza na mesma doze só persi. Serve-se também do pó finíssimo desta raiz para dar corpo ás massas pilulares. ALCATRAO. Nome, Alcatráo •***; Pix liquida. ** Descrípfío e habitação. O Alcatráo hê huma su- bstancia espessa, negra, untuosa , o qual se extrahe de vários pinheiros por meio do fogo , o que a faz di- ferir da Tefebentina ; por quanto o fogo lhe communica hum cheiro desagradável difFerente do da Terebentina. Esta substancia rezinosa conservando certo gráo de liquidez chama-se Fez liquido ou Alcatráo ; e sendo exsiccada por meio do fogo chama-se Pez secco. t Qualidades sensíveis. Tem hum cheiro forte , e empireumatico , sabor picante , e amargo : passa por húm estimulante, e hum forte secernente da ordem uos vasos mais tênues. Uzos. A agoa de Alcatráo , ou impregnada das partes actiyas desta substancia, he dada debaixo destas vistas. Dozes. Quatro onças desta substancia em pó in- fundem-se em duas libras de agoa , agitáo-se por va- rias vezes, e passadas quarenta e oito horas decanta-se o liquido: toma-se de duas até quatro onças por vez , se o estômago a suportar, aliás ou diminue-se a quan- tidade , ou modifica-se ajuntando mais agoa. ÁLCOOL. Nome e donde se extrahe. Alcoòl tem igualmente nome de espirito de vinho i he hum menstruo espiri- tuoso , o qual se obtém por meio da destílaçáo da agoardente. Qualidades sensíveis, Tem hum cheiro penetran- te , e agradável : sabor estimulante , e como queiman- do: he muito volátil, muito transparente , muito le- ve: appücado sobre as extremidades nervosas não só as contrahe , mas mesmo as priva de sensação e movi- mento. Uzo. Serve-se deste producto para infuzóes ou tinturas: he o próprio menstruo de todas as substancias Fezinosas *, tomado em pequena quantidade produz os 55 effeitos estimulantes, e de seu immoderado uzo resultáo incommodos fataes , dimanados do excessivo consumo do poder vital. Uzo exterior. Applica-se o álcool exteriormente tanto em fricções, como em banhos de plantas aroma- ticas ajuntando-se a estas ; deve porém haver modera- ção na applicaçáo de similhantes banhos ou lavatorios , por quanto em conseqüência do que acima se expoz , preciza haver interrupção de tempo, isto he, não serem sucessivamente seguidos , o que faz que muitas vezes na pratica não se obtenhão effeitos salutiferos, os quae« se alcançariáo seguindo este methodo. ALEXANDRIA. Nome. Alexandria semente de Alexandria , se- mente contra vermes , Santonico •=! Linn. Artemisia contra. -Descripção e habitação. He hum arbusto próprio da Pérsia , Tartaria, e de algumas partes da America ; produz varias sementes oblongas, miúdas, lizas , mais ou menos amatellas, ou tirando a verde. Qualidades sensíveis. Tem hum cheiro forte , c enjoativo: sabor muito amargoso. Uzo. Estas sementes, sáo próprias para matar os vermes: qualidades que lhe são análogas com os ou- tros amargos : commumente applicão-se involvidas em algum xarope que modifique seu gosto e sabor ingra- to : gradua-se nas crianças a doze de oito até doze gráos tomada de manhã em caffé ou chocolate, e aug- menta-se esta quantidade nos adultos. ALHO. Nome e habitação. Alho s-s Linn. AHium Sativura. He huma planta com raiz bulboza que vegeta em coda a Europa, na America, e África. 54 Qualidades sensíveis. A raiz que he bulboza, mas composta de menores bulbos , chamados dentes, con- tém hum parenchima branco carnudo, e cheio de hum sueco muito claro: tem cheiro próprio, fragrante, for- te : sabor acre. Uzo. Além do uzo cibario como condimento , serve-se nas oficinas desta raiz para a compoziçáo dos sinapismos, e para a formação do xarope de aJhos, que he considerado como hum poderoso expectorante, assim como diuretico. Dozes. Adicciona-se a libra de cozimento das plan- tas , ou raizes adequadas a este fim , onça de xarope para libra de liquido. Preparados. Xarope de Alhos. ALMECEGA. Nome. Almecega, Almecega da índia , Mastique, Linn. Pistacia Lentiscus. Descripção e habitação. He huma rezina solida ex- trahida de íiuma arvore própria de Chio , a qual vem em lagrimas , ou pedaços de differentes tamanhos , de cor branca ou pálida, amarella e transparente; a super- fície muitas vezes he opaca : esta rezina he quebradiça, e muito lustroza por onde quebra, deve-se escolher des- ta a mais limpa , secca que se pegue aos dentes como ecrã, e *que se amoleça facilmente entre os dedos. Qualidades sensíveis. Cheiro aromatico e próprio; mastigada ajunta-se em huma massa branca similhante á cera ; náo se desfaz na saliva ; dissolve-se porém em espirito de vinho, e não em agoa, ainda que nesta lhe communica o seu aroma. Üzos. Recommenda-se muito esta rezina nas toces rebeldes , no fim das dizenterias , frouxidáo de estôma- go, e em geral nos cazos em que sáo indicados os iu- citantes. ** A "3> ALME1RÃ0. Nome. Almeiráo , Escariola amarga •=•; Linn. Ci- chorium Intybus. r=: Descripção e habitação. He huma planta annual, e biennal, vegeta em toda a Europa , cultiva-se , pro- duz huma raiz cilíndrica, e ás vezes conica , do com- primento de hum palmo e meio , com certas barbas : tem o âmago duro, e o entrecasco carnozo. Qualidades sensíveis. Sabor amargozo : náo tem cheiro. Uzo e Dozes. Da-se como desobstruente , e ape- riente, fervendo onça de raiz em libra de agoa, na qual se tenhão adiccionado outras plantas de similhante natu- reza , tomando quatro até seis onças deste liquido por cada doze. ALMISCAR. Nome e discripçao e habitação. Almiscar, Mosco *=: Linn. Moschus Moschifenis. He huma suhstancia qne se extrahe de hum ani- mal próprio da Tartaria, Sibéria, e China ; o melhor he o da China j segue-se a este o de Bengala; depois o da Rússia. Qualidades sensíveis. He hum corpo mole, un- ctuozo com hum gosto amargo , pouco acre, cheiro próprio, agradável estando afastado, e desagradável ao pé do Almiscar. Donde se extrahe, e modo de conhecer o bom. Ti- ra-se esta substancia de hum sacco que se acha ao pé do embigo do animal , o qual he cuberto de pellos brancos , que sahem de huma membrana cinzenta, a qual contém em si esta substancia: o bom Almiscar lançan- do-se sobre hum ferro candente inflama-se, e poucas cinzas deixa; o contrario acontece com o falsificado. Uzo e Dozes. Da-se interiormente como hum* gran- de ou máximo incitante, no hysierísmo, e nas febres E ** s« de summo abatimento, e em geral nos cazos de gran- de debilidade nervoza ; he relativa a doze ás circuntan- cias: começa-se por quatro gráos, em vehiculo espiri? tuoso, e gradualmente se vai augmcntando. Preparados, Julepo Muscado. ALOES, OU A ZEBRE. Nome. Aloes Azebre, Azevre ss Linn. Aloe Per- foliata. Descripção e habitação. He hum sueco espesso, extrahido de diversas qualidades de plantas , ás quaes se dá o nome de Aloes , todas ellas sáo indígenas de Pai- zes quentes, e mesmo da Europa. Diversidades. Achão-se no commercio três quali- dades geraes de Aloes, taes sáo =2 a Soccotrina , pró- pria da Ilha de Soccotra; esta he a mais pura , e aloi- rada ; segue-se a esta espécie o Aloes Hepatica, o qual tem hum sabor e cheiro mais ingrato, he mais escu- ro , e transporta-se da China, e Barbadas: ultimamen- te existe no commercio o Aloes Cabalino, o qual vem de Guiné , e costa occidental da África ; este he o mais escuro, de peor cheiro , e muitas vezes se con- funde com o hepatico. Qualidades-^ sensíveis. He huma goma rezina , muito quebradiça , com cor parda avermelhada , trans- parente , luzidio, cheiro enjoativo, sabot náo só amar- gozo mas nauzeozo. Uzo. Tem as virtudes de hum purgante amargo, e drástico, em conseqüência do que muitas vezes pro- duz estímulos taes no intestino recto, que chega a de- senvolver hemorragias : igualmente se administra , co- mo antelmíntico, e em cazos de cholorozis, e outros analagos a estes. Preparados. Entra na compoziçáo da tintura de azevre composta, do Balsamo católico , da tintura sa- cra, das pílulas de Ruífò, e de azevre. V7 ALTHÊA. Nome. Althêa , Malvaisco a Linn. Althaea Offi- cinalis. Descripção e habitação. Althêa , ou Malvaisco he huma planta própria de toda a Europa, annual, pro- duz huma raiz grande, comprida, roliça , e ramoza ao pé do talo , tem a grossura de hum dedo; he cin- zenta , e engilhada por fora, o parenchyma carnozo , e branco. Qualidades sensíveis. Inodora ; tem o sabor doce contendo muita mucilagem. Uzo e Dozes. Applica-se esta droga nas circuns- tancias em que se indicáo os cozimentos mucilaginozos: sua doze he de onça de raiz, para libra de cozimento. Preparados. Xarope de malvaisco , unguento de althêa, cataplasma emoliente. ALUMEN, OU PEDRA HUME. i Nome. Alumen, Ahume , Pedra Hume , Pedra ahume. Descripção e habitação. Da-se o nome de Pedra hume a hum sal neutro térreo, chamado sulfato de alumina , o qual vem em grandes massas, e pedaços irregulares; he conduzido do Egipto, Sardenha, Hes- panha , Portugal, e America. Qualidades sensíveis. Não tem cheiro algum ; o sabor ne muito estítico , e alguma coiza doce , com o contacto do ar cobre-se de certa cal ou poeira que lhe tira toda a transparência: posto ao fogo calcina-se, e arde com inflamação, deixando huma terra fina muito branca , á qual ordinariamente se dá o nome de pedra hume queimada. Uzo. Applica-se com hum poderozo adstringente, nos cazos de frouxidão , e relachaçáo geral : da-se em algumas febres intermitentes ; e externamente como es- çarotico. '■tf Preparados. Soro aluminozo , alumen em substan- cia , colírio dos pobres , pós estiticos, agoa aluminoza. ÂMBAR. Nome, Âmbar =: Linn. Ambra Ambrosiaca. Descripção e habitação. O Âmbar he huma subs- tancia bituminoza, que se acha á tona de agôa nas cos- tas do mar da índia, da China , em algumas da Affrica e Amerca ; he huma substancia mole e pegadiça como cera-, tem a cor cinzenta com pintas amarellas ou negras ; sua grandeza he irregular, e parece ser composta de escamas mais ou menos grossas: partida esta substancia offerece muitas vezes a prezença de con- chas , e espinhas de peixe. Qualidades sensíveis. Cheiro almiscarado, e muito fragrante: náo tem sabor, mastigado apega-se aos den- tes como cera : não se dissolve em espirito {te vinho ; nada sobre agoa, e este he o melhor. Uzo. O Âmbar he reputado comp o mais agra- dável'de todos os perfumes : considera-se também ser hum poderozo cordial, e hum remédio muito eficaz nas moléstias cefalicas e nervozas: Hofman recommen- da esta substancia dissolvida em espirito de rozas, co- mo hum dos mais eficazes fortificantes do sistema ner- vozo. Os Orientaes reputão esta droga como afrodizia- ca , e julgáo que o uso delia contribue muito para pro- longar a existência. AMEIXAS. Nome. Ameixa •=: Linn. Prunus Domestica. Descripção e habitação. Da-se este nome a hum fructo, o qual recente he ovado , ou redondo , de cot preta, tirando a vermelho: he produzido pela arvore chamada Ameixieir;\ própria de toda a E-uropa Austral. Qualidades sensíveis. Sabor doce , e ás vezes agro-doce; náo tem cheiro algum. -5í> Uzo e preparados. Além do uzo cibario , appli- ca-se como expectorante junto a outras substancias: en- tra na composição do Electuario lenitivo; e fôrma a chamada polpa das ameixas. AMÊNDOAS AMARGOZAS E DOCES. Nome. Amêndoas amargozas e doces, Amendoei- ras , s Linn. Amygdalus^communis. Descripção e habitação. He produzida por huma arvore designada pelo nome de Amendoeira , a qual habita em toda a Hespanha, Portugal , e particular- mente no Reino do Algarve : a amêndoa he chata e ovada, tem o parenchima alvissimo, solido, parte-se em duas metades : as amargozas sáo menores que as doces. Qualidades sensíveis. O sabor he amargozo em humas , e doce em outras: ambos oleosos, e farinho- sos: no acto de se mastigarem tingem a saliva como leite. Uzo e preparações. Applicão-se as preparações das amêndoas em todos os casos em que sáo indicados os torpentes : seus preparados mais ordinários sáo emulçáo commum, óleo de amêndoas doces, orxata. AMMONIACO. Nome. Ammoniaco, Goma Ammoniaco, Descripção e habitação. Da-se o nome de Goma Ammoniaco , a huma substancia gomoza-resinoza , a qual vem do Egito em grão , e lagrimas soltas como o incenso , lustrozas , de cor branca ou amarelada, e esta he a melhor: outras vezes aparece no commercio em pedaços grandes, de cor verdoenga , algum tanto moles : desconhece-se o gênero da planta que a produz, OU por melhor dizer, da arvore donde se extrahe. Qualidades sensíveis. Tem hum cheiro fragrante , 40 forte e mais agradável que o galbano ; sabor alguma cousa doce e amargozo, acre e enjoativo: he solúvel nagoa, vinagre, e espirito de vinho. Uzos e Dozes. Recommenda-se como hum pode- rozo amisterico, e útil remédio na asma , e em cazos de obstruções de entranhas ; applicando-a tanto em sus- tância como em compoziçóes , começa-se a dar de quatro a cinco grãos : igualmente applica-se esta subs- tancia para resolver certos tumores externos , dissolven- do-a em vinagre. Preparados. Leite ammoniacal : emplastro de Ci- cuta i emplasrro de Aquiláo-gomado, pílulas sciliticas. ANTIMONIO. Nome Descripção e Habitação. Da-se ò nome de Antimonio , a hum semimetal bastantemente pezado , frágil, composto de filetes compridos, e lustrozos si- milhantes a agulhas , misturados com huma substancia cor de chumbo carregado : achão-se em muitas minas, tanto em Alemanha, como em França e Portugal. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro algum , nem sabor; esfregando-se porém, ou quebrando-se de- senvolve o cheiro de enxofre; funde-se com facilidade: calcinando-se lenta e gradualmente reduz-se a huma cal cinzenta , a qual com acçáo mais forte do fogo se torna em hum vidro avermelhado, e transparente. Uzos. O Antimonio no seu estado de pureza, não produz effeitos sensíveis na economia animal ; mas sim no estado de combinação com outras substancias; he então que elle se dá já como cmetico , outras como catartico, e em fim como alterante, e diaforetico. Preparados. Antimonio tartarizado , manteiga de Antimonio, antimonio preparado , antimonio vitrifica- do , mistura salina composta, pílulas alterantes de Plu- mer, pós de James, vinho de antimonio tartarizado. 41 ARTEMISIA, Nome. Artemisia, Artemija, Artimige, Attemi" zia, Linn. Artemisia vulgaris. Descripção e Oabitação. He huma planta oue cres- ce quazi em toda a Europa, e algumas partes da Ame- rica : fiorece particularmente em todo o veráo, tem as folhas fendidas, planas, verdes por cima, e por baixo com certa penuge côr de cinza. Qualidades sensíveis. Cheiro fragrante e aromati- co; sabor amargozo. Uzos. Diva-se antigamente esta planta como an- tisterica, e uterina, ;nfundindo-a: entretanto pôde appli- car-se em todos os cazos , em que se indicão as subs- tancias amargas e aromaticas. ARTANITA. Nome. Artanita =j Linn. Cyclamen Europaeum. Descripção habitação e qualidades sensíveis. He huma herva vivaz que cresce na Europa Septentrional: produz huma raiz, a qual tirando-se da terra tem hum sabor muito acre e picante; qualidades que só perde pe- la exsicaçáo. Uzos e preparados. Serve-se da raiz e mesmo das folhas : limita-se porém seu uzo á formação do un- guento deste mesmo nome, o qual se applica , ou só, ou combinado, para a resolução de tumores scirrozos, e escrofulozos: no uzo deste unguento solta-se ordina- riamente o ventre , o que he necessário atender para applicaçáo dos remédios internos. ASSAFETIDA. r Nome. Assafetida =s Linn. Ferula Assafoetida.' Descripção e habitarão. Da-se este nome a huma goma rezina , qae nos vem da Pérsia em certos gráos, 42 ou lagrimas brancas, amarelladas, e as vezes averme- lhadas : outras vezes he conduzida em pedaços muito maiores, porém todos pegajózos : os mais limpos , e brancos sáo os melhores. Qualidades sensíveis. Tem hum cheiro muito for- te , alguma cousa similhante ao de alho : sabor acre e amargozo : mastigada tinge a saliva cor de leite : tem dois terços de goma 3 e hum de rezina , razão porque se dissolve grande parte em agoa. CA. o. Recommenda-se nas moléstias nervozas , contra as eólicas ventozas; e em clísteres he applicada triturando-a primeiro com gema de ovo. Preparados. Pílulas gomozas, tintura fétida. ASSAFRÂO. Nome. Assafráo, Açafrão •=: Linn. Crocus Sati- vus OfEcinalis. Descripção e habitação. He huma planta própria das altas montanhas da Europa, e cultiva-se em Hes- panha e Portugal: produz humas hasteas, chamadas estigmas, que he a parte de que se uza deste vegetal: os estigmas sáo aloírados, alanranjados, recortados nas pontas, com recortes entre brancos e amarellados: os que tingem mais a máo de amarello, e são mais pega- józos , e que mais custáo a pizar são os melhores. Qualidades sensíveis. Cheiro fragrante aromatico e particular: sabor aromatico e alguma coiza amargo- zo: para se reduzir a pó he necessário que primeira- mente se seque ao calor do fogo. Uzos. O assafráo tem a virtude das substancias aromaticas: consequentemente he indicado nos cazos em que ha necessidade de animar o systema: he útil particularmente nas afecçóes histéricas , que provém de fraqueza geral, e falta de secreçáo dos vazos uterinos. Preparados. Tintura de azevre composta. 45 ASSUCAR. Nome. Assucar, Linn. Saccharum Officinarum. Descripção e habitação. He o producto do sueco de huma planta graminea , quí se cultiva e produz nos lugares de ambas as índias, mas mais particularmente no Brazil: além desta planta que de todos he conheci- da, também se pôde extrahir o assucar de muitas ou- tras plantas, e fruetos, até do mel: existem três qua- lidades deste producto , o ordinário, o refinado, e Candi. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro , sabor mui- to doce e agradável : dissolve se em agoa çom iguaes partes : a dissolução do assucar , ajudada do calor , e exposta a fermentação , dá vinho, agoa-ardente , e vi- nagre , conforme os gráos da fermentação : mistura-se com os óleos, e encão os torna solúveis na agoa: em- baraça em fim que o leite se coalhe. Uzo. Entra na compoziçáo de todos os Xaropes : serve de intermédio para a uniáo de certos corpos , co- mo se observa na mistura dos óleos com agoa , e em fim para muitos differentes uzos conhecidos de todas as pessoas. Preparados. Ácido oxalico. BALSAMO DE COPAIFA. Nome. Balsamo , ou Óleo de Copaiva , de Co- paiba , de Copahuva t= Linn. Copaifera OíTucinalis. Desci ipção e Habitação. Dá-se o nome de Balsa- mo , ou Óleo de Copaiva a huma rezina extrahida de certa arvore indígena do Brazil , particularmente do Maranhão, Pará e Guaiana , chamada Copaifera Ofhci- nalis , ou Copaiveira: he liquido, transparente , e sem cor quando sahe da arvore; depois torna-se aloirada. Qualidades sensíveis. Cheiro fragrante , halsamico , e agradável: sabor acre, aromatico , e amargozo : une- "p ** 44 se com agoa por meio das m.ucrlagens , e então fórmít as emulçóes: dissolve-se em espirito de vinho. Uzos. He hum grande incitante : dado com mode- ração fortifica o systema nervozo : attribuesse-lhe a vir- tude lytontriptica : he. próprio para curar certas blenor- reas : igualmente se administra esta rezina nas cache- chias , e cazos de comsumpçáo pulmonar. Dozes Vinte até trinta gotas em emulçáo feita com goma arábia. BALSAMO PERUFIANO. Nome. Balsamo Pcruviano , Balsamo do Peru sr Linn. Myroxylon Peruiferum, Descripção e habitação. He hum Balsamo meio li- quido da consistência de mel , cor denegrida tirando a vermelho, opaco , e transparente logo que se extende sobre vidro : he próprio do Peru , Brazil , e México; Qualidades sensíveis. Tem hum cheiro muito fra- grante , c suave : o sabor acre , amargozo , e aroma- tico : com o tempo deixa no fundo do vazo em que está , cristaes, os quaes dissolvidos , sáo similhantes ás flores de Benjoim. Uzos. Tem as propriedades do antecedente em maior gráo: também se applica nas parlezias, e dores reuma- ticas. Preparados. Tintura—de benjoim composta , dita de mirrna composta , trociscos de alcassús com ópio. BALSAMO DE TOLÚ. Nome. Balsamo de Tolú •=: Linn. Toluifera* Bal- samum. Descripção e habitação. He huma substancia rezi- noza extrahida de huma arvore própria de Cartagena Americana , e mais partes da America : tem huma côc •4* amarella escura tirando sobre vermelho: endurece com o tempo, e entáo torna-se friavel. Qualidades sensíveis. Tem hum cheiro agradável, e imitando a limões : sabor doce , e depois com certa acrimonia. Uzo. O mesmo que dos antecedentes. BALSAMO DE S. THOME. Descripção e habitação. Ainda que própria da Ilha de S. Thomé , ignora-se donde se extrahe esta rezina a qual he semi-liquida , cor de oiro, loira, iranparente e muito pegajoza. Qualidades sensíveis. Cheiro fragrante e agradável j sabor acre e amargozo. Uzos. Os mesmos que dos antecedentes balsamos. BARDANA. Nome. Barda na , Lapa , Lapáo , Pegamaço. -rs Linn. Aritium lappa. Descripção e habitação. He a Bardana huma plan- ta que produz huma raiz cilíndrica , grossa , afuzada quazí com hum pé de comprimento : tem certas raizes menores, as quaes tem a pele ou parda , ou denegrida; o parenchima he branco ; he própria de Portugal. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro , mas tem hum sabor doce no principio, depois amargozo. Uzos. Reputa-se diuretica , e aperiénte : da-se em cozimento graduando para libra de liquido huma onça da raiz. BENJOIM Nome. Benjoim =3 Linn. Styrax Benzoe. Descripção e habitação. Da-se o nome de Ben- joim a hum balsamo solfdo, extrahido de huma arvo- re indigena de Sumarra, ]ava, e Siáo: vem para 9 H-5 Commercio em grandes bocados compostos de lâminas avermelhadas, ou verdes, misturados com certos gráos como amêndoas, de cor branca, lustrozos , e muito frágeis. Qualidades sensíveis. Cheiro agradável e fragran- te: sabor doce e mesmo balsamico ; exposta esta re- zina ao fogo, dá huma considerável quantidade de sub- stancia salina , concreta , branca , chamada flor de Benjoim , a qual tem hum cheiro agradável , e hum sabor ácido. Uzos. O principal uzo he para perfumes, e co- mo cosmético : prescreve-se interiormente como hum incitante pulmonar, e para isto he dado tanto interior , como exteriormente em fumigaçóes , e sendo estas muito irritantes, deve haver toda a cautela na sua ad- ministração. Preparados. Tintura de Benjoim composta , flo- res de Benjoim. BISTORTA. Nome. Bistorta •=: Linn. Polygonum Bistorra. Descripção e Habitação. Da-se o nome de Bistorta a huma raiz própria da Europa , a qual tem a confi- guração cilíndrica, torta e dobrada em si mesmo ; par- da por fora , e cheia de raizes menores : o parenchima fresco he ca mudo, e branco ; secco he solido , que- bradiço, de cor parda, ou vermelha. Qualidades sensíveis. O cheiro da raiz fresca he similhante aos agriões ; secca porém he inodora : o sabor da raiz fresca he estítico , ou adstringente; sen- do porém secca a raiz, tem menor sabor. Uzos. Applica-se este vegetal nos cazos em que sáo indicados os adstringentes , tanto em cozimento Como em sustância , o que he mais raro ; e dada desta fôrma ji mais se applica quantidade maior para Cada doze, que meia oitava. >7 BOLOS OU TERRAS BARREN7AS. Descripção habitação e uzos. Comprehendem-se debaixo deste titulo , certas terras doces, uncruozas ao tacto , com varias cores já brancas , amarellas , ou vermelhas ; hoje em dia não se consideráo estas terras com virtudes algumas medicinaes: entre tanto que an- tigamente erão reputadas adstringentes , e se lhe atri- buiáo muitas outras virtudes : ha as seguintes espécies. i.Q Bolo Armênio, ou de Armênia , o qual he d'hum vermelho claro , misturado com amarello ; he o mais duro de todos , e mais áspero ao tacto. 2.0 Bolo de França, o qual tem huma cor ver- melha pálida , semeado com certas veias brancas, e amarellas; muito mais mole que o primeiro, e excita alguma effèrvescencia com os ácidos. 5.0 Bolo de Blois, Cidade de França: este faz grande effèrvescencia com os ácidos: he muito amarel- lo, e muito mais leve. 4.° Bolo de Bohemia , de huma cor amarella carregada de vermelho *, os ácidos não tem acçáo so- bre este. 5.0 Terra de Lemos, e a de Silesia, e de mui- tas ©utras partes , as quaes trazem o nome de sigila- das, e nas quaes se imprimem differentes marcas, con- forme os Paizes donde se exportáo. BORAX. Nome. Borax, Tincal, ou Trincai. Descripção e habitação. Assim se chama hum sal neutro composto do ácido boracio, e alcali fixo mine- ral , ou soda , o qual vem das índias Orientaes em grossos cristaes cinzentos cobertos de barro: tem a formatura de primas achatados em seis faces , termina- dos em pirâmides rombas , ou em piquenos cristaes ir- regulares , alvacentos , transpatentes, e metidos em hu- 48 ma massa que parece unctuoza, rançoza, de cõr par- da ou verde, em fôrma de torráo : neste estado cha- ma-se Tincal , ou Borax bruto , e depurado se cha- ma Borax, que he então em fornaozos cristaes, trans- parentes , brancos, e regulares. Qualidades sensíveis. O sabor he algum tanto sal- gado , e estitico; exposto ao ar acontece o mesmo que a pedra hume, pois se enche de huma poeira branca que lhe tira a transparência: derrete-se ao fogo , e en- tão dá o que se chama Borax calcinado; dissolve-se era doze partes de agoa fria. Uzo. Applica-se como diuretico, e a solução desa- te sal passa por especifico contra as aphtas da boca, e garganta das crianças. BRIONIA. Nome. Brionia, Norça branca ss Linn. Bryonia Alba. Descripção e habitação. Da-se este nome a huma raiz muito grossa, a qual ás vezes iguala a coxa de hum homem ; he própria da Europa , e especialmente dos contornos de Paris: tem as seguintes qualidades. Qualidades sensíveis. Hum cheiro forte e desagra- dável quando he fresca: sabor amargozo acre, e pican- te : tem hum sueco tão acre que applicado á pele a ulcéra; qualidades que pela excicaçáo vem a perder. Uzos e preparados. Náo rem hoje em dia mais que applicaçáo externa; e por tanto applica-se em fôr- ma de unguento , e este se reputa, ser hum podero- so desobstruente, e produz os mesmos effeitos que o de arthanita. CACA'0. Nome. Gacáo *=*} Linn. Theobroma Cacao. Descripção e habitação. Da-se este nome ás se- 4roduz humas folhas ovaes , e as vezes ponteagudas , anceoladas , dentadas nas bordas , verdoengas , e engi- lhadas por cima , alvacentas , e cobertas de cotão por baixo. Qualidades sensíveis. Tem hum sabor amargozo, e algum tanto acre. Uzos e dozes. He reputada esta planta por hum dos mais poderozos sorbentes do systema linfatico: seu 64 uzo deve começar-se com circunspecção e em peque- nas dozes, augmentando-as progressivamente, e obser- vando sempre a quantidade que o estamago poder sup- portar: devendo começar-se regularmente por hum quarto, hum terço, ou o mais meio gráo em substancia. Preparados. Tintura digiral de Darófh n, vinho de Dedaleira : da-se também , em cozimento, em subs- tancia , e em varias fôrmas segundo o methodo de ca- da Medico. DOCAMARGA. Nome. Doçamarga , Dulçamara , Salicastro Linn- Solanum Dulçamara. Descripção e habitação. Serve-se nas officinas dos talos, e folhas de huma planta da família dos Sola- nos , denominada Solanum Dulçamara , próprio dos terrenos humidos e sombrios de Portugal , cujos talo» sáo ondeados, fracos , ásperos , quebradiços , e ramo- zos: as folhas sáo ovadas, com seos pezinhos , agu- das , e lizas. Qualidades sensíveis. O cheiro da planta ainda re- cente , he fedorento, e enjoativo : secca porém perde o cheiro : o sabor he amargozo, e por fim doce. ; Uzos. Applica-se como desobstruente. DORMIDMIRAS, Nome. Dormideiras, Dormideira branca, Papou- la branca. Descripção e habitação-, He huma planta annual , própria particularmente da Azia, e que também vegeta na; Europa Austral; produz humas cabeças maiores , ou menores segundo a qualidade das diversas espécies des«* te gerièro, sendo a espécie Papaver Somniferum aquella donde se extrahe hum sueco inspissado, ao qual se dá1 o nome de Ópio, cujas qualidades e processo se des- creverá no artigo Ópio. *5 Qualidades sensíveis. O cheiro desta planta parti- cularmente verde he fedorento: sabor amargozo, eacte: pela incizáo, e mesmo ás vezes naturalmente lança hum çumo leitozo, amargo , e enjoativo. Uzos. Tem virtudes análogas ao Ópio , mas em gráo muito menor ; sendo mais útil, e conveniente re- correr a este quando for indicado. ENGOS. Nome. Engos, Ebolo :=•: Linn. Sambucus Ebulus. Descripção e habitação. Dá-se este nome á casca, raiz, folhas, bagas, e sementes de huma planta pere- nal própria dos terrenos humidos, e sombrios de Portu- gal : a raiz he branca, e carnoza , grossa como hum dedo ; o talo he ervozo, da grandeza de seis pés , ro- liço , lizo , riscado , e sulcado por toda a parte com alguns nós chatos : por cima he ramozo : as folhas sáo grandes , e pinuladas com impar , lizas superiormente , e penugentas por baixo : as flores sáo brancas , dispos- tas em corimbo: as bagas sáo redondas, com parenchi- ma cor de carmezim ; as sementes sáo ovadas, de três esquinas , e engilhadas. Qualidades sensíveis. A raiz pouco cheiro tem , ou nenhum ; o entrecasco e folhas he fedorento ; o chei- ro das flores he similhante ao das folhas , mas menos desagradável ; as bagas não tem cheiro. O sabor da raiz, e entre casco he amargozo, en- joativo , e desagradável: o das folhas amargozo enjoa- tivo , e tinge a saliva de cor vermelha tirando a verde: as flores sáo amargozas ; o sabor das bagas he azedo, e amargozo ; o das sementes he amargozo. Uzos. Applicáo-se como revertentes em cazos de hydropesia. ENULA CAMPANA. Nome. EnuU , ou Inula Campana •=•* Linn. Inula Helenium. I 66 Descripção é habitação. He a raiz de huma plan- ta perenal, própria dos prados sombrios, pingues , e montanhozos de Portugal, e França: produz huma raiz grande , grossa, ramoza por cima, de cor parda ou cinzenta por fora , branca por dentro, guarnecida de raizes menores , ou bagas como cabelo : o parenchima he carnozo com âmago branco , cercado de hum anel marcado com pontos, cuja circunferência he encarna- da , e raiada de riscos. Qualidades sensíveis. Cheiro fragrante similhante ao de flor de violas : o sabor he acre , amargozo , e aromatico. Uzos. Dá-se como incitante , particularmente em cazos nos quaes he precizo facilitai a expectoraçáo. ENXOFRE. Descripção e habitação. O enxofre ou se acha na- tivo em bocados sólidos de indeterminada figura , ou uni- do com terras barrentas , ou misturado com terra calca- ria , formando figado calcário , ou unido com o ferro constituindo as pintes, ou combinado com outras subs- tancias metálicas, servindo-lhe de mineralizador: encon- tra-se na maior parte da extensão do Globo. O enxofre do commercio he hum corpo solido , secco, duro, quebradiço, de cor amarella doirada, em canudos , ou pedaços pequenos , os quaes com facilida- de ou estaláo, ou se quebráo. Qualidades sensíveis. He huma substancia inodora j e de sabor quazí ençoço : adquire a virtude elétrica , posto a brando fogo , e fechado em vazo próprio der- rete-se , amolece , e comuta a cor amarella em verde , ou avermelhada , derramando hum cheiro fedorento e suffocativo : augmentando-se porém o fogo sublima-se em huma cal amarella , ou pó chamado flores de enxo- fre : com o contacto de algum corpo em braza accen- de-se logo , e arde em chamma azul: náo he solúvel <*7 em agoa , nem em espirito de vinho , excepto encon- trando os vapores de ambos. Combina-se com muitas espécies de terras mormen- te calcárias, e também com todos os metaes. Uzos. O enxofre relacha o ventre , e debaixo destas vistas se applica como hum brando purgante: excita, e favorece a perspiraçáo, deixando negras as pessas de prata que se acháo pendentes ao pescoço das pessoas que uzáo do enxofre : recommenda-se muito contra as moléstias de pele , pulmonares, e nos cazos em que he precizo favorecer a secernencia dos meno- res .vazos: da-se em sustância , ou combinado com mui- tas drogas medicinaes , segundo as fórmulas dirigidas pelo methodo de cada Medico. Preparados. Flores de enxofre, unguento de en* xofre, emplastro dito. ESCAMONEA. Nome. Escamonea , Esçamonia =3 Linn. Convol- vulus Scammonia. Descripção e habitação. He esta droga huma plan- ía própria do Oriente, e Brazil , a qual produz huma goma-rezina, que vem para o commercio , em pedaços leves, de cor cinzenta ou parda, quebradiços, e luzi- dios por onde quebráo; a melhor escamonea he leve, clara como goma, que se reduz, a pó com muita fa- cilidade , e que desfazendo-se na saliva ou agoa se con- verte em liquido como leite. Qualidades sensíveis. O cheiro he algum tanto fedorento e enjoativo; sabor ençoço no principio, de- pois acre , amargozo e nauzeativo. Uzos. He hum purgante violento, e eficaz: cos- tuma administrar-se com outras drogas chamadas cor- rectivas, como assucar, nitro, e cristaes de tartaro. Preparados. Pós de escamonea compostos. I ü c-8 ESCORO IO. Nome. Escordio, Scordio=s Linn. Teucrium Scor- dium. Descripção e habitação. He huma herva perenal , própria dos terrenos , e prados de Portugal, e outros Paizes da Europa : tem o talo alguma couza levanta- do , penugento, assás ramozo , e com os ramos alter- nadamente opostos: as folhas sáo rentes, ovaes, oblon- gas, dentadas , moles , de cor verde mar. Qualidades sensíveis. Cheiro forte similhante ao de alho, mas mais agradável: sabor amargozo, e du- rado iro. Uzos. Reputava-se esta substancia antigamente co- mo diuretica, desobstruente, e diaforetica. ESPONJA. Descripção e habitação. A esponja he huma subs- tancia mole, leve, muito poroza , e compressivel, a qual a agoa a penetra muito facilmente, e entáo a in- cha , e distende: acha-se atacada aos rochedos , parti- cularmente no mar Mediterrâneo , e no Archipelago : he de cor amarella, ou parda , e cheia de muitos bo- racos ou cazinhas. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro, nem sabor. Uzos. A esponja crua serve as vezes para dilatar as feridas , e ulçeras. Preparados. Esponja cerada ou preparada, espon- ja queimada. ESTANHO. Descripção e habitação. O E9tanho he hum me- tal imperfeito, o mais leve de todos, e o mais facH a fundir; brando, mais duro que o chumbo, branco, resplandecente como a prata, dobra-se, e ranje quando se quebra ; existe nas entranhas da terra , ou nativa »9 em fôrma de cal de diversas figuras e cores; ás vezes acha-se com muita pequena porção de cobre , e em muitos cazos se encontra mineralizado pelo enxofre. Qualidades sensíveis. "Náo tem cheiro ; o sabor he desagradável : pelo atrito desenvolve hum cheiro particular. Uzos. Apenas se dá, e com grande cautela como antelmitico; neste cazo pois he precizo atender ao seu uzo em conseqüência de algum arsênico com qúe se acha combinado. ESTORAQUE. Nome. Estoraque -=j Linn. Styrax Officinalis. Descripção e habitação. O estoraque he huma re- zina extrahida de huma arvore própria de Provença , Itália, e Levante: vem para o commercio em lagri- mas , ou gráos puríssimos, lustrozos , de cor alva ou 'pálida, da grandeza de huma ervilha, as quas se der- retem quando se apertão com os dedos. Ha outro estoraque que se encontra em pedaços pegajozos , os quaes se derretem facilmente , e são compostos de partículas brancas, amarellas, oleozas , puras , de difFerente grandeza ou figura. Ha outro em fim em huma massa tirando a par- da , avermelhada , leve, a qual se esmigalha entre os dedos em partículas alvacentes , escamozas , e luzidias. O primeiro estoraque he aquelle que se chama es- toraque em lagrimas, ou gráos, que he o mais pre- ciozo : o segundo chama-se camalita , ou gabalita que também he preciozo : o terceiro he o vulgar, e aquel- le que nas Boticas se tem pelo camalita. Qualidades sensíveis. Cheiro fragrantissimo , e muito suave; o saboi he aromatico, agradável, dis- solve-se em agoa, e espirito de vinho: por isso alguns Quimicos o quizefão classificar como goma rezina: o estoraque vulgar tem o sabor alguma coiza amargozo. 7& XJzns. O Estoraque ainda que droga muito pre- cioza e sem duvida muito capaz de administrar-se co- mo incitante j náo tem com tudo maior uzo Medico. EUFORBIO. Nome. Euforbio =2 Linn. Euphorbia Officinarum. Descripção e habitação. He huma goma rezina, a qual se extrahe de huma planta própria de África, e índias Orientaes, formando certas incizóes, das quaes corre hum sueco lácteo , condensado em grandes la- grimas , ou bocados de difFerente grandeza, arrendon- dados , compridos, lizos , seccos, quebradiços , e mui- tas vezes ramozos ; de cor amarella ou ruiva similhan- te á cera amarella. Qualidades sensíveis. Cheiro muito pouco ou nen- hum ; sabor acre, ardente , picante, enjoativo , e du- radoiro : mastigado corroe as partes da boca, e pela trituraçáo faz espirrar fortemente. Uzo. Rarissimo uzo se faz do enforbio. FEL DE BOI. Descripção e habitação. He hum sueco inspissado por meio da acçáo do fogo, que se extrahe particu- larmente da bexiga do fel dos bois , e se prepara para diversos uzos rnedicinaes. Qualidades sensíveis. Gosto e sabor amargo , dei- xando alguma adstricçáo. Uzos, preparados, e dozes. Recommenda-se como desobstruente, serve para entrar na compozição de quaesquer pílulas, desta natureza; e da-se particularmen- te nos eazos , em que o derramamento da feiiis nos intestinos he interrompida pelas obstrucçoes: neste cazo então se combina com o aloes soecotrino, graduando a doze de dois gráos. 7» FERRO. Descripção e habitação. He hum metal imperfei- to , próprio de todo o Globo, duríssimo, de cor cin- zenta declinando a azul; quebrado he lustrozo, e apre- zenta certas facetas quazi fibrozas. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro, nem sa- bor ; mas pelo atrito percebe-se hum cheiro o qual lhe he patticular, e larga entáo hum sabor estitico : roçado com o iman adquire a propriedade de atrahir a si o fer- ro , e he atrahido pela pedra iman: exposto ao ar çonverte-se em huma poeira ruiva , e amarelada: dis- solve-se em todos os ácidos:, combina-se com enxofre ; e os alcalis tem grande acçáo sobre este metal. Uzos c dozes. O ferro he hum efhcaz incitante, sorbente, e secernente: dá-se em diversas fôrmas, co- meçando seu uzo desde o puro ferro , ou limalha, e seguindo-o em todos os estados compostos, segundo as indicações praticas, as quaes então, assim como os seus preparados prescrevem as competentes dozes: po- dendo começar-se o uzo do puro ferro por hum até dois gráos. Preparados. Assafráo de ferro, ou ferro prepara- do ; F. amoniacal; F. tartarizado ; F. vitriolado ; pílu- las de ferro compostas; vinho calybiado; agoas férreas artificiaes, as quaes são preferíveis ás naturaes. FIGOS PASSADOS. Nome, descripção, e habitação. He o fruto de hu- ma arvore chamada por Linn. Ficus Carica , própria da Europa Meridional, Azia, e algumas partes da America. Qualidades sensíveis. Ainda que no commercio existem algumas diversidades ; com tudo suas qualidades são quazi todas sacarinas ou doces, e como taes appli- caveis nos seguintes cazos. 72 Uzos. Dão-se em circunstancias, nas quaes se indi- dicáo os cozimentos adoçantes, e expectorantes; tam- bém se applicáo formando cataplasmas, para facilitar a supuraçáo de certos humores. FRAGARIA. Nome. Fragaria, Murangueiro a Linn. Fragaría Vesca. Descripção e habitação. He huma planta própria dos lugares cultivados, e humidos; vegeta na maior parte da Europa, e em algumas partes da America; tem as folhas ovaes % serradas na margem , e adherentes a hum grande peciolo. Qualidades sensíveis. As folhas sáo pouco amar- gas , e estiticas ; o fruto que produz esta planta he sicido, e doce. Uzos. As folhas administráo-se em cozimento , e também em infuzão nos cazos de obstruções , e frou- xidáo geral, FUMARIA. Nome. Fumaria , Herva Molarinha , Fumiterra ; Fumo da Terra. •=} Linn. Fumaria Officinalis. Descripção e habitação. He huma herva própria de toda a Europa , a qual se escolhe toda para uzo medicinal ; tem os talos muito delgados , ramozos , tenros, e esquinados; as folhas alternadas, duas vezes pinuladas, com cór verde desmaiada, triangulares nas margens, lizas, e moles. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro; o sabor da erva fresca he amargozo, e ainda mais sendo secca. Uzos e dozes. Esta erva era, e he prescripta em todas as afecçóes cutâneas, nas quaes he necessário augmentar a secreçáo dos vazos da pele, combina-se entáo o extracto delia com o enxofre sublimado come- çando por hum, ou dois gráos de seu extracto. Preparados. Extracto de Fumaria. 75 FUNXO. Nome, descripção, e habitação. Dá-se o nome de Funxo a huma planta denominada por Linn. Anethum Foeniculum , a qual produz huma raiz afuzada , ten- ra , branca, e ramoza quando he velha; as folhas nas- cem de certos nós; sáo duas e três vezes pinuladas, e divididas como fios : as sementes sáo quazi ovaes, ala- das , convexas de huma parte , e chatas da outra ; ris- cadas por ambos os lados , e de cor escura. Qualidades sensíveis. O cheiro de toda a planta he similhante ao da herva doce ; mas mais agradável quando he fresca do que secca : o cheiro das semen- tes he o mesmo que o da planta : o sabor he aroma- tico , doce, picante , e agradável: dão muito óleo es- sencial pela destilação. Uzos. Applicão-se em todas as circunstancias nas quaes sáo indicados os incitantes. GALBANO. Nome. Galbano =: Linn. Bubon Galbanum. Descripção e habitação. He huma goma rezina produzida por hum arbusto próprio d'Africa o qual he perenal, e vem para o commercio em lagrimas ou pe- dacinhos seccos amarellados, lustrozos, de diversos ta- manhos : outras vezes he conduzida como huma massa pegazoja , mole, que se apega aos dedos, de cor bran- ca quando he recente , amarella ou loira quando he velha. Qualidades sensíveis. O cheiro he forte e desagra- dável , similhante ao da goma ammoniaco ; sabor amar- gozo : para se facilitar a dissolução he precizo procu- rar huma mistura de duas partes de espirito de vinho e huma de agoa. Uzos. Pôde servir em todos os cazos nos quaes se applica a goma ammoniaco , mas seus effeitos sáo em menor gráo. K 74 GALHAS. Nome. Galhas s Linn. Quercus Cerris. Descripção e habitação. As galhas sáo huns boga« lhos redondos de diverso tamanho ou grandeza , em parte lizos , e noutras com diversas elevações , como espinhos , e escavações : são furadas de hum lado , e adherentes ao Carvalho, arvore própria da Europa Me- ridional , e Barberia : são além disto occos por dentro, e produzidos por insectos depostos na casca dos ramos ainda tenros , e que pouco se vão excicando. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro , sabor es- titico. Uzos. Poucos práticos fazem uzo desta substancia á excepçáo de alguma applicaçáo externa. GENCIANA. Nome. Genciana s^Linn. Genciana Lutea. Descripção e habitação. Ke huma raiz cilíndrica , ramoza , engilhada , com hum pé , e mais de compri- mento , tem a grossura de hum dedo, e ás vezes mais de huma polegada , he fungoza , escura por fora , e amarella por dentro : he própria da Europa. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro, o sabor, he muito amargozo. Uzos. Esta raiz he de freqüente uzo medicinal , nos cazos em que se applicáo os amargos ou incitan- tes : liga-se entáo com algumas substancias aromaticas para a fazer mais agradável, e eficaz. Preparados. Tintura de Genciana composta , Ex- tracto de Genciana. GINGIBRE. Nome. Gingibre , Gingivre , Zingibere a Linn»; Amomum Zingiber. Descripção * habitação, He huma raiz própria da» 75 índias Orientaes, Brazil, e África: he tuberoza, cheia de nós, de cor cinzenta, branca , e amarellada por fo- ra : o parenchima da raiz recente he carnozo, e amarel- lado; quando porém he secco, he branco, e salpicado de manchas amarellas; neste cazo encontra se em peda- ços compridos, ramozos , e alguma coiza chatos. Qualidades sensíveis. Cheiro fragrantej sabor pi- cante , acre , e aromatico. Uzos. Além do uzo cibario como condimento, po- de aplicar-se, e he indicado como incitante , e secer- nente. Preparados, Xarope de gingibre. GOMA ARÁBIA. Nome, Goma Arábia, Goma Arabiga =s Linn. Mimoza Nilotica. Descripção e habitação. He huma substancia go- moza , a qual vem para o commercio em bocados de difFerente tamanho , ora compridinhos , seccos , huns brancos , outros amarellados, transparentes , e por fora como engilhados: he produzida esta goma por huma arvore própria da Arábia, Egito, e Senegal. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro nem 'sabor; dissolve-se perfeitissímamente em agoa, e a mucilagem desta goma serve para unir os óleos, gorduras, balça- mos, rezinas, e o mesmo azougue com outras subs- tancias. Uzos. Da-se esta goma, como própria a diminuir irritação, já nas diarreis, dizenterias , e moléstias pult munares, e em todos os cazos nos quaes se applicáo os remédios chamados demulcentes , ou mucilagi- nozos. Preparados. Cozimento branco , Emulsáo alcan- forada , dita alraiscarada , dita arábica ; Julepo canfo- rado, dito acetozo, dito moscado, mucilagem arabicat K ** 7* GRAMA. Nome. Grama ss Linn. Ttiticum Repens. Descripção e habitação. He huma raiz comprida, roliça, delgada , quazi ramoza , liza , de cor branca : tem certos nós , ou raizesinhas , donde sahem muitos filamentos: he própria de todos os terrenos areentos. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro, mas o sa- bor he adoçado. Uzos. Applica-se nos cazos em que se indicáo as raizes chamadas aperientes , diluentes, e adoçantes. GUAIACO. Nome. Guaiaco, Páo Santo , •=* Linn. Guaia- cum Officinale. Descripção e habitação. Da-se o nome de Guaia- co ou Páo Santo á casca , e lenho de huma arvore própria do Brazil, Antilhas, Jamaica, S. Domingos, e México: a casca he dura , lenhoza , composta de muitas camadas, ou lâminas delgadas, as quaes facil- mente se podem separar, cheia de gretas , salpicada de nodoas arroxadas tirando a cinzentas , e amarelladas por fora ; por dentro porém sáo amarelladas, e es- branquíçadas. O lenho he duríssimo, muito pezado; humas vezes vem em pedaços cortados ao comprido, com cor ver- de escura, salpicados de ondas safadas de cor mais es- cura ; outras vezes acháo-se cortados contra o fio com a cor de âmago mais escura , e a do eerne pálida. A goma rezina que dá esta arvore vem em pe- daços de difFerente grandeza , quebradiça, meio trans- parente , e pela parte onde quebra he luzidia, de cor amarellada escura , avermelhada, e verdoenga no mes- mo pedaço. Qualidades sensíveis. O cheiro da casca , e do lenho he algum tanto aromatico com o atrito , o sa- 77 bor he acre, aromatico, e amargozo; qualidades mais sensiveis na casca que no lenho : o cheiro da rezina he fragrante , sabor aromatico , acre, e amargozo : quazi toda se dissolve no espirito de vinho. Uzos e dozes. As virtudes da casca , páo , e re- zina , sáo em geral as de todas as sustancias estimulan- tes: ellas fortificaçáo o estômago, e outras entranhas; sáo hum secernente poderoso do systema urinario , e perspiratorio; motivo porque se applicáo tanto em mo- léstias da pele , como para facilitar a diureze: da-se em cozimento graduando para duas libras de liquido aquozo huma onça e meia das raspas do páo ; em sus- tância se applica a rezina , e goma começando por dois ou três gráos. Preparados. Cozimento dos lenhos, Extracto de Guaiaco , Tintura de guaiaco , dita de Guaiaco amoniacal. HELLEBORO. Nome. Helleboro negro , Veratro negro •=) Linn. Helleborus Niger. Descripção e habitação. He huma raiz própria das altas montanhas da Suissa e Alemanha, perenal, roli- ça , grossa, de cor negra por fora , e branca por den- tro , da qual sahem muitos ramos diminutissirnos , cheios de juntas, e destas muitas raizesinhas compridas, carnudas , as quaes pela excicaçáo vem a diminuir de volume. Qualidades sensiveis. Tem cheiro fedorento , sa- bor acre , amargozo , e enjoactivo. Uzos e dozes. He huma substancia muito activa, a qual só por si produz cruéis effeitos na maquina, do que tem procedido a proscripçáo de similhante droga: entre tanto o seu extracto, he hum dos mais podero- sos , e activos revertentes, e hydragogos, o qual se pode graduar começando por cinco , ou seis gráos, aug- mentando progressivamente até a doze de doze, ou quatorze gráos. 78* Preparados. Tintura de helleboro negro ; extracto de helleboro negro. HERA TERRESTRE. Nome. Hera Terrestre =3 Linn. Glechoma Hede- racea. Descripção e habitação. He huma herva perenal própria de toda a Europa, a qual tem hum talo ramo- zo , áspero , penugento , reptante, e quadrangular : do comprimento de hum palmo e mais, ramozo , e seus ramos sáo similhantes ao talo : as folhas são como hum rim , recortadas, engilhadas , ásperas por cima , e por baixo marcados com certos pontos miúdos: pe- nugentas nos nervos , todas ligadas a huns pezinhos ásperos, com hum rego ao comprido. Qualidades sensíveis. Pouca fragrancia no cheiro ; sabor alguma cousa amargozo , aromatico , e pouca acrimonia. Uzos. Passa por hum medicamento activo , da classe dos incitantes , e daquelles que mais particular- mente obráo sobre o pulmão: os antigos consideraváo esta herva como própria a curar as feridas de similhan- te entranha. HERVA CIDREIRA, Nome. Herva Cidreira, Milissa , Linn. =3 Milissa OfHcinalis. Descripção e habitação, Melissa he o nome que também se dá nas Officinas a esta herva, própria da Europa Austral, e que se cultiva na America ; tem o talo de quatro esquinas , com juntas, pouco penugento , ramozo, com os ramos opostos, alternados, e guarne- cidos de outros raminhos; as folhas são alternadamenta opostas em pezinhos, cordatas, rugozas , por cima ver- de escuro, e por baixo verde mar: são cheias de ca- vidades correspondentes ás elevações da parte superior. 79 * Qualidades sensíveis. Cheiro fragrante como o da Cidra; sabor acre, aromatico, e assimilhando-se ao de limão. Uzos. Os antigos atribuiáo a esta planta maiores virtudes medicinaes que os modernos; com tudo ella entra na classe das substancias incitantes , e sua tintura assim como a sua agoa destilada , se dá com vanta- gem em certos cazos de frouxidáo de estamago, e de outras entranhas. Preparados. Espirito de herva cidreira composto. HERFA DOCE. Nome. Herva Doce •=! Linn. Pimpinella Anisum. Descripção e habitação. Chama-se Herva doce a humas sementes ovaes, oblongas, bojudas, unidas qua- si sempre duas a duas , chatas de hum lado , conve- xas do outro, riscadas ao comprido , de cot alvacen- ta, ou verde cinzenta, do comprimento pouco mais de huma linha; sáo próprias do Levante, Portugal, e França. Qualidades sensíveis. Cheiro suave, e aromatico; sabor aromatico, doce, suave, e tem certa acrimonia , mas agradável. Uzos. He huma das quatro sementes maiores, emprega-se, e administra-se como incitante; obra em conseqüência do óleo essencial de que abunda ; dá-se em cazos de frouxidáo do estamago, em diarreas, e em todos os cazos nos quaes he precizo augmentar o tom, ou acçáo de quaesquer entranhas : applica-se lambem como correctiva de outras substancias. Preparados. Óleo essencial de herva doce. HERF4 DOCE ESTRELADA. Nome. Herva doce estrelada, Semente de Badian , Anis da China , Anis estrellado. *= Linn. Illicium Anisatum. 8o Descripção e habitação. He o fruto de huma pe- quena arvore própria da Tartaria, China , e Filipinas, composto de oito e mais caixinhas dispostas á maneira de estrella , oblongas , engilhadas, duras , compridas nos lados, cor de ferrugem, inferiormente convexas e tapadas, abertas por cima; em cada abertura tem hu- ma semente ovada , liza, alguma coiza chata, com casca coriacea , cujo miollo alvancento. Qualidades sensíveis. O cheiro das caixinhas he como o da herva doce, e forte; o sabor como o da herva doce; o cheiro da casca das sementes o mesmo que o da herva doce; o miollo porém tem muito óleo escencial, com hum cheiro , e sabor muito fortes. Uzos. Tem a mesma applicaçáo que a herva doce. Preparados. Óleo essencial de anis estrellado. HERFA SANTA. Nome. Herva Santa, Herva do Tabaco, Nicociana. *=s Linn. Nicotiana Tabacum. Descripção e habitação. Da-se este nome ás folhas de huma planta própria da America Austral, aonde he perenal; cultiva-se na America Septentrional , na Euro- pa , e he espontânea em África. As folhas sáo grandes do comprimento de hum pé e mais, ovaes lanceoladas, aguçadas, e lizas, de cor verde escura por cima, e mais desmaiada por baixo: os nervos e costas são de cor alvacenta verdoenga, pe- nugentos, e pegajosos ao tacto; náo tem peciolo. Qualidades sensíveis. Cheiro fedorento e enjoati- vo; sabor acre e alguma coiza amargozo: mastigadas as folhas, parecem mucozas, estimuláo a lingoa , e garganta , em conseqüência do que corre grande quan- tidade de saliva á boca: esfregadas èntrè os dedos çu- jáo-nos de certa matéria parda, e pegajoza: queimadas seccas, ardem , e sobre carvões scintiláo , e estalão como nitro, Sí Uzos. Esta planta tomada interiormente, purga com violência , faz vomitar, e cauza insuportáveis dores no estômago : a ebulição diminue a acçáo delia : Stal, e outros Médicos Allemáes , a recommendáo como hum seguro expectorante j para o que se administra em xa- rope. Preparados, Xarope de nicociana. HORTEL PIMENTA. Nome. Horlelã Pimenta =s Linn. Mentha Piperita. Descripção e habitação. As folhas desta planta , própria de Inglaterra , cultivada em Portugal , e outros Paizes da Europa , são ovadas, aguçadas, cerradas , pes- tanozas , cheias de penugem em ambas as superfícies , sendo mais penugenta a inferior, e cheia de covinhas : tem o comprimento de duas polegadas: são oppostas , e tem curtos peciolos. Qualidades sensíveis. Cheiro fragrante , e alcanfo- rado : o sabor he similhante ao cheiro: mastigadas aque- cem a lingoa , e gorgomilos , deixando por fim sença- çáo de frio como a canfora. Uzos. Dá-se a sua agoa distilada , assim como a infuzão nas eólicas ventozas, e nas moléstias procedidas de frouxidáo ou debilidade ; e como ella abunda em mui*» to óleo essencial, e seus effeitos na constituição proce- dem deste principio , pôde , e deve considerar-se como huma substancia incitante. Preparados. Agoa distilada de hortelá pimenta , dita espirituoza. HORTELà VULGAR. Nome. Hortelá =3 Linn. Menta Crispa. Descripção e habitação. Em todas as partes do Glo- bo vegeta esta planta , a qual tem as folhas ovadas-ar- redondadas, da fôrma de coração , do comprimento de 3: huma polegada , penugentas por baixo , engilhadas por cima , com a margem dentada: nascem oppostas de la- dos levantados, quadrangulares , nodozos , ramozos , e com pequenos peciolos. Qualidades sensíveis. Cheiro forte e fragrante; sa- bor aromatico e alguma coiza amargozo: estimula a lin- goa, e gorgomilos. Uzos. Estas folhas sáo estomaquicas, e carminati- vas, salutiferas nas perdas de apetite , nauzeas , e von- tade de vomitar: Boerrave a considera como hum gran- de remédio estomacal em cazos de frouxidáo , e parlesia de estômago : recommenda-se ultimamente em todos os cazos análogos á hortelá pimenta. Preparados. Agoa simples de hortelá, dita espiri- tuoza , Óleo de hortelá. HTSSOPO. Nome. Hyssopo =: Linn. Hyssopus. Descripção e habitação. He huma planta própria da Europa , que se cultiva em Portugal , chegando a dar em mata perenal. Tem o talo da altura de hum pé, levantado, ramo- zo , e com nós ; he quadrangular, e tem os ângulos safados ; também he alguma coiza áspero, e muito pe- nugento. As folhas são ovaes , lanceoladas , estreitas , obtu- zas, inteiríssimas ; do comprimento de huma polegada e mais; de cor verde , alguma coiza ásperas , e ás vezes totalmente lizas, pestanozas na borda, e vistas contra a luz parecem cheias de pontos. Qualidades sensíveis. Cheiro fragrante, aromatico, algum tanto forte ; o sabor aromatico , alguma coiza amargozo e alcanforado ; suscitando como a canfora os mesmos estímulos na boca, mas mais brandamente. Além das virtudes geraes das substancias aromaticas, recommenda-se nas asmas humidas , e outras afecçóes 85 pulmonares , nas quaes he precizo facilitar a expecto- ração. Preparados. Xarope de Hyssopo. JALAPA. Nome. Jalapa =s Linn. Convolvulus Jalappa. Descripção e habitação. A Jalapa he huma raiz sec- ca , própria'do México", Brazil , e Azia ; vem para o Commercio em talhadas redondas , compridas , sólidas , e pezadas ; ou em tuberas ovaes , inteiras , ou partidas ao comprido em duas metades; por fora sáo engilhadas, e de cor parda , ou denegrida ; e por dentro cinzenta , cheia de raizes , e de anéis concentricos , de cor dene- grida , cujo centro também he salpicado de manchas igual- mente denegridas : aquelias raizes , que sáo mais cheias de salpicos , mais duras , e pezadas sáo as melhores. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro; o sabor he acre ; e enjoativo; mastigada pica , e irrita os gor- gomilos: chegando-se hum pedaço á chama accende-se, e derrete-se a rezina, mas apenas se afasta , logo se apaga : encontra-se muitas vezes adulterada , ou mistu- rada com a brionia. Uzos. A Jalapa tomada em substancia , e nos temperamentos fleumaticos, he hum purgante sem pe- rigo ou damno , o que náo acontece nas constituições em que predomina o excesso de irritabilidade , e sensi- bilidade <: para diminuir a actividade da Jalapa ajunta-se- lhe assucar , ou nitro , ou cristaes de tartaro : a rezi- na desta substancia he muito activa , e por isso de mais raro uzo: applica-se porém como hum poderozo revertente, e hydradogo. Dozes. Dá-se meia oitava da raiz em po , e três até quatro gráos da rezina desfeita em qualquer emul- sáo. ç Preparados. Tintura de Jalapa; Tintura de aene composta. ^ u JARRO. Nome. Jarro . pé de Bezerro **S Linn. Arum Ma- culatum. Descripção e habitação. Produz esta planta huma raiz tuberoza , ovada , da grossura de hum ovo de Pom- ba , guarnecida roda de tuberozidádes como cebolinhas, arredondadas , as quaes tem muitas escamas brancas, como peles , e dentro destas se acha hum dentinhó aguçado, e algum tanto arqueado. Tem o parenchima branco , carnudo , e cheio* de çumo leitozo ; a raiz secca he dura, quebradiça , qua- zi transparente , farinhoza , e alvissima. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro; o sabor he acre, e ardente: mastigada pica e queima a lingoa, qualidades que perde sensivelmente pela exsicaçáo. Uzos e dozes. A raiz do Jarro he hum poderozo irritante, do qual se tem observado salutiferos effeitos em cazos de frouxidáo , e caehechia, assim como no reumatismo antigo , particularmente quando as dores sáo profundas e fixas: em taes cazos dá-se oito até dez gráos desta raiz em emulsão , ou em outros lico- res mucilagínozos huma e duas vezes no dia. Preparados. Pós de Jarro compostos. INCENSO. Nome. Incenso zz Linn. Juniperus Lycia , seu Juniperus Thurifera , an ex alia ? adhuc lis pender. Descripção e habitação. He huma goma rezin3 produzida por huma arvore própria da Turquia , e ín- dias Orientaes, donde vem em lagrimas mais ou me- nos grossas , de hum amarello pálido , outras vezes vermelhas, e brancas. Qualidades sensíveis. Cheiro aromatico, íorte, e balsamico, sabor aromatico , e amargozo. Uzos, Náo tem hoje maior applicaçáo; porém há 3} authores que decantão vantagens desta goma rezina da- da em cazos de falsos pleurizes epidêmicos ; sendo Geoffroi aquelle que mais a abona em taes cazos, par- ticularmente se a similhante applicaçáo se segue num profuzo suor. IPECACUANHA. Nome. Ipecacuanha •=! Cipó •=: Linn. Viola Ipe- cacuanha. Descripção, habitação , e diversidades. He huma raiz perenal própria do México , e Brazil ; cilíndrica, da grossura de huma pena , cinzenta , torta , anelada, e com os anéis achegados ; o parenchima he quebradis- so , de cor parda ; o âmago lenhozo. Ha outra espécie chamada branca, a" qual tem á cor entre esbranquiçada, e cinzenta; o parenchima he duro, branco , e com âmago amarellado. Qualidades sensíveis. O cheiro da primeira espécie he pouco enjoativo ; sabor alguma couza acre, amar- gozo , isto he da casca, da qual se faz uzo; quando se reduz a pó, levanta-se huma poeira que suscita es- pirros. O cheiro da Ipecacuanha branca he alguma cousa aromatico , e enjoativo; o sabor aromatico , enjoativo, acre , e náo desagradável. Uzos. Prefere-se nas Boticas a Ipecacuanha escu- ra , a qual he hum dos emeticos mais seguros, e sua*- ves que se conhece ; applica-se pois contra a disente- ria , e outros fluxos do ventre, como invertente; e em conseqüência deste effeito ella passa por hum gran- de diaforetico: he mesmo indicada nas próprias Emop- tizes, e em muitos outros cazos em que são applica- veis os invertentes : he entáo que em taes circunstan- cias o pratico gradua as competentes dozes: a combi- nação desta substancia com o ópio produz maravilhoi- sos effeitos, que se acháo descriptos nos livros de Mc- 8e* dicina Pratica aonde se apontáo as circunstancias da sua indicação. Preparados. Pós de Dower, Vinho de Ipecacuanha. KINO. Nome. Kino, Páo de Sangue. Descripção e habitação. He huma goma rezina, a qual habita em África ao pé do Rio Gâmbia , he desconhecida a planta que a produz: acha-se no Com- mercio em pedaços de difFerente grandeza , he dura , mas quebradissa , opaca , algum tanto luzidia , de cor avermelhada , denegrida , e resplandecente pelo lugar aonde quebra. Qualidades sensíveis. Inodora ; sabor estitico , e no fim com alguma doçura: dissolve-se na saliva, e tinge-a de vermelho escuro. Uzos, Actualmente náo tem maior uzo esta droga, LACÇA. Nome. Lacca =3 Linn. Croton Lacciferum. Descripção e habitação. He huma rezina produzi- da por huma arvore própria da Ilha de Geiláo , e ín- dia : tem esta rezina cor mais ou menos vermelha; he dura , quebradissa , transluzente , cheia de nós , e de muitos buraquinhos , os quaes todos se communicão, com pequenas cavidades que ha na dita rezina. Diversidades. Ha três qualidades de Lacca ; Lac- ca de formigas , Lacca em grão, e Lacca em lâminas. A primeira que he a melhor, acha-se pegada aos páozinhos em que se cria. A segunda he solta destes páozinhos, e encontra- se em pequenos bocados de difFerente grandeza e figura. A terceira espécie encontra-se em lascas, ou lâ- minas delgadas; he privada da sua cor natural, he ar- tificial , e náo deve entrar no uzo Medicinal. «7 Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro, nem sa- bor: mastigada quebra se e náo amolece, tinge a sa- liva de encarnado: dissolve-se nos óleos fixos, e no espirito de vinho com difhculdade , communicando lhe hum sabor algum tanto amargozo e estitico : dissolve-se também no óleo de tartaro per diliquium, e no espirito vinhozo de sal amoníaco. Uzos. Emprega-se esta substancia contra a rela- chaçáo, e estado esponjozo das gengives , dissolven- do-a em agoa pela trituraçáo, e ajuntando hum pouco de alumen, para facilitar a mesma dissolução: dá-se interiormente como adstringente ; e serve igualmente para a formação do Lacre. LADANO. Nome. Ladano =■■ Lin Cistus Creticus. Descripção e habitação. He huma rezina produ- zida por hum arbusto próprio do Archipelago ; de cot denegrida, da dureza de emplastro mole, a qual vem em grandes pedaços metidos em bexigas: he solida, secca , opaca, de cor parda ou denegrida ; acha-se em rolos, e paens retorcidos, os quaes expostos á luz tor- não a superfície cheia de pontos brilhantes: esta rezina costuma trazer muita areia fina para lhe augmentar o pezo. Qualidades sensíveis. Cheiro algum tanto aroma- tico e agradável: sabor amargozo, e balsamico. Uzos. Em conseqüência do seu principio aroma- tico entra na classe das substancias incitantes, e por tan- to applicavel nas circuntancias destas. LARANJEIRA. Nome. Laranjeira t= Linn. Cytrus Aurantium. Descripção e habitação. He huma arvore própria da índia Oriental, África , Brazil, Hespanha, e Portu- 88 gal: produz folhas, flores, casca exterior, raiz , çumo do fruto , partes que tem uzo nas Orhcinas. As folhas sáo ovadas-oblongas , consistentes , lizas, e algum tanto luzidías, de huma e outra parte, tem a cor verde escura , e sáo sustidas a huns pezinhos alados e roliços na baze. As flores são brancas, carnudas, de cinco peta- los , oblongos , e planos. O fruto he huma baga arredondada com embigo , pouco chata de huma e outra parte , com casca gros* sa, amarela tirando a vermelha por fora , cheia de infinitos boraquinhos; por dentro he branca e esponjo- za: tem o parenchima amarelado, e composto de oito até doze cazinhas , ou gomos separados , e distintos por meio de peles brancas , as quaes não só encerrão muitas bexiguinhas cilíndricas , aguçadas , recheadas de çumo de cor da polpa, mas também as sementes. Qualidades sensíveis. O cheiro das folhas he aro- matico esfregando-se nas máos ; o das flores , e petalos he fragrantissimo , aromatico, e suave: o da casca ama- rela he também aromatico, e agradável: o sabor das folhas he aromatico, e alguma coiza amargozo; o das flores Levemente amargozo; o da casca amarela he amargozo, acre, e aromatico ; a raiz amarga, o çu- mo he ácido , e náo tem cheiro. Uzos. Úza-se das flores para a formação de va- rias agoas distiladas, e licores. A casca he hum amargo aromatico , e agradável: he hum excellente incitante estomaquico , augmenta o apetite, o calor geral do corpo , e fortifica as entra- nhas : esta casca tem mais óleo essencial, que a do limão. O sueco he hum licor ácido, e agradável, muito recommendado particularmente em cazos de irritabil ida- de augmentada: emprega-se também nas afecçóes es- corbuticas, ligado com Çochlearia. As folhas tem sido decantadas como úteis em ata* quês epíleticos, e varias moléstias nervozas. 8o A raiz tem-se applieado no estado em que se ap- plicáo os amargos para o tratamento de differentes fe- bres , particularmente intermitentes. ' " Preparados. Agoa destilada de flor de Laranjeira i óleo essencial de casca de laranja. LIMÃO AZEDO. Nome. Limáo azedo •=•*: Linn. Citrus Medica. Descripção e habitação. He hum fructo produzido por huma arvore própria da Azia, África, America , Hespanha , e Portugal, o qual tem huma figura oval, adelgaçada de ambas as pontas, de cor amarella des- maiada , e o mais como as laranjas. Qualidades sensíveis. O cheiro da casca he fra- grante , aromatico, apenas amargozo; o do çumo po- rém he mui azedo. Uzos. O sueco da casca de limáo he hum amar- go aromatico,. e empregasse freqüentemente em tintii"- ras, e infuzóes aromaticas: o ácido he indicado como torpente , e serve particularmente para a saturação da potassa, para fazer a mistura salina. LINHAC,A. Nome. Linhaça •=■ Linn. Linum usitatissimum. Descripção e habitação. Sáo humas sementes ovaes, aguçadas, chatas, luzidias , do comprimento pouco mais de huma linha , de cor de azeitona por fo- ra, e branca por:dentro: cultiva-se em toda a parte do Mundo. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro: sabor mu- cozo e ençosso. Uzos. Administrão-se como torpentes , ou de- mulcentes particularmente em clísteres, para o que áe formáo vários cozimentos. Preparados. Óleo de linhaça. J : M 90^ LOSNA. Nome. Losna , Absintio, Acintro, *=: Linn. Arte- misia Ab&ynthium, Lescripção e habitação. He huma herva perenal , própria da Europa, e America, a qual se cultiva nos Jardins, tem huns talos roliços de dois até três pés de comprimento, sulcados , penugentos , de cor esbranqui- çada , folhudos , e ramozos ; as folhas sáo alternadas , em pezinhos assás largos, moles , de cor verde pratea- da , penugentas, pinuladas, e compostas de folhinhas mais retalhadas. Qualidades sensíveis. O cheiro he aromatico , for- te ; sabor muito amargozo. Uzos. A Losna he hum activo amargo; recom- menda-se muito contra a frouxidáo geral , e particular- mente do estamago: antigamente preparavão-se vinhos medicinaes, como ainda hoje, na composição dos quaes entrava a Losna, em conseqüência da sua virtu- de amarga e incitante. LOUREIRO. Nome. Loureiro, Loiro =s Linn. Laurus Nobilis. Descripção e habitação. He o Loureiro huma ar- vore própria do Levante, Portugal, Hespanha , e Ame- rica , da qual se colhem para uzo medico as folhas e bagas. As folhas sáo lanceoladas, alternadas com pezi- nhos, duras, correentas, cheias de nervos, verdes, li- zas de ambos os lados, de largura de huma até duas polegadas, e de três até cinco de comprimento. As bagas sáo bem como as azeitonas, ovaes , de cor azulada, ou negra quando estão maduras, e algum tanto luzidias: tem huma só cavidade, na qual ha hum caroço partido em duas metades, o qual seccando-se he algum tanto solido. pi Qualidades sensíveis. O cheiro he aromatico, o sabor acre, e alguma coiza amargozo. Uzos. Em conseqüência das suas qualidades sensí- veis he indicado como incitante, particularmente no systema renario; porém seu maior uzo he em fricções externas nos cazos de parlezia. Preparados. Óleo essencial de bagas de Louro. MALFA. Nome. Malva -=3 Linn. Malva Rotundifolia. Descripção e habitação. He huma herva annual, vulgar, própria da Europa , e America : ha três espé- cies desta planta ; a primeira he a vulgar; a segunda a silvestre ; a terceira chamada Rotundifolia. As folhas da primeira espécie são alternadas com pezinhos compridos, arredondados, xanfradas na baze, divididas as debaixo em sete , as de cima em cinco lo- bos rombos , recortados , de cor verde , aveludados , de largura quasi de três polegadas : as folhas da segunda espécie sáo pequenas, arredondadas, xanfradas, a modo de coração na baze, recortadas e divididas em cinco ou sete lobos , de cor verde cinzenta : as da terceira espé- cie sáo todas redondas. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro , porém o sabor he muito mucózo. Uzos-. A malva he huma das quatro hervas emo- lientes ; seu uzo mais freqüente he applicar-se em clís- teres emolientes, cataplasma, e fomentaçóes, ou banhos. MA MONA. Nome. Mamona Tartarus , Carrapatos , Ricinos , Palma Christi =: Linn. Ricinus communis. Descripção e habitação. Dá-se este nome ás semen- tes do Carrapateiro , arbusto anual próprio da índia, África, America , e que se cultiva em partes da Eu- ropa. M ** 92 ' . As sementes sáo ovadas , chatas de ambos os la- dos , com a casca quebradiça , resplandecente , jaspia- da , ou malhada de cor parda, verdoenga , e amarella ; com o caroço alvissimo , occo no centro, e embrulha- do n'uma pélezinha assáz delicada e da mesma cor. * Qualidades sensíveis. Nenhum cheiro ; sabor mui pouco doce, e acre: mastigado o miollo parece desfa- zer-se na saliva como as amêndoas , porém sente-se de- pois a sua acrimonia nos gorgomilos , a qual persiste muito tempo. Uzos. Este óleo he hum suave purgante, próprio para se applicar em cazos de augmento de irritabilidade: purga brandamente, e igualmente se administra em clís- teres nos mesmos cazos. Preparados. Óleo de Ricino , ou de Mamona. MANGERONA. Nome. Mangerona •=: Linn. Origanum Majorana. Descripção e habitação. He huma herva que se cultiva nos jardins e hortas da Europa, e America; an- rtual , tem certos talos direitos , de quatro esquinas , cheios de nós, ramozos , penugentos , com ramos al- ternadamenre oppostos , e similhantes ao talo. As folhas sáo oppostas, nascem das juntas dos ta- los e ramos; alguma coiza çumarentas, ovaes, rombas com pezinhos apenas penugentos, riscados na margem e alguma coiza tortuozas. Qualidades sensíveis. O cheiro he.fragrante, for- te , e agradável , o sabor he aromatico , algum tanto amargozo , e acre. - Uzos. Pôde applicar-se como hum aromatico le- vemente incitante : communica suas vistudes aos licores espirituosos pela infuzão , e á agoa pela destílaçáo : applica-se em moléstias nervozas , asmas humidas : o pó desta planta he hum agradável errhino. 95 1 MANNA'. Nome. Manná *=" Linn. Fraxinus Ornus. Descripção e habitação. He huma arvore própria da Europa Austral, particularmente da Sicilia , e Calá- bria ; dá hum çumo coalhado doce, chamado manná , o qual he melozo , similhante ao mel cristalizado, de cõr branca amarellada. Diversidades. Há trez qualidades de manná o pri- meiro chamado em lagrimas he o melhor ; acha-se em canudos, e pedaços compridos, algum tanto mo- les , quebradiços, e que quebráo com gráozinhos mais brancos ; a segunda he o manná ordinário, o qual vem em bocados de differente figura , apegados huns aos ou- tros , moles , pegajozos, tenros: o terceiro he de Ca- lábria ; este he assáz melozo, pegajozo, e humido ; e ainda que seja mais purgante, deve com tudo regei- tar-se. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro; o sabor he doce como mel: dissolve-se na saliva , na agoa , e até no espirito de vinho com ajuda do calor. Uzos. O manná he hum suave laxante; produz ás vezes certas incommomidades pelos gazes que faz de- senvolver no dueto intestinal; entáo para precaver si- milhante inconveniente deve applicar-se combinado com alguma substancia aromatica , como erva doce , canela, ou outras: he táo suave e brando este remédio, que mui- tas vezes he necessário adicionar-lhe alguns saes neu- tros , para se conseguir o effeito purgativo. Preparados. Entra na composição da infuzão de Sene tartarizada. MARCELA. Nome. Marcela , Macela Galega , Camomilla ss X/inn. Matricaria Camomilla. Descripção, e habitação, e diversidades. Há nas S>4 Ofhcinas duas espécies de Marcela , huma chamada vul- gar ou Galega , outra Romana ; ambas sáo próprias da Europa ; vegetáo no mesmo tempo ; com tudo da pri- meira espécie serve a herva com flor , e da segunda só a flor: os talos sáo roliços , levemente riscados, li<- zos, e em cima ramozos, com os ramos alternados , cheios de folhas rentes, de cor verde clara : as flores sáo pedunculadas, dispostas como copa, compostas de floresinhas amarellas, afuniladas , todas metidas em hum calis comum. Qttalidades sensíveis. O cheiro he fragrante, agra- dável ; sabor aromatico , acre, e amargozo ; mas todas estas qualidades são mais notáveis na primeira que na segunda espécie; motivo porque aquella se deve pre- ferir ; e todas estas qualidades se conserváo ainda mes- mo sendo secca a herva. Uzos. Possue esta herva virtudes incitantes , por isso se dá como carminativa, anodina, útil em eó- licas ventozas, e em varias afecçóes espasmodicas, em- prega-se mesmo nas febres intermitentes, particularmente ligada com ópio: dá-se igualmente em banhos, fomen- taçóes, e clísteres. MARMELOS. Nome. Marmelos zz Linn. Pyrus Cydonia. Descripção e habitação. He huma arvore própria da Europa/e America; produz hum fruto do qual se colhem as sementes, para uzo medicinal : estas sáo ovadas , algum tanto aguçadas, chatas de huma parte, e convexas da outra , com a casca cor de ferrugem , ou parda , e o miolo branco. Qualidades sensíveis O sabor destas sementes he ensoço, e mucozo. Uzos. Largáo estas sementes muita mucilagem na agoa , e em conseqüência desta podem prescrever-se em todos os cazos nos quaes similhantes agentes sáo indicados. t>5 MARROJOS. Nome. Marroios =3 Linn. Marrubium Vulgare. Descripção e habitação. He huma planta peren- nal, e vulgar: própria de Portugal, e outros Paizes da Europa , a qual tem as folhas ovaes , e engilhadas, penugentas em ambns as superfícies, de cor verde cin- zenta , do comprimento de huma polegada : os talos sáo levantados , tem quatro esquinas, e são cobertos de cotáo branco, e ramozos. Qualidades sensíveis. O cheiro he fragrante, agra- dável, particularmente esfregando-se; o sabor he amar- gozo, acre, e duradoiro. Uzos , preparados , e dozes. Além das virtudes amargas , he dada esta planta, como hum secernente do figado, e utero; para cujo fim se serve do seu extra- cto , ou infuzão começando a graduar a doze do ex- tracto de dois, e três gráos, augmentando-os progressi- vamente. MATRICAR1A. Nome. Matricaria =3 Linn. Matricaria Parthenium. Descripção, e habitação. He huma planta própria dos terrenos incultos , e pedragozos da Europa , peren- nal, a qual tem os talos direitos, riscsdos, roliços, alguma eouza ramozos, do comprimento de dois pés, guarnecidos de ramos, e de folhas alternadas, peciola- das, mui largas, e fendidas de travez em tiras com- pridas , e orizontaes, retalhadas estas noutras ovadas, compridi-nhas , serradas, de cor verde desmaiada. As flores nascem das pontas dos talos, e dos ra- mos,! sáo pedunculadas, dispostas em fôrma de copa, e constáo no disco de floreszinhas herrmfrodius, ama- rellas, acanudidas , e no raio de floresinhas fêmeas, brancas, alinguetadas , e ovaes arredondadas , com três dewinhos nas pontas, todas metidas em hum calis com- mum émisfenco y e composto de escamas imbricadas, e transparentes. t* Qualidades sensíveis. O cheiro fragrante , similhan- te ao de marcella, porém mais forte ; sabor algum tanto amargozo, e aromatico. Uzos. Tudo o que podem fazer os amargos e aro- maticos se deve esperar desta planta. MEIMENDRO. Nome. Meimendro , Meimendro negro =s Linn. Hyoáciamus Niger. Descripção, e habitação. He huma planta bienal própria da Europa , a qual tem as folhas de que se faz uzo , alternadas , rentes , ovaes-lanceoladas , moles , de cor verde desmaiada. O talo he levantado , roliço , da altura de dois pés com alguma lanuge, e pegajozo; ramozo na par- te superior, e os ramos sáo alternados e levantados. Qualidades sensíveis. O cheiro he fedorento , sa- bor alguma couza mucozo c acre: lançadas as folhas seccas sobre carvões acezos faiscáo, e detonáo como nitro, e derramáo fumo como tabaco. Uzos. Os effeitos desta planta sáo todos narcóti- cos, e seu uzo actual he rarissimo. MEL. Descripção, e habitação. He hum sueco vegetal, elaborado pelas abelhas , e extrahido dos seus favos , ou por meio da expressão , ou da acçáo da água a fer- ver: he o assucar das plantas dissolvido na sua mes- ma mucilagem ; acha-se em fôrma liquida de cor bran- ca ou amarella , existe por todo o Globo: o branco he o melhor. Qualidades sensíveis. O sabor he doce, aromati- co, e este aroma varia segundo as diversas plantas de que as abelhas o extrahem Tem cheiro próprio, que participa do aroma das plantas donde he extrahido. 97 Uzos. O mel he considerado como hum remédio que se applica tanto externa como internamente ; don- de procede ser considerado como detersivo, aperiente, e expectorante: ha temperamentos, ou constituições nas quaes o mel produz espasmos intestinaes , e faz purgar violentamente : modera-se e dirninue-se este effeito fa- zendo-o ferver antes do seu uzo. Preparados. Mel despumado, mel egiciaco, oxy- mel scilitico, oxymel simples. MELILOTO. Nome. Meliloto, Coroa de Rei, Trevo de chei- ro =s Linn. Trifolium Melilotus Ofhcinalis. Descripção e habitação. Da-se este nome ás fo- lhas , e flores de huma planta própria', da Europa; bien- nal, a qual tem os talos roliços, lizos, verdes, do comprimento de dois, três e mais pés, ramozos, e com osjamos alternados, esquinados, riscados , e lizos. As folhas sáo alternadas com pezinho, em cujos remates estão três folhinhas ovaes compridas do compri- mento de huma polegada. As flores sáo dispostas em espiga. Qualidades sensíveis. Cheiro fragrante , suave e mais activo na planta secca , que estando fresca : o sabor he amargozo. Uzos. Applica-se o meliloto como hum incitante; e além de sé dar em bebida faz-se também uzo em clísteres, fomentações, cataplasma e emplastro. Preparados. Emplastro de meliloto. MERCÚRIO. Nome. Mercúrio, Azougue =s Unn. Hydrargyrum Vivum. Descripção e habitação. O Mercúrio , ou Azougue, he hum metal perfeito , fluido, mas que náo molha j N !>3 tem Cor de prata resplandecente ; com huma gravida- de especifica maior que todos os outros metaes á cx- cepçáo do o:ro e prata: acha-se cm toda a Europa , e Brazil em cinco estados differentes a saber. i.° Virgem , ou tal qual se descreveu. 2.Q Em fôrma de cal como o precipitado per-se. 3.° Salino , isto he combinado com o ácido sui- furico e muriatico. 4.0 Amalgamado com os metaes. 5.0 Mineralizado pelo enxofre, de que rezulta o cinabrio. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro, excepto es- fregando-se , porque entáo se lhe percebe hum "cheiro particular: sabor nenhum: divide-se em infinitos glo- bos , alarga-se, ou aperta-se com a maior variaçáo da athmosfera: triturado longo tempo converte-se em hum pó cinzento chamado Etiope per-se, o qual apenas se aquece, recobra o estado metálico ; posto ao fogo fer- ve como hum licor, e muito tempo antes de se abra- Zar espalha fumo branco que he o mesmo azougue : aquecendo-se de vagar , e com o continuado contacto ^o âr calcina-se , e muda-se em huma cal vermelha , escamoza, brilhante, chamado mercúrio precipitado per-se. Dissolve-se nos ácidos nitrozo com muita facilida- de ; e no suifurico com difficuldade: combina-se com o enxofre pela trituraçáo, e com todos os metaes; o que fôrma as diversas amálgamas. Uzos. O mercúrio produz os seus effeitos na cons- tituição á proporção dos diversos estados de oxidaçáo que experimenta: he hum dos remédios específicos con- tra o mal venereo; he hum poderoso sorbente do sys- tema linfatico , e por isso útil em varias hidropezias : applica-se igualmente em diversas obstruções, nas quaes sua virtude fica longe de duvida ; particularmente ligan- do ao uzo interior as fomentaçóes do mesmo mercúrio j como todos os dias se observa nas afecçóes do figado; finalmente applica-se o mercúrio com felicidade ás ul- s-s» ceras venereas , e outras; o que tudo se proporciona aos cazos descriptos pelos práticos. Preparados. Agoa fagedenica , cal branca de mer- cúrio , cal cinzenta de mercúrio, calamolanos ou mercú- rio doce , ethiope antimonial, ethiope mineral, mercú- rio acetato , mercúrio muriato , mercúrio muriato per- cipitado , mercúrio nitrato rubro , mercúrio precipitado branco , mercúrio purificado , pílulas de calamolanos antimoniaes, ou alterantes de Plumer: pílulas mercuriaes, pílulas de mercúrio muriato : pomada mercurial , un- guento rozado composto. MEZEREÃO. Nome. Mezereáo, Loireola fêmea-=3 Linn. Daph- ne Mezereon. Descripção e habitação. He hum arbusto próprio da Europa Austral, do qual se colhe para o uzo Me- dico a casca jda raiz , a qual secca he em pedaços com- pridos , moles, tecidos de fibras delicadíssimas , e táo fortes , que custáo a quebrar ; por fora sáo cobertos de huma tez liza , e de cor tirando a ruiva. Qualidades sensíveis. A casca da raiz secca náo tem cheiro, e quaze nenhum sabor, mas conservando- se muito tempo na boca , he acre, ardente e atura muito nos gorgumilos ; em quanto recente he muito acre, e inflama mesmo as fauces. Uzos. Faz-se applicaçáo do cozimento desta cas- ca , como diuretica ou secernente dos rins , e da-se igual- mente como antivenerea. Preparados. Cozimento de salsa composto. MILEFOLIO. Nome. Milefolio, Milfolha, Milfolho , Balsamo =3 Linn. Achillea Millefolium. Descripção e habitação. Da-se este nome as fo- 100 lhas e flores de. huma planta perenal própria da Europa i da qual as folhas sáo rentes , alongadas , que abraçáo ou cercáo o caule , alternadas, e pinuladas : as flores sáo compostas, radiadas de cor branca , com as flores do meio hermafroditas, tubulozas, todas metidas em hum calis comum, penugento , ovado , formado de escamas ovaes, concavas, e acostadas hum2s ás outras. Qualidades sensíveis. Cheiro alguma coiza aroma- tico , particularmente esfregando-se , sabor amargozo , aromatico, e acre : todas estas qualidades porém sáo mais sensíveis na flor. Uzos. Emprega-se esta planta, nas hemorragias, ou externas, ou intemas, nas diarreas, e na relachação geral das fibras: a raiz desta planta segundo as obser- vações do Doutor Grew. parece suprir de alguma fôr- ma as da contra-erva, ainda que he de supor o con- trario segundo a differença que existe entre estas duas plantas , e mesmo pelas qualidades sensíveis que se observáo já em huma já em outra. MURTA, Nome. Murta =* Linn. Myrtus Communis. Descripção e habitação. Da-se este nome ás folhas e bagas de num arbusto próprio da Europa Austral, o qual tem as folhas ovadas-lanceoladas, pecioladas, agu- das , lízas de ambas as partes , e alguma coiza engi- lhadas. As bagas ou murtinhos sáo ovaes , do tamanho de ervilhas engilhadas , denegridas, e terminando era hum embigo. Qualidades sensíveis. O cheiro das folhas seccas he fraco , o sabor aromatico , agradável; frescas sáo estiticas e amargozas com o cheiro aromatico e agra- dável : o cheiro das bagas he fragrante, o sabor aro- matico , levemente estitico e doce. Uzos. Tem-se empregado como adstringentes, mas actualmente tem pouco uzo medicinal. IC1 MUSGO ISLANDICO. Nome. Musgo Islandico, Lichen Islandico •=!• Linn. Lichen Islandicus. Descripção e habitação. He huma herva própria das regiões Septentrionaes da Europa , folhuda , quazi correenta , liza , de cor cinzenta , ou de azeitona : as folhas sáo convexas por cima, e concavas por baixo , ás vezes com manchas que se convertem em outeiros farinhozos , cheios de covinhas , e retalhados em laci- nias liniares. Qualidades sensíveis. Nenhum cheiro; sabor amar- gozo. Uzos. Esta Alga dá muita mucilagem ; tem pas- sado por hum especifico contra as moléstias do peito , e em cazos de marasmo ; dando-se já em infuzão , já em geleia, ou mucilagem desta planta. MUSTARDA. Nome. Mustarda == Linn. Sinapis Nigra. Descripção e habitação. São as sementes de huma planta annuaí, própria da Europa , America, e África , as quaes sáo miúdas, arredondadas, de cor de ferrugem escura , alguma coiza engilhadas. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro ; sabor al- guma coiza amargozo, acre, e picante ; mastigadas es- migalháo-se facilmente, irritáo e aquecem a lingoa , os gorgomilos , e fazem a saliva alvacenta. Uzos. A mustarda he hum agente estimulante; re- commenda-se para aumentai o apetite, favorecer as se- creçóes e excreções , e applica-se exteriormente em ca- taplasmas como incitante externo. Preparados. Cataplasma de mustarda , a qual se torna muito mais. activa com a adição dos alhos , e muito mais pulverizando-a com cantaridas. IO* MYRRHA. Descripção e habitação. He huma goma rezina , própria da Arábia, e Abyssinia ; desconhecesse a arvore que a produz; he solida, e vem para o commercio em pedaços de differente tamanho e figura ; algumas vezes sáo maiores que nozes ; tem cor vermelha e escura , quazi transparentes , quebradiços , e lustrozos por onde quebráo. Qualidades sensíveis. Cheiro fragrante, sabor amar- gozo , acte, e aromatico; mastigada desfaz-se na saliva e a torna cor de leite ; dissolve-se em agoa quente, e em espirito de vinho , cuja côi he amarella avermelha- da : náo he solúvel nos óleos. Uzos. As propriedades medicinaes desta droga sáo de estimular as entranhas , favorecer as secreçóes, e excreções , donde procede ser recommendada não só nas Cachexias , mas além disto ser hum poderoso antise- tico. Preparados. Licor de myrrha , pílulas de Ruffo , ditas de ferro compostas , ditas gomozas , pós de myr- rha compostos , tintura de azevre composta , dita de lacca composta, dita de myrrha , dita de myrrha com- posta. NITRO. Nome. Nitro , Salitre, =í Linn. Nitrum Ofrkinale. Descripção e habitação. O salitre ou Nitro , he hum sal neutro peifeito , o qual se acha nas índias Orientaes, Hespanha , America , e as vezes nas super- fícies dos muros, e abobadas humidas : he composto de ácido nitrozo , e porassa: vem para o commercio em cristaes , ou prismas compridos de seis faces , quazi sempre sulcados no principio, e terminados em pirâmi- des , ou cortados de travéz , de cor branca e transpa- rente. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro , sabor sal- tc5 gado , e alguma coiza frio ; não se altera exposto ào ar ; dissolve-se em agoa fria , e ainda mais na quente ; sendo três partes do seu pezo em agoa fria , e seis na agoa quente. Uíos. O Nitro applica-se commumente como re- médio diuretico ; igualmente se faz uzo deste sal dis- solvido em muita agoa nas febres" em que ha excesso de acçáo augmentada. NOZ MUSCHADA. Nome. Noz Muschada =3 Linn. Myristica Mus- chata. Descripção e habitarão. He o caroço do fruto de huma arvore .própria das Ilhas Molucas, e Brazil, o 3uai he de cor parda tirando a cinzenta, arredondado, o tamanho de numa pequena ameixa , rombo de am- bas as pontas, com sulcos ao comprido, e outros atra- vessados em fôrma de rede : o parenchima sendo recen- te he carnudo , e táo oleozo que goteja óleo furando- se com huma agulha , porém secco he alguma coiza duro , e fácil a cortar-se : por dentro he amarellado com veias pardas : este caroço acha-se dentro de huma casca dura, mas quebradissa, da grossura de meia li- nha , a qual está coberta de huma pele polpoza , oleo- za, liza, de cor de sangue quando he fresca , e ama- rellada ou alaranjada quando he secca , e neste cazo se chama Macis , Massa , ou flor de Noz Muschada. Qualidades sensíveis. O cheiro da Noz he fra- grante , agradável , o da Macis ou flor he muito mais forte : o sabor he aromatico , unctuozo , acre , e cor- respondente ao cheiro ; o da flor he mais aromatico e algum tanto amargozo. Uzos. Esta substancia he empregada como hum excellente incitante , e por conseguinte applicavel nos cazos em que estes são indicados. 104 0LE0 COMMUM OXJ AZEITE. Nome. Pleo commum, Azeite, .ss Linn. Olea Europea. Descripção e habitação. He huma arvore própria da Europa Austral , no estado de frutificação produz humas bagas por nome azeitonas, as quaes pela expres- são dão o óleo commum ou azeite que tem as seguin- tes propriedades; liquido, transparente, de cor loira ama- rellada , ou muitp verde. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro ou sabor; O oprimo azeite possue todas as propriedades dos óleos fixos puros. Uzos. Esta droga serve ordinariamente para a composição, e formação dos differentes unguentos. . QLEO DE FITRIOLO. Nome, Óleo de Vitriolo, Ácido suifurico , Ácido Vitriolico. Pescripção, habitação, e qualidades sensíveis. He hum ácido mineral , extrahido por hum processo parti? cular que se opera particularmente em França , e em Inglaterra , e se obtém pela combustão do enxofre , do que resulta obter-se huma substancia liquida , trans- parente , e clara como agoa quando he pura; mas com- mumente jdenegrida em conseqüência das matérias im- puras com que se acha : não tem cheiro , sabor assás estítico e muito azedo, exposto ao ar atrahe mais do dobro do seu pezo da humidade, com o que perde mui- to da sua ac ti vida de; une-se á agoa com presteza, fer- yura, e grande calor : unerse também com alcalis , al- gumas terras, metaes, e da sua uniáo rezultáo diferen- tes saes neutros. Uzos. O Ácido suifurico , além de muitos uzos nas Artes, he hum dos mais poderpzos dissolventes pa- ra os processos chimicos: emprega-se em medicina ca- io5 mo hum cáustico; e interiormente como torpente diluí- do em muita quantidade de agoa , até que esta náo tenha mais que huma leve acidez. ÓPIO. Nome. Ópio =3 Linn. Papaver Sorrtoiferum. Descripção e habitação. He hum extracto gomo- zo e rezinozo , tirado das dormide;ras, como se disse no artigo dormideiras: he conduzido para o commercio em lagrimas de cor alvacenta amarellada , e este he o mais preciozo , e rarissimo , ou entáo em pães redondos, achatados, pezados, de cor denegrida declinante a roxa pela par,te de fora , algum tanto resplandecente , cober- tos , e como embrulhados em folhas seccas de vegetaes ; e por dentro quando se quebra he verdoengo , ou de- negrido , e he o ópio vulgar. Deste deve escolher-se o que for lizo, uniforme, e que se apegue aos dedos , e amasse entre elles , que náo cheire a queimado , que seja muito amargozo , acre, e que chegandoro á luz arda logo. Qualidades sensíveis. O cheiro he fedorento, for- te , desagradável , e virozo: sabor ao principio enjoa- tivo , e amargozo , e depois acre; dissolve-se em agoa, vinho, vinagre, e espirito de vinho. Uzos. O ópio segundo as dozes em que se dá, assim se observa seo effeito ; em geral entra na classe dos incitantes máximos ; com tudo elle he hum secer- nente particularmente do systema periférico, a calma espasmos, e dores nervozas , filhas da desigual ou fra- ca destribuiçáo do systema nervozo: tem a proprieda- de de suprimir todas as evacuações menos o suor ; effeito constantemente observado na pratica, e particu- larmente no canal alimentar ; porém este effeito he em conseqüência do ópio ser também hum poderozo sorbente , de maneira que esta virtude he mais notável que outra de secernente : daqui vem o uzo freqüente 106" de se applicar nas diarreas, nas quaes seo effeito he ma- ravilhozo , particularmente dado a tempo : applica-se também em muitos outros cazos dando-o tanto interior como exteriormente, cujos cazos se acháo descriptos nos Livros de Medicina Pratica. Preparados. O primeiro mais regular e certo he o seo extracto puro; há além d sto as seguintes prepara- ções, Elecruario de Cato , Trioga , Extracto gomozo de ópio, Balsamo anodino, Pós de Dover, Laudano liqui- do , dito de Sidenham, Tintura de opto alcanforada , Trociscos de alcasuz com ópio. OPOPANACO. Nome. Opopanaco *=: Linn. , Panax Opopanax. Descripção e habitação. He huma goma rezina própria da Itália , Sicilia , Alexandria , e Egito; he solida, quebradiça, vem em lagrimas arredondadas , ou em pedaços de difFerente figura e tamanho, de cor amarella avermelhada, ou doirada, por fora tem cer- tas nodoas de cor branca e mais pálidas ; extrahe-se do arbusto asima denominado. Qualidades sensíveis. Cheiro fragrante , algum tanto desagradável; sabor acre e amargozo : desfaz-se na saliva , e a tinge cor de leite; náo se dissolve nos óleos fixos. « Uzos. He esta goma rezina reputada como hum re- médio aperiente, e atenuante ; Boerrhave a combinava com a goma amoníaco, e galbano em cazos de obs- trucçoes das entranhas abdominaes ; com tudo esta dro- ga pôde applicar-se como as outras gomas rezinas , vis- to que possue os mesmos caracteres , ou propriedades. OREGÃO. Nome. Oregáo, Ouregáo, •*=; Linn. Origanum vuU gare. 107 Descripção e habitação. He huma herva pereml, própria da Europa , Canadá , e Virgínia , a qual tem o talo quadrado , avermelhado, penugento , ramozo , com os ramos opostos, mais delgados que o talo, e os de sima compridos. As folhas nascem dos nós do talo, e sáo opostas, pecioladas, ovadas, do compri- mento de meia polegada , por cima peladas , e pot baixo penugentas. As folhas sáo dispostas em espigas arredondadas. Qualidades sensíveis. Cheiro he fragrante, forte , e agradável ; sabor acre e aromatico Uzos. Ainda que esta herva pôde ser muito me- dicinal em conseqüência das suas qualidades sensíveis, com tudo raro uzo tem na pratica da medicina. PECHURIM. Nome. Pechurim , Pucheri. Descripção e habitação. Existe no Pará , Mara- nhão, e Paraguai huma arvore da família dos Lourei- ros , que produz hum caroço a que se dá o nome de Pechurim , o qual he oval , e do comprimento de hu- ma polegada e mais , pezado , rombo de ambas as pontas, convexo de huma parte , e da outra concavo; plano e com hum rego em todo o comprimento ; por fora de côr parda declinando para a de azeitona , e levemente engilhado : por dentro côr de carne tirando para amarella, e salpicada de pontinhas mais amarella- das : no commercio existe outra qualidade , a qual he melhor, maior, mas menos aromatica. Qualidades sensíveis. Cheiro fragrante similhante ao de nós noscada ; sabor aromatico e correspondente ao cheiro: mastigada parece desfazer-se na boca. Uzos. Pôde applicar-se como incitante , mas seu uzo mais freqüente he para servir a varias tinturas, e tornalas mais aromaticas. Preparados. Pós aromaticos, tintura aromatica , dita de genciana composta. O ** io8 PEDRA CALAM1NAR. Descripção e habitação. A Pedra Calaminar he huma terra , ou occra mais ou menos compacta , ás vezes sólida , e dura como pedra , a qual se quebra humas vezes em gráos como areia, outras vezes em lâ- minas ; quasi sempre cheia de buracos, e de cavidades , de côr cinzenta , amarella ou parda; salpicada ás vezes de particulas luzidias , e brilhantes , mas nunca como os metaes. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro nem sabor; ao fogo faz-se amarella : dissolve-se com o calor no ácido vitriolico, e com efervescência no ácido nitrozo ; experiências repetidas tem feito ver que esta pedra náo he mais que huma mina de zinco. Uzos. Esta pedra preparada, emprega-se como de- secante tanto em colírios, como em varias ulçeras an- tigas ; igualmente se applica para cicatrizar as exco- riaçóes. PEZ DE BORGONHA. Nome. Pez de Borgonha *=s Linn. Pinus Larix. Descripção e habitação. O Pez de Borgonha he huma rezina , produzida por huma arvore própria da Europa, e America Septentrional; vem para o commer- cio em grandes pedaços, seccos , opacos, planos aon- de quebráo, quebradissos, de côr amarellada declinante para parda, ou cinzenta interiormente, e por fora de côr parda, alguma couza luzenre. Qualidades sensíveis. O cheiro he fragrante e bal- samico: o sabor alguma couza amargozo e aromatico; esta substancia não se applica mais que exteriormente como hum incitante da pele. PETRÓLEO. Nome. Petróleo , Óleo Petróleo , *=s Linn. Bitu- men Petroleum. roo Descripção e habitação. Petróleo ou Azeite de Pe- dra he hum bitume liquido , o qual se acha entre os Rochedos, e nadando em agoa de algumas fontes na Pérsia, Itália, e França: he liquido, transparente, ou claro quazi como agoa , e entáo se chama Naphta , ou Petróleo branco ; também ás vezes he amarellado tirando para vermelho, e chama-se Petróleo vermelho , o qual he menos liquido e transparente que o primeiro: finalmente também se acha hnma qualidade de Petró- leo muito denegrido, a qual he mais espessa , e cha- ma-se Petróleo negro: a primeira qualidade he melhor, depois a segunda. Qualidades sensíveis. O Cheiro he forte, fragran- te , penetrante, não desagradável ; o sabor he acre , amargozo, e enjoativo: insoluvel em agoa, e espirito de vinho , dissolve se em gema de ovo , e na bile : he muito combustível. Uzos. Esta substancia emprega-se raras vezes pa- ra uzos internos: entre tanto que se recommenda para afecçóes paraliticas exteriormente. PIMENTA NEGRA. Nome. Pimenta negra •=: Linn. Piper Nigrum. Descripção e habitação. Hum arbusto próprio da índia Oriental, e Brazil produz humas sementes esféri- cas , do tamanho de huma pequena ervilha , engilhadas, denegridas, com o parenchima branco, ás quas se dá aquelle nome. * Qualidades sensíveis. Cheiro aromatico , sabor acre, ardente, picante , e duradoiro. Uzos. Em conseqüência de serem muito incitan- tes applicáo-se em todos os cazos que estes sáo indicados. POEJOS. Nome. Poejos •=*; Linn. Mentha Pulegium. no Descripção e habitação. He huma herva própria das bordas dos rios e terrenos humidos de Portugal, Hespanha , França , e Inglaterra , a qual tem os talos roliços , rasteiros , com nozinhos , penugentos , ramozos, e semelhantes aos talos: as folhas são ovadas, rom- bas , e alguma coiza recortadas. Qualidades sensíveis. O cheiro he fragrante, acti- vo ; sabor aromatico, picante, algum tanto alcampho- rado quando se mastiga, o que acontece tanto na plan- ta secca, como verde. Uzos. Possue as virtudes próprias das substancias aromaticas , e como tal pôde ser applicada. PTRETRO. Nome. Pyretro =3 Linn. Anthemis, Pyrethrum. Descripção e habitação. He huma planta perenal, própria da Arábia, Siria , Boêmia, e junto de Mont- pelier, a qual produz huma raiz comprida, cilíndrica, apenas tortuosa , da grossura de huma pena de pato ; por fora he engilhada ao comprimento,' de côr parda cinzenta, goarnecida de algumas raizesinhas como ca- belos : o parenchima recente he branco e alguma coiza carnudo; secco porém he duro, quebradisso, e de côr amarellada. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro; o sabor he particular: parece azedo ao principio, mas ao depois assás acre, ardente, e duradoiro , cuja sensação se re- fere mais particularmente ,á ponta da lingoa, e aos beiços , provocando grande quantidade de saliva. Uzos. O Pyretro he appücado positivamente co- mo hum Sialagogo. QUASSIA. Nome. Quassia , Páo de Quassia a Linn. Quassia amara. III Descripsao e habitação. He huma Arvore pró- pria das Antilhas , Surinam , e Brazil, a qual pro- duz huma raiz, e casca com lenho, partes de que se uza nas Ofticinas; a raiz he lenhoza, da grossura de hum braço, áspera, desigual, ás vezes rachada; de côr alvacenta declinando para amarello: o lenho he alvacento, duro, rijo, com pedaços de diverso com- rimento, quazi roliços, huns da grossura de hum raço, outros de hum dedo, e outros de huma penna; cobertos de casca delgada, áspera, engilhada, fácil a separar-se, quebradissa, côr alvacenta ou pálida, ma- lhada , ás vezes de côr negra. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro; sabor amar- gozisimo, puro. Uzos. Uza-se desta droga como própria para a cura de intermitentes, e outras enfermidades, em que os amargos sáo indicados; dando-se já em infuzão, em cozimento, e mesmo em sustância. QUINA. Nome. Quina, Casca Peruvianna -=3 Linn. Chin- chona OfEcinalis. Descripção e habitação. He huma Arvore própria do Peru , e em geral de toda a America Hespanhola, e Portugueza; a qual produz huma casca que vem pa- ra o commercio em pedaços de diversos comprimentos , enrolados, ou chatos, delgada, algum tanto dura, mas quebradissa; por fora he engilhada, áspera, cheia de rachas ao travez; coberta ás vezes de musgo esbran- quiçado, tem côr parda cinzenta: por dentro tem côr de Canela, ou de ferrugem, e avermelhada , quebran- do-se aparecem as extremidades lizas, ou fibrozas, ou ásperas. Qualidades sensíveis. Cheiro como de mofo, sa- bor amargozo, brandamente estitico, e o da melhor quina no fim tem certo aroma. 112 Uzos. A Quina he applicada como hum incitante permanente em todos os cazos nos quaes se indicáo os remédios amargos e aromaticos; pôde considerar-se co- mo principal antídoto de febres particularmente nervo- zas: nos cazos de Cachechias, gangrena, e moléstias de nervos ella he o principal remédio ; e quando se as- sociáo outras substancias a esta droga náo he mais que para ajudar a sua efficacia ; he também dada com van- tagem em certas circustancias de bexigas, e de outras enfermidades, nas quaes os Authores de Medicina pra- tica a applicáo ; e pela lição dos quaes se vem no co- nhecimento da efficacia , importância , e attençáo que se deve ter a esta preciosa droga. Preparados. Tintura de quina composta; Agoa de c?l com quina; Cozimento antifebril ; Extracto de quina ; Vinho de quina composto ou amargo. N. B. Ha outra espécie de Quina na America Portugueza, que tem as mesmas qualidades sensíveis que a antecedente, mas abunda miis em goma: sendo em geral tanto para tinturas , como para remédios tem- poraneos melhor, aquella que exceder mais em rezina. RABANO RÚSTICO, Nome. Rabano rústico, Saramago maior •=: Linn. Coclhearia Armoracia. Desccrip\ão e habitação. Dá-se este nome á raiz de huma planta annual própria da Europa Austral, e America Meredional; a qual he da grossura de huma pollegada e mais, comprida, carnuda, branca, liza ; o parenchima he branco, carnozo, fino: cortado de tra- vez mostra na borda hum anel delgado, cujo centro ou miolo he cheio de pontos espalhados , e quazi transpa- rentes. Qualidades sensíveis. Cheiro penetrante ; sabor acre, picante, alguma coiza amargozo, depois doce; mastigada pica, aqenta a lingoa, e gorgomilhos, cauza i"i* tosse, irrita o natiz, e faz chorar; porém todos estes effeitos sáo momentâneos. Uzos. Os effeitos medicinaes desta raiz são de ir- ritar os sólidos, atenuar os humores , e promover as secreçóes vindo a obrar desta fôrma ainda nas menores glândulas ; he útil nas affecçóes escorbuticas, e casos de hidropezia. RHÂBARBARO. Nome. Rhabatbaro , Rhuibarbo; ss Linn. Rheum Palmatum. Descripção e habitação. Da-se este nome nas Of- icinas a huma raiz , própria da China , Turquia , e Rússia, a qual geralmente he cumprida, em pedaços arredondados, lizos, planos de huma parte , convexos da outra ; algumas vezes da figura de unha de caval- lo , da largura da palma da mão pouco mais ou me- nos , pezada, cujo parenchima he solido , menos que- bradisso , jaspeado de vermelho tirando humas vezes a côr de roza, outras a amarello, e branco: o da Sibéria he mais esponjozo , menos pezado, e pálido. Qualidades sensíveis. O cheiro he próprio, bran- damente aromatico , e enjoativo ; o sabor amargozo , austero , e estitico ; o bom Rhabarbo mastigado des- faz-se pouco a pouco na saliva, e tinge a língua, fau- ces, e saliva de côr assafroada , o que náo acontece com o inferior. Uzos. O Rhabarbo he hum doce purgante que obra sem causar irritação: além desta qualidade , em conseqüência da adstricçáo que tem, applica-se nos ca- sos de frouxidáo do estômago, e mesmo nas diarreas: sendo porém necessário priva-lo da virtude purgatiya pa- ra unicamente obrar como tônico , he necessário pri- meiramente torra-lo. Preparados. Extracto de Rhabarbaro, Infuzão de Rhabarbo, Tintura de Rhabarbo, dita composta, vi- nho de Rhabarbo, Xarope . de Rhabarbo. 114 ROM. Nome. Rom , Goma Rom , Goma Guta , Guta gambá =: Linn. Gambogia Gutta. Lescripção e habitação. He huma goma rezina produzida por huma arvore própria do Malabar , e Ceiláo, he conduzida para o commercio em pães , ro- los , ou pedaços arredondados de côr amarella averme- lhada , algum tanto dura , mas quebradissa , ficando chata, luzidia , e opaca pelo sitio aonde quebra. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro , o sabor he ençoço , mas acre apenas se desfaz na saliva , a qual fica tinta de amarello doirado ; dissolve-se tanto na agoa, como no álcool: não se dissolve nos óleos fixos. Uzos, A goma Guta purga fortemente , e até chega a excitar vomito ; costuma administrar-se sem este inconveniente dando-a de dois até quatro gráos , e excedendo esta doze ordinariamente se desenvolve vomito. ROMEIRA. Nome. Romeira =: Linn. Punica Granatum. Descripção e habitação. Da-se este nome ás flo- res , e casca do fructo de huma arvore própria d'Atri- ca , America, e Euçopa : as flores chamadas nas Offi- cinas Balaustias sáo dobradas, com muitos petalos ver- melhos , ovaes, e arredondados , unidos a hum calis grosso , carnudo, corado, e fendido com cinco pontas lanceoladas , e agudas. A casca do fructo he correen- ta , grossa , algum tanto engilhada , amarellada , ver- doenga por dentro , e por fora avermelhada , quando está secca. Qualidades sensíveis. Nenhum cheiro ; sabor mui- to estítico. Uzos. Applica-se a casca nas circunstancias em que sáo indicados os adstringentes. H5 ROZAS. Nome. Rozas , Rozas encarnadas =s Linn. Roza gallica. Rozas pálidas , Damascenas , de Dasmasco =3 Linn. Roza Centitolia. Descripção e habitação. Além de muitas varieda- des que ha destes arbustos próprios da Europa, Ame- rica , e África, ha nas Ofhcinas duas espécies de Ro- zas , huma denominada Rozas pálidas , outra Rozas vermelhas. As pálidas tem as flores dobradas terminaes , e pedunculadas; os petalos verticalmente ovados, despon- tados , de côr vermelha desmaiada. As rubras tem os mesmos caracteres, e fôrmas, náo sáo táo dobradas como as antecedentes, e os pe- talos sáo rentes, em feiçáo de coração, com a ponta virada para baixo, largos , nervosos na baze, e de côr encarnada tirando a rocha. Qualidades sensíveis. Ambas tem o cheiro agra- dável , e fragrante ; o sabor das primeiras he menos estítico, e o das segundas he amargozo. Uzos. As primeiras sáo empregadas como purga* tivas, e as segundas como adstringentes. Preparados. Conserva de rozas ; agoa rezada. RUIFA DOS TINTUREIROS. Nome. Ruiva dos Tintureiros , Grança =3 Linn, Bubia Tinctorum. Descripção e habitação. He huma raiz perenal , própria de Portugal, Hespanha, França, e outros pai- zes da Europa ; cumprida , roliça , ramoza , grossa co- mo huma pena de escrever , com certos nós distantes huns dos outros ; por fora he ordinariamente fusca , outras vezes avermelhada , e desmaiada ; o parenchima he côr de sangue ; e nas raizes antigas he fusco dene- U6 Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro ; sabor al- guma couza amargozo, levemente estitco , e desagra- dável ; mastigada tinge a saliva de vermelho. Uzos. Esta raiz he huma das chamadas apcrien- tes; he applicada nos casos de obstruções das entra- nhas: he hum secernente renario; communica ás uri- nas huma côr vermelha carregada , e dá esta mesma cor aos ossos ainda os mais compactos, o que demos- tra a acçáo desta droga táo activa , que chega a com- Knunicat sua acçáo a símílhantes partes. SABINA. Nome. Sabina =3 Linn. Juniperus Sabina. Descripção e habitação. Da-se este nome nas Of- ficinas ás tolhas de hum arbusto, próprio das Mon- tanhas de França, Suissa , Hespanha, e Portugal ; o qual tem os ramos espalhados, redondos, fuscos, cheios de outros raminhos símílhantes, e cobertos de escamas murchas; sahem ainda outros menores cobertos de fo- lhas liniares , rijas , estreitas , persistentes , agudas , op- postas , rentes, encostadas ao comprido humas sobre outras, deixando as pontas livres. Qualidades sensíveis. Cheiro fedorento, e activo-, sabor amargozo, forte, e acre. Uzos. A Sabina he hum medicamento acre, inci- tante , capaz de excitar as secreçóes, até a do suor, e das menores glândulas: seu óleo destilado he hum dos mais fortes emenagogos, muito recommendado nas obstruções do utero, e de outras entranhas. SABUGUEIRO. Nome. Sabugueiro , Sabugo ss Linn, ^ambucuoJ Nigra. Descripção e habitação. Uza-se nas Officinas das flores c bagas de hum Àibusto propriç da Europa, e "7 particularmente de Portugal aonde he espontâneo : as •flores sáo brancas dispostas numa copa grande , con- vexa ou plana , dividida em cinco partes , as quaes constáo da corola, de hum petalo da feiçáo de ioda ,' fendida em cinco lacinias, reviradas, e de hum calis branco com cinco dentinhos: as bagas sáo do tamanho de huma pequena ervilha, ovaes, arredondadas, ne- gras, alguma cousa luzidias, com o trr.bigo estrelado,, e o parenchima çumarento , o qual contém três se- mentes. Qualidades sensíveis. O cheiro das flores he fra- grante , alguma cousa fedorento , e enjoactivo: as ba- gas não tem cheiro : o sabor das flores he amargozo , e similhante ao cheiro : o das bagas he agro-doce , mastigadas fazem a saliva rocha. Uzos. Uza-se da infuzão das flores como diafo- retica , e applicão-se exteriormente como incitantes : o rob passa por hum remédio aperiente , igualmente ser- ve-se debaixo destas mesmas virtudes, para o uzo in- terno da água destilada. Preparados. Agoa destilada, Arrobe de bagas de sabugueiro. SAGAPENO. ^ Descripção e habitação. He huma goma rezina própria da Pérsia, e Alexandria, desconhece se o gêne- ro da planta que a produz ; he solida , em pedaços ou lagrimas soltas , da grandeza de cerejas , e mais j de côr vermelha, algum tanto transparente, e luzidia, da consistência de cera , homogênea : esta he a Saga- •peno em lagrimas, ou a melhor: a vulgar porém vem em grandes pedaços , huns de côr alvacenta , outros vermelhos, e outros verdoengos : cheios de pedacinhoà . de páos," * de sementes : humas vezes he dura e que- bradissa ; outras mole como a cera. i Qualidades sensíveis. Cheiro entre a goma amo- níaco , e assafetida ; sabor amargozo, acre e duradoi*; ro i esta substancia tem mais de rezina que gom a. uB Uzos. Emprega-se esta dro»a como aperiente, e desobstruente, da-se ou só , ou com a gom.i amonía- co , ou galbano p.ua desobstruir as entranhas , appli- cu-ie nas afecçóes hystencas, e nas asmas humidas. SAGO, Descripção e habitação. He huma Arvore própria dos lugares humidos, e pantanozos das Ilhas Molucas, e em Malaca ; da qual se extrahe huma goma , ou amido que vem para o commercio na fôrma de huns gráos arredondados , alguns angulozos desiguaes , lizos , aivacentos, e tirando a loiro exteriormente, com mio- lo alvissmo: elles sáo feitos do miolo do tronco da Palmeira =: Cycas Circinahs de Linn. =3 da mesma fôr- ma com pouca differença, que se faz o amido das ba- tatas Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro, sabor go- mozo. Uzos. Esta substancia applica-se como nutriente particularmente em estômagos frouxos. SAL AMARGO. Nome. Sal Amargo , Sal Catartico , Sal dT.psom , Sulphas Magnesiae. Descrip ão e habitação. He hum sal neutro , o qual se acha nativo , em muitas partes e fontes, co- mo as de Egra , Sedlitz , e na mesma terra : rezulta este sal da união do ácido vitriolico com a magnezia ; tem a fôrma de pequenos cristaes como agulhas , trans- parentes , ou em prismas de quatro faces terminados em pirâmides de duas faces. ,.. Qualidades sensíveis. Sabor frio, salgado, muito amargozo ; dissolve-se no dobro do seu pezo da agoa fria, decompõe-se pelos alcalis fixos e voláteis, e pela agoa de cal. 110 Uzos. Este Sal he hum bom purgante que obra moderadamente sem cauzai os inconvenientes que acom- panháo aos purgantes rezinozos, dá-se conforme as constituições; nos adultos, meia onça, seis oitavas, e até huma onça. SAL AMMONIACO. Descripção e habitação. He hum sal neutro per- feito , que se acha nativo nas gargantas dos vulcões em Solfatara , nas cavidades das lavas, na superfície da terra, ou apegado a rochedos em fôrma de pedaços e de poeira; encontra-se também na Pérsia , e em muita quantidade em hum vulcão ao pé do Cacoaco em An- gola. Este sai he o rezultado da combinação do ácido muriatico com o alcali volátil, e vem para o commer- cio em paens redondos, concavos de huma parte, e convexos da outra, mais grossos no fundo, quazi trans- parentes quando sáo puros, compostos de fios cumpri- dos , os quaes se podem dobrar como fios de metal até certo ponto sem quebrar, e de alguns prismas de quatro faces, terminados em pirâmides de quatro faces. Qualidades sensíveis. Sabor acre picante, ourino- zo; dissolve-se em cinco ou seis partes de agoa fria com a qual produz grande fiio , e em igoal pezo de agoa fervendo, de compõe-se pela cal, terra calcaria, e pelos alcalis fixos. Uzos. O Sal ammoniaco he hum remédio incitan- te, e chamado aperiente, he recomendado em febres intermitentes particularmente quartans acompanhadas de obstruções, ligado este sal com a quina; igoalmente administra-se como desobstruente ; dá-se também em gargarejos, c he útil a sua aplicação externa dando-o tanto em lavatorios como em fomentaçóes feitas nos tumores frios, e edamatozos Preparados, Espirito de sal ammoniaco aquozo, 120 alcali amoníaco volátil, alcali volátil fluido, cobre ammoniaco composto ; espirito de amoniaco composto*; ferro ammoniacal; linimento votatil, licor amoniacal com vinagre, pílulas azues, ditas de sublimado corro- zivo; tintura fétida: dita de guaiaco ammoniacal; eli- xir paregorico, tintura de Valeriana volátil. SAL COMMUM. Descripção e habitação. He hum sal neutro que se acha no mar, nas alagoas de agoa salgada , e em al- gumas fontes, e em grandes massas no interior da terra; he próprio de diversos Paizes particularmente da Polônia , Hungria , Portugal, Inglaterra , existe também na America, e em muita quantidade na costa Occiden- tal de África. He composto este sal do ácido marinho, ou mu- riatico , e do alcali mineral ou soda ; he cristalizado em cubos de diferente tamanho, brancos, claros, e trans- parentes ; o que se acha porém no interior da terra chamado sal gema, he em pedaços grandes , assás du- ros com a configuração de caramelo ; outras vezes vem cristalizado em grossos cubos claros e transparentes. Qualidades sensíveis. Sabor salgado, mas agradá- vel ; exposto ao ar atrahe a humidade, e quando está humido desfaz-se em hum certo licor: dissolve-se em ires partes e meia d'agoa fria, e pouco mais em agoa quente; decompoem-se pelos ácidos vitriolico, nitrozo, e alcali vegetal cáustico. Uzos. O uzo ordinário deste sal he para condi- mento das substancias alimentares: e goza das qualida- des dos saes neutros. SALEPO. Nome. Salepo, Salep s; Linn. Orchis Morio, eç Orchis Palm.au, 121 Descripção e habitação. He huma raiz própria dos prados, e bosques de varias regiões da Europa, como Portugal, Hespanha , França, e táobem da Azia: esta raiz he bulboza , ora ovada ou de feitio de coração , outras vezes esplanada, de côr branca, com o parenchimi branco, e esponjozo : o Salepo do Oriente he maior que o da Europa. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro , excepto sendo fresco, que fede a Bode; sabor ençoço: huma oi- tava do seu pó converte em goma oito onças de água por meio de calor. Uzos. As virtudes desta substancia sáo análogas ás das outras substancias vegetaes mucilaginosas: em conseqüência do que se tem appücado nas tizicas, di- senterias biliozas, e outras enfermidades nas quaes sáo indicados os mucilaginozos. SALSA PARRILHA. Nome. Salsa Parrilha, Sarsa Parrilha =s Linn. Smilax Sarsa parilha. Descripção e habitação. He huma raiz própria do Peru, México, e Brazil, que tem a grossura de huma polegada pouco mais ou menos, e desta sahem muitas raizes fibrozas, muito compridas, da grossura de huma penna de escrever, dobradissas, com casca delgada, de côr parda ou escura, por dentro he branca, farinhoza, secca, e também lenhoza, com o âmago farinhozo, branco, e compacto. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro , sabor levis- simamente amargo, e mucozo. Uzos. A Salsa parrilha tem passado por hum es- pecifico contra o mal venereo; com tudo applica-se co- mo diaforetica, diuretica, entrando na classe dos remé- dios secretorios. Q IZ2 SALFA. Nome. Salvar***: Linn. Salvia Officinalis. Descripção e habitação. He huma planta própria de Portugal, e Hespanha; também se cultiva na Amenca Meridional; produz humas folhas oppostas pecioladas , lanceoladas, ovadas, rombas, levemente penugentas, por cima engilhadas", e por baixo cheias dè covinhas dispostas da maneira de rede, com a margem recortada. Qualidades sensíveis. Cheiro fragrante activo ; sa- bor aromatico, amargozo e alguma coiza alcanforado. Uzos. As virtudes desta planta sáo aquelias que possuem todas as substancias aromaticas; e por isso el- la he útil nos cazos de frouxidão dos nervos , do estô- mago, e em outras circunstancias em que se applicáo os incitantes ; prescreve-se cm infuzão theiforme. SAPONARIA. Nome. Saponaria, Saboeira, a Linn Saponaria Officinalis. Descripção e habitação. Uza-.se nas Oficinas da raiz, e heiva desta planta peienal, própria dos lugares sombrios, areentos , e humidos de Portugal, e Hespanha. A raiz he comprida, roliça, da grossura de huma penna, ramoza na parte superior, e cheia de raizinhas como cabelos, com a casca alguma coiza grossa , fá- cil a separar-se, e de côr vermelha; o parenchima he branco , firme, fibrozo: as folhas são ovadas-lanceola- das, agudas, lizas; tem três nervos, e algumas veias como linhas , e são ásperas pela borda. <*■ Qualidades sensíveis. Não tem cheiro; o sabor da raiz he mucozo e doce-amargozo: o da herva alguma coiza amargozo. 17zoí. Esta raiz e folhas passáo por hum remé- dio aperiente, fortificante , c sudorifico: entra na clas- se dos sercenentes. «1 SASSAFRAS. Nome. Sassafras, Páo Sassafras =1 Linn. Laurns Sassafras. Descripção e habitação. Dá-se este nome ao Le- nho, e casca de huma Arvore própria do Brazil, a qual também se cultiva nas partes mais quentes da America Septentrional: o Lenho he leve, pouco duro, quebradiço, de côr cinzenta, tirando para a de ferru- gem , ou amarello claro: a casca por fora he engilha- da, com côr que tira para ruiva, ou cinzenta parda; por dentro tem côr de ferrugem, he liza, quebradiça, e separada em camadas delgadas. Qualidades sensíveis. O cheiro do lenho he fra- grante, forte, agradável, e parecendo ao de funchoj o sabor he aromatico algum tanto picante e doce: o sabor e cheiro da casca sáo símílhantes ao do lenho, mas mais activos. Uzos. Esta substancia he hum remédio fortificam» te, e aperiente; entra na classe dos sercenentes, appli- ca-se na dec!inação das febres intermitentes, nas obs- truções das entranhas, e nos cazos em que he precizo augmenlar a segregação dos vazos da pelle. SEBO. Descripção e habitação. He hum óleo fixo coa- lhado, o qual se acha em roda das entranhas dos ani- maes e debaixo dos tegumentos delles ; o sebo de que mais freqüentemente se faz uzo he o de Carneiro , ou Bois: tem a côr branca, ou amarellada, he mole, e esta substancia acha-se encerrada em humas pellezinhas delicadíssimas. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro, sabor un- ctuoso , e ençoso. Uzos. Entra esta substancia na composição dos unguentos, emplastros , pomadas, e algumas fomeo- taçóes. Q ** 114 SENEGA. Nome. Senega, Seneca •=: Linn. Polygala Senega. DescripÇiO e habitação. He huma raiz pcrenal, própria da Pensilvania , e Virgínia , a qual he lenho- za , dura, mas quebradissa , da grossura de hum de- do , tortuosa , nodosa, terminada numa cabeça sem fôrma , marcada de costuras ; tem côr branca por den- tro ; a casca he grossa , amarellada , coberta de tez cinzenta , engilhada, com rugas anneladas. Qualidades sensíveis. Cheiro próprio , e algum tanto aromatico : o sabor ao principio he alguma coi- sa picante , depois sente-se certo azedume acre nos gorgomilos , a qual dura tempo , e com sensação de secura. Uzos. Esta raiz passa por diuretica j porém re- commenda-se como invertente, e por isso he útil em muitas moléstias pulmonares, nas quaes he necessário fazer uzo dos invertentes. SENNE. Nome. Senne =3 Linn. Cássia Senna. Descripção e habitação. He hum Arbusto próprio do Egypto , Arábia, Itália , França, e Hespanha onde se cultiva. Há duas espécies : hum chamado de Ale- xandria , outro de Itália. A primeira tem as folhas ovaes lanceoladas, pon- re-agudas, inteirissimas, polidas , com veias e nervos alternados. A segunda compõe-se de folhas que sáo ovaes , rombas, ou elipticas, de côr verde declinando para pálida, com os lados desigoaes, e grandes veias. Qualidades sensíveis. A primeira espécie tem chei- ro alguma coiza aromatico e enjoativo ; sabor amargo- zo enjoativo , e mucozo: a segunda espécie tem as mesmas qualidades mas menos activas. I25 Uzos. He classificado o senne na classe dos pur- gantes brandos; poiém he precizo limpalo muito bem dos talos com que vem misturado: muitas vezes se lhe addicionão varias substancias aromaticas , e mesmo alguns saes neutros para lhe servir de correctivo. Preparados. Electuario de senne ; infuzão de sen- ne tartarizada; tintura de senne composta. SERPENTARIA. Nome. Serpentaria , Serpentaria de Virgínia , Ser- pentaria virginiana ■=: Linn. Aristolochia Serpentaria. Descipção e habitação. He huma raiz perenal própria da Virgínia , e Carolina , composta de muitas outras raizes como fios, quebradissas , tortuozas, en- laçadas entre si , goarnecidas de outras como cabelos encrespados : por fora tem côr parda ou de ferrugem ; por dentro porém he pálida ou-alvacenta amarellada. Qualidades sensíveis. O cheiro he fragrante, acti- vo , e alcanforado : o sabor acre , aromatico , algum tanto amargozo, picante, e duradoiro. Uzos. Esta substancia em conseqüência das suas qualidades sensíveis entra na classe dos incitantes, e por isso he recommendada nas febres nervozas, e em todos os cazos em que os estimulantes sáo applicados: liga-se com a quina , e neste cazo seo rezultado he maravilhozo, tanto pela eficácia que esta droga suscita á quina , como pela permanência que a quina conserva ao effeito que ella produz. SIMARRUBA. Nome. Simarruba , Simarroba , =i Linn. Quassia Simaruba. Descripção e habitação. He huma arvore própria da Goiana , e outras regiões da America , a qual pro- duz huma casca coneenta , dobradissa , fibroza , da 12(5 grossura de huma linha, cinzenta amarellada por fora , cheia de rugas ao travéz , e de elevações de diversa fôr- ma ; por dentro porém ora he liza de todo, outras ve- zes formada com pelesinhas ao comprido, de côr pálida. Qualidades sensíveis. Nenhum cheiro ; sabor amar- gozo estitico. Uzos. Tem-se recommendado esta droga como útil nas disenterias ; ella goza das virtudes dos ads- tringentes. SPERMACETE. Descripção e habitação. He hum óleo fixo ani- mal coalhado , que se acha no cavidade do casco de varias Baleas e particularmente da espécie Physeter Macrocephalus de Linn; tem a consistência de cera , he branco, composto de pequenas escamas seccas, mo» les, resplandecentes, alvas, e meio transparentes. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro , o sabor unctuozo. Uzos. As virtudes desta substancia , sáo ser hum remédio emoliente, e adoçante , e por isto útil em va* rias dores dos intestinos : recommenda-se contra as violentas toces, entertidas por humores acres; e nestes cazos applica-se em loche , triturado com a gema de ovo , ou em emulçáo: também he applicado exterior- mente ; mas he precizo priva-lo do contacto do ar, pois que exposto a este torna-se rançozo, e amarello. TAMARINDOS. Nome. Tamarindos, Tamarinos =3 Linn. Tama- rindus Indica. Descripção e habitação. He o fruto de huma at- vore própria da Azia , America , e África ; similhan- te a hum lugume comprido, chato nos lados , algum tanto arqueado , bojudo no lugar das sementes, com huma ou trez células, com outras (antas sementes cha- »27 tas , esquinadas, luzidias , cem duas cascas entre as quaes está a polpa , que he mole, de côr ruiva ou avermelhada , a qual depois se faz negra. Qualidades sensíveis. Cheiro algum tanto vinho- zo ; sabor muito azedo , mas agradável. Uzos e dozes. A polpa deste fruto tomado na do- ze de duas ou trez oitavas, e até hnma onça ou- mais, vem a ser hum suave laxante ; diminue a violência dos catarticos fortes , e augmenta a eficácia dos brandos , vindo a gozar ao mesmo tempo , da vantagem que presta ao systema em conseqüência da sua acidez. TARAXACO. Nome. Taraxaco , Dente de Leão *=: Linn. Leon- todon Taraxacum. Descripção e habitação. He huma raiz perenal , vulgar, própria da Europa, cilíndrica, de côr parda, engilhada, com rugas ao travéz como anéis ; esta raiz tem a grossura do dedo mínimo , o comprimento de hum palmo; seo parenchima he carnozo, e o âmago cortado transversalmente tem o centro composto de círculos concentricos. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro esta droga j o sabor he amargozo com alguma doçura ao principio. Uzos. Este medicamento entra na classe dos se- cernentes chamados ordinariamente desobstruentes e ape- rientes. Preparados. Extracto de taraxaco. TARTARO, Nome. Tartaro, Tartaro cru, Sarro de vinho. Descripção e habitação. He hum sal neutro com- posto da potassa, e do ácido tartarozo ; acha-se de- posto nos toneis, e pipas, nas quaes assenta durante a fermentação insensível do vinho; he em lâminas itte- 128 gulares, ora compactas, alguma coiza transparentes, dis- postas em camadas ; cheias de pequenos cristaes brilhan- tes , de côr esbranquiçada , oj avermelhada; outras ve- zes , pouco ou nada compactas, impuras , opacas, e que se esfareláo muito : o primeiro chama-se tartaro branco que he o melhor; o segundo he o tartaro ver- melho. Qualidades sensíveis. O sabor he azedo vinhozo • dissolve-se mui pouco em agoa ainda mesmo sendo es- ta quente. Uzos. Serve o tartaro para a composição , ou factun da potassa ; o tartaro purificado goza das qua- lidades dos saes neutros , he hum laxante , aperiente e secernente. TEREBINTHINA. Nome. Terebinthina , Terebinthina de Veneza , Linn. =j Pinus Larix. Descripção e habitação. He huma rezina liquida , produzida por huma arvore própria da Europa Austral, e Sibéria; liquida como mel ou Xarope espesso , trans- parente, clara, de côr alvacenta, ou pálida amarella- da , assás pegajoza, e que se pôde estender em fios muito compridos. Qualidades sensíveis. Cheiro fragrante balsamiço j sabor amargozo, aromatico-balsamico, e alguma coiza acre: dissolve-se em espirito de vinho, e em agoa ser- vindo-lhe de entremedio a gema de ovo. Uzos. Esta droga he hum incitante, e particular- mente hum secernente: urinario, motivo por que delia se faz uzo nas afecçóes para as quaes sáo applicados os diureticos; entra na compozição de emplastros, e vá- rios unguentos, TOMILHO. Nome. Tomilho, Thymo, *=: Linn. Xhimus vul-> garis. ug Descripção e habitação. He huma herva que dá em mata perenal, nos terrenos areentos, e pedragozos da Europa Austral , e Oriente: he ramozissima , direi- ta , com os ramos oppostos, de quatro esquinas safa- das , penugentos, com folhas oppostas em pezinhos , ovadas, compridas, reviradas , rombas , marcadas de pontos, alguma coiza lizas ou penugentas. Qualidades sensíveis. Cheiro fragrante, activo, é agradável; sabor aromatico, alguma coiza amargozo, e picante. Uzos. Esta droga em conseqüência do seo aroma e mais qualidades sensíveis, goza das virtudes das subs- tancias aromaticas ; entra na classe dos incitantes, e prescreve-se em infuzão theiforme. TORMENTILLA. Nome. Tormentilla, Sete em rama, Soldi-**** LinnJ Tormentilla erecta. Descripção e habitação. He huma raiz perenal, e vulgar, própria dos prados estéreis, bosques, e terre- nos algum tanto humidos de Portugal, e Hespanha : he quazi cilíndrica, retorcida, cheia de nós, por cima mais grossa, e as vezes arredondada, por fora côr par- da , e por dentro avermelhada. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro; sabor estí- tico , e alguma coiza aromatico. Uzos. A tormentila he hum eficaz adstringente, que se applica em todos os cazos nos quaes similhan- tes sustancias sáo indicadas. TRAGACANTHA. Nome. Tragacantha , Alcatira , Alquitira , Adra- ganfha =3 Linn. Astragalus Traganiha. Descripção e habitação. Huma arvore própria da Europa Austral, e do Oriente produz certa goma , á qual R i5* se dá este nome ; vem para o commercio esta droga tm becadinhos delgados como fios, ou em gráos ar- redondados , brancos ou pálidos, quazi diafanos , le- ves , luzidios, e quebradiços : há huma espicie cha- mada Alcatira em sorte ou de Bassora, cujos bocados são córados e cujos, por isso se deve desprezar ou re- jeitar. Qualidades sensíveis. Não tem cheiro algum ; o sabor he ençoço : dissolve-se como as outras gomas em agoa, mas perciza mais. tempo. Uzos. Tem as virtudes de todas as substancias gomozas. TREFO AZEDO. Nome. Trevo azedo, Azedinhas , Lujula , Alle- luia — Linn. Oxalis acetosella. Descripção e habitação. He huma planta perenal, vulgar , própria dos silvados , terrenos humidos , e sombrios de Portugal, Hespanha, e Brazil; tem as fo- lhas de trez em rama , as folinhas a maneira de co- ração com a ponta virada pata o peciolo , alguma coi- za penugentas , e pestanozas , de côr verdoenga ama- rellada. Qualidades sensíveis. Náo tem cheito ; o sabor he agradável mente azedo. Uzos. Estas folhas sáo apeiientes, refrigerantes, e antiscorbuticas. TREFO FIBRINO. Nome. Trevo fibrino, Trevo dos Xarcos , Trevo de agoa , Menyanthe trefolheada •=: Linn. Menyanthes Trifoliata. Descripção e habitação. He huma planta própria dos paúes e lagoas da Europa, a qual produz folhas pe- cioladas, radicaes , de trez em rama, as folinhas são Ml ovadas, peladas de ambas as partes, venozas , do com- primento de duas polegadas e mais : os pezinhos das folhas sáo roliços, riscados , e na baze embainhados. Qualidades sensíveis. O cheiro he pouco sensível o sabor amargozissimo. Uzos. Esta planta he considerada como hum ape- riente e desobstruente efhcaz, pois que favorece, e excita as secreçóes serozas ; assevera-se que em molés- tias cutâneas inveteradas a infuzão desta planta tem produzido admiráveis effeitos; e Boerhaave affirma ter curado gota dando a beber soro de Leite misturado com o sueco de trevo. TRIGO. Nome. Trigo r=5 Linn. Triticum aestivum, seu hi- bernum, Descripção e habitação. He huma planta cereal, a qual se cultiva em todo o Globo, e produz humas sementes das quaes se faz o amydo, ou gomma; as sementes sáo entre ovadas, oblongas , rombas em am- bas as pontas , de hum lado convexas , e do outro sul- cadas , com a casca amarellada, e o miolo branco, e farinhozo: o amydo que he a fecula do trigo , obtida pela fermentação, he branca , de figura irregular , e esmigalha-se entre os dedos. Qualidades sensíveis. Náo tem cheiro: sabor en- çoço , e muito gommozo: dissolve-se em água. Uzos. Tem a applieaçáo geral de todas as subs- tancias gommozas, além do uzo cibario. TUSSILAGEM. Nome. Tussilagem , Farfara •=■* Linn. Tussilago Farfara. Descripção e habitação. Da-se este nome ás folhas de huma planta perenal própria da Europa, as quaes R ** M* sáo radicaes , com peciolos compridos, de figura arre- dondada , e quazi de coração; a margem he escaça- mente repartida em lombos, com dentinhos avermelha- dos : sáo grandes, planas, pelludas na parte superior, e marcadas de veias na parte inferior, porém sáo co- bertas de cotão , de côr cinzenta: os pés das folhas sáo pela parte inferior roliços, e pela superior planos, com pouco cotão e as vezes linho. Qualidades sensíveis. O cheiro da planta secca he fraco; of sabor alguma coiza amargozo. Uzos. Esta planta he recommendada como espe- cifico nas moléstias crônicas do boffe, passado o pe- ríodo de excitamento desta entranha. FALERIANA STLFESTRE. Nome. Valeriana Sylvestre •=- Linn. Valeriana Of- ficinalis. Descripção e habitação. He huma raiz que vege- ta tanto nos lugares humidos , e baixos , como sec- cos e montanhozos da Europa: he branca, cilíndrica, cheia de nozínhos anelados, quazi pestanozos; na ponta he repartida em fibras como fios , as quaes sáo roli- ças, e brancas ; o parenchima do tronco da raiz he alguma coiza carnozo, branco , com grande miolo , o qual na borda he ondeado. Qualidades sensíveis. O cheiro he fragrante, mas ingrato e fedorento, sabor levemente doce, algum tan- to amargozo; porém estas qualidades são mais forres na raiz secca. Uzos. Esta droga he de huma grande efficacia nas moléstias nervozas , e particularmente nas epilepsias , e frouxidóes do systema nervozo; entra na classe das su- bstancias incitantes ; e faz-se uzo em infuzão. Preparados. Tintura de Valeriana volalil. M5 FINAGRE. Descripção e habitação. He hum licor ácido , trans- parente , claro ou avermelhado, o qual se obtém por meio da fermentação azeda , ou do vinho , ou do as- sucar , ou de muitas outras substancias saccarinas. Qualidades sensíveis. Cheiro alguma coiza espirí- tuozo, fragrante, forte ; sabor azedo. Uzos. O vinagre he hum grande sorbente sangüí- neo , e neste cazo appüca-se tanto interior como exte- riormente ; além disto serve para a compozição de va- rias cataplasmas , e para muitas infuzóes medicinaes : goza em fim das propriedades dos ácidos vegetaes sen- do diluído em muita água. VINHO. Descripção e habitação. He hum licor produzido pela fermentação vinhoza do mosto; de côr branca ou avermelhada segundo a qualidade da manipulação: ge- ralmente se faz na Hespanha, França, Portugal, Itá- lia , e outras partes. Qualidades sensíveis. Cheiro fragrante , e espiri- tuozo; sabor pouco picante, doce , azedo , conforme a qualidade: dissolve extractos, rezinas, e alguns me- taes: dá pela distilaçáo hum licor claro, alguma coi- za opaco , leitozo, e inflamavel , o qual tem hum cheiro picante, forte, e suave a que se chama aguar- dente; e esta em differentes e novos processos da des- tillação dá o álcool. Uzos. O vinho entra na classe de hum incitante máximo, anima a circulação , põe em excitamento o poder do sensorio , segundo a maior ou menor activi- dade do mesmo vinho ; serve para a dissolução de va- rias rezinas , e para a compoziçáo das infuzóes vino- zas ou vinhos medicinaes ; além disto applica-se exte- riormente em lavatorios addjcionando-se varias substan- 154 cias aromaticas para se oppor, e mesmo desvanecer ca- zos de ftouxidáo ou debilidade. FITRIOLO BRANCO. Nome descripção e habitação. Chama-se também a esta substancia minerai , Capa-roza branca , ou Zin- co vitriolado , a qual he hum sal neutro metálico na- tural , mas mais comumente artificial. O natural he próprio da Hungria , e Sibéria ; acha- se em fôrma de cristaes como cabellos, outras vezes á maneira de poeira , e neste estado encontra-se nas mi- nas do zinco, e mesmo dissolvido em algumas águas mineraes. O vulgar ou artificial que he o que gira no com- mercio , he em pedaços irregulares, de côr branca a similhança de torrões de assucar ; sendo porém crista- lizados conservão a fôrma de prismas de quatro faces terminadas em duas pirâmides de quatro faces cada huma. Qualidades sensíveis. Sabor estítico, e enjoativo: dissolve-se em água mais do dobro do seu pezo. Uzos. O vitriolo branco puro , entra na classe dos invertentes , e desta fôrma applica-se como eme- tico na doze de quatro ou cinco gráos ; he hum sor- bente subcutaneo applicado exteriormente , e por este motivo se recommenda em alguns colírios, c lavagens de ulçeras particularmente psoricas. FITRIOLO DE COBRE. Nome, descripção , e habitação. O Vitriolo de Cobre, Pedra lipes , ou Caparosa azul, he igualmente hum sal neutro metálico, que se acha nas minas do Cobre em fôrma de cristaes , pó, e mesmo dissolvido em água, o que se observa na Hungria, Suécia , e Irlanda; porém o vitriolo de que se uza he artificial, M5 o qual he hum sal neutro rezultado da saturação do ácido vitriolico com o cobre , e vem para o commer- cio em cristaes romboidaes compridos, de côr azul. Qualidades sensíveis. Sabor muito estitico e en- joativo ; dissolve-se em muita quantidade de água. Uzos. Esta droga entra na classe dos grandes in- vertentes , e por isso he hum emetico muito violento; rarissimas vezes he applicada interiormente , ainda que ha observações de sua utilidade nas epilepsias com a preparação do cobre amoniacal : seu uzo porém mais freqüente, he applica-lo externamente como escarotico : todavia ha alguns preparados que se acháo muito mo- dificados, e que fazem que sem maior susto se pos- são applicar ; mas assim mesmo quasi todos elles sáo para uzo externo. Preparados. Água saffarina , Cobre ammoniaco , unguento egiciaco , pilulas de cobre ammoniaco , Pe- dra Divina. FITRIOLO DE FERRO. Nome, descripção , e habitação. O vitriolo de ferro, caparroza verde, ou ferro vitriolado; he hum sal neutro metálico , que rezulta da combinação do áci- do suifurico com o ferro ; acha-se ou nativo, ou arti- ficial , por todas as partes do Mundo: o artificial he em prismas ou cristaes romboidaes, transparentes, de côr verde esmeralda: o natural acha-se cristalizado em fios como seda, em poeira, em massas redondas, e dissolvido em agoas mineraes, as quaes se alteráo com o contacto do ár tirando a côr amarella. Qualidades sensíveis. Esra droga passa por hum invertente dado em doze superior a hum e dois gráos nos adultos; entre tanto he hum grande sorbente do figado, e do systema linfatico, dado em moderadas dozes, e seguidas depois da observação, e experiência. M** UFA URSINA. Nome. Uva ursina, uva ursi =3 Linn. Arbutua uva ursi. Descripção e habitação. He hum Arbusto próprio dos terrenos pedragozos, e dos lugares sombrios da Hespanha, Portugal e outros Paizes da Euiopa: produz humas folhas ovaes oblongas, rombas, inteirissimas, grossas, eorreentas, de cor verde escuro; quando sáo frescas ; sendo seccas sáo desmaiadas ; as mesmas fo- lhas por cima sáo engelhadas, e pela parte de baixo sáo cheias de muitas veiaszinhas. Qualidades sensíveis. Nenhum cheiro ; sabor estí- tico , alguma coiza amargozo , mas agradável. Uzos. Applica se esta substancia como adstringen- te nos cazos em que estes sáo indicados, e particular- mente tem lugar no fim das diarrheas. ZIMBRO. Nome. Zimbro, Simbro, Junipero. Linn. *=j Ju- niperus communis. Descripção e habitação. He hum arbusto vulgar , próprio de Portugal, e de outros Paizes da Europa ; acha-se nos sítios incultos , seccos , pedragozos , e areentos: produz huma baga que he o seu fructo , es- ta he redonda , pequena , de côr verde ao principio e azul denegrida depois de madura: encerra em si hu- ma matéria oleoza , pegajoza , de côr avermelhada , a qual em si comprehende três ou quatro sementes a ma- neira de triângulo. Qualidades sensíveis, O cheiro he aromatico ; sa- bor acre , aromatico, balsamico, e alguma coiza doce. Uzos. As bagas de Zimbro tanto em cozimento como destiladas'no espirito de vinho gozão das virtudes incitantes, e particularmente de secernentes urinarios; poreste motivo sáo recommendadas nos cazos das diver- sas hydropesias. >57 ZINCO, Nome. Zinco a Linn. Zincum. Descripção e habitação. He hum semimetal, bran- co azulado , brilhante , particularmente aonde quebra ; he composto de lâminas accostadas humas ás outras , e como furadas por pequenas agulhas: acha-se em Ale- manha , e Suécia. Qualidadess ens.iv.eit, Não tem cheiro , riem sabor; ao fogo forte derrete-se , e com a intensidade do mes- mo volatilizáo-se vários frocos como agulhas finíssimas, ao que se dá o nome de lá filosófica , e com maior fogo converte-se em vidro amarello; com estes frocos se sublima outra substancia formada em lâminas ou ca- nudos como de cascas de arvores , he este o que se chama cal de Zinco impura , e á qual nas officinas se dá o nome de Tutia : tem certa dureza , he pezada, de cor escura , exteriormente desigual , mas interior- mente liza, e amarellada. Uzos. As preparações de Zinco dadas interiormen- te entrão na classe dos grandes invertentes ; seu uzo mais geral he em applicaçóes externas: a9 flores de Zinco reduzidas a hum pó impaípavel, e misturadas com as substancias oleozas , e gordurozas , formáo po- madas , as quaes applicadas exteriormente produzem os effeitos dos sorbentes subcutaneos, e exsiccantcs. S SJECÇÂO TERCEIRA. ARTIGO PRIMEIRO. GENERALIDADES DE PHARMACIA, Definição. XjL Pharmacia he huma parte da Ma- téria Medica que ensina a conhecer , escolher , prepa- rar, e combinai ãs diversas substancias mediCamentozas. Divisão. Divide-se a Pharmacia em geral, ou particular : a primeira tem por objecto meramente a mistura, e combinação das drogas sem examinar a sua natureza ; a segunda ao contrario ensina a conhecer por meio da analize , e sinteze a natureza , e proprie- dades dos medicamentos simpleces , o que faz com que esta seja puramente Chimica. Objectos. Os objectos geraes desta Arte sáo os se- guintes ; O conhecimento das drogas simplices , o que diz respeito á Matéria Medica simples ; estudo que de- ve preceder á Pharmacia ; a preparação, e mistáo que sáo os reaes objectos desta Arte. Antes pois que tratemos de taes objectos; como sejáo necessários para o uzo da Pharmacia vários ins- trumentos , os quaes lhe são próprios , cumpre fazer a sua enumeração que he a seguinte. Fasos próprios para uzo Pharmaceutico. Os vazos próprios para se fazerem as preparações Pharmaceuti- cas, sáo escolhidos segundo, a qualidade das operações, e por isso podem considerar-se nas seguintes classes. «55 i.° Vasos de^jíiprios =3 Taes são as Rerortas; Alambiques com as paires qte lhes pertencem, como tu- bos , capiteis, sifoens, 'iruj quaes yo de diversa nature- za , ou de metal, ou vidro, ou de barro. 2.° Vasos para calcinaçáo*, e fusáo a Tajs sao os Cadinhos de barro já vidrados, e náo vidrados; es- tes servem mais freqüentemente para a fusáo; porque para a calcinaçáo (ainda que também se «ze destes) com tudo tigellas de diversa grandeza , e matéria se- gundo as substancias que se devem calcinar , sáo os appropriados instrumentos. *j.° Vasos para cozimentos •****! Nesta classe entráp as panellas de diversa grandeza, e matéria relativamen- te ás substancias, e qualidades dos cozimentos. 4.° Vasos próprios para a infusão •=: Em geral vasos de vidro como garrafas, garrafóes, e outros sáo os adequados instrumentos para esta operação. 5.0 Vasos para a sublimaçáo =i Esta ordem de vasos compõe-se ordinariamente de duas peças ; huma para conter a matéria que serve para sublimar-se , e outra para a sublimada ; tem ordinariamente a figura cilíndrica , e esta cortada pelo meio, em duas partes iguaes, por cuja secção se introduz a matéria que vai a sublimar-se, e pela mesma secção se applicáo os dif- ferentes lutos, ou se lacra a secção. 6." Vasos próprios para a evaporação =3 Quasi todos devem ser chatos, com grande superfície , e di- versa natureza, conforme a qualidade da evaporação a fazer-se. 7.0 Vasos para a trituraçáo =s Taes sáo os AI- mofarizes de bronze, pedra, ferro, marfim, vidro, para as trituraçóes grossas; e para a trituraçáo fina ou subtil, a pedra de preparar com a sua moleta. 8.° Vasos para banho Arêa, e Maria conforme a natureza da operação, porque he segundo esta, que se escolhem de vidro, barro, e metal. ^ o,9 Além destes instrumentos referidos, são de ab- S **'" 140 solura necessidade os seg-uint,^;-^Tfizoiras , Espátulas de difFerente natureza, tuiws, e^pumadeiras, lutos, ba- lanças , caixas, filtros ou coadores, colheres de diffe- rente na i? reza , funiz , garrafas, imprensas, limas, peneiras , pezos , e niedidas , menstruos ou reagentes , fornos, particularmente o de Beaumé. Sendo pois o fim da Pharmacia a composição , e combinação dos simplices já conhecidos , e como estas composições, e combinações sejáo o resultado de dif- ferentes proccessos ou operações, justo he fazer a enu- meração de todas estas ; pois que descritas , e analisa- das , marcando-se entáo as dozes das drogas facilmente com a pratica , se consegue o fim, e uzo Pharma- ceutico. Reduzem-se pois as operações mais geraes da Phar- macia ás seguintes. ' Calcinaçáo. Cozimento ou Coeçáo, e Infuzão. Cristalização. Depuração. Destilaçáo. Dissolução. Evaporação. Expressão. Extracçáo. Fusão, e Vitrifícaçáo. Precipitação. Pulverização. Sublimaçáo. Sáo estas em geral as operações mais freqüentes, e geraes da Pharmacia, entre as qaaes muitas tem cer- ta identidade , e analogia entre si. Como pois os differentes corpos dos três Reinos da natureza sejáo os entes, que costumão ser submeti- dos a estas operações, he perciso saber o modo pelo qual se devem colher, e guardar. Reino animais Os corpos do reino animal devem Ht ser escolhidos na época da sua perfeita nutrição, quan- do todo o seo organismo fizieo se acha desenvolvido ; livres de moléstias , nutridos nos lugares próprios , e suas partes exsiccadas segundo o tempo, e paiz , o que decide para recorrer ou á exsiccaçáo artificial , ou á do calor athmospherico ; devendo notar-se que a artifi- cial deve ser feita lentamente : escolhidas pois as par- tes animaes devem goardar-se livres do contacto do ar, e humidade. Reino vegetal. O Reino vegetal como offerece varias partes do mesmo ente para o uzo Medico, faz com que se attenda a estas circunstancias; por isso as raizes , cascas , e folhas colhem-se no perfeito gráo da elaboração da seva , o qual he justamente antes da eflo- recencia: as flores porém devem ser colhidas mediana- mente abertas , livres de humidade, e antes que o sol tenha dissipado o seu aroma : os fructos colhem-se no gráo de sua perfeita madureza, sem manchas, ou sig- naes que denotem doenças que tenháo padecido : a ex- siccaçáo , e conservação tem as mesmas regras geraes que dissemos a respeito das substancias animaes , ha- vendo além disto attençáo quanto ás flores , e subs- tancias aromaticas, pois que exsiccadas á acçáo forte do sol perdem o seo aroma , e virtude. Reino mineral. ]á náo acontecem tantas cautelas sobte os corpos do reino mineral, o que pende da in- certeza , ou ignorância da acçáo de vida particular a estes entes , os quaes em todo o tempo, e com me- nor cautella se podem colher, á excepçáo das agoas mineraes, as quaes prescindindo das variedades que po- dem experimentar pelos accidentes subterrâneos ; com tudo as chuvas, e outras cauzas podem alterar as suas qualidades, e he esta a principal razão de preferir-se hoje em dia o uzo das agoas artificiaes ás naturaes , e por isto só o Chimico ou Medico pôde conhecer estas alterações. He isto em geral o que se pôde dizer sobre a es- 14* colha , colheita , e conservação dos corpos dos trez reinos da natureza ; e posto que haja algumas modifi- cações neste modo geral de fallar, com tudo os Pharma- ceuticos, que miudamente tratáo destes objectos, devem ser consultados, para que circunstanciadamente se venha no miúdo conhecimento desta arte. ARTIGO II. OPERACfiES DA PHARMACIA, CALCINARÃO. Calcinaçáo. _/\_ Calcinaçáo he huma operação por meio da qual os corpos submetidos a ella , perdem o seo estado de aggregaçáo reduzindo-se a pó ou poeira. Faz-se esta ou pela acção do fogo , e entáo se chama secca , ou por meio de menstruos e então deno- mina-se humida. Além disto a calcinaçáo he completa quando os corpos submettidos á operação se reduzem a cal, e in- completa quando apenas se altetáo os corpos em di- versos gráos , o que se observa na Torrefacçáo, Com- bustão , Incineraçáo , Decrepitaçáo , Detonação , ope- rações que náo sáo mais que gráos parciaes da calci- naçáo ; havendo mais a mencionar a Calcinaçáo vapo- roza , que he aquella que se faz , sujeitando o corpo a calcinar-se pella acçáo de vapores. Torrefacção. Gráo de Calcinaçáo ao qual se sub- mettem os animaes, e vegetaes; operação esta que con- cilia novo sabor, côr, e cheiro , e virtudes aos corpos que a experimentào, os quaes se reduzem a. jpb grosso, <45 ou miúdos pedaços , outros porém mesmo inteiros; mettem-se eniáo em vazos próprios para se torrarem ; mexem-se continuamente até que náo lancem mais va- pores , que he o que marca, ou denota que a Torre- facção está perfeita , e completa. Combustão. Quando se dezeja que certas substan- cias náo perdendo a sua figura, percáo com tudo a quazi total affinidade de aggregaçáo , então servimo- nos da combustão ; esta faz-se em vazos ou tapados, ou abertos ; no primeiro cazo deve a operação conti- nuar-se até que as substancias se teduzão a carvão , e no segundo até que fiquem de côr branca. Incine.ação, Todas as vezes pois que a combus- tão se adianta a ponto que as substancias longe de con- servar a sua figura , ao contrario se reduzem a cinzas, temos então a Incineraçáo. Decrepitação. He huma operação por meio da qual se reduz a pó o corpo que se submette a ella , perdendo o ar, e agoa da cristallização em cujo momen- to ha grande estrepito ; esta operação he particular ao Sal Commum. Detonação. He esta operação própria ao salitre, executa-se quando se misturáo certas substancias com 6 Nitro, e se lanção em vazos candentes, ou muito quentes ; neste momento observa-se entáo grande estron- do , e luz o que he a detonação; ficáo entáo as subs- tancias reduzidas a huma matéria quebradiça , e fácil a* reduzir-se a pó. COZIMENTO OU COCC^AO, He o cozimento huma operação pela qual fazen- do ferver por meio da agoa ou outro qualquer mens- truo , as espécies, ou corpos que se addiccionáo á mes- ma agoa, por este processo se vem a extrahir as pro* "priedades ou virtudes dos mesmos cornos. fcsta optração tem alguma affinidade cem a ínfo- 144 zão ; mis esta em geral diversifica daquella pôr quanto na cocção a acçáo do fo^o he que faz extrahir as vir- tudes dos corpos que se lhe submettem ; na infuzão po- rém a digestão , demora , ou maceraçáo he que faz que os corpos vão totalmente largando as suas virtu- des ; além disto a infuzão pôde demorar-se, e conser- var-se annos como nas tinturas; entretanto que o perío- do de duraçáo de qualquer cozimento apenas deve che- gar a vinte e quatro horas ; sendo de mais como se dis- se a cocção feita pela forte acçáo do fogo. Deve haver toda a attençáo nas substancias a co- zer-se ; por quanto sendo muito compactas , e de firme consistência náo só he precizo cortallas , mas mesmo maxucallas, e expôllas por mais tempo á acçáo do fo- go , o que já náo acontece com as frescas , e mais tmimozas; os vazos também sáo relativos ás mesmas substancias , como á sua quantidade, e estas mesmas sendo diversas nas suas qualidades, deveráó submetter-se ao cozimento em primeiro lugar aquelias que precizáo de maior gráo de fogo , depois as que necessitáo me- nos , e ultimamente as que tiverem alguma parte arot matica para o que basta entáo a. simples infuzáo , ou entáo que experimentem a ultima acçáo do cozimento quente, mas fora do fogo, devendo sempre taparem se os vazos. „ CRISTALIZAÇÃO, A Cristalização he huma operação própria aos saes i pela qual estes dissolvidos n'agoa vem adquirir certa fi- gura regular, e determinada, a qual lhes be própria por esta operação : para se conseguir este fim he necessá- rio que primeiro preceda a evaporação feita lentamente. Para se fazer a Cristalização requer-se o seguinte methodo =a Dissolvem-se os saes, filtra-se a dissolução, e evapora-se em vazos largos: continuada a evaporação até que comece a aparecer huma pelezinha , extrahe-se o vazo do fogo, e entáo ou se deixa á evaporação es-. 14$ pontanea , ou á acção muito lenta do fogo até se se- carem os saes , os quaes depois se devem goardar li- vres do contacto do ar : devendo também haver cau- tella que os corpos a cristalizarem-se náo experimentem grandes mudanças, e alternativas de temperatura , o que pôde perturbar a ordem da Cristalização. O methodo de conhecer o tempo em que o liqui- do se deve tirar do fogo, he quando lançando algumas gotas do liquido em hum vidro ou prato, começáo a mostrar-se ou apparecem huns fios cristalinos ; alem disto he de notar que os saes que precizáo maior quan- tidade de agoa para se dissolverem, sáo aquelles que pri- meiro se cristalizáo; que todos os saes neutros se redu- zem a cristaes ; e dos alcalis só a barrilha : que nos saes metálicos para mais facilmente se conseguir a cris- talização preciza uzar-se da precipitação ; em fim que o banho d'área, ou Maria sáo os meios mais próprios para a evaporação precedente á Cristalização. DEPURAÇÃO. He a Depuração huma operação pela qual se ex- trahem as partes heterogêneas do corpo que se perten-** de depurar. Adoptao-se vários processos para este fim, taes sao: Filtracão. A filtraçáo ou coadura geralmente he feita pela "manga de Hypocrates ; faz-se também por papel pardo quando se quer que seja mais pura ; e por sacco de couro , o qual se expreme , processo que he particular ao mercúrio ; faz-se em fim a filtraçáo por funil de vidro cheio no fim de área para os ácidos mi- neraes, e de algodáo para muitos licores, methodo que he o melhor, mais breve, e asseado. Decantação. A decantação he huma espécie de de- puração , pela qual com a simples inclinação do vazo se separa o liquido transparente do turvo, ou que tem se- <ümenio. _ T I4**5 Depuração. Quando no acto da ebulição aparecem impuridades extranhas , e estas se separáo por meio da escumadeira, ou colher crivada ; entáo temos o que se chama depuração. Clartficação. Quando o liquido já coado se per- tende elevar a hum maior gráo de pureza , e até mais cristalino e transparente, faz-se certa operação pela quaí se consegue este fim , e he esta, aquella que se chama clarificaçáo. Consegue-se , e obtem-se este proccesso da fôrma seguinte r=3 addicionão-se ao liquido que deve clanficar- se certos corpos mucilaginozos, e gelatinozos, entre os quaes os de mais freqüente uzo sáo a clara de ovo , e cola de peixe; dissolvem-se estes em agoa fria , vasco- lejáo-se muito bem , particularmente a clara até fazer espuma , misturáo-se com o liquido a clarificar-se ; fer- vem com este novamente , e depois filtráo-se ; tal he o processo; sendo necessário graduar a doze que ordinaria- mente se regula para cada libra de cozimento huma clara de ovo. Lavação. Operação pela qual se purificáo os cor- pos por meio da lavagem em agoa. DESTILLACÃO. A Destillaçáo he huma operação pela qual se ex- trahem as partes aquozas, espirituozas , e oleozas redu- zidas a vapores pela acçáo do fogo, condensadas em o capitei do alambíque , do qual vão entáo gotejando para hum próprio recipiente. A destillaçáo he destinada a extrahir dos corpos sólidos os líquidos que contém, e nos líquidos a se- parar aquelles que tem diversa gravidade especifica. Todas as vezes pois que se separáo os principios mais voláteis temos a == abstracção=3 quando se extra- he a água -da matéria já destillada , e esta se submette a nova destillaçáo , temos a s; deflegmaçáo ; **=! e con* 147 tinuada esta operação obtem-se em fim a =á rectifi- cação =3. Ha além disto destillaçáo por subida ou recta , que he a que se pratica no alambque; oblíqua à que se faz por meio das retortas , e por descida quando o fogo se applica na parte superior , o que náo tem uzo; entretanto também se ve , que as duas primeiras são. muito semelhantes entre si. DISSOLUÇÃO. He a dissolução huma operação pela qual da combinação de dois corpos , resulta hum corpo homo- gêneo aparentemente: para se fazer esta operação , he necessário o dissolvente ou menstruos , e o corpo que deve dissolver-se, o qual varia segundo a qualidade da operação ; e como nem todos os menstruos apropria- dos a este fim tem a mesma acçáo sobre os corpos a dissolver-se , motivo porque nestas vezes ha opera- ções subsidiárias a esta , taes sãq, Digestão. He esta a demora que tem differentes substancias sólidas, e fluidas submettidas*ar-*alra**frii3lL- do, para se obter a sua combinação. Maceração. Operação semelhante á digestão, e só com a simples differença, que esta he feita a bran- co calor, entretanto que aquella se pratica fóra do fogo. Circulação. Ha além disto a circulação , operação pela qual os vapores a exhalarem, achando determina- do embaraço tornáo outra vez a precipitar-se, e ele- var-se , e neste circulo continuáo o tempo próprio á operação. Os menstruos próprios para as dissoluções, são água , espíritos alcoólicos, óleos , ácidos, e licores al- calinos. A água he por assim dizer hum menstruo unif versai , próprio dos saes, gomas, geléas, e até de certas goraas-rezinas , e partes mineraes; impregna-se 148 e» também do aroma dos vegetaes ; tudo isto porém he relativo ao maior gráo de pureza delia , e calor. *** Os espíritos alcoólicos, sáo os menstruos próprios dos óleos "essencíaes , das rezinas , -gcmas-rezinas , balsamos , camphora : misturáo-se também com os ácidos mineraes, e os dulcificáo. Os óleos ou pingues, ou essencíaes, são os mens- truos ou dissolventes das rezinas , balsamos , ciSFa , camphora, gordura animal, enxofre, e algumas subs- tancias metálicas particularmente do chumbo. Os ácidos ou sáo vegetaes , ou mineraes ; huns e outros dissolvem saes alcalinos, terras alcalinas", e substancias metálicas , e destas dissoluções elevadas á cristallizaçáo resultáo muitos saé*$ médios : os ácidos vegetaes que tem acçáo sobre as substancias mineraes, dissolvem o Zinco, ferro, cobre, estanho , e chumbo, e o regulo de antimonio. v • * Entre os ácidos mineraes contáo-se o Marinho ou Muriatico, o Nitrozo, o Suifurico, ou Vitriolico. O Ácido Marinljp, dissolve o Zimfo, ferro , , e Cobre. O Nitrozo dissolva todos os metaes, menos o oi- ro , e regulo de antimonio , excepto sendo misturado com o muriatico. O ácido Suifurico, ou puto ou concentrado, com muita difficuldade dissolve* os metaes , porém diluido em água então he fácil a dissolução mormente para com b Zinco, e ferro. Estes ácidos dissolvem muitos outros corpos, mas esta enumeração he designada unicamente para a esco- lha dos proccessos farmacêuticos, nos quaes he perci- zo haver cautella da parte do Operador nas dissoluções metálicas, e dos ácidos mineraes ; por quanto em con« seqüência dos vapores, ou gazes que se eleváo , não só pôde perigar a respiração, e vida , mas he além disto necessário acautelar a approxímaçáo da luz ao pé dos gazes que se desenvolvem- *-**■ 149 Os licores alcalinos em fim dissolvem os óleos ; rezitias , e enxofre , e esta dissolução he muito mais enérgica se se lhes addicciona a cal viva ; * e he destas combinações , -que se fórmáo as diversas %species de sabões , e balsamos. „ EXPRESSÃO. ""-M expressão he huma operação pela qual se faz sahir pela compressão os suecos das hervas, e dos fructos, e os óleos das sementes vegetaes. Todas as substancias que tem huma textura mais forte , precisão antecedentemente serem picadas , e maxucadas, para que ao depois se submettáo á força da imprensa-, a qual he ou de ferro, ou de madeira, conforme a qualidade do corpo , que se ha de sujei- tar á pressão , em todo o caso deve haver precedido a limpeza dos mesmos corpos ; e como a expressão he relativa- ás diversas qualidades fluidas que dos ve- getaes se pértende extrahir, por isso deve haver atten- çáo á colheita destes em consideração já aos suecos aquozos , mucílaginosos, çumos dos fructos , óleos essencíaes. Feita a expressão, então para se conservarem as partes extrahidas com toda-a pureza, deve proceder-se á Depuração, da qual já se tratou. . EXTRACCAO Chama-se extracçáo a operação pela qual se ex- trahem de certos corpos, e por apropriados menstruos as partes que lhes sáo solúveis. Ha- duas espécies de ex*tractos , fluidos , e sólidos ; na primeira classe entráo as infusões , cozimentos, tin- turas , eüxires , e essências. Nos extractos sólidos, estes sáo relativos segundo os menstruos, com os quaes se fazem os preccessos. Para se formarem os extractos líquidos náo he pre- rjo ciso mais que introduzir nos diversos licores as partes cujas virtudes ou qualidades se devem extrahir, submet- telas á infuzão, á maceraçáo conforme a sua qualida- de ; e entáo depuralas Para os extractos sólidos relativos aos diversos menstruos , precede a infuzáo , maceraçáo , digestão , e mesmo a cocção , e por fim evaporação para os redu- zir ao gráo de solidez que devem conservar: muitos corpos ou substancias exigem particulares cautelas, as quaes se descrevem nos processos particulares de cada operação. Como porém os menstruos podem ser diferentes, razão porque os extractos podem classificar-se nas se- guintes classes. i.° Mucilaginozos, e gomozos, quando a agoa he o dissolvente , ou menstruo. 2.0 Espirituozos, ou rezinozos, aquelles cujo menstruo he o espirito de vinho. ■5.° Aqueo-espirituozo, ou gomo-rezinozo, cujo menstruo he a agoa-ardente. EFAPORAC,ÃO, A evaporação he huma operação pela qual og corpos dissolvidos em respectivos, e competentes mens* truos, recuperão a forma solida, fazendo-lhe separar as partes fluidas. A evaporação deve ser feita geralmente em vazos chatos, largos, com calor regular, e graduado: segun- do o gráo de evaporação assim se obtém extractos só- lidos , polpas , çumos espessos, e condensados, e ar*? robes. O calor no fim da operação deve ser lento para que as substancias não adquirão empiteuma, ou cheiro ingrato, ou se queimem. 15* FUZÃO, E FITR1FICAC,A0. He a fuzáo huma operação pela qual os corpos sólidos, e mesmo os metaes pela acçáo intensa do fo- go se reduzem a hum estado de fiuidez. Segundo a natureza dos corpos , assim a fuzáo he mais ou menos pronta, e por conseguinte necessária maior ou menor acçáo do fogo. Para que a fuzáo se facilite , he precizo muitas vezes addicionar-se ás substancias a infundirem-se certos corpos, os quaes se chamáo fundentes. Quando porém repetida, ou continuada esta ope- ração , o liquido fundido , adquire ao depois pela addi- ção de certos corpos, e da acçáo do fogo consistência tal qual a do vidro , he isto o que se chama vitrificação. Esta operação ainda que muito extensa nos uzos chimicos , com tudo na pharmacia apenas se limita ao vidro de antimonio. PRECIPITAÇÃO. Todas as, vezes que se acháo certas substancias dis- solvidas , e que a estas se addiciona hum terceiro cor- po para as separar, chama-se a isto precipitação; o pó que se depõe no fundo do vazo, he o precipita- do, e aquelle agente, que concorre para este rezultado he o precipitante. Esta operação faz-se pelas leis das affmidades chi- micas dos corpos; e he sempre precizo que o precipi- tante ou tenha maior affinidade com o precipitado, para se unir com este , e precipitar-se, ou que obrigue ao dissolvente a abandonar o corpo que se precipita , e com o qual fazia hum corpo apparentemente homo- gêneo. f Alem disto nunca o precipitante deve ser lançado de huma só vez, mas a gottas até que se acabe a preci- pitação. Ut He precizo, em muitas occasiões, lavar-se o pre* cipitado repetidas vezes, até que fique sem sabor, o que se chama adoçar ou edulcorar. PULVERIZAÇÃO. A pulverização he huma operação pela qual se reduzem corpos sólidos, e adherentes huns aos outros, em pó, ou a menores partículas. Esta operação varia segundo os diversos corpos, por quanto para huns basta simplesmente a contuzáo, para outros a porphyrizaçáo, a outros he necessária a limadura, outros submettem-se á acçáo do fogo, e de- •pois faz-se a lavagem em agoa. He precizo além disto limpar, e extrahir as par- tes que se devem submetter á pulverização, a fim que se obtenhão puras. Os vazos também sáo relativos ás operações; e por esta razão ou sáo de bronze, vidro, pedra, e marfim, conforme a acçáo que podem ter os corpos so- bre estes instrumentos. Quando porém se exige huma pulverização impal- pavel, e sutil, he neste cazo que a pedra de levigar com a sua moleta tem lugar. SUBLIMAC,ÃO. A sublimaçáo he huma operação pela qual por appropriado processo se obtém os saes voláteis, e neu- tros , como o ammoniaco, alambre, beijoim, prepara- dos mercuriaes, e se reduzem ao seu estado de pureza. A sublimaçáo he análoga á destílaçáo, com diffe- rença porém que ella se pratica só nos corpos seccos i porém muitas vezes acontece que na destillaçáo se en- contráo ambos os processos. Nesta operação náo se exige huma maquina com- plicada como na destillaçáo, por quanto hum simplei 155 fHíttraz, e mesmo cadinhos oppostos huns aos outros, e bem lutados sáo sufficientes instrumentos para este fim ; além disto o gráo de calor he relativo aos cor? pos que se devem sublimar. São estas em geral as operações mais freqüentes, pelas quaes se praticáo todas as manipulações, ou pro- cessos Pharmaceuticos, os quaes além dos medicamen- tos que se fazem segundo as formulas ordinárias, ou- tros se acháo já preparados nos Dispensatorios chama- dos remédios extemporâneos, os quaes se podem comr prehender na matéria e objecto do seguinte artigo. ARTIGO III. Preparados extemporâneos, e modo de os jazer. Cataplasma. f\ Cataplasma he hum medica- mento molle de consistência de papas, nome que tam> bem se lhe dá. As polpas das plantas, raizes , fructos, extractos, pós, farinhas, óleos, e as mesmas ervas entráo, e sáo necessárias para a compozição das cataplasmas, que são cruas ou cozidas; cruas quando a simples trituraçáo ser- ve para lhe dar a consistência, como acontece nas her- vas recentes; além disto as cataplasmas feitas de pós misturados em líquidos, e que náo experimentem a ac- çáo do fogo, também se chamáo cruas; cozidas po- rém sáo aquelias para cuja formação concorre a acçáo do fogo. Os vehiculos próprios para as cataplasmas são -=3 água , leite, vinho, c águas destiladas. A regra geral para a formação das cataplasmas he a seguinte ts para huma libra de cataplasma são necesr sarios os seguintes ingredientes nestas dozes. '54 Hervas — seis onças, e meia. Pós, e farinhas — ires onças. Substancias untuozas — duas onças. Água ou vehiculo appropriado para levar as subs- tancias á cocção, ou mistáo, segundo o modo indica- do, e entáo se lhe dá a devida consistência: isto he em huma cataplasma que deve foimar-se destes ingre- dientes ; porque a ser só de huma substancia entáo se gradua pela quantidade que o liquido pôde receber. CQNSERFA, A conserva he hum medicamento próprio a corser- var as propriedades dos vegetaes feito unicamente pela mistura destes com assucar, dando-se huma consistên- cia ou igual, ou pouco superior ao Electuario. As folhas, fructos, e flores são as partes que ser- vem em geral para a formação das conservas, e como esta náo são mais que o rezultado da mistura do assu- car com as partes vegetaes, por isso a regra geral he a seguinte; Pezadas as substancias para a formação das conser- vas, deve pezar-se o dobro do seu pezo de assucar re- finado : isto em geral, mas quando as substancias tem muita humidade, pôde elevar-se a quantidade do assucar até três partes. Limpas bem as substancias, e escolhidas só as que devem entrar para similhante compozição, misturáo-se, e trituráo-se lentamente em gral de pedra, com mão de páo, e pouco a pouco se vai addiccionando tanto o assucar, como ellas, até que fiquem intimamente unidas. A consistência deve ser tal, que nem fiquem mui- to humidas para náo se desenvolver a fermentação , nem muito duras para náo se seccar totalmente: devem em fim guardar-se em vazos de bocca larga, e bem tapa? dos em lugar fresco. 155 ELECTUARIO. Da-se este nome a huma preparação composta de pós muito- finos, misturados intimamente em Xarope, Mel, Conservas, e mucilagens. He precizo que os Electuarios tenháo huma con- sistência tal , que os pós senáo separem do vehiculo que os une , a pezar do tempo em que se achem guar- dados , e que igualmente náo formem huma massa mui- to solida , para que se possão engolir com facilidade ; esta consistência própria aos Electuarios he molle e se- melhante á da Terebentina. A matéria própria aos Electuarios sáo os pós, pol- pas, extractos, çumos inspissados, óleos, arrobes, xa- ropes , conservas , espíritos , c tinturas ; porém o liqui- do mais ordinário he a calda do assucar, ou xarope , e o mel despumado ; devem goardàr-se os Electuarios bem como as conservas , livres do contacto do at , e em vazos de boca larga. EMPLASTRO. Chama-se Emplastro hum medicamento externo de consistência assás solida, glutinoza , composto de cera, rezina, pês, goma , gordura , e cães metálicas. Ha três espécies de emplastro ; duro o qual tem este mesmo nome : Ceroto o qual tem huma consisten* cia mais molle e próxima ao unguento : Dropax aquel- le cuja baze he o pês, o qual também he mais tenaz. ■ Além disto os Emplastros devem ter diversas con- sistencias segundo as partes , ás quaes devem ser appli* cados , e por isso os que se pozerem sobre o estorna** go devem ser mais molles , que os que se applicarem sobre os membros, e outras partes. As eaes de chumbo , fervidas cornos óleos unem- se com estes, e formáo hum Emplastro de certa consisí tencia , o qual serve de baze á maior parte dos outros ' * v ** 156* Emplastros ; porém havendo de ferver-se a cal de chum- bo com os óleos , he precizo de tempo a tempo ajun- tar-se huma quantidade de água quente para embaraçar que o Emplastro senão faça negro, e se queime , ha- vendo sempre muita precaução no modo de lançar a água. Como os Emplastros podem ter diversas consisten- cias, por isso as propoiçóes sáo as seguintes. Ao Emplastro duro he dado huma onça de óleo , duas de cera , huma de pós. Ao molle proporciona-se huma onça de óleo , hu- ma de cera, e meia de pós. Ao mediano gradua-se huma onça de óleo , huma e meia de cera , e seis oitavas de pós. Os processos e circunstancias próprias á formação dos Emplastros Sáo relativos á natureza dos ingredien- tes , os quaes obrigáo a lançar mão primeiramente.de humas substancias que de outras , e igualmente das pre- cauções necessárias á operação. Concluído o processo ou dos Cerotos, ou dos Em- plastros ; aquelles costumáo guardar-se em vazos de bo- ca larga ; estes porém em rolos cilíndricos envolvidos cm papel. u EMULC,AO. A Emulção he hum remédio liquido, o qual imita em geral ao leite pela sua côr ; he formada pela uniáo d'água com huma substancia vegetal contida nas sementes delles , á qual se addiciona o assucar. As Emulçóes náo só sáo remédios applicados por si, mas também servem como de recipientes a muitas substancias , que sem ellas náo poderiáo ser applicadas debaixo de fôrma liquida : he assim que a camphora pela Emulçáo se une á água , assim como os balsa- mos, rezinas, óleos puros se unem á mesma água por meio das mucilagens * porém as Emulçóes propriamen- te feitas com as sementes vegetaes he o que cm rigoç «57 se chama Emulçáo legitima , e quanto ás outras da-se- lhes o nome de Emulçóes espúrias. Todas as substancias devem entrar livres dos cor- pos estranhos , no maior gráo de pureza , e por isso as sementes náo só devem estar muito bem limpas, mas até devem ser brancas , e sem ranço algum. O liquido próprio ás Emulçóes he a água; porém muitas vezes he precizo que seja feita em outro liqui- do , neste cazo a formula serve de guia , ou para se adoptar o cozimento, ou infuzão, ou águas destiladas. Há trcs gráos de Emulçáo , liquidissima , media , e espessa : o que faz variar a doze das sementes : e por isto para a média que he aquella que se recommen- da gradua-se para huma libra de menstruo , onça e meia de sementes emulsivas , e esta he aquella de que mais se uza: para a liquidissima requer-se doze até vinte partes de menstruo para huma de sementes ; e para a espessa huma parte de sementes, e ties até seis de liquido. Trituráo-se as sementes, ajunta-se o liquido pouco a pouco até que se faça huma pasta , esta concluída ou feita, ajunta-se-lhe todo o liquido, o qual depois se deve coar, e adoçar se a fórmula o pedir, e isto ou com assucar, ou com a quantidade do Xarope que se receitar. Sendo porém percizo fazer as emulçóes espúrias , as substancias que houverem de addiccionar-se , devem triturar-se com as mucilagens, gema d*ovo, sabáo de Veneza , e depois misturarem-se. ESPÉCIES. A reunião de muitas substancias cortadas miuda- mente para servirem , ou para infuzóes , ou para coc- çóes , he o que se chama espécies. Ainda que os corpos dos três reinos da natureza , possão servir para a formação das espécies, com tudo, geralmente ellas são feitas do reino vegetal. 158 As dozes sáo determinadas pela fórmula que cada Pratico prescreve, porém deve haver as seguintes cau- tellas =: que as partes estejáo puras , isto he, limpas de pó , e outros corpos estranhoò =; que devem ser divididas miudamente , e as raizes mais grossas raspa- das , e maxucadas , =: que devem ser intimamente mis* turadas, e que só as flores se devem misturar inteiras: assim preparadas, podem guardar-se as espécies. LINÍMENTO. O Linimento he hum remédio externo , o qual serve ou para untar, ou fomentar qualquer parte dó corpo. O Linimento, he ou simples, ou composto: sim- ples quando os óleos , gorduras , e balsamos servem unicamente, ou se applicáo separadamente ; e compos- to quando muitas substancias , ou algumas se combi- não para a sua formação: a consistência do linimento he média entre o óleo , e unguento. Servem para a formação do linimento , os óleos expessos , as partes gorJurosis dos animaes, rezinas , e gomas rezinas; assim como de mistura os balsamos líquidos, tinturas, óleos, sabões , mel, mucilagens. Todas as substancias que entrarem na composição dos Iinimentos, devem misturar-se de tal fôrma , que o resultado seja hum corpo unctuozo , escorregadio 9 e que tenha consistência entre unguento, e óleo; a proporção ordinária do linimento , he de hum para quatro , isto he huma onça de cera , para quatro de óleo. Para os Iinimentos simplices, basta a mixtáo feita a hum brando gráo de calor; mas se for necessária a addicçáo de outras substancias, he percizo attender à ellas, tanto para a qualidade do proecesso , como pa- ta a preparação , ou anterior á acçáo do fogo , ou posterior a ella, como acontece, quando no linimento w he necessário addiccionar a gema d'ovo, a qual se de- ve ajuntar no fim, e fora do fogo. LOOCH. Hum remédio de consistência entre Xarope e Ele- ctuario, he o que se chama Looch, ou lambedor. Fórma-se pela mistura dos óleos , e mucilagens com os Xaropes. Para a formação deste remédio , deve attender-se ao seguinte =: que na formação dos Loochs todas as vezes que os óleos forem receitados, estes deverão tri- turar-se com gema d'ovo , se houverem de addiccio- nar-se a menstruo aquozo , e que esta trituraçáo seja feita em gral de pedra. Sendo o Looch formado só de óleo, e Xarope,, o óleo primeiro se triturará com assucar, para depois de estar reduzido a pasta , se ajuntar o Xarope , ou entáo o sabáo de Veneza. A consistência em fim dos Loochs , he aquella que fica dita ; porém se preparado este por fóimuia determinada, ou ficar muito liquido, ou muito espes- so , diminue-se a tenacidade pela addicçáo de qualquer goma em pó , e a espessura ajuntando-se-lhe ou água, ou mais Xarope. MISTURAS E JULEPOS. A mistura he huma qualidade de remédio feita pe- la composição de saes, extractos, e toda a outra su- bstancia solúvel em água ; assim como de terras, pós, e outras mais substancias. A mistura divide-se em diafana ou Julepo, e mis- tura simplesmente: esta he aquella que se descreveo , o Julepo porém ainda que em rigor seja a mesma mis- tura , com tudo diversifica pela côr transparente, pela qualidade do liquido, pelo agradável sabor, e cheiro. . 16*0 A virtude desta classe de remédio, he muito he- róica , por quanto em pequenas dozes, produzem granv des effeitos. PILLULAS. Dá-se este nome, a huma qualidade de remédios de huma consistência de pasra , hum pouco firme, e da fôrma de pequenas ervilhas. Os pós de differentes substancias , as rezinas, e gomas rezinas encorporados com o Xarope , e mel sáo os ingredientes necessários para a formação dellas, misturáo-se intimamente estas substancias , até que se faça huma massa igual, uniforme, liza, e capaz de estender-se sem se partir: as substancias taes como as rezinas, e gomas rezinas, devem antecedentemente ser reduzidas a pó pelos seus appropriados menstruos: fei- ta a massa pulular, guarda-se em vasos appropriados ; formando se depois as pululas; se a massa tiver endu- recido , entáo costuma ajuntar-se a ella nova porção de Xarope , até que adquira a elasticidade, e consis- tência que lhe he própria , e que se descreveo. Os remédios que obrao em pequenas dozes , os que sáo de hum gosto amargo, e desagradável , difi- cultozos de engolir, sáo commodamente administrados nesta fôrma. Ha huma maquina própria para se formarem as pu- lulas, mas na falta desta o Pharmaceutico fazendo ro- los delgados, e girando entre os três dedos da mão pe- quenas porções desta massa, brevemente se formáo as pululas: entretanto he precizo pulverizar os dedos , ou envolvellos em alguma substancia gomoza, para que a massa se não apegue aos dedos: a grandeza ordiná- ria das pillulas he de cinco gráos , isto he náo sendo determinada pela fórmula a quantidade do seu pezo : feitas em fim, e preparadas as pillulas, devem estas misturar-se com alguns pós finos ou gomas para se separarem humas das outras. \€t SABÕES. Chamáo-se Sabões, todas as substancias compostas de matérias salinas , e oleozas , solúveis na água ou espirito de vinho por meio das mesmas partes salinas. Os sabões dividem-se em duros, e molles: além disto para dezignar a sua natureza subdividem-se em alcalinos, ou ácidos , fixos , ou voláteis, ou semivo- lateis. Chamão-se ácidos ou alcalinos os que são feitos com similhantes saes ; fixos os que tem tal natureza ; voláteis quando a natureza de seus principios he volátil; e semi voláteis quando hum dos seus ingredientes he fi- xo , outro volátil. Os Pharmaceuticos servem-se dos Sabões já prepa- rados ; por isso as regras para que estes se conheçáo sáo as seguintes =1 Que seja branco, e fácil a cortar- se -zí Que a consistência seja de sebo de bode, e es- corregadio ; de fácil dissolução em água, para que torne esta pouco alvacenta , e que não nade na superfície des- ta dissolução coiza alguma oleoza ; que fique secco ex- posto ao ar; que náo tenha sabor muito salgado , mas pingue , e pouco salgado ; e finalmente sem cheiro, ©u com cheiro pouco ingrato. TROCISCOS. Os Trociscos sáo medicamentos seccos , os quaes não differem dos electuarios, pillulas , e bolos, senão em conseqüência da figura, e consistência ; sáo feitos para disfarçar o sabor ingrato de alguns medicamentos, e para se conservarem na bocca nas enfermidades das partes internas da mesma bocca. Os excipienres próprios dos Trociscos são as mu- cilagens , e suecos que sejáo fáceis a seccar-se, havendo estes de goardarem se ; mas não sendo para este fim pôde servir o Xarope de excipiente; a doze ordinariü 16*2 para a formação dos trociscos vem a ser =3 quatro on- ças de pós para huma libra de assucar em calda, ou Xarope : e sendo feitos em mucilagens , entáo estas náo se podem graduar exactarr.ente, sendo necessária tanta quantidade destas , quanta for preciza para se for- mar massa semelhante á das pillulas; a mistura dos pós deve ser lenta ; a fôrma dos Trociscos he varia , e de- ve nestes ter precedido a mesma cautella que dissemos a respeito das pillulas, para que a massa se náo ape- gue , e igualmente que feitos os trociscos, estes se envolváo em alguns pós, ou mucilagens. UNGUENTO. O Unguento he hum remédio externo de consis- tência media entre Knimento , e emplastro; he compos- to de óleo, gordura, mucilagem, e outras substancias, ás quaes também se ajuntáo drogas mineraes, segundo as indicações que se tem a preencher: o Unguento tem o nome relativo tanto aos ingredientes que lhe servem de base, como aos Autores que os tem inventado. Os Unguentos dividem-se em Unguentos propria- mente , ou misturados, em cozidos , em Unguentos nu- tridos, em balçamo artificial espesso., e ultimamente em pomadas. Chama-se Unguento ou misturado aquelle processo que rezulta da combinação de substancias , as quaes pela trituraçáo , mistura , e acçáo do fogo se podem for- mar: e como nesta espécie -entra muitas vezes a tere- bentina , he precizo desfazer primeiramente a tenacidade desta por appropriado mensrruo , e particularmente se algum dos ingredientes for próprio para este fim : po- rém se da addicçáo das substancias próprias a este pro- cesso rezultar hum Unguento mais tenaz , ou muito molle , então desfaz-se a tenacidade ajuntando-se mais azeite, e a rnolleza pelo augmento de maior quantida- de de pós. íct? Unguento cozido hc todo aquelle qu? he feito de vegetaes , mas cozidos nos corpos gordurozos a fogo brando , até que se dissipe o principio aquozo ; conse- guido o que, coáo-se os óleos por sedaceo, e addiccio- náo-se as substancias próprias a dar-lhe o corpo, ou fôrma, as quaes sempre se devem hir mexendo até que o Unguento chegue a esfriar. Unguento nutrido he aquelle que rezulta da com- binação de hum óleo pingue com vinagre , ou algum espirito alcalino, tanto tempo triturado até que fique huma "massa branca semelhante á nata do leite; donde se collige já o modo de o manipular. Balçamo artificial espesso he o rezultado da mistu- ra dos óleos essencíaes , baleamos naturaes , rezinas, e gomas sezinas: estes ou sáo feitos ao fogo, ou fora del- le : no primeiro cazo fervem-se em azeite as matérias que são próprias para estes, como o enxofre, alambre, e sal de chumbo, até que adquirão huma consistência de pêz; porém os frios sáo aquelles nos quaes entráo substancias aromaticas, pois que estas se ajuntáo a hum óleo pingue exprimido, tendo primeiramente sido redu- zidas a hum pó finíssimo, o qual se deve lançar, e misturar gradualmente , para se poder formar huma in- tima combinação: entre os óleos necessários a este pro- cesso he escolhido o óleo de noz muscada. Pomada em fim chama-se qualquer Unguento de cheiro agradável e a outros de uzo cosmético ; e só dif- fere do Unguento misturado em ser aromatica. Como pois na compozição dos Unguentos entráo substancias de três matérias differentes, quaes sáo mol- les, líquidas, e seccas, por isso as proporções para a sua compozição sáo as seguintes. Unguento ordinário deve ser graduado, de modo que para huma onça de azeite se ajuntem três oitavas de cera : porem addiccionando-se pós ou outra qualquer matéria secca , deve diminuir-se a quantidade de cera ate que se obtenha a justa consistência do unguento. X ** 164 Para o Unguento nutrido he necessária huma par- te de óleo, e outra igual de outro ingrediente. XAROPE, MEL, E OXIMEL. Da-se este nome a huma conserva liquida feita com assucar para se goardarem as partes extractivas dos vegetaes. Por muito tempo se considerarão os Xaropes co- mo remédios de grande entidade; mas actualmente seu maior uzo he para servirem de excipientes aos pós, para a factura já dos bollos, das pillulas, e electua- rios , e como o Xarope mais simples pôde fatisfazer a estas indicações, por isso além deste, poucos mais sáo os necessários, e precizos. Os antigos, aos quaes foi desconhecido o assucar, fazião os Xaropes em o mel: mas hoje chamáo-se Xa- ropes os preparados acima descritos , e mel medicinal aos Xarope dos antigos ; e oximel a huma conserva li- quida feita pela addicçáo do mel, e vinagre. O methodo geral pelo qual se fazem os Xaropes he o seguinte =3 faz-se a extração das partes vegetaes pela cocção, ou por outros processos; eleva-se pela eva- poração a huma consistência capaz de receber ou a calda do assucar , ou mel, ou assucar refinado fora do fogo: se ainda existir muita fluidez, continua-se com a evaporação lenta até á devida consistência : he po- rém precizo que o assucar seja bem limpo, e refinado para evitar a fermentação que tão facilmente se desen- volve em taes remédios particularmente nos paizes ^ quentes. He melhor fazer o Xarope sem ser ao fogo, par- ticularmente quando ha partes voláteis; e a regra geral para determinar a quantidade do assucar he a seguinte. Para desasete onças de qualquer infuzão , cozi- mento , ou çumo aquozo, o qual não torne a evaporar- se, exige-se trinta e duas onças de assucar refinado.j e secco-. M 5 Para desaseis onças de çumos azedos, licores sa- linos , ou aromaticos destilados são necessárias vinte e oito onças de assucar preparado. Ajunta-se o assucar pouco a pouco , até se en- corporar, e muitas vezes he percizo elevar esta mistu- ra a banho Maria. Quando porém os Xaropes sáo feitos ao fogo, o medo de conhecer o processo he quando mexendo com espátula o liquido , e extrahindo esta para fora, se observar que o liquido tem adquirido a consistência de lagrimas. Sendo porém o processo do mel medicinal o mes- mo que o dos Xaropes, com tudo a regra ou signal para se conhecer que elle está bem feito he a se- guinte. Lança-se huma porção diminuta do mel medici- nal em hum prato frio, e deixa-se em descanço até esfriar, para depois se partir ao meio : se estas porções ficáo divididas, e não se unem, está o processo feito, e perfeito: ou entáo igualmente se conclue a perfeição do processo se lançando huma porção do mel da al- tura de hum palmo, ou dois sobre hum prato, e elle áicar adherente ao prato sem espirrar, ou espalhar-se, estas provas denotão a sua bondade,, pois se vê que não tem água alguma. Feitos assim o Xarope, mel, e oximel, devem esfriar-se para depois se guardarem em vazos bem ta-, pados. 1-56* SECCA© QUARTA. ARTE DE FORMULAR, E descripção dos Preparados contidos na Segunda Secção, ■irrg^HK»**»*»'*' /\ Arte de formular , he aquella parte da Maté- ria Medica que ensina a combinar, e graduar as dó* zes dos medicamentos. Precede a esta o conhecimento theorico da classi- ficação dos remjdios , para que estes sejáo escolhidos segundo as indicações ás quaes se deve satisfazer ; a descripçáo dos simplices, objecto da Segunda Secção ; e as operações pelas quaes se combinão o que fôrma o objecto da Terceira Secção que se descreveo. Possuídos pois estes conhecimentos, pôde reduzir- se a arte de formular a dors objectos geraes : primeiro a formular os medicamentos internos ; segundo aos rei médios externos. MEDICAMENTOS INTERNOS. Os medicamentos internos , applicão-se em três fôrmas: no estado liquido, solido , e de média consis- tência. Primeiro estado. Para formular os remédios líqui- dos he precizo attender ás qualidades vegetaes , e ani- maes ; e por isso os medicamentos líquidos podem ser reduzidos a cozimentos, infuzóes, ou tinturas aquozas, alcoólicas. Para os cozimentos servem todas as substancias, co- mo raizes, cascas vegetaes, gelcas, muc»lasens > semenr Í67 tes, fructos, em huma palavra todas as partes que «Io tiverem principio aromatico : a doze ordinária he onça de raiz , ou de outra qualquer substancia para libra me- dicinal , e sendo muitas raizes combina-las de modo que o total faça sempre huma onça , até onça e meia. Quando porém for necessário ajuntar a quaesquer cozimentos substancias aromaticas , entáo concluído aquelle ajuntáo-se estas , e deixáo-se em digestáo até que o cozimento esfrie , o qual finalmente se côa ; e geralmente gradua-sa a doze de cada cozimento ordiná- rio para se tomar a quantidade de três até quatro on- ças ; porém isto mesmo tem mais excepçóes que as circunstancias fazem variar , as quaes sáo entáo nota- das pelos Práticos. As infuzóes , ou tinturas aquozas sáo feitas com dois coTpos : água no estado de ebulição, e partes aro- maticas : infundem-se estas naquelle menstruo até esfriar, decanta-se o liquido , ou filtra-se , e he este o meca- nismo , ou processo ordinário : proporciona-se a cada libra de menstruo duas , e três oitavas de substancia aromatica : em muitas circunstancias porém fazem-se as infuzóes a frio , entáo o tempo he mais prolongado , e proporcional á substancia que se submette á infuzão. As infuzóes alcoólicas, ou tinturas espirituozas sáo o rezultado de partes aromaticas, e rezinozas dissolvi- das no espirito de vinho ; e como estas sáo susceptí- veis de maior, ou menor dissolução, e por outro la- do sejáo o puro objecto da promptificaçáo dos remédios extemporâneos , e além disto preparadas também com muitos simplices, por isso nas differentes Pharmacopeas se encontráo descritos os diversos preparados ; sendo precizo saber que em geral para ajuntar a qualquer co- zimento pronto alguma tintura , o uzo mais ordinário he regular meia onça até huma onça de tintura a cada libra de liquido , advertindo-se que esta graduação he própria ás tinturas mais ordinárias , e communs , pois que muitas tinturas alcoólicas ha, que não podem com- 16*8 ptehender-se nesta regra geral, e as quaes entáo se admí-' nistráo em differentes quantidades, marcadas sempre tan- to pela tabeliã adiante descrita , como pelo rezultado da Pratica Medica , ou observação, que he o ponto essen- cial , e mais seguro para ensinar a graduar a doze dos medicamentos , visto que se attende entáo a muitas circunstancias, que he impossível marcar em menores de- talhes ou circunstancias. O óleos essencíaes, Balsamos líquidos, ácidos mi- neraes, sáo igualmente medicamentos líquidos, os quaes se administráo inteiramente ; mas como sáo agentes muito activos, jamais se applicáo inteiramente sem se- rem ou combinados, ou diluídos com outias substan- cias : na prescripçáo das suas qualidades , he percizo sempre estar certo na tabeliã da doze dos medicamen- tos , em quanto (como se disse) pela pratica effectiva náo se possuem estes dados, MEDICAMENTOS SÓLIDOS. Pós , Pillulas, Pastilhas, e Trociscos, sáo as fôr- mas sólidas , com que se applicáo muitos medicamen- tos para o uzo interno. A Pulverização ensinou o modo como se preparão as differentes substancias para as reduzir a hum pó fi- níssimo ; este pois ou assim preparado , ou combina- do com outros vehiculos fôrma, ou os Pós, ou Pasti- lhas , ou Pillulas , ou Trociscos. &c. Os pós simplices applicáo-se inteiramente desfeitos em qualquer liquido, e na doze apropriada á qualidade delles. Os pós compostos , he o aggregado , e intima mistão dos pós simplices , os quaes se applicáo da mesma maneira , mas graduados pela sua qualidade , para o que serve o conhecimento das dozes dos me- dicamentos. Quando porém os pós ou simplices, ou compôs- W!» tos são recebidos ertt qualquer excipíente (para o que commummente servem os Xaropes) entáo da se-lhes ou a forma , ou figura de pillulas, trociscos, ou pastilhas. As pillulas já mais devem exceder de cinco gráos cada huma ; para este fim he necessário formular as differentes substancias , attendendo a que cada hurna pillula tenha pelo mais o pezo de cinco gráos , em totalidade de quaesquer drogas ou substancias que a compozerem. As Pastilhas , e Trociscos sáo formados com os mesmos excipientes que as pillulas ; da-se-lhe diversas figuras, ou redondas , e entáo se chamáo bolos , ou triangulares ou quadradas, ou outra qualquer fôrma que he arbitraria : a doze delles he relativa ás substancias que os compõe. Igualmente muitas substancias sáo preparadas para dellas se fazerem os seos extractos , os quaes se ap- plicáo ou izolados, ou combinados com outras drogas, comumente arranjáo-se elles debaixo da fôrma pillular, e a sua doze he sempre em attenção á sua actividade* ou qualidade. REMÉDIOS EXTERNOS. Fricções seccas, e humidas, lavatorios, e difTeren- tes apozitos sáo os remédios que na pratica se applicáo segundo as indicações que se encontráo : os Autores da Clinica Medica descrevem as circunstancias da sua ' applicaçáo, e o uzo pratico mostra o modo, e escolha destes remédios. Y <*7° ^■r^^'**N/''/''''/''A/'"**''>*'",'"'i>r ^•*-^*^~ -**"-**$• MEDICAMENTOS • PREPARADOS E COMPOSTOS \ CONTIDOS NESTE TRATADO , SEUS UZOS E DOZES. A. Ácido nitrozo alcoolizado ou Espirito de nitro doce. J\. Cido nitrozo huma libra ; álcool trez libras; lan- çe-se o álcool em vazo de vidro que esteja mergulha- do em agoa fria ; ajunte-se o ácido pouco e pouco, e mecha-se o liquido para bem se combinar: tape-sé de- pois a garrafa,, e conserve-se em quietaçáo por oito dias em lugar frio : destille-se em fim o liquido em banho de área , e em retorta de vidro, com excipíen- te de vidro refrigerado em água fria. * O espirito de nitro doce assim preparado dá-se na (quantidade de vinte gotas até meia oitava , e huma íjumando-o a qualquer infuzão : acalma a sede nas fe- bres de irritação augmentada ; excita as,secreçóes natu- raes; e nos cazos de affecções nervozas , e histéricas igualmente he applicado com vantagem. Ácido Oxalico. Tome-se assucar branco muito puro meia libra, ácido nitrico quatro libras. *7* r Lance-se o acidó pouco a pouco' em vazo de vi- dro apropriado, o qual já contenha o assucar; ponha-se depois este vazo em banho de área quando os vapores e g.«zes já tiverem desaparecido , e entáo reduza-se o composto a consistência de Xarope ; conseguida esta ponha-se o vazo em quietaçáo até que se obtenhão cris- taes pela decantação deste liquido ; dissolváo-se estes em agoa, evaporemse, cristalizem-se , e goardem-se ; repita-se igualmente o mesmo processo com o liquido da primeira decanraçáo, até que não apareçáo mais cris- taes. O uzo mais freqüente he para ensaios chimicos. Ácido vitriolico alcoolizado : ou espirito de vitriolo doce , ou licor anodino mineral. Óleo de vitriolo branco 1 á huma nbra# Álcool J Lance-se o ácido pouco a pouco sobre o álcool que esteja dentro de huma retorta; ponha-se esta a fo- go de banho de área , com o seu recipiente tubulado , comece-se a destillaçáo em fogo brando, e continua- se até que apareçáo vapores sulfureos. ' O licor anodino. excita a transpiraçáo, acalma as desordens nervozas, e affecçóes histéricas , e desempa- ta ou faz expelir prontamente gazes acumulados no estômago. Dissolve-se em qualquer vehiculo, e ajunta-se a es- te para cada doze vinte gotas , que progressivamente se augmentao. Ácido vitriolico aromatico, ou Elexir ácido de vit iolo. Álcool duas libras , óleo de vitriolo seis onças ; lance-se o ácido pouco a pouco sobre o álcool, e por fim fique em digestão sobre brando calor, em vazo ta- pado por três dias, no fim destes ajunte-se Canella fina onça e meia, raiz de Gingibre huma * y ** 17* onça ; torne a degirir-se mais por seis dias, e então filtre-se por papel pardo. Tem as mesmas applicações que o antecedente re- médio ; mas sua graduação he muito menor, devendo começar-se por oito ou dés gotas. Água Aluminoza, ou Água de Pedra hume composta, Água estitica. Tome-se Pedra hume , Vitriolo branco aá meia onça, Água destillada fervendo duas libras e meia; dis- solváo-se as substancias em vazo de vidro, e filtrem-se por papel pardo , ou por algodão. O uzo desta Água he para limpar , e seccar as ulçeras , e feridas atônicas , assim como para dissipar as erupções cutâneas : além disto setve-se igoalmente des- te remédio diluído em água tanto para colírios , como em injeeçóes nos cazos de aumento de secreçáo muco- za da uretra , e vagina. Água ardente alcanforada -=s vede Espirito de vi- nho alcanforado. Água de cal. Cal viva huma libra ; água da fonte oito libras ; lance-se a água sobre a cal pouco a pouco , terminan- do a ebulição , e precipitando-se a cal no fundo do vazo, filtre-se o liquido, que se guardará livre do con- tacto do ar. Muitos Práticos applicáo esta água como rezol- vente em cazos de obstrucçoes, 'e alguns a applicáo igualmente nos cazos de comsumpçáo pulmonar, e es- crofulas ; dá se entáo combinada com leite começando por duas onças, e repetindo-se no dia três , e quatro vezes: também he reputada como litontriptica. *75 rAgna de Cal composta. Raspas de sassafraz duas onças , pó de noz mus- cada três oitavas , alcassús contuzo , e raspado huma onça, água de Cal quatro libras. Macerem-se por vinte e quatro horas em vazo ta- pado , filtre-se depois. Esta preparação goza das virtudes dos remédios se- cernentes de pélle , e dá-se nos cazos de obstrucçoes das entranhas do baixo ventre ; começa-se seu uzo pot duas «nças , repetindo-se duas vezes no dia. Água de Cal com Quina. Quina em pó duas onças; cal viva huma onça , Água de cal duas libras e meia. Triture-se a Cal exactamente com a Quina, e de- pois ajunte-se a água pouco a pouco : macere-se por vinte e quatro horas , e em fim filtre-se. Os uzos e dozes são como a da antecedente pre- paração , e a escolha he preferida pelas indicações que o Medico encontrar. Água de Canella Espirituoza =3 vede Espirito de Canella. Água de Canella simples. Canella fina huma libra ; água doze libras. r Macerem-se por vinte e quatro horas, e depois des- tillem-se unicamente oito libras. Esta preparação goza das virtudes dos remédios incitantes ; applica-se em todos os cazos de debilidade nervoza, dá-se ou só em pequenas porções como diffu- ziva, ou ligada a cozimentos para os tornar mais acti- vos , e incitantes ; quando se mistura nos cozimentos gradua-se huma onça, ou seis oitavas a libra de liqui- 2o -. e em cazos de prostração de forças, para obrar, «74 ímmeJiatamente reguláo-se trinta gota» por doze , ha- vendo cuidado em prolongar os intervallos da sua appli- caçáo: e aumenta-la depois progressivamente. Água Fagedenica ou Água de Solimão, Mercúrio muriato hum escropulo , sal ammoniaco meio escropulo, água destillada huma libra, dissolva-se. Esta água he própria para uzos cirúrgicos , como detersiva , particularmente das ulçeras venereas. Água jorte , Ácido nitrozo diluído, ou Espirito de ni- tro tênue. Ácido nitrozo , e água da fonte partes iguaes mis- ture-se S. A. Este preparado applica-se interiormente como es- carotico. Água laxativa =3 vede Infuzão de Senne tartarizado Água de luce =3 vede Espirito de Ammoniaco com alambre. Água de flor de Laranja. ----- Mellissa. ----- Ortelã vulgar. ----- Ortelã pimenta. ----- de Rozas. ---- de Sabugueiro. Tome-se seis libras de petalos das flores, ou seis libras das flores aromaticas ; ajunte-se tanta quantidade d'água commum quanta seja necessária para se obterem oito libras de água destillada , e que igualmente esta nãò adquira empireuma : destilladas goardem-se em vazos bem fexados. Estas águas servem de vehiculos a certas drogas, para se tornarem menos enjoativas, e os remédios mais aromaticos; entretanto ellas gozão das propriedades dos ?7f jír/egetaes de que são extrahidas: e podem dar-se só por si em dozes de três, quatro , e mais onças. Água de Mellissa composta t=3 vede Espirito de Iperva Cidreira composto. Água espirituosa de Ortelã pimenta ; =3 vede Es* firito de Ortelã pimenta. Água Sajfarina, oü Água de Cobre ammoniaco. Tome-se Água de Cal huma libra ; Sal ammonia- co huma oitava; Verdete seis grãos. Misturem-se, e dissolvão-se bem; e passadas vinte e quatro horas coem-se. Serve-se desta água, tanto para limpar as ulçeras sórdidas , e antigas , como para destruir certas man- xas que attacáo a cornea , e conjunctiva. Água vegeto mineral, ou Água Saturnina. Sal de Chumbo meia onça ; Vinagre de Vinho quatro onças ; Água destillada duas libras: misture-se. O uzo e applicaçáo desta água , he todo exte- rior; e administra-se ou só, ou ligada a cataplasmas /como torpcnte. Alcali ammoniaco volátil, ou Sal volátil de Sal am- moniaco. Tome-se Sal ammoniaco em pó huma libra. Gre- da preparada, e em-pó duas libras. Misturadas as substancias sublime-se. ,- O uzo deste preparado, he como incitante exter- jio applicanda-o ao prgáo do olfacto ; debaixo das mesmas indicações se applica interiormente , mas por pequenas dozes como de hum gráo, augmentando-se -progressivamente. \ 17* Aliali volátil fluido, Alcali ammoniaco aquozo, o# Espirito de Sal ammoniaco. Sal ammoniaco purificado ; Alcali vegetal aá hurnà libra; Água da fonte duas libras. Misturem-se os Saes ; mettáo-se em retorras de vidro, ajunte-se depois a água, e entáo se destille tu- do até seccar. Tem as mesmas virtudes que o antecedente prepa- rado , mas dado internamente, gradua-se a quantidade de quatro gottas até vinte , em huma grande quan^ tidade de água, na qual apenas se perceba o cheiro. Antimonio preparado. Tome-se qualquer quantidade de antimonio; pize* se, reduza-se a pó sutil, ao qual se ajunte água pro- porcional a fazer a levigaçáo ; seque-se a massa levi- gada, e guarde-se em lugar secco. O Antimonio assim pronto serve para com elle se formarem diversas preparações j entretanto assim mesmo puro, se administra como secernente da pelle, e neste caso ajunta-se a cozimentos de tal natureza, proporcionando para duas libras de cozimento oitava e meia até duas de antimonio, o qual se deve submettec desde o principio do cozimento á ebulliçáo , para em fim se filtrar; porém commummente o Antimonio se mette em hum panno separado das outras substancias. Antimonio tartarizado. Tome-se vidro de antimonio em pó muito fino quatro onças; Cremor de tartaro huma libra; Água oito libras. Ferva-se tudo em vaso próprio por hum quarto de hora até perfeita dissolução , filtre-se entáo neste estado, evapore-se, para que em rim se reduza á cris** gallJzaçáOj «77 O Antimonio assim preparado , administra-se em muitas dozes differentemente graduadas, e destas com- binadas com as differentes constituições rezulta obrar como invertente, como emetico, como secernente da pelle, e como catartico ; começa-se^ por hum quarto de grão, hum terço, meio gráo, até hum; o que se pôde repetir. Antimonio vitrificado ou Fidro de Antimonio. Antimonio preparado quatro onças, ou mais: lan- ce-se em vaso de barro posto em fogo brando , dei- te-se pouco a pouco, e mexendo-se sempre com es- pátula de ferro até que náo appareçao mais vapores sensíveis ao cheiro, e á vista; entáo desta substancia assim preparada se encha hum cadinho até duas terças partes ; lute-se, exponha-se a fogo o qual sensivelmen- te se vá augraentando até que se funda a matéria con- tida, a qual em fim derretida deve guardar-se. O Vidro de Antimonio serve ordinariamente pare a formação do taitaro emetico. Arrobe de Sabugueiro. Sueco de bagas de Sabugueiro, qualquer quantida- de : evapore-se lentamente, até que fique em consistên- cia de mel. Assim se fazem os mais arrobes, cujas quantida- des se reguláo de huma a duas onças por doze, e sua indicação he a mesma, que a das plantas que os pro- duzem: todavia pela continuação do tempo he percizo addicionar-se aos arrobes alguma quantidade de assucat por cauza da fermentação, e eleva-los a repetida eva- poração. Z 178 B. Balsamo anodino •=*. ved. Linimento de sabão com cpio. Balsamo de Arsco •=! ved. Unguento de gema Elemi. Balsamo Catholico~\ •---- Traumático v ved. Tintura de Beijam com- ■---- P'hl\\erario J posta. Balsamo Saponaceo ~ ved. Linimento de Sabão. C. Cal branca de mercúrio =3 ved. Mercúrio precipi- tado branco. Cal cinzenta de Mercúrio. Azougue , ácido nitrozo diluído aá huma libra dissolva-se o mercúrio; feita a dissolução ajunte-se hu- ma libra de água destillada, ou mais, e depois se lan- çará de alcali ammoniaco aquozo quanto baste náo só para que o liquido fique ensoço, mas continuar-se-ha com o alcali até que comece, e termine a precipitação cal do azougue; decante-se o liquido, lave-se a cal em água pura , seque-se, e guarde-se. Este remédio cuja doze se gradua de hum gtão até seis, dá-se em cazos nos quaes he precizo, desa- fiar as absorções linfaticas. Calamolanos, Mercúrio doce, ou Sublimado doce. Solimão, ou Mercúrio muriato huma libra ; azou- gue depurado nove onças» Em almofariz de vidro se lancem esras substancias, e triturem-se ajuntando por vezes algumas gotas de água, e esta se continue até extinção do mercúrio. Sublime-se, e a matéria sublimada seja triturada, e no- «79 vãmente sublimada: então reduzir-se-há a pó, lave-se em água tepida ate ficar ensoça, seque-se e guarde-se. Esta preparação de mercúrio he das mais freqüen- tes , e uzuaes na pratica, sendo igualmente das mais efficazes, e menos perigozas ; da-se como alterante, ou invettente; como sorbente do systema linfatico; como sialagogo, e diaforetico tudo relativo á graduação del- le, a qual se começa por meio gráo, hum, dois, três, quatro, e mais; quando porém elle se applica como secernente de pelle, he necessário uzar de bebi- das da mesma natureza , como o guaiaco, e attendec a que o doente náo se exponha ás alternativas ou mu- danças da athmosphera. Igualmente se administra como antelmitico, e antivenereo. Cataplasma de Cantaridas; ou vezicatoria, ou massa cáustica. Tome-se Cantaridas em pó , farinha de trigo aá meia onça, vinagre quanto for precizo para se fazer cataplasma. Em todos os cazos em que for necessário excitar a energia do sensorio pôde uzar-se desta composição, a qual he aquella que obra mais prontamente; e neste cazo deve ser collocada o mais perto do sensorio, e en^ tão se applica na nuca: igualmente costuma-se pôr es- ta cataplasma sobre differentes partes da pelle já como incitante pela associação que a pelle tem com o resta do systema, assim como debaixo das vistas de derivar, ou como revertente, o que acontece nas- Hydropezias \ dando ella saida a grande quantidade de soro; e nas mesmas inflamações das entranhas, suscitando entáo hu- ma nova infllamação externa , e diminuir a interna: he esta cataplasma muitas vezes recommendada com pro- veito , o que muito vulgarmente 6e observa nas inflama- ções do boffe. Estende-se meia onça, huma, ou mais conforme Z ** Io**0 a necessidade sobre pano de Unho, poem-se sobre a parte indicada, e segundo a mesma indicação que se deve preencher, assim se conserva ou a estimular, ou a evacuar. Cataplasma emoliente, ou de miolo de pão. Tome-se miolo de páo maxucado em leite, ou em cozimento — meia libra; gemas dovo numero três ; fari- nha de linhaça quantidade suficiente; assafráo em pó — dois escropulos — misture-se tudo, e S. A. forme-se cataplasma. O uzo desta cataplasma he para amolecer rumo- res inflamatorios que tendem á supuração: applica-se sobre a parte enferma, e deve conservar-se sempre hu- mida. Cataplasma de mostarda, ou Sinapismos. Mostarda em pó \. ., ... M. , i r c _ .. ^aa meia libra. 10I0 de pao , ou fermento / Vinagre q. b. para se formar cataplasma. He esta cataplasma hum medicamento de freqüente uzo clinico; da-se como incitante directo, e indirecto; no primeiro cazo obra immedíatamente sobre as partes em que se applica, como se observa nos chamados tu- mores frios, e em cazos de falta de vidas parciaes, «■juando se pôde applicar sobre estas partes; no segundo cazo produz o seu effeito pela simpatia, ou associação que tem as partes sobre que se applicáo com o resto do systema, como se observa nas febres lentas, em do- res venereas , da cabeça, em affecções do estômago , aonde se manifesta a efficacia deste remédio applicado sobre as plantas dos pés, coxas, e pernas: torna-se entáo mais activa esta compozição ajuntando-se-lhe alhos ma- xucados, para que o estimulo cutâneo seja mais intenso. rôi Cataplasma rezolvente, ou de miolo de pão com Cicuta. Tome-se miolo de pão — seis onças; folhas de Cicuta — quatro onças ; água — libra e meia ; ferva-se tudo mexendo-se até adquirir a consistência própria. O nome desta compozição indica o uzo delia, sua applicação he sobre a parte que carece ser tratada: e a continuação, ou suspensão gradua-se , ou regula-se pep> effeito do remédio. Ceroto de Chumbo, Ceroto de Saturno, Pomada de Saturno. Vinagre de chumbo duas onças e meia, cera bran- ca quatro onças ; azeite nove onças. Derretida a cera com o azeite , e principiando a esfriar ajünte-se o vinagre pouco a pouco , mexa-se sempre até que fique frio. Este ceroto applica-se sobre certos tumcres infla- matorios como torpente, e serve mesmo para cobrir certas ulçeras que tendem a inflamar-se. Ceroto de Chumbo alcanforado, ou Ceroto Saturnino alcanforado. Faz-se da mesma fôrma que o antecedente, e quan- do este vai a esfriar, ajunte-se dois escropulos de Al- canfor desfeito em o azeite que for necessário. O uzo deste ceroto he o mesmo que o antecedente, e pouco mais activo: applica-se igualmente sobre as fe- ridas dos beiços feridos. Ceroto de Chumbo com Sabão, ou Ceroto Saturnino com Sabão. Faz-se como o Ceroto Saturnino, addicionando no fim rres onças de Sabáo de pedra, quando se derreter a cera.. i8i Tem quazi a mesma applicação. Cobre Ammoniaco. Tome-se de vitriolo de cobre duas onças ; alcali ammoniaco volátil — trez onças. Triture-se em gral de vidro; observe-se se acaba- da a effèrvescencia ficáo em huma massa uniforme de côr roxa , entáo estando neste estado suspenda-se a tritura- çáo , aliás continue-se ainda: seque-se depois esta massa sobre papel pardo, e depois a calor muito brando; secca guarde-se em vazo fexado com rolha de vidro , e atado. O cobre sendo hum agente que raras vezes se ap- plic"» interiormente , com tudo esta preparação rem sido applicada com vantagem em alguns ataques epileticos , começando a appliear-se em fôrma pulular, e graduan- do a doze de hum quarto de gráo , hum terço , de gráo, até meio gráo por doze. Colírio dos Pobres, Clara d'ovo n.° hum, Alumen cru quanto se pos- sa dissolver: até que fique brandamente ácida a clara. Nas oftalmias crônicas em que tem soffrido o en- volucro das cartilagens tarsos , he com feliz successo applicado este remédio untando brandamente os bordos ou margens das palpebras. Conserva de Coçlearia, Coclearia recente huma parte , assucar fino bem secco três partes. Contunda-se a Coclearia em vazo próprio , e de- pois ajunte-se o assucar pouco a pouco , até que fique bem misturado : feita a mistão guarde-se. Este remédio he applicado na quantidade de meia onça , huma , até duas por doze como §orbente san- güíneo , e he entáo que elle se applica no escorbuto. ía? Conserva de Rozas. Petalos de Rozas vermelhas três onças ; agga dis- tillada de Rozas oito onças; macere-se por seis horas, e entáo ajunte-se pouco a pouco e mexendo-se sempre; assucar fino , e secco libra e meia ; misturado bem, guarde-se. Esta preparação d-á-se na mesma quantidade que a antecedente , particularmente em eazos de hemorragias procedidas por falta de contractibilidade , como sáo as chamadas hemorragias passivas , nas quaes se recom- mendão as substancias adstringentes. Cozimento antijebril ou de Quina composto. Tome-se de Quina amarella, Serpentaria de Virgí- nia aá meia onça , água libra e meia. Faça-se dececto-iníuzum S. A. frio , coe-se, e ajunte-se Água de Canella duas onças. Este remédio que ainda se pôde tornar mais activo ou por addicçáo de certos simpleces , ou de tinturas , com tudo assim mesmo he muito útil em cazos nos quaes he precizo recorrer á applicação dos incitantes ; gradua-se a quantidade de duas onças, e ties por do- ze , e mais efficaz se torna o effeito delle se applica- rem com o seu uzo as lavagens aromaticas á pelle , porém quentes. Cozimento branco , ou cozimento de Ponta de Feado. Raspas de Ponta de Veado , e miolo de Páo aá huma onça ; Água quatro libras, ferva-se até diminuir metade; coe-se , e dissolva-se. Goma arábia y- duas oitavas ; Assucar fino , duas onças. Este remédio applica-se com utilidade em todos 184 os casos em que he percizo diminuir a irritabilidade do canal alimentar , a qual traga com sigo augmento de secreçáo da membrana mucoza; he por isto que elle se dá nas diarrheas desta natureza ; assim como em muitas affecções semelhantes da membrana mucoza do pulmão: começa-se por três onças, as quaes se podem augmentar até seis por cada doze. Cozimento de Cato. Cato em pó grosso — duas oitavas; Água dezasseis Onças; ferva se até doze onças; coado, e frio ajunte- se — Espirito de Canella duas onças. Quando depois da applicação do remédio antece- dente , costuma ficar a mesma excreção sem puxos, ou dores, neste caso he indicada esta preparação, cuja doze se gradua de duas até quatro onças. Cozimento dos lenhos, ou Cozimento de Guaiaco com- posto. Raspas de Guaiaco — três onças ; Água seis li- bras , ferva-se até se reduzir o liquido a quatro libras : infunda-se no fim Raspas de Sassafras—huma onça: Alcassús ras- pado , e contuzo duas onças, digira-se em cinzas quen- tes, em vaso tapado, e assim se conserve por algum tempo; coe-se frio. Este remédio he hum grande incitante, e secernen- te dos vasos da pelle ; he applicado com muito succes- so no fim do período agudo das affecções reumaticas, e gottosas , quando as dores continuão , que o pulso se torna pequeno, e que a pelle tem perdido o incen- diamento que tinha; da-se tepido na quantidade de três onças por cada vez, até seis, o que se pôde repetir no dia duas, e três vezes. iSs Cozimento de Salsa composto. Raiz de Salsa Parrilha maxucada , e cortada miu- damenre seis onças ; Água dez libras; ferva se até ficar» em metade ; no fim da fervura; infunda se Mezeteáo meia onça ; alcassuz contuzo , e raspado três onças ;, digíra se por algum tempo, em vaso tapado , esírie-se depois , e coe-se. Tem as mesmas virtudes que o antecedente remé- dio, mas he menos activo; applica-se igualmente nos cazos de dores venereas , e na mesma quantidade ; to- davia se este remédio produzir vomito, he necessário diminuir a doze. E Electuario aromatico — ou Confeição cor de ai. Pós aromaticos — quatro onças ; Conserva de casca de laranja seis onças; Xarope de casca de laranja quan- to for precizo para formar electuario. Este medicamento pôde applicar-se nas affecções nervozas, que procedáo de debilidade, e neste caso da- se na quantidade de hum escropulo até huma oitava. ; Electuario de Canafistula. Tome-se — Polpa de Canafistula meia libra; Man- ná — duas onças; Polpa de tamarindos onça e meia'; Xarope commum seis onças ; misture-se, o manná com o Xarope pela trituraçáo , e depois rjuntem-se as pol- pas : e quando tudo estiver bem combnado , evapore se a fogo brando até á consistência que lhe he própria. Esta composição he hum doce, e suave laxante ; applica se na quantidade de meia onça , ou seis oitavas duas vezes no dia , e delle podem fazer uzo as pessoas .que. tem o ventre tardo, e duro. ... IÔ6 Electuario de. Cato, ou confeição Japonica. Cato em pó — quatro onças ; goma kino em po —■ trez onças ; pós aromaticos — duas onças ; ópio dissolvido em espirito de vinho — oitava e meia ; Xarope commum quanto baste para fazer electuario. Da-se esta preparação na doze de meia oitava até duas oitavas ; e justamente nas circunstancias que se referirão na expoziçáo do Cozimento de cato. Electuario opiado, ou leriaga. Pós aromaticos — seis onças — Serpentaria Virgínia» na em pó — trez onças ; ópio dissolvido em espirito de vinho — trez oitavas; mel depurado quanto for precizo para fazer electuario. Applica-se este remédio na quantidade de huma oi- tava , até duas, debaixo das vistas dos incitantes; en- tretanto igualmente se faz uzo da teriaga como epis- pastico applicando-se qualquer apozito delia sobre par- tes dolorozas como sucede em vários attaques doloro* zos do baixo ventre : nos quaes igualmente se pôde applicar em clísteres a mesma quantidade dita , desfa- zendo-a ou em água , ou em alguma Infuzão aromatica. Electuario de Senne , ou Electuario lenitivo. Folhas de Senne empo —oito onças; semente de herva doce em pó — quatro onças ; polpa de ameixas — duas libras ; Xarope commum quanto baste a formar o electuario. Este medicamento pode tornar-se na quantidade de meia onça , até huma duas vezes no dia , em todos os cazos que convier soltar o ventre , e em constituições pouco irritaveis; faz-se uzo também nas eólicas nervo- zas, eestercoranas, desfazendo-o em água, e applicatv do-o em clister *, graduando huma onça a cada clister: •toV bem advertido; não havendo indícios ou sinaes de irrita- ção augmentada. Elixir paregorico — ved. tintura de ópio alcanforado. Elixir ácido de vitriolo—ved. ácido vitriolico aromatico. Elixir guaiacino volátil — ved. tintura de Guaiaco am- moniacal. Emplastro de aquilão gomado , ou Emplastro com- - mum gomado. Emplastro commum — duas libras ; gomma ammo- niaco depurada — seis onças ; cera amarella — ires on- ças-: derretào-se, e misturem-se a fogo brando. O uzo deste medicamento he externo , e regulado pelas indicações cirúrgicas. Emplastro de aquilão menor, ou Emplastro commum. Fezes de oiro em pó — sinco libras; azeite — oito libras : faça se emplastro segundo as regras descritas no competente artigo. Este remédio também se applica externamente em cazos que as indicações cirúrgicas apontáo. Emplastro adhezívo; ou Emplastro commum com rezina. Em cada libra de emplastro commum se derreta , -c misture a fogo brando duas onças de rezina. O uzo deste emplastro he para se estender nos .bordos ou margens de qualquer apozito apropriado que deva conservar-se sobre a pelle. Emplastro de cantaridas: ou Emplastro vezicatorio. Cera amarella — duas libras ; rezina , e unto de porco —- aá huma libra; azeite — oito onças; cantaridas em pó. subtil — libra e meia. Aa ** 10*8 A junte-se o óleo pouco a pouco sobre as cantari- das ; misturem-se as outras substancias a fogo brando, e quando estiverem derretidas se ajunte o óleo combi- nado com as cantaridas pouco a pouco: feira a com- binação a fogo brando, tire-se para fora do calor con- tinue-se a mexer até que esfrie. O uzo he o mesmo que a da cataplasma de can- taridas ; todavia em cazos urgentes he melhor uzar an- tes da cataplasma , que desta preparação. Emplastro de Cicuta. Vinagre forte — dezeseis onças; goma ammoniaco- oito onças ; çumo espesso de cicuta — huma libra. Dissolva-se a goma no vinagre, filtre-se por pannq ralo ; ajunte a esta dissolução o çumo de cicuta; eva- pore-se a brando fogo, mexendo-se até que adquira a consistência própria. Este emplastro ainda se torna mais activo , se for a goma dissolvida com vinagre scilitico. Faz-se uzo delle applicando-o para rezolver certos tumores scirrozos , e escrofulozos, particularmente nas articulações. Emplastro de Cicuta com mercúrio, ou Emplastro . mercurial. Em dezeseis onças do antecedente emplastro derre- tido a fogo brando, ajunte-se agirando-se sempre, Mercúrio extincto em terebenthina huma onça : fei- ta a mistão tire-se do fogo e mexa-se até esfriar. O uzo deste medicamento também he exterior, ap- plica-se nos mesmos cazos, e nas mesmas circunstan- cias que o antecedente, entretanto sua virtude he mais enérgica. i3<) Emplastro de ladano, ou estomacbico. Ladano — três onças ; incenso — huma onça. Óleo expresso de noz moscada "] Balsamo peruviano > aá meia onça.- Canella fina em pó J Derreta-se o incenso , e ladano a fogo brando: e então se ajuntem fora do fogo as outras substancias ; agitem*-se muito bem até que esfriem ; guarde-se depois em vazo tapado. Este emplastro costuma applicar-se estendido sobre panno , põem se na região epigastrica , em cazos de froxidáo de estômago , e vômitos intertidos por debili- dade desta entranha. Emplastro de Meliloto. Folhas recentes de meliloto ^ três libras; unto de porco •— libra e meia ; rezina =-3 quatro libras ; cera amarella =3 duas libras. Contundáo-se as folhas; ajuntem-se ao unto , e exponháo-se a fogo moderado: derretido o unto con- serve-se por pouco tempo ao fogo ; coe-se ; depois tor- ne a expor-se ao fogo depois de coado , e quando es- tiver a evaporação quazi terminada , ajuntem-se as ou- tras substancias pouco a pouco ; mexáo-se, e derretidas extraião-se do fogo , e continue-se a mexer até que esfrie. Cullen applica este medicamento em certos cazos de angina , entretanto elle goza das virtudes da planta 'que concorre para o formar , e por conseguinte pôde applicar-se interiormente em cazos de similhante natu- reza. Emplastro de Sabão. A huma libra de emplastro commum se ajunte a fogo brando, e pelas regras descritas quatro onças àe sabão branco. 100 Este Emplastro indicado pelo sabão que entra em sua compozição , náo he tão efficaz como o pró- prio sabão administrado d' outra maneira , e por isso náo se deve recorrer a este preparado, o qual a appli- car-se he debaixo das indicações de rezolver. Emulção alcanforada. Canfora *=-* meia oitava ; Mucilagem Arábica a três oitavas; Emulçáo commum •=: oito onças. Dissolva-se a canfora , ou reduza-se a pó finissi- mo com espirito de vinho que for precizo , ajunte-se depois a mucilagem ; triturem-se , e misturem-se bem em gral de vidro , e pouco a pouco se vá ajuntando a emulçáo. He esta huma das formulas em que a canfora se pode applicar mais agradavelmente ; pôde dar se de- baixo das vistas de di.iforizar , graduando huma colher de meia onça até huma onça de três em três horas -, uza-se pois desta preparação com vantagem nas febres de irriiação augmentada, nas quaes ha grande seccura , e ardor de pelle. EmuUão almiscarada. He o mesmo processo que a anterior preparação, pondo em lugar da canfora o almiscar : e dá se nas mesmas circunstancias , nas quaes se prescreve o Julepo muicado. Emulção arábica. Emulçáo commum •=: huma libra; mucilagem ará- bica =3 onça e meia. Lance-se a mucilagem em gral de vidro , e ajun- te-se a emulçáo pouco a pouco; dissolvida , e mistu- rada se uze delia. He recommendado esre remédio nas circunstancias em que sáo indicados os remédios torpentes , e muciía- *9l ginozos; gradua-se de duas, quatro, seis , ate oito onças. Emulção commum , ou amendoada, ou leite de amêndoas. Amêndoas doces limpas =; huma onça; água r=3 huma libra ; assucar fino •=*: meia onça. Triturem-se as amêndoas em gral de pedra , ajunr te-se o assucar; deitem-se algumas gottas d' água a fa- zer massa bem molle , e hna continuando a tritura- çáo ; terminada esta ajunte-se a água pouco a pouco; coe-se por panno ralo , e se faça uzo como da antece-; dente , tanto nas dozes como nas circunstancias. Enxofre de antimonio precipit, — ved. Kermes mineral. Espirito de ammoniaco aquozo. — ved. Alcali ammonia- co aquo%o. ' ■ ■ : Espirito de ammoniaco composto , ou Espirito volátil aromatico, ou Espirito oleoso volátil de Silvio. A duas libras de alcali volátil fluido se ajuntem duas oitavas de óleo essencial de casca de limáo, e ou- tra igual quantidade do mesmo óleo de noz moscada , e misture-se bem. Este remédio goza de exccllentes virtudes incitan- tes , anima ou promove a circulação , e conseguinte- mente a perspirãçáo insensível, e intertem o calor ani- mal : gradua-se doze gottas, as quaes progressivamente se augmentao; e repete-se esta quantidade duas, até três vezes no dia: porém -nos Paizes fora dos Trópicos po- de regular-se a quantidade ao dobro. Espirito de ammoniaco com alambre, ou Agoa de Luce. Álcool — huma onça ; óleo de alambre rectifica- do -■— hum escropulo ; sabáo de Hespanha — des gráos. 19* Triture-se o sabáo com o óleo, ajunte-se depois o espirito de vinho pouco a pouco até que se dissolváo , dissolvidos addiccione-se o alcali , agite-se tudo em va- zo bem tapado. Este remédio heróico , e assáz activo applica-se com muito successo nas febres nervozas, e em todos os casos de falta de incitamentos, ou só ou combinado com os cozimentos incitantes; quando se liga com es- tes , ajunta-se duas oitavas , a duas libras , e quando se dá izolado regula-se dés , ou doze gottas por doze, a qual se repete conforme a idade , e circunstancias individuaes. Espirito de Canella, ou Água de Canella espirituosa. Canella fina maxucada — huma libra ; Água arden** te — dés libras. Macerem-se em vazo tapado por dois dias ; então ajunte-se quatro libras de água commum, submeta-se tudo á destillaçáo, e só se destillem dés libras. Tem as mesmas applicaçóes que o antecedente preparado : todavia sua doze he maior , por quanto para cada libra de cozimento incitante, pôde ajuntar-se meia onça até huma deste remédio: o qual só por si igualmente se pôde regular de oitava por doze. Espirito de Coclearia. Folhas frescas de Coclearia — seis libras; Álcool — três libras. Macere-se por doze horas, e depois destille-se uni- camente três libras. Este remédio pôde applicar-se como tópico ás ul- çeras escorbuticas dã boca , e interiormente, igualmen- te se administra como sorbente venozo em cizos de affecçáo escorbutica graduando meia oitava , até. duas por doze., que se po.dc repetir muitas vezes conforme o successo, e effeito. 10*5 Espirito de herva Cidreíra composto , ou Água He Mellssa. Folhas recentes de Melissa — duas libras; Ama- rello de casca de limáo—quatro onças; Canella fina em pó — duas onças; Noz moscada em pó — huma onça ; Cravo da índia contundido — duas oitavas ; Es- pirito de vinho — dez libras. Macere-se tudo em vazo" fechado por três dias , destillem-se então cinco libras. Esta preparação he assás útil nas affecções histé- ricas ; e nos cazos de prostração geral de forças, dá- se só, ou associado com outros remédios ; no primei- ro cazo gradua-se por doze , doze até desaseis gottas; e quando se ajunta a cozimentos incitantes pôde regtf- lar-se meia onça até seis oitavas para cada libra. Espirito de Ortelã pimenta. Folhas seccas d'ortelá apimentada — dezoito onças . Espirito de vinho aquozo — dez libras. Macerem-se por doze horas , e destiltem-se cinco libras. Esta preparação dá-se na doze de meia oitava ; até huma sendo só; e ajuntando-se a cozimentos, re- gula se onça por libra: serve para se applicar em todas as circunstancias, nas quaes for necessário uzar da or- telã pimenta , cujas virtudes em si contém este pre* parado. Espirito de vinho alcanforado. A cada libra de espirito de vinho se ajunte hu- ma onça de alcanfor, triture-se este com pequena por- ção do espirito, até que se dissolva, e assim se vá ajuntando o espirito. Este medicamento he de hum grande uzo externo para se applicar ou só em fricções ao systema da pel- Bb 104 fe , ou associado com preparados aromaticos, para os fazer mais activos: -ipplicáo-se pois estas lavagens nos casos de frouxidáo, e podem repetir-se varias vezes no dia; sendo mais seguro uzar dellas de manhã, e á noi- te no leito , á excepçáo de circunstancias extraordiná- rias. Esponja preparada , ou encerada. Tomem-se as esponjas que se quizerem preparar; lavem-se , e limpem-se de todos os corpos que con- tiverem ; cortem-se em tiras delgadas, e planas, cuja grossura náo exceda a quatro linhas ; ensopem-se em cera branca , ou amarella derretida , e ponháo-se na imprensa a apertarem-se até que esfrie a cera, e guarr dem-se. O uzo deste preparado he puramente Cirúrgico* Esponja queimada , ou calcinada. Limpe-se a esponja , corte-se em pequenos peda- ços, meta-se em vazo de ferro tapado, e exponha-se a fogo aré que fique negra , e quebradiça: depois re- duza-se a pó , e guarde-se. Alguns práticos prescrevem na quantidade^ de meio escropulo até hum , este preparado em affecções escro- fulozas, e moléstias crônicas da pelle. Ethiope antimonial. Mercúrio depurado — onça e meia ; enxofre de antimonio precipitado — huma onça ; triturem-se em gtal de vidro até perfeita extincçáo dos glóbulos. Este remédio dado na doze de alguns gráos, que se podem graduar de 4 até hum escropulo , applica se como rezolvente, e diaforetico, em cazos de tumores cancrozos , e em antigas obstrucçoes : elle obra princi- palmente excitando a transpiraçáo j entre tanto ha ca- »PÍ zos em que o seu effeito he de purgar, ou vomitar, o que procede da doze , que preciza diminuir-se : 6 modo de apphcar he em pillulas, ajuntando o Ethiope a extractos que tenháo iguaes virtudes. Ethiope mineral. Tomem-se iguaes porções de mercúrio puro, e pó de enxofre, rriturem-se até que se náo percebao glóbu- los do mercúrio. Esta preparação pôde applicar-se desde doze, e mais gráos até meia oitava , e nos cazos de moléstias crônicas da pelle, dando-o e-n fôrma pillular como an- tecedentemente se disse do Ethiope antimonial. Extracto de Cicuta, de Fumaria, de Taraxaco, Tomem-se os suecos destas plantas depurados, e a banho de área , ou Maria se evaporeni até a consistên- cia de extractos, ou sólidos, ou molles, como se qui- zer, o que pende da maior quantidade de tempo. Estes extractos applicáo-se debaixo das indicações relativas ás plantas de que são extrahido»; o de Cicuta gradua-se desde meio gráo repetido duas vezes no dia , até oito, e dez gráos pela continuação do remédio: prescreve-se como rezolvente, e secernente, segundo os cazos descriptos pelos Práticos. O Extracto de Fumaria applica-se ou só, ou liga- do com o enxofre em moléstias cutâneas particularmen- te em sarnas inveteradas, dá-se dois, três , e quatro gráos por doze, o que se pôde repetir duas vezes ou ires no dia Da mesma fôrma o extracto de Taraxaco he applif cado com muito successo em fôrma pillular em cazos de infaretos, ou obstrucçoes do figado já antigas , ligan- do-o com outros remédios particularmente com o mer- cúrio, enxofre, ferro, e Ruibarbo, e graduando-0 co- mo o de Fumaria. Bb ** ipfS Extracto de Coloquintidas composto, ott Catai tico. Coloquintidas livres das sementes — seis oitavas: água ardente huma libra. Digira-se por dois dias em vazo tapado, coe-se com expressão, e ajunte-se. Aloes soccotrino em pó — onça e meia ; Escamo- nea em pó — meia onça. Evapore-se quazi até consistência de exjtracto; no fim ajunte-se semente de Cardamomo menor cm pó — huma oitava ; tire-se para fora , continue a mecher-se até que fique frio , e neste estado guarde-se em vazo tapado. Este extracto he hum activo revertente , e só em cazos de anazarca, ou congestões se rozas, nas quaes não haja pulso pequeno; se pôde applicar com utilidade; entáo gradua-se doze gráos por doze, observa-se o ef- feito e assim se prosegue ou na mesma quantidade, ou augmentando-a, ou diminuindo-a. Extracto de Genciana. -----de Helleboro negro. Tome-se huma libra da raiz para seis libras de ■água-, contunda-se a raiz, faça-se cozimento, e coe-se por expressão até se consumir metade da água ; ponha- se em descanço para assentarem as fezes ; decante-se, e entáo se evapore em banho de Maria até própria con- sistência. Estes extractos applicáo-se nas indicações em que se prescrevem as substancias de que se formão ; o prb- meiro gradua-se de dois, três, e quatro gráos por do- ze ; o segundo deve começar-se por metade: este ape- nas pôde chegar até quinze gráos, entretanto que o •outro se gradua até meia oitava. Extracto de Guaiaco. ---- de Quina. •----de Ruibarbo. Tome-se huma libra de qualquer destas substancias, *97 e quatro libras de Álcool. Ponha-se em digestão por quatro dias , e decante-se entáo o liquido mais claro: o .outro coza-se em dez libras de água até ficar em duas libras. Coe-se este cozimento, e evapore-se; e a tintií- ra destille-se; quando estes compostos começarem a ad- quirir a consistência de mel, ajuiitem-se, evaporem-se em banho* Maria até a consistência de extracto duro, ou molle. Estes extractos applicáo-se interiormente como os outros debaixo de fôrma pillular; sua doze he de dois até quatro gráos, cuja quantidade se pôde repetir duas, e ires vezes no dia ; o primeiro administra-se como se- cernente de pelle ou diaforetico ; o segundo como dan- do acçáo e força ou contractibilidade ao systema celu- lar , igualmente como incitante ; o terceiro como secre- torio de figado , e duetos exetetorios do canal alimentar. Extracto gommozo d'Opio. Tome-se a quantidade que se quizer de Ópio redu- zido a pó ; triture-se em almofariz de pedra , e ajunte- se água fria pouco a pouco, até que esta fique bem tinta: ponha-se esta dissolução em descanço; quando se tiver precipitado qualquer sedimento, decante-se, tra- te-se este sedimento com água tantas vezes até que es- ta náo fique mais tingida , e de cada vez novamente se decante ; ajuntem-se por fim todos os líquidos decanta- dos , filtrem-se, e evaporem-se até a consistência de extracto próprio. O Ópio assim preparado pqssue qualidades calman- tes, ou sedativas, e anodinas^spn que haja de recear- se os effeitos narcóticos, visto que esta compozição apenas contém as partes gommozas: applica-se pois em taes circunstancias, podendo começar-se por quatro, seis, e mais gráos até trinta, repetindo-se conforme a neces- sidade , e utilidade. io8 F. Ferro ammoniacal, ou Flores de sal ammoniaco marciaes. Sal amoniaco secco, e em pó desaseis onças ; li- magem fresca de ferro — huma onça. Misturem-se pela trituraçáo, e ponhão-se S. A. em vazo sublimatorio lutado: exponha-se este a fogo até que o vazo fique muito vermelho, e qu izi candente ; conserve-se nesse estado algum rempo ; extraia-se para fora do fogo , e depois de frio se abrirá o vazo, e com huma penna se separarão as flores, e se guardarão. O ferro assim combinado torna-s* em hum medica* mento muito activo, e útil; applica-se pois esta prepa- ração em cazos de cachechia, e de frouxidáo geral, assim como nas inveteradas obstrucçoes do baixo ven- tre : sua doze regular he começar por hum gráo, até dois, repetindo-se huma, até duas vezes no dia, e augmentar a sua doze, e quantidade de vezes, ou sus- pender-se , e diminuir-se conforme as circunstancias que occorrerem. Ferro preparado , ou açafrão de ferro, ou ferrugem de ferro. Exponha-se a limagem de ferro ao ar , hum?Je*. ça-se de vez em quando até que se converta em ferrugem ; pize-se esta , peneire se , e guarde-se. O ferro assim pronto rem as mesmas virtu les que o antecedente preparado, mas em menor intensidade , ou actividade ; entretanto he hum grande remédio pelo qual se deve começar , nas indicações em que se pres- creve o ferro , á excepçáo de cazos mais urgentes, e entáo se pôde regular a cada doze quatro gráos até hum escropulo. lOj Ferro tartarhado , Marte solúvel, eu Tartaro marcial solúvel. Limalhas de ferro sem ferrugem — huma libra *, Cristaes de tartaro em pó — duas libras. Misture-se , ajunte-se pouco a pouco algumas got- tas d'água destillada, até que tudo fique em huma ma- téria crassa; ponha-se esta em vazo largo de barro aõ ar por oito dias ; passado este tempo seque-se em ba- nho de área ; pize-se em pó subtil, e guarde-se. Esta preparação de ferro he muito mais activa que as antecedentes , indicada nas mesmas circunstancias em que o ferro he applicavel, porém com tudo, suc- cede reunir esta em cazos em que as outras nãò tem produzido effeito , para o que serve entáo a observa- ção ; gradua-se dois, três, quatro, e cinco gráos , até meia oitava, o que se augmenta progressivamente. Ferro vitriolado, Sal de Marte , Sal de ferro , ou Fitriolo de ferro. Limalhas de ferro ainda recentes, e óleo de Vitrio- lo , aná — oito onças. • Água destillada — três libras : ajunte-se a água pouco a pouco em vazo de vidro, acabada a effèrves- cencia ; fique em digestão sobre área quente ; filtre-se depois , evapore-se , e cristalize-se. Esta preparação ainda he muito mais activa , que a antecedente, e por isso sua graduação deve ser me- nor ; começa-se esta por meio grão , que pouco a pouco se augmenta até á doze de seis grãos: applica- se em cazos de cachechia, de colorozis, e infaretos das vísceras, ou entranhas abdominaes. Flores de Beijoim. Beijoim em pó quantidade proporcional ao vazo i 00 em que se ha de sublimar; meta-se em vazo sublima- torio , bem lutado ; exponha-se a brando fogo , até que se tenha conseguido a sublimaçáo ; tire-se entáo para fora , abra-se o vazo, e com huma pluma se ex- traia a matéria sublimada. O Beijoim actualmente tem pouco uzo interno ; com tudo a dissolução delle em espirito de vinho he appücada para cazos Cirúrgicos , em feridas , e ulçe- ras já limpas, internamente se dá em cazos de torpor de bofe, applicando-se desde hum gráo até seis. Flores de enxofre, ou enxofre sublimado. O enxofre reduzido a pó se sublime , como o beijoim; tome-se entáo meia libra deste sublimado, e três libras d'agua pura , ferva-se pouco tempo , frio decante-se, lave-se novamente o enxofre , e torne a decantar-se, e seccar-se. Este remédio applica-se debaixo de differentes vis- tas , e indicações , como laxante suave, e entáo se graduão trinta gráos, até meia oitava ; corno antipso- rico, e contra outras moléstias inveteradas di pelle; e neste cazo se começa sua quantidade por três, quatro, e mais gráos, os quaes se podem repetir duas vezes no dia: além desta fôrma izolada em que se pôde admi- nistrar , igualmente se pôde combinar com extractos que satisfação ás mesmas indicações. I Infuzão de Ruibarbo. Ruibarbo em pó — meia onça; água fervendo -— oito onças. Ponha-se em digestão por duas horas; coe-se frio e ajunte-se. Água de canella espirituoza—huma dhça. Em cons-» toí tituições frouxas, e pouco irritavels, e nos cazos de constipaçáo de ventre procedidos por símílhantes cauzas pôde applicar-se esta tintura na quantidade de quatro onças ; além disto igualmente se prescreve com effeito huma colher de sopa desta infuzão dando-se todos os dias a hora que mais commodo , e menos desarranjo faça ao doente , para dar acçáo ao estômago, e lim- par impurezas deste orgáo por falta de vigor delle. Infuzão de Senne tartarizada, ou Água taxativa Fienense. Folhas de Senne bem limpas dos peciolos — três oitavas; Cremor de tartaro em pó —huma oitava; Aniz pstrellado em pó — meia oitava j Água fervendo — seis onças. Digira-se tudo em cinzas quentes, e em vazo fe- xado por huma hora, entáo coe-se quente e dissolva-se Manná escolhido — duas onças : feita a dissolução, clarifique-se, e coe-se. Nas constituições biliozas , em enfaretos de figa- do, quando náo houver abatimento, ou prostração de forças , dá-se esta preparação como purgante, e secer- nente do figado, applicando-a na quantidade de três , até quatro onças , podendo esta preparação tornar-se ainda mais activa pela addiçáo de algum sal neutro, ajunrando-o a ella na quantidade de meia onça até seis oitavas. Julepo canforado — ved. Mistura de alcanfor. Julepo de canfora acetozo — ved. Mistura de aU. tanfor com vinagre. Julepo moscado — ved. Mistura de almiscar. Ce lOZ K. Kermes mineral, ou Enxofre de antimonio precipitado , ou Enxofre doirado de antimonio. Lixivia de Barrilha com cal — quatro libras ; água pura — três libras; antimonio preparado em pó — duas libras. Ferva-se tudo em vazo de barro, agirando-se sem- pre , e a fogo brando, ajunte-se mais água , sendo necessário; coe-se o liquido ainda quente por panno de linho dobrado, coado ajunte se ácido vitriolico diluído, e ás gottas , tanto quanto baste para precipitar : lave- se o pó precipitado em água quente, até que fique en* çoço, ponha-se em cima de filtro a seccar, e goarde-se, Este remédio dá-se como invertente em affecções pulmonares, debaixo das vistas de expectorante quando preciza facilitar-se , e promover-se a expectoração , e perspiraçáo; ajunta-se entáo a lambedores da mesma natureza de modo que para cada doze se comece por hum gráo até quatro progressivamente: entretanto pôde dar-se assim mesmo em pó combinado com assucar. L. , Laudano liquido — ved. Tintura de ópio. Leite ammoniacal, ou Leite de ammoniaco. Gomma ammoniaco depurada—duas oiravas; água destilada — meia libra : triture-se exactamente até que se desfaça a gomma. Dá-se este preparado começando de huma oitava até huma onça por cada doze , nas mesmas circunstan- cias descritas no Kermes mineral. 203 Licor ammoniacal com vinagre, ou Espirito de Minderer. Alcali ammoniaco volátil — huma onça ; vinagre puro — quanto baste para saturar o alcali: este remédio obra como hum diaforetico, e diuretico; he mesmo ap- plicavel em febres procedidas de embaraço de perspira- áo ; gradua-se a quantidade de oitava por doze até uma onça, e duas. Licor de Myrrha , ou Óleo de Myrrha por deliquio, Myrrha em pó — duas oitavas ; agua*mçl — meia onça: triturem-se e misturem-se exactamente. O uzo mais vulgar da Myrrha , e seus preparados he para applicação externa; com tudo administra-se in- teriormente como incitante, e grande secernente parti- cularmente dos vazos uterinos, e em cazos de obstruc- çoes, graduando a quantidade, e çomeçando-se por seis, oito e dez gotas até vinte. Linimento de alcanfor. Alcanfor — duas onças; Alcali ammoniaco aquo- zo — seis onças i espirito de alfazema — dezeseis onças. Misture-se o alcali com o espirito , e em vazo destilatorio se destillem dezeseis onças, nas quaes se dis- solverá a canfora. Linimento de Sabão, ou Linimento Saponaceo, ou BaU samo Saponaceo. Sabão de pedra — rres onças; Canfora — huma on- ça , Espirito de Vinho =3 desasseis onças. Macere-se o sabão no espirito até que se desfaça, e então se ajunte a canfora. £ Ce ** - 204 Linimento de Sabão com ópio , ou Linimento opiado i ou Balsamo anodino» He o mesmo que o antecedente proccesso, mace- rando-se ao principio seis oitavas de Ópio puro, igual- mente com o sabão. O uzo destes Iinimentos he para fricções já sobre partes dolorozas, e entáo he applicado com preferen- cia o Linimento opiado ; igualmente se prescrevem co- mo resolventes, e excitantes da pelle, particularmente em dores crônicas reumaticas, e venereas: quando po- rém depois de applicação de cantaridas se manifestáo sintomas de dizuria , ou estranguria , uza-se com sus- cesso de fi icçóes do Linimento alcanforado , feitas na região do púbis, e atraque dos músculos piramidaes. Linimento volátil, eu Linimento ammoniaco. Alcali ammoniaco aquozo — meia onça ; óleo commum — onça e meia. Misture-se em vazo fexado, e agite-se. Tem igual uzo que os antecedentes , e sua escolha he preferida segundo as indicações Médicas. Lixivia cáustica, ou do Saboeiro , ou Lixivia de Bar- rilha com Cal. Barrilha — quatro libras ; Cal viva — duas libras , Água — trinta , e duas libras. Ferva-se tudo por algum tempo em vazo de bar- ro náo vidrado; filtre-se o liquido, torne a ferver hu- ma até duas vezes com nova água , e igualmerrte se filtre: todos os licores filtrados se unáo , ou mistu- rem ; evaporem-se em vazo próprio , até que nelles sobre-nade hum ovo , entáo guarde-se o licor em va- zos de vidro bem tapados. Apenas tem uzos ou applícações externas, e ser- ve-se deste preparado para ensaios chimicos. 20$ M. Manteiga de Cacdo , ou Óleo espesso de Cacdo. Tome-se a quantidade que se quizer de Cacáo; Sübmeta-se á tortefacçáo: limpas as amêndoas, pizenv se em almofariz de ferro , com máo de ferro tudo quente, até que o cacáo se torne em pasta molle. Ferva-se esta pelo espaço de meia hora , em oito partes do seu pezo dágua; e quando tiver esfriado , extraia-se com huma colher a substancia oleoza que sobre-nadar na água: repita-se este processo em nova água huma , e outra vez , e separe-se pelo mesmo methodo a matéria oleoza. Para se purificar o óleo, e ficar sem humidade, exponha-se a banho Maria , aré que náo saião mais vapores, neste estado ponha-se em quietaçáo até es- friar , e separe-se com cuidado a matéria oleoza que estiver pura, deixando no fundo do vazo a mais im- pura , ou que se acha misturada com as fezes: e guar- de-se. A manteiga de Cacáo , serve para uzos externos , e internos, neste cazo applica-se formando os loochs quando estes sáo indicados , servindo-lhes com outros remédios como os Xaropes de excipíente , para mode- rar a actividade de certas drogas que assim misturadas obráo entáo com mais suavidade , como acontece nos Lambedores, em os.quaes entra o Kermes mineral , a Gomma ammoniaco , e outras drogas : além disro em cazos de infarres hemmorroidaes quando existe gran- de irritação no intestino recto uza-se com vantagem desta substancia , ligando-a com o spermaeere para que desta fôrma se possa demorar , e applicar por muito tempo sobre a túnica interna do mesmo intestino : o seu uzo interno he como sedativo, ou anodino» 20-S Mel despumadt. Tome-se a quantidade que se qüízer de Mel bom, isto he, fresco — filtre-se por funil tapado com algo- dão , asiim pronto servirá para as diversas prepara- ções em que entrar. Mel egipciaco. Verdete em pó fino — duas onças; Mel depurado — oito onças ; Vinagre — quatro onças : ferva-se por al- gum tempo a fogo doce até que fique tudo em consis- tência menos liquida , e com côr avermelhada : pela refrigeração precipita-se no fundo parte do verdete , e o outro liquido mais tênue he o Mel egipciaco. Esta preparação serve para uzos externos Cirúrgi- cos para limpar as ulçeras , e destruir as carnes fungo- zas, ou esponjozas. Mercúrio acetato, ou Sal de Mercúrio acetozo, Azougue purificado — huma libra ; Ácido nitrozo diluído — duas libras. Misture-se S. A. em .vazo de vidro ; digira-se em banho de arèa por vinte e quatro horas ; precipite-se depois a dissolução pela lixivia de Potassa; lave-se o precipitado com muita água , e seque-se a brando calor. Tome-se depois deste pó, ou cal — huma libra ; vinagre de vinho — quanto baste até que se dissolva a cal. Feita a dissolução em vazo de vidro , coe-se por papel pardo , eleve-se á evaporação do fogo até for- mar pellicula , depois cristalize-se lentamente: os cris- taes separados, e seccos guardem-se. Gradua-se este medicamento desde hum gráo até cinco , e oito nas moléstias venereas , liga-se ao uzo de bebidas diaforeticas, e quando se augmenta a quanr cidade delle muitas vezes obra entáo purgativamente. 307 'Mercúrio muriato, ou Solimão, ou Mercúrio sublima- do corrozivo. Mercúrio puro , e óleo de Vitriolo *— aná duas libras. Misturem-se em vazo de vidro, no qual ferveráõ em banho de arêa até que a matéria seque totalmente. Misture-se este pó com três libras , e meia de sal ma- rinho reduzido a pó , e secco, tendo-se primeiramente triturado em gral de vidro : então toda esta mistura se metterá em garrafa sublimatoria mergulhada em banho de arèa , e se sublime, augmentando o fogo gradual- mente : acabada a sublimaçáo tire-se a matéria pura, e guarde-se. Este remédio sem duvida digno da maior cautel- la, não só na sua applicação, mas até na sua prepa- ração , tem encontrado grandes dificuldades na sua dita applicação , difhculdades procedidas sem duvida de símí- lhantes causas ; entretanto lendo nós as observações do nosso grande Portuguez Antônio Nunes Ribeiro San- ches, de "\Y/answieten, e Boerrhave, náo deixa o Prati- co prudente de se animar na sua administração muito particularmente própria a moléstias venereas ; he neste cazo que náo posso nem devo omittir hum facto o primeiro que vi na Universidade de Coimbra no anno de 1798 , o qual depois me animou ao uzo deste re- médio , conhecendo com ingenuidade que apezar da des- treza pratica , e das virtudes que ornáo o meu Mestre que entáo era o Senhor Doutor José Pinto da Silva , confesso digo que sendo o primeiro que observei, e ten- do pouca confiança no resultado , com tudo hum re- gozijo igual ao meu susto tranqüilizou o meu espirito, 3uando vi que passados quarenta dias da administração este remédio , huma Mulher enferma , e atracada de mal venereo com sintomas os mais cruéis , e que não havião cessado a outras tentativas, e applicaçces ante- riores, Cita dita mulher no estado de gravidaçôo , com 208 o sistema de pelle todo desorganizado , recolhida na en- fermaria dos partos , alli experimentou e recebeo a cu- ra feita unicamente com o sublimado corrozivo , o qual pouco a pouco náo só foi restabelecendo a pelle á sua antiga fôrma, desvanecerão-se os sintomas do mal, mas pario passados os 40 dias, huma robusta criança, a qual aleitou algum tempo no Hospital, onde foi obriga- da a permanecer mais algum tempo, tanto pelo cuidado do meu estimavel, e virtuozo Mestre, como pelas ins- tâncias de seus affeiçoados discípulos: havcnJo-se sus- pendido o uzo do sublimado no fim dos quarenta dias que acabarão antes do parto. . Regular pois bem a doze deste remédio he o pri- meiro cuidado, e para este fim náo se deve dar mais, que hum sexto , e hum quinto de gráo, observar at- rentamente os seus effeitos, e assim o augmentar, até meio gráo ; attendendo que elle deve ser dissolvido em espirito de vinho , o qual depois se deve diluic com água: olhar como recommenda o Doutor Sanches ao estado da athmosfera , e associar ao seu uzo as bebidas chamadas diluentes. Tal he o methodo de uzar deste agente , que sendo actívissimo remédio, he precizo attender bem as circunstancias da sua administração. Mercúrio muriato precipitado, Azougue puro — oito onças, ou pouco mais; Ací*» do nitrozo diluído — oito onças. Misture-se em garrafa de colo alto , tape-se esta frouxamente , evitando-se os vapores. Passada huma hora, ponha-se a garrafa em banho de arêa , augmen- te-se o calor gradualmente pelo espaço de quatro ho- ras , no fim das quaes ferverá hum quarto de hora , havendo cuidado de mexer o vazo •'algumas vezes neste tempo. Lance-se depois esta mistura em oito libras de 2O0 ^ua fervente, no qual estejáo dissolvidas quatro onças . meia de sal marinho, misture-se tudo o mais depres- sa , fique entáo em descanço , e logo que tiver assen- tado , decante-se: este pó, que resta, lave-se com água quente tantas vezes até que fique ensoço ; e secco guarde-se. Para segurar a perfeita saturação do ácido , .deve ajuntar-se maior porçáo de Azougue , que aquella que o ácido possa dissolver. Esta preparação tem lugar quando sáo indicados os preparados mercuriaes , particularmente em cazos de mal venereo , nos quaes muitas vezes he precizo variar de preparações ; gradua-se a doze ordinária de dois, e três gráos até oito , ou dez. Mercúrio nitrato rubro, ou Precipitado rubro , ou Pós de Joannes, ou de Joannes de Figo , ou Pós de Figo, Mercúrio purificado, e Ácido de nitro — aá huma libra , Ácido muriatico — huma oitava. Misture-se em vazo de vidro, e em fogo de ba- nho de arêa se conserve para se dissolver o mercú- rio , logo que estiver dissolvido , augmente-se o fogo , aré que a matéria se converta em escamas brilhantes , e quando estas aparecerem , tire-se immedíatamente do fogo, porque qualquer demora faz perder este brilhante indicio da perfeição do processo. Este preparado apenas serve para uzos externos como escarotico , e detersivo em ulçeras atônicas , e fungoza s. Mercúrio precipitado branco , ou Cal branca de Mer- cúrio. Mercúrio muriato , e Sal ammoniaco — aná huma 210 Dissolva-se o sal ammoniaco , e depois o mercúrio em quanto baste de água destillada ; feita a dissolução ajunte-se lixivia de Potassa quanto for sufficiente a fa- zer a precipitação de hum po branco , lave-se este em água destillada até ficar insipido , seque-se, e guarde-se. As dozes , e uzos são símílhantes ao mercúrio mu- riato precipitado. Mercúrio purificado, ou depurado. Tome-se a quantidade que se quizer de Mercúrio , e em retorta de barro se destille S. A. até que náo saia mais azougue. O Mercúrio assim purificado serve para delle se formar os diversos preparados. Mistura de alcanfor ou Julepo alcanforado. Alcanfor reduzido a pó pelo espirito de vinho — huma oitava ; Mucilagem de gomma Arábia , e assucar refinado — aá meia onça : triture-se tudo muito bem , e depois ajunte-se água fervendo — dezeseis onças. Este medicamento applica-se em todos os cazos nos quaes he indicada a canfora para uzo interno , dá- se ou só ou na doze de oitava por cada vez , ou as- sociado a outros medicamentos. Mistura de alcanfor com vinagre, ou Julepo de can- fora acetozo. Faz-se como o antecedente ajuntando vinagre em lugar de água. He mais heróica , e efficaz esta preparação mor- mente em febres chamadas malignas , ou adinamicas , nas quaes ha entáo grande empate , ou embaraço no circulo venozo, he. igual a quantidade como a da an- tecedente preparação , e quando se ajunta a cozimento pode regular-se meia onça para cada libra. 211 Mistura de almiscar, ou Julepo moscado. Almiscar — dois escropulos; Assucar refinado , e gomma Arábia em pó — aá huma oitava ; Água des- tillada de Rozas — seis onças. Triture-se o almiscar com o assucar , depois com a gomma , e pouco a pouco se ajunte a água rozada. Esta preparação dá-se na quantidade de meia onça até duas , quando o almiscar he indicado. Mistura salina simples. Alcali vegetal — huma oitava ; çumo de limáo aze- do quanto baste para que em vazo de vidro se faça sa- turação perfeita : acabada a effèrvescencia ajunte-se Água da fonte — cinco onças; xarope simples — meia onça. Esta mistura goza das virtudes diaforeticas , e diu- reticas ; he igualmente indicada como torpente nas fe- bres de reacçáo augmentada, gradua-se a quantidade de duas onças para cada doze, até quatro. Mistura salina composta, ou de Macbride. Çumo de limáo azedo — huma onça; lance-se em vazo de vidro, e ajunte-se, Alcali vegetal quanto baste a fazer a saturação, e logo que cesse a effèrvescencia, lance-se Água de hortelá — sete onças; dissolva-se An- timonio tartarizado — hum gráo ; Xarope simples — meia onça. Esta preparação goza das virtudes da antecedente, mas em gráo mais activo, e até obra como inverten- te , ou emetica , tudo relativo ás circunstancias, e in- dicações debaixo das quaes se applicar, sendo certo que a doze ordinária he de huma onça , até duas por cada vez ; o que se pôde repetir duas até três vezes no H2 Mucilagem de gomma Arábia. Gomma Arábia em pó — quatro onças; Água fer- vendo— seis onças; triture-se a gomma ajuntando-se pouco a pouco alguma porção de água , va-se ajuntan- do esta até acabar, e depois coe-se por expressão. Este preparado goza das virtudes dos remédios torç- pentes, ou sedativos, e indicado em circunstancias pró- prias a estes; a sua doze he de quatro até seis onças ordinariamente, e muitas vezes esta preparação serve de excipíente, ou vehiculo a diversos agentes que se de- vem tomar, ou applicar ao uzo interno, bem como .para outros corpos destinados a injectarem-se, particu- larmente na uretra. N. Nitrato de prata, ou Cáustico lunar, ou Pedra infer- nal. Limaduras de prata — quatro onças; Ácido nitro- zo diluído — oito onças; Água destillada — quatro onças. Dissolva-se a prara em vazo de vidro ; e a fogo brando depois evapore-se em vazo conveniente até sec- car : funda-se esta matéria em hum cadinho, fundida lance-se nas fôrmas de ferro próprias a este processo, que estejáo quentes, e untadas de sebo: depois guarde- se em vazos de vidro bem tapados. Esta preparação tem lugar em cazos Cirúrgicos co-j mo escarotíca , ou própria a destruir carnes fungozas, e bordos callozos de ulçeras. Nitro purificado. Tome-se a quantidade que se quizer de nitro , dis- solva-se esta em a quantidade de água que for necessá- ria, coe-se depois, evapore-se, e cristalize-se. O Nitro assim preparado ou se applica por si só **••} dissolvido em água, ou ajuntando-o a cozimentos; nes- te cazo gradua-se a quantidade de duas oitavas, até três para duas libras de liquido; e quando he conve- niente uzar delle só, pôde graduar-se a quantidade de dois escropulos, até huma oitava por cada doze, que se pôde repetir ; os cazos de sua applicação sáo mar- cados pelo Praricos de Medicina , e o catalogo da Clas- sificação dos remédios igualmente aponta as circunstan- cias do seu uzo. OIco alcanforado. Óleo commum — duas onças ; Canfora — meia onça: triture-se a canfora com algumas gotas do óleo, e depois ajunte-se pouco a pouco o resto. O uzo desta preparação he externo, fomentáo-se as partes dolorozas em cazos de reumatismo, mormen- re em constituições de augmento de irritabilidade. Óleo de amêndoas doces. Limpem-se as amêndoas, pizem-se em almofariz de pedra , reduzáo-se a pasta , e esta se meta em pan- no de tecido forte, e depois se exprema em imprensa. Esre óleo he hum medicamento externo em cazos ,de ser necessário uzar de fomentaçóes anodinas; e comi sedativo uza-se delle interiormente, assim como em clís- teres; serve igualmente para a composição da pomma- da alvissima. Óleo de Cacdo — ved. manteiga de Cacdo* Óleo de Canella. Tome-se Canella em pó fino — duas libras; água quanta for necessária para sobremdar a Canella. Macere-se por vinte e quatro horas, e distillem-se j até que náo saia óleo, e este se separará S. A. 214 Este óleo he hum grande incitante; huma só go- ra envolvida , ou embebida em assucar he sufflciente para desenvolver o excitamento em cazos de languor , e frouxidáo do sistema nervozo ; entretanto preciza uzar- se delle sempre ou conbinado com o assucar que he o melhor, ou diluído em qualquer liquido. Óleo essencial de Aniz estrellado. Tome-se sementes de Aniz estrellado — huma li- bra : pizem-se as sementes por muito tempo em almo- fariz de pedra : reduzidas a pasta as sementes, ponháo- se em vazo de barro ao calor de cinzas quentes; quart- do a pasta tiver adquirido sufftciente calor , ponha-se dentro de panno de tecido forte , e submetta-se á im- prensa , para se extrahir o óleo : havendo o cuidado de aquecer as duas lâminas de ferro da imprensa. Este óleo da-se , desde duas gotas , até dezeseis , nas mesmas circunstancias que o óleo de canella, e em cazos de affecções do estômago procedidas de gazes que se desenvolvem nesta entranha , e não se podem expellir. Óleo de Bagas de louro. Faz-se como o óleo espesso, ou manteiga de cacáo," Este óleo ainda que se applica interiormente na quantidada de duas gotas até cinco , em affecções de eólicas ventozas, e histéricas; com tudo seu uzo mais freqüente he externo, mormente em cazos de paralízias formando com elle Iinimentos adequados a este fim. Óleo de Casca de Laranja. Comprima-se o amarello da casca da laranja con- tra huma lamina de vidro com sua goteira , e se ex- prema a casca para que o óleo salte no vidro, e gote- je pela goteira ou rego. 2IJ Igualmente se pôde obter o óleo , esfregando o amarello da laranja, em assucar cristalizado , roçando a laranja neste, e quando o assucar estiver saturado do óleo raspe-se, e continue-se novamente o processo, pe- lo qual se obtém o óleo saccharum. Da-se este óleo na quantidade de seis , oito , e dez gotas em cazos de frouxidâo de estômago. Óleo essencial de Cravo da índia. Faz-se como o óleo essencial de canella , e tem as mesmas virtudes , e sua doze he de huma até duas gotas. Óleo essencial de herva doce. O processo he o mesmo que o do Aniz estrellado, assim como o uzo ; sua doze he de duas gotas até seis. Óleo de Linhaça. Faz-se como o antecedente. . A applicação deste óleo he unicamente em clíste- res dando huma onça de óleo para cada clister , nas circunstancias em que se indicáo os clísteres emolientes. Óleo de Ortelã. Faz-se como o de Canella ; e prescreve se na quan- tidade de duas ou três gotas , em cazos de frouxidâo de estômago , e falta de apetite , náo havendo indícios de irritação augmentada do estômago. Óleo de Ricino, ou de Manona , ou de Palma Christi. Prepara-se como o das amêndoas doces. Este óleo he hum excellente , e suave laxante era todas as moléstias, nas quaes existe augmento de irri- 216 tação , e que entretanto he precizo purgar o enfermo: sua quantidade ordinária he de huma onça , até duas desfeito em caldo de gallinha, ou em a mesma água misturando-o, e triturando-o primeiramente com assu- car : pode-se repetir esta quantidade conforme o effeito, e igualmente se administra em clísteres na quantidade de duas, .até três onças, a cada clister. Ópio purificado, Extracto thebaico, ou Laudano opiado. Ópio cortado em pedaços — huma libra ; espirito de vinho — doze libras. Digíra se em cinzas quentes , agite-se o vazo de quando em quando, até á total dissolução do ópio : filtre-se entáo por papel pardo, e destille-se a tintura até a formação, ou de extracto duro , ou molle, sen- do o duro próprio para ao depois se reduzir o ópio a pó , e o molle para a formação das pillulas que se houverem de fazer delle. O ópio assim purificado gradua-se para uzo inter- no a quantidade desde meio , e hum gráo até rres ou quatro por cada vez: e em muitas occasióes , se aug- menta esta quantidade, já pelo habito do uzo deste re- médio , como pelo successo das primeiras dozes , he applicavel em todos os immensos cazos referidos , e marcados pelos Práticos de Medicina. Orxata liquida — vede Xarope de amêndoas, Oximel colchico. Vinagre colchico — huma libra ; mel despumado — três libras; ferváo-se até a consistência de Xarope. Tem os mesmos uzos, e virtudes , que o Vina- gre colchico, e ajunta-se aos cozimentos appropriados onça e meia para duas libras. **7 Oximel scillitico. Vinagre scillitico — duas libras; mel depurado — três libras. Ferva-se até á consistência de Xarope. Esta preparação dá-se como invertente, e sorben- te do sistema linfatico , servindo ao mesmo tempo de expectorante , por cujo motivo se applica em muitas affecções pulmonares , particularmente em enfartes ou consgestõcs catarrozas : dá-se ás colheres de vez era quando , tomando meia onça até huma de cada vez, e em muitos cazos se liga com a Ipecacuanha, para se obter melhor effeito; e quando em fim este remédio se ajunta a cozimentos pulmonares, regula-se onça de Oximel a libra de liquido. Oximel simples. Mel depurado — duas libras ; Vinagre — huma libra. Misture-se , e em vazo próprio ferva-se tudo até á consistência de Xarope. Este remédio ajunta-se a cozimentos , que dimi- nuáo excesso de irritação, gradua-se a quantidade de onça por libra ; e uza-se delle com muita utilidade pa- ra gargarejos nos cazos de anginas , e inflamação da boca anterior. P. Pedra Divina — vede vitriolo alcanforado. Pedra hume queimada. Meta-se a quantidade que se quizer de pedra hu- me crua, em vazo de barro; exponha se ao fogo tan- to tempo até que comece a espumar, c que perca a Ee r ii8 água da crístallização, e fique esponjoza; neste estado reduza-se a pó , e guarde-se. Este medicamento serve unicamente para uzo Ci- rúrgico , como escarotico, destroe as carnes fungozas sobre as quaes se applica. Pillulas alterantes de Plumer , ou de Calamolanos an- timoniaes. Calamolanos , e enxofre precipitado de Antimo- nio— aá seis oitavas, extracto de Alcaçus — meia onça. Triture-se o enxofre, e Calamolanos em gral de vidro , ou de pedra , até que se reduza a hum pó subtilissimo, e entáo ajunte-se o extracto até que fique muito bem combinado, e misturado , e em fim com quanto baste de mucilagem Arábica, forme-se massa. Estas pillulas sáo recommendadas para remediar cazos de estragos produzidos por mal venereo ; igual- mente se applicáo em enfermidades da pelle. Formão-se da massa pillular , pillulas de quatro gráos, começa-se por huma pillula , e augmenta-se até duas, e três, tomadas entáo todas três em vezes se- paradas : huma antes de se levantar , outra antes de jantar, e a terceira á noite ao recolher. Pillulas de Azevre. Azevre suecotrino em pó — huma onça ; Extracto de Genciana — meia onça ; Sabão de Hespanha — duas oitavas. Triture-se o azevre com o sabáo, depois ajunte-se o extracto , e com quanto baste de Xarope simples , for- me-se a massa pillular. Estas pillulas geaduão-se até duas oitavas, nos ca- Zos em que he necessário lançar mão dos purgantes tirados da classe dos remédios revertentes. Pillulas de Calamolanos antimoniaes — vede Pillu- las alterantes de Plumer. 210 Pillulas de Cobre ammoniaco ou Pillulas azues. Cobre ammoniaco — dezeseis grãos ; Miolo de pão — quatro escropulos ; Alcali ammoniaco aquozo, quanto baste para se formar massa , que se dividirá em trinta e duas pillulas iguaes. Huma , até duas pillulas deste preparado se re- commendáo, e applicáo em cazos de epilepsia. Pillulas de Coloquintidas. Polpa de Coloquintidas , e Escamonea — aá duas onças; Óleo de Cravo — duas oitavas; Xarope de Es- pina cervina quanto baste para fazer huma massa branda. Estas pillulas sáo activissimas , devem applicar-se com muita circunspecção , e só sáo indicadas quando he necessário recorrer aos grandes hydragogos ; dáo-se neste cazo na quantidade de doze gráos, até hum es- cropulo. Pillulas de Escamonea compostas , ou Pillulas de Es- camonea com azevre. Aloes soccotrino — huma oitava ; Pós aromaticos — meia oitava ; Escamonea — hum escropulo ; Extracto molle de alcassuz quanto baste a formar massa pillular. A sexta parte desta massa reduzida a pillulas se pôde regular para doze , e he indicada esta formula debaixo de vistas de purgar particularmente no fim de attaques de gotta , quando apenas existe inchaçáo sera dor. Pillulas de ferro compostas. Ferro preparado — huma onça ; Myrrha em pó — meia onça; Pós aromaticos — duas oitavas; misture-se e-com quanto baste de Xarope commum forme-se massa. Ee ** 220 Estas pillulas podem administrar-se até a quantida- de de meia oitava , começando seu uzo por doze gráos; são indicadas nos cazos de cachexia , e nas affecções de algumas obstrucçoes do baixo ventre. Pillulas gommozas. Assafetida , Galbano, e Myrrha , de cada droga — huma onça ; misturem-se, e com Xarope simples for- me-se massa. Estas pillulas applicão-se como antihystericas , e emenagogas , graduando-se doze gráos até hum escro- pulo. Pillulas mercuriaes. Azougue purificado, e extracto molle de Alcassuz, de cada droga duas oitavas ; triture-se até a extinção dos glóbulos e em fim ajunte-se alcassuz em pó — hu- ma oitava , forme-se massa. Na quantidade de dezeseis gráos , até meia oitava , e mais , se faz uzo destas pillulas nos cazos de mal ve- nereo , appliçando-as tanto como alterantes, como para desafiar a salivação, o que o Pratico deve dirigir. Pillulas de Mercúrio muriato, ou de Sublimado corrozivo. Mercúrio muriato , e Sal ammoniaco depurado — aá hum escropulo ; Água destillada quanto baste para dissolve-los; ajunte-se depois raiz de Malvaisco em pó — dezeseis escropulos; mel — duas oitavas: misture-se, e S. A. formem-se pillulas de três gráos exactos a cada huma. Em cazos de mal venereo , nos quaes muitas pre- parações mercuriaes não tem produzido effeito, estas pillulas tem satisfeito ás indicações Terapêuticas; he po- rém necessário gradualas com prudência , começando 221 por huma pillula , e augmentar a doze progressivamen- te até quatro ; attender ao estado da athmosphera hu- mida que transtorna , e perturba o modo de obrar des- te remédio, produzindo conseqüências de pezo náo pe- queno , talvez por se náo attender a esta circunstancia: também se administráo contra os vermes , e muitas ve- zes ellas satisfazem a este fim , melhor que muitos ou- tros antelminticos. Pillulai de Ruffo , ou Pillulas communs. Azevre soccotrino — duas onças ; Myrrha , e As- safráo ■— aá huma onça ; reduza-se a pó , e com quan- to baste de Xarope simples forme-se massa. Estas pillulas dáo-se como purgativas até a doze de meia oitava ; sendo indicadas nos cazos em que exis- tem obstrucçoes abdominaes, e que se achem os enfar- tes sem iiritação alguma. Pillulas Scilliticas. V aá Scilla em pó subtil Gomma ammoniaco V aá meia onça, Cardamomo menor J Misture-se e com Xarope simples segundo A. se forme a massa. Estas pillulas sáo indicadas como invertentes , e por isso se applicáo em cazos nos quaes se deve pro- mover a expectoraçáo , assim como a diureze: sua do- ze he de dezeseis grãos, até hum , e dous escropulos. Pillulas de Sublimado corrozivo — ved. Pillulas de Mer- cúrio muriato. Polpa de Ameixas. Tome-se a quantidade de Ameixas que se quizer; 222 ferváo-se em agoa até que se cozão ; extraião-se os caroços , maxuquc-m-se , passem-se por sedasso de c*- bello ; passem se segunda vez por outro sedasso mais tapado , e em banho de Maria se evapore até a con- sistência de mel. O uzo ordinário desta substancia he para a for- mação do Electuario de Senne. Pomada mercurial. — ved. unguento de azougue. Pós aromaticos. Pucherim , e semente de cardamomo menor; — aá hut-p.a onça; canella fina — meia onça : reduza-se a pó, e misture-se tudo. Dão-se estes pós na quantidade de dez grãos, até hum escropulo , e meia oitava nos cazos em que he precizo ajudar a acçáo do estômago : alem disto ser^ vem estes mesmos pós, para a combinação de outros medicamentos. Pós de Dcwer, ou Pós de Ipecacuanha com ópio. Ipecacuanha, e Ópio purificado duro — aá huma oitava; Alcali vegetal vitriolado — huma onça. Reduza-se > a pó cada huma das substancias , mis- turem-se depois, triturando-se muito cuidadozamente. Esta preparação entra na classe dos mais podero- sos , e enérgicos remédios capazes de promover a diafo- reze , ou transpiraçáo • sua doze ordinária he de seis, oito gráos , e mais, elevando-se a quantidade gradual- mente; até hum escropulo. Pós estiticos , ou Pós de Pedrahume com hino. Pedra hume crua — onça e meia ; kino — três oi- tavas ; misturm se ; e triturem-se axactamente. Nas violentas hemorragias, aonde existe falta de ■22 ? contractibilidade podem administrar-se estes pós , além de outros remédios, graduando-os de oito grãos, até vinte por cada doze. Pós de James, ou Pós anttmoniaes. Antimonio em pó grosso , raspa de ponta de vea- do — aá duas libras : misturem-se e se metáo em hum vazo de ferro largo , e candente , até que adquirão cor parda-cinzenta. Esfrie-se esta massa , triture-se , e ponha-se em hum cadinho , sobre o qual esteja outro igual que no fundo tenha hum pequeno buraco : lutem- se os cadinhos , exponháo-se a fogo que gradualmente se augmentara ate que os cadinhos fiquem candentes , e assim se conservem por duas horas neste fogo: esfrie- se em fim a matéria, e reduza-se a pó, que para ser bem feito deve ter a cor branca. Desde a quantidade de três grãos até dez se ap- plicáo estes pós, como dia'oretcos , e tem lugar seu uzo em algumas febres nas quaes he necessário desafiar a função da perspiração. » Pós de Jarro composto. Raiz de Jarro recenremente secca — duas oitavas ; calamo aromatico — três oitavas ; alcali vegetal vitriola-t do -- hum escropulo. Reduza-se tudo a pó, e triturando se misturem. Este medicamento he empregado na quantidade de hum escropulo até meia oitava , nos cazos de perda de apetite, e frouxidâo do estômago consecutiva ás affec- çóes reumaticas, e gottozas. Pós de Myrrha compostos. Myrrha , sabina e arruda seccas , castoreo - aá huma onça: reduzáo-se a pó e misturem-se. 224 Estes pós sáo applicados como emenagogos : dão- se na quantidade de hum escropulo até meia oitava. S Sabão alcalino , ou Sabão de Hespanha. Lixivia de Barrilha com cal — huma libra j azeite puro , ou óleo de amêndoas — duas libras. Misturem se em vazo próprio, e com espátula de páo se agite , até ficar branca a mistura. Deixe-se em quietaçáo por oito dias, para se combinar mais perfei- tamente. Esta preparação serve para se addicionar a outras substancias, e nos cazos em que sáo indicados os re- médios desobstruentes, podendo applicar-se este remédio só por si até huma oitava ; porém seu uzo mais com- mum , he ligalo a outras drogas desobstruentes, e pur- gativas. Sal de chumbo , ou Sal de Saturno , ou assucar de Saturno. Alvaiade — huma libra ; vinagre destillado -- quinze libras. Ferva-se tudo, até que o vinagre fique doce: coe- se por papel, evapore-se, e ponha-se em quietaçáo , até cristalizar. Este preparado serve para a formação da Água Sa- turnina. Soro aluminozo, ou soro de leite com pedra hume. Leite de Cabra , ou de Vaca — duas libras; Pe- dra hume crua em pó — meia onça. Ferva-se, até se coalhar o leite, e coe-se. O soro aluminozo, dá-se na quantidade de huma, ■225 •duas âté quatro onças; applica-se então nas perdas ute- rinas, e em alguns cazos de diabetes, e em febres in- termiitentes, segundo as circunstancias que os Práticos encontráo. Sueco composto de Coclearia , ou Sueco antiscurbutico, ou Cumo de Coclearia composto. Çumo de Coclearia, e Agriões — aá duas libras; Çumo de laranja azeda — vinte onças ; misturem-se , deixe-se assentar as fezes; decante-se depois o liquido, e coe-se. Este preparado applica-se como hum remédio sor* bente venozo , dando duas onças até quatro por cada doze. Triaga — vede Electuario opiado. Tintura de Alfazema composta, ou Espirito de Alfa» zema composto. Espirito de Alfazema simples — quatro libras; Ca- nella fina em pó — onça e meia; Noz moscada ralada — meia onça. Digira-se por oito dias, e filtre-se por papel pardo." Este preparado goza das virtudes dos remédios ani- mantes e incitantes; por isso se applica contra a frou- xidâo dos nervos, e nos cazos de debilidade , dando esta preparação, ou só na quantidade de seis, oito; até dez gotas , ou ligado a cozimentos animantes, ou incitantes , ajuntando duas oitavas , a libra de cozi- mento. Tintura amarga—vede tintura de Genciana composta. Tintura aromatica , ou tintura de Canella composta. Pós aromaticos — onça e meia; Raiz de Angelv Ff 22* ca — meia onça ; Pimenta da Jamaica — duas oitavas; Espirito de Vinho—duas libras e meia. Digira-se por oito dias, e filtre-se S. A. Tem a mesma applicação que a antecedente, e gradua-se da mesma maneira. Tintura de azevre composta, ou Elixir proprictateis. Tintura de Myrrha — duas libras ; Assafráo , e Azevre socotrino — aá três onças. Macere-se por oito dias, e coe-se. Esta composição he recommendada como incitan- te , mormente em cazos de obstrucçoes , e particular- mente do utero: dá-se só na quantidade de dez , -até quinze gotas, misturadas com assucar; ou entáo ajun- tando-a a cozimentos que satisfação ás mesmas indica- ções , graduando para cada libra de cozimentos, meia onça de tintura. Tintura de Beijoim composta , ou Balsamo Catholico, traumático, eu vulnerario. Beijoim — rres onças ; Balsamo Peruviano — duas onças ; Azevre socotrino — meia onça ; Álcool — duas libras e meia. Macere-se por oito dias, e coe-se. Esta preparação goza dos mesmos effeitos, e vir- tudes que as antecedentes tinturas; todavia seu uzo mais vulgar he «xrerior , applicando-se como vulnera- rio , em cazos de algumas feridas: a doze porém desre preparado para uzo interno, he de quatorze até trinta gotas, e externamente toca-se com huma pluma molha- da na tintura a ferida sobre que se deve applicar. Tintura de Calumba. Raiz de Calumba em pó — duas onças e m,eia; Espirito -tk Vmho — dqtis 'liwas c -meia. **7 Macere-se pelo espaço de oito dias, e coe-se. Esta composição he útil nos cazos de frouxidâo do estamago, que acompanháo o estado de cachexia; e entáo se faz uzo delia na quantidade de meia, ate huma, e duas oitavas por doze, tomando-a tanto ao levantar, como hora e meia antes do jantar. Tintura de Cantaridas. Cantaridas em pó — três oitavas; Espirito de Vi- nho— duas libras. Macere-se por três dias, é coe-se. O uzo deste remédio he a maior parte das vezes para applicação externa , fazendo fricções pela superfí- cie do corpo , e particularmente se devem fazer taes esfregações pelas parres por onde tranzitáo os princi- pães ramos dos nervos ; além disto esta tintura tam- bém se ajunta aos lavatorios aromaticos para os tornar mais activos: ha porém cazos em que se pôde tentar seu uzo interno , o que deve ser feito com a maior prudência , e cautella, taes são as circunstancias em que se exige haver augmento de vida no systema uri- nario , e em semelhante cazo regula-se a quantidade de oito até vinte gotas: devendo-se sempre ter á mão as preparações de canfora para logo se fazer uzo dellas, sobrevindo qualquer inconveniente. Tintura de Castoreò. Cástoreo — huma onça; Espirito de Vinho — de- zaseis onças. Macere-se por oito dias, e coe-se. Faz-se uzo desta tintura como antipasmodica , e antihysterica , tanto nas moléstias nervosas, como nas affecções hystericas , nas quaes se dá desde hum es- cropulo até oitava e meia. Ff ** 223 Tintura de Castoreo composta, ou tintura fétida. Castoreo — huma onça ; Assafetida — meia onça; Alcali volátil fluido—três onças; Álcool'—nove onças. Macere-se por seis dias, e coe se. Esta tintura applica-se nas circunstancias que a an- tecedente ; todavia ella he muito mais enérgica , e acti- va ; do que rezulta que sua doze deve ser mais modera- da , e regula-sc metade da quantidade da outra. Tintura de Digitalis (concentrada j. Folhas de Dedaleira em pó — duas onças ; Espiri- to de vinho rectificado — quatro onças ; Água destilla- da — quatro onças. Ponha-se tudo em vazo de vidro, e junto a calor moderado por vinte e quatro horas , vascoleje-se o va- zo a miúdo, e frio filtre-se por papel pardo. Esta preparação he muito efflcaz , e útil nos ea- zos em que he precizo desafiar, e enterter a absorven- cia linfatica , donde rezulta a judícioza applicação nas •hydropezias ; gradua-se desde quinze até trint3 gotas , as quaes se podem augmentar a mais , e repetir-se no mesmo dia esta doze huma até duas vezes. Tintura fétida , — ved. tint. de Cast. comp. Tintura de Guaiaco , ou Elixir Guaiacino. Extracto de Guaiaco — huma libra ; Álcool — duas libras e meia. Macere-se por oito dias , e coe-se. Este remédio he indicado todas as vezes que he precizo excitar a secreçáo dos vazos da pelle , como acontece nas affecções reumatieas , e venereas \ dá-se ligado a cozimentos que preencháo estas indicações, re- gulando huma onça de tintura para libra e meia de co«! Zimenro. 3-20" Tintura de Guaiaco ammoniacal, ou Elixir Guaiacino volátil. Extracto de Guaiaco — quatro onças ; Espirito de ammoniaco composto — duas libras. Macere-se por três dias , e coe-se. Este remédio tem as mesmas virtudes que o ante- cedente , entetanto que he muito mais activo , e por isso sua doze para libra de cozimento he de duas oita- vas para cada libra. Tintura de Genciana composta , ou Tintura amarga ± ou Elixir estomachico. Raiz de Genciana em pó — duas onças; Pós aro- maticos — huma onça ; Espirito de vinho — duas li- bras e meia. Macere-se por quatro dias , e coe-se. Esta compoziçáo he útil nos cazos de frouxidâo geral , assim como na debilidade do estômago quando falta a acçáo deste orgáo para a digestão : dá-se em tal cazo só tomando-se por doze huma oitava , até ..duas, ou ligando-a a alguma infuzáo aromatica, e re- petindo esta doze huma até duas vezes no dia. Tintura de Helleboro negro. Raiz de Helleboro negro — quatro onças ; Espiri- to de vinho — duas libras e meia. Macere-se por oito dias, e coe-se. Esta Tintura applica-se como hum grande rever- tente , e hydragogo , e por isso tem lugar em cazos de hydrocefalo , ligada com outros remédios ; sua quan- tidade he de oito a dez gotas em cada doze de re- médios appropriados a taes indicações. 2-J0 Tintura de Jalapa. Raiz de Jalapa em pó — quatro onças ; Espirito de vinho —■ huma libra. Macere-se por oito dias, e coe-se. Esta preparação tem as mesmas virtudes que a antecedente ; com tudo ella he muito menos activa , e por isso náo só sua doze he maior , mas sua appli- cação he mais extensa ; gradua-se a quantidade delia ate meia onça. Tintura de Lacca composta. Lacca em pó — huma onça; Myrrha — três oita* vas; espirito de coclearia — duas libras. Macere-se por oito dias , e coe-se. Este remédio ainda que útil para uzo interno, com tudo sua applicação mais geral he para fortificar as gea- gívas escorbutadas ; torna-se entáo mais efficaz , ajun- tando-se huma porção de mel. Tintura de Myrrha. Myrrha — três onças j espirito de vinho — dnas libras. Macere-se por oito dias , e coe-se. Uza-se desta compozição para animar, e excitar os sólidos , dissipar as obstruções particularmente as ute- rinas, e igualmente se applica como antisetica ; sua do- ze he de hum escropulo, até dois , e huma oitava. Tintura de Myrrha composta, ou Gengival balsamica* Myrrha , e cato — aá huma onça ; tintura de bal- çamo peruviano — huma oitava ; espirito de coclearia, e álcool — aá quatro onças. Macere-se por quatro dias, e coe-se. Esta tintura tem a mesma applicação que a de lacr ca composta. Í2.1 Tintura de Opto. Ópio purificado, duro , e reduzido a pó -— oito oi- tavas e meia ; álcool — dezeseis onças. Digira-se por des dias , e coe-se. Esta compozição , cujos cazos em que se deve applicar se acháo indicados segundo as diversas circuns- tancias em que he precizo recorrer ao ópio , pôde ad- ministrar-se desde oito gottas até dezeseis, e mais, se- gundo a necessidade, devendo lembrar-se que em quin- ze gotas desta compozição se acha dissolvido hum gráo de ópio. Tintura de Ópio alcanforado, ou Elixir paregcrico. Ópio purificado em pó — huma oitava; alcanfor — dois escropulos ; espirito de ammoniaco composto — quatro onças ; álcool —- huma libra. Macere-se por quatro dias em garrafa tapada , e coe-se. Este remédio he muito applicado nas tosses convul- sivas, c na quellas procedidas de irritação, assim como nas affecções asthmaticas; cada meia onça contém quar- «zi hum gráo de ópio, e sua doze regular em que cos- tuma administrar-se he de doze até vinte gotas para as crianças , e aos adultos de vinte gotas até cem por cada doze, a -qual se pôde repetir. Tintura de Quina tomposta, ou antiseptka d* Huxam. Quina vermelha em pó — duas onças ; casca ama- rella , e secca de laranja — onça e meia ; raiz de ser- pentaria virginiana — vinte onças. ■Macere-se por seis dias, £ çoe-se. Esta fórmula he de hum útil, e efficaz effeito nas moléstias adynamicas, dada ou só, ou ligada aos cozi- mentos incitantes; para estes ajunta-se onça de tintura 2$* a libra de cozimento ; e isolada regula-se para cada doze desde hum escropulo até oitava e meia ; mas nes- te cazo hs melhor diluída em huma onça de vinho , até duas. Tintura de Ruibarbo. Ruibarbo — duas onças; semente de cardamomo menor—meia onça; espirito de vinho — duas libras e meia. Macere-se por oito dias , e coe-se. Applica-se este remédio como hum estomachico,' fortificante , e próprio a augmentar o movimento peris- taltico perdido ; gradua-se a quantidade de meia onça , até huma dado só , e também se liga a cozimentos que satisfação a estas vistas. Tintura de Ruibarbo composta, ou tintura amarga de Ruibarbo. Tintura de Ruibarbo — libra e meia; tintura de Genciana composta — meia libra; misture-se. Esta composição tem a mesma applicação que a antecedente, mas como he mais efficaz, sua doze re- gula-se em menor quantidade, e commumente dá-se me- tade da doze da tintura simples de Ruibarbo. Tintura de Senne composta, ou Elixir de Saúde. Folhas de Senne — duas onças ; raiz de Jalapa —~ hum2 onça; Aniz estrellado .— duas oiravas ; Espirito de vinho —• três libras e meia. Macere-se por oito dias, coe-se, e ajunte-se de as- sucar refinado em pó — quatro onças. Tem a mesma applicação, e uzo que a tintura de Jalapa. Tintura de Faleriana volátil. Raiz de Valeriana silvestre — quatro onças; Espi- rito de ammoniaco composto — duas libras e meia. Macere-se por oito dias em garrafa tapada, depois coe-se. Esta compozição he útil nos cazos de ataques adi- namicos, he remédio muito efficaz para o curativo de epilepsia ; regula-se por doze dezeseis gotas, até huma oitava e meia. Trociscos de Alcassuz com Ópio. Ópio purificado — duas oitavas; Tintura de Balsamo Peruviano—meia onça. Misture-se triturando, até que o Ópio se dissolva, ajunte-se depois Xarope commum — oito onças ; Extracto de Al- cassuz amollecido com água quente — cinco onças. Continue a triturar-se cuidadozamente, e pouco a pouco se ajunte cinco onças de gomma Arábia em pó; façáo-se trociscos de dez gráos cada hum, e sequem-se, Podem applicar-se estes trociscos no fim de affec- ções catarraes, existindo ainda a tosse, e tomando hum até dois trociscos por doze. V. Finagre de Chumbo, ou vinagre de Saturno, ou Ex- tracto de Saturno. Fezes d' ouro — quatro onças; Vinagre — duas li- bras: ferva-se até ficar em libra e meia em vazo de barro, mexendo-se continuadamente; fique por algum rempo em quietaçáo, decante-se, e coe-se. Este medicamento apenas serve para uzo externo, diluído com muita água, e applicado como torpente, ou sedativo em algumas inflamações externas. GS 2 $4 Finagre Colchico. Raiz de Colchico recente — huma onça ; vinagre — huma libra. Limpe-se muito bem das raizes fibrozas, e da membrana externa ; parta-se em pedaços e meta-se em vazo de vidro em digestão por quarenta e oito horas, agice-se de quando em quando , passe-se depois por ex- pressão , filtre-se em fim por papel pardo, e guarde-se em vazo bem tapado. Este remédio he útil em cazos de diversas hydro- pezias, e tem muitas vezes sido proveitozo em circuns- tancias, nas quaes a scilla não tem produzido alivio; todavia preciza regular-se a sua doze, que deve come- çar-se por oito gotas, até quinze, ou dezeseis, em liquido apropriado. Finagre scillitico. Scilla secca -r- huma libra ; Vinagre seis libras. Prepare-se pela maceraçáo por seis dias, passe-se por expressão, decante-se, filtre-se, e ajunte-se depois Espirito de vinho — meia libra ; e em vazo tapado se guarde. Este remédio he hum poderoso especifico chama- do aperiente, e sorbente linfatico ; dá-se na quantida- de de huma oitava até meia onça, nos cazos descritos na antecedente composição. Finho amargo — vede Vinho de Quina composto. Vinho, de antityçriip , ou Essência antimonial d'Huxam , ou Finho emetico. Antjmpnjo vitrifijçadp ern pó — huma onça; vinhr branco generozo — duas libras. Macere-se por doze dias, e coe-se. 2?5 Dá-se esta preparação ou como emetica, ou co- mo alterante ; no primeiro cazo applica-se na quantida- de de huma oitava, duas, até meia onça; no segun- do gradua-se desde quinze gotas até sessenta. Finho de antimonio tartarizado. Antimonio tartarizado — dois escropulos ; Água destillada fervendo — duas onças; Vinho branco gene- rozo — dez onças- Dissolva-se o antimonio n'agua , e depois ajunte- se o vinho. Esta compozição dá-se debaixo das mesmas vistas que a antecedente, attendendo-se que cada meia onça contém dois gráos de antimonio tartarizado. Finho Calibiado , ou Finho de ferro. Limalhas de ferro — duas onças ; Vinho branco generozo — três libras. Macere-se por quinze dias , vasoolejando-rse a miu* do, e depois coe-se. O vinho calibiado he útil nos cazos de cache- chia , quando consequentemente] ha perda de contracti- bilidade, regula-se de huma oitava até huma onça. Finho de Dedaleira. Folhas secas de Dedaleira — huma onça; Vinh» branco generozo — duas libras. Macere-se por quatro dias, e coe-se. Este remédio tem a mesma applicação , que a tintura de Dedaleira ; todavia ella he muito menos ac- tiva , e por isso se gradua desde huma oitava , até meia onça. G^ ** •M* Finho de Ipecacuanha. Raiz de Ipecacuanha — duas onças ; Vinho bran- co generozo — duas libras e meia. Macere-se por seis dias, e filtre-se. Applica-se esta preparação como emetica , em cazos de Disenteria , e outros indicados segundo as circunstancias ; huma onça he a doze ordinária, Finho de Quina composto, ou Finho amargo. Quina vermelha em pó — duas onças ; Raiz de Genciana—huma onça-, amarello da casca de laranja secco — duas oitavas ; Vinho branco generozo — duas lbras ; Espirito de vinho — quatro onças. Macere-se por oito dias, e filtre-se. Em rodos os cazos em que he indicada a quina , se pôde fazer uzo do vinho amargo, attendendo sem- pre á molibidade do enfermo , e por isso se gradua desde huma até quatro onças , dado só , ou entáo diluído em alguma água , se estimular em demazia ao enfermo. Finho de Ruibarbo. Ruibarbo — duas onças; Canella fina — huma oi- tava ; Vinho branco generozo — huma libra e meia. Macere-se por oito dias, e coe-se. Esta tintura he hum excellente , e útil remédio, próprio a emendar frouxidâo de estômago , limpando- o ao mesmo tempo, e aos intestinos de impurezas , intertidas por falta de vida deste canal , como succede nos cazos de cachexia; dá-se todos os dias pela ma- nhã huma colher de sopa , o que se augmenta até duas onças ; igualmente se ajunta a differentes cozi- mentos , regulando huma onça a libra de cozimento. ■M7 Finho scillitico. Scilla cortada em pedaços — huma onça ; Vinho franco generozo — duas libras. Macere-se por quatro dias, e coe-se. Dá-se até meia onça, como invertente. Fitriolo alcanforado, ou Pedra Divina , ou Ophtalmíca» Vitriolo de cobre , nitro , pedra hume crua — aá quatro onças ; alcafnor em pó — huma oitava. Reduzidos os saes a pó , derretáo se em vazo de barro não vidrado : derretidos ajunte-se o alcanfor; dei- te-se depois esta massa sobre pedra fria , e tendo es- friado , guarde-se. - Esta preparação emprega-se meramente em cazos cirúrgicos para formar collirios nas inflammaçoes dos olhos ; assim como nas águas vulnerarias , unguentos , e emplastros. Unguento de Althêa. Mucilagem de raiz de Althêa — duas libras ; mantei- ga crua, ou banha de porco—seis libras. Misture-se tudo , e em brando fogo se evapore até exalar toda a humidade , mexendo-se sempre ; entáo ajunte-se Terebentina fina — duas onças; cera derretida — huma libra ; misture-se bem, e frio guarde-se. Este unguento serve para amolecer tumores que tendem á supuração. Unguento de Alvaiade , ou Unguento branco. Alvaiade , e cera branca — aá nove onças; azeite trez libras. Derreta-se a cera no azeite a fogo brando, e Í~on do fogo ajunte-se a alvaiade pouco a pouco , e mexen- do-se sempre, até esfriar. 21*8 Este unguento applica-se como dessecante , appli- cando-o tanto nos cáusticos, como em varias feridas. Unguento de alvaiade , ou branco alcanforado. Ajunte-se a cada onça do unguento branco , meio escropulo de alcanfor desfeito em algumas gotas de azeite, ou óleo dê amêndoas. Tem o mesmo uzo que o antecedente , e quando as feridas ou partes sobre as quaes se deve applicar , mostráo ainda alguma inflammaçáo , este remédio he mais útil. Unguento de Agrippa , ou de Brionia, Raiz fresca de Brionia — oito onças ; Lirio roxo — seis oitavas ; Feto real ^ . . r> • i > aa meia onça. Raiz de aro J * ■ *Folhas recente* de pepino de S. Gregorio — trez onças. Scilla fresca — onça e meia. Azeite comum — libra e meia. Contundáo-se todas as raizes , depois as folhas e Bltimamente a scilla ; deitem-se então em vazo próprio , ajunte-se o óleo, e em brando fogo se aqueça tudo , e se dissipe metade da humidade; passem-se todas estas substancias por coador grosso, e com expressão de- pure-se o óleo, e evapore-se até que se dissipe a hu- midade , entáo derreta-se Cera amarella — trez onças e meia. Agite-se sempre esta mixtáo até que fique fria , e neste estado guarde-se em vazo tapado. Uza-se deste unguento para fomentações no baixo ventre em cizos de obstruções particularmente do figa- do , e do baço ; dá-se igualmente nas Hydropezias ; deve com tudo haver attençáo na administração dos *VJ remédios internos, porque no uzo destas fomentaçôes o ventre se solta , e torna mais livre. ■ \' Unguento de Artanita. Pepino de S. Gregorio — oito onças ; Coloquin- tidas — duas onças ; Polipodiô — quatro onças ; Man- teiga fresca — oito onças ; Óleo de Lirio — huma libra. Contunda-se tudo , e metta-se em vazo próprio a ferver, ajuntando-se pouca água , e ?gitando-se sempre com espátula de páo , até que se dissipe quazi toda a humidade , depure-se então , e ajutate-se Cera amarella duas libras ; ■Sagapeno purificado pelo vinagre, 1 aá ^ rei de 1 ouro inspissado J * Aqueça-se novamente , e agite-se com espátula de páo ; e quando estiver tudo derretido , e quazi a es- friar , ajunte-se mais as seguintes substancias todas em pó fino. Escamonea "^ Coloquintidas j Mezereáò )> aá quatro oitavas. Aloes Euforbio J Pimenta longa Myrrha Gengibre aa oitava e meia. Flores de Camomilla Mexa-se tudo até esfriar, e guarde-se em vazo tapado. Este unguento faz excitar o vomito esfregando-se sobre o estômago ; purga igualmente como o de Brio- nia, e applica-se nos mesmos cazos, ainda que he mais activo que o de Agrupa. Unguento Egypciaco , ou Oximel de Ferdete. Verdete em pó — huma onça ; Vinagre — sete onç. 240 Dissolva-se o verdete, coe-se , e ajunte-se Mel depurado — quatro onças. Ferva-se até á devida consistência. Este preparado apenas tem uzo externo , e he in- dicado como escarotico. Unguento de Elemi, ou Balsamo de Arceo. Rezina Elemi — huma libra ; Terebentina — dez bnças ; Sebo preparado — duas libras ; Azeite — duas onças. Misture-se tudo , derreta-se , coe-se , e deixem-se esfriar. Este medicamento applica-se como próprio a facili- tar a supuraçáo de tumores que tendem a esta termina- ção das inflamações. Unguento de Enxofre. Unguento rozado — meia libra ; Enxofre em pó fino — quatro onças. Misture-se. O uzo desta compozição he todo externo, e serve para seccar as ulçeras herpeticas , e pústulas sarnozas. Unguento rozado. Unto de Porco preparado — duas libras; Água ro- 2ada — três onças. Triturem-se em almofariz de pedra para que se misturem : derreta-se depois a fogo brandissimo , para que a água se separe , assentando no fundo do vazo. Este unguento applica-se para amolecer as asperezas da pelle no fim das ulçeras desta , assim como para as fendas que se formão nos beiços. Unguento rozado composto, ou Unguento Mundificativo. Unguento rozado —■ huma onça ; Mercúrio preci-. 241 itado branco — huma oitava; Óleo de Alfazema —■ um escropulo. Misture-se. Tem o mesmo uzo que o antecedente , mas he preferido nos cazos que rezultão do mal venereo , c que reduzem a pelle ao estado ulcerozo. Unguento de Azougue, ou Pomada mercurial. Azougue, e sebo preparado — aá huma onça ; un- to de porco sem sal — rrez onças. Triture-se tudo em gral da pedra com máo de páo , até se desvanecerem os glóbulos do mercúrio. Uza-se desta preparação mercurial nos cazos em que se applica o mercúrio externamente fazendo com ella fricções muito brandas pela passagem dos vazos absorventes; da mesma fôrma he útil esta applicação nos enfartes do baixo ventre; começa-se por meia oi* tava , a. qual se esfrega ora por huma , ora por outra parte segundo a determinação do Facultativo. X. Xarope de Alhos, Alhos recentes cortados — huma libra ; Água fer- vendo — duas libras. M-icere-se em vazo tapado por huma hora: coe-se e ajunte-se Assucar refinado em pó — duas libras. Esre xarope he indicado como expectorante, e diu- retico, dá-se ligado a cozimentos desta natureza gra- duando onça por libra, e também se uza tomando ás colherinhas, e com intervalos nos cazos em que he in- dicado para facilitar a expectoração. Hh 2*2 Xarope de Amêndoas, ou Orchata liquida. Amêndoas doces sem pelle —- huma libra ; Amên- doas amargozas — duas oitavas. Pizem-se, e reduzáo-se a massa fina, e então pou- co , a pouco ajunte-se Cozimento de sevada — duas libras. Coe-se por expressão, e ajunte-se de assucar fino em pó quanto baste para ficar na consistência de Xa- rope. Esta preparação dá-se como sedativa, ou torpente na doze de três, até quatro onças, e mais. Xarope de Gingibre. Gingibre em pó — quatro onças; Água ferven- do — quatro libras. Macere-se por seis horas; coe-se, e ajunte-se tanto assucar fino, quanto baste para a consistência de Xar rope. Este medicamento ajunta-se ordinariamente aos co- zimentos diureticos para augmentar a sua virtude, e a cada libra se regula huma onça de Xarope. Xarope de Hyssopo, Sumidades de Hyssopo —- duas onças; Agoa des- tilada de Hyssopo — duas libras. Digira-se por oito horas, fechado, e a banho Maria, destile-se o licor, S. A. e ajunte tanto assu- car fino quanto baste á consistência de Xarope. Goza este preparado das virtudes do Hyssopo, •© he applicavel nas circunstancias em que este he indica- do : gradua-se como o de Aítheia... . • »■> *4? Xarope de Malvaisco, ou de Altheia. Raiz de Malvaisco cortada, e eontuza — huma li- bra; Água dez libras. Ferva-se até diminuir a metade, coe-se por expres- são , e ponha-se em quietaçáo até assentarem as fezes; decante-se entáo, e ajunte-se Assucar purificado — quatro libras. Ferva-se até a consistência de: Xarope. Esta preparação ou se ajunta aos cozimentos mu- cilaginozos graduando onça por libti ; ou se toma as- sim mesmo ás colheres como sedativa , e appücada nos cazos de irritação pulmonar na mesma quantidade. Xarope de Nicociàna. Sueco depurado de Nicociàna — duas libras ; Hy- dromel — libra e meia ; Oximel simples — quatro on- ças ; Assucar fino—ttes libras. Misture-se tudo, e em vazo próprio se exponha ao fogo em banho Maria, até a consistência de Xa- rope. Este remédio obra como invertente, e sorbente; ap- plica-se em cazos de asma, e outras afFecçócs pulmona- res, graduando a quantidade de duas oitavas, até huma onça, e mais. Xarope de Ruibarbo. Infuzão de Ruibarbo — huma libra; Assucar refi- nado — duas libras: misture-se. Quando na applicação de cozimentos desobstruen- tes he necessário soltar o ventre, ajunta-se este Xaro- pe regulando seis oitavas até huma onça para libra de cozimento; igualmente se pôde' uzar só por si to- mando meia colher de sopa até huma para os adul- tos , e meia aré huma colberinha de chá pára as crian- ças , o que se repete conforme o effeito. F I M. E R RATA S. Pag. Linh. Erros. Emendas. 6 21 com grande em grande M 17 determinadament determinadamente 20 e2i 27 e i . Arcenico Arsênico 21 ... 21 cumcreta cum creta 2? 9 Invertentes Revertentes *•? 10 historia hysteria 24 9 retrógrados retrógrados geraes 27 •J* adsutricçáo ãdstricção 29 1 anticetico antisetico 5 ?* 7 aloes azebre aloes, azebre 42 21 alanranjados *■ alaranjados 45 17 Aritium Aretium 58 26 e da mistura e de mistura 59 '■*? luzidas luzidias 64 6 Darunin Darvcin 77 25 encicaçáo exsicaçáo 77 28 enjoactivo enjoativo 80 8 cujo miolo cujo miolo he 105 27 a calma acalma 105 3* que outra que a outra 107 28 melhor maior melhor na grandeza ii-S 5° Jambucuo Jatnbucus >47 2? feita a brando calor feita fora do fogo >47 24 fora do fogo a brando calor I7-T 10 ancas onças. 174 M interiormente exteriormente 179 18 cal do azougue da cal do azougue 181 8 pejo pelo 181 16 tumeres tumores 18,0 29 interiormente exteriormente «o*5> • 99-J1 > 2 3 infa tetos infarctos e 201 e 18 Ornas faltas o Leitor suprird% e relevar4. 1 í First & last signatures deaoidlfled wlth magnesium bicarbonate. Leaves mended extensively & supported vlth lens tlssue vhere weak. New all-rag end paper signatures, unbleaohed linen hinges, hand seved headbands. Rebound in quarter Russell*s oásis moroooo vlth hand aarbled paper sides ã vellurn oorners. Leather treated vith potassium laotate and neafs foot oll and lano li n. Carolyn Horton & Assoo. 430 West 22 Street New York, N.Y. 10011 September 19*75 lk)KTON BINDBKY